Depois de todo este susto a semana passou tranqüila. Sirius cada vez mais fofo, e eu cada vez mais amiga dos Marotos. Não me via mais longe deles. Sempre divertidos e para cima, completam meu dia. James esses dias se manteve distante, tratando-me apenas como amigos. Sem supor nada, nem pedir para sair comigo, nem tentar me beijar. Não que esteja reclamando, mas é muito estranho este comportamento dele.

Estava indo tomar café da manhã. Sirius estava com Lene, ela depois que o viu bebê não quer largar mais, acho que se apaixonou ainda mais. Se é que isso é possível. James já havia descido, e eu fiquei tomando banho. Fui descendo calmamente. Hoje não teria aula. Quando estava virando para entrar no salão principal, dou de cara com o James beijando uma garota.

Meu mundo ruiu. Não podia ser verdade. Ele dizia que me amava e agora está aos beijos com outra. Como ele pode ser tão baixo, dando-me esperanças. Não que eu tivesse algo com ele, mas achei que tinha mudado que seria de uma só. Corri, não quis mais comer, fui para o meu esconderijo. Era meu lugar particular, ninguém sabia onde era.

Depois do terceiro andar, tem uma passagem secreta bem pequena, onde da lugar a um jardim incrível, onde está sempre florido, bonito, arrumado, e cheiroso. Sentei perto do lago que tinha ali, em baixo de uma arvore. Conjurei chocolate, diversos chocolates, e me pus a chorar, por tudo. Fui burra a ter me permitido o amar. De ter esperança de um dia ficar com ele, e agora chorar por ele.

Nunca irei me perdoar. Acabei adormecendo. Foi um sono revigorante, sem sonhos ou pesadelo. Quando dei por mim, já estava tarde e não tinha comido nada além de chocolate. Sai, e fui até a cozinha. Sempre tinha vários Elfos por lá. Criaturas adoráveis.

- O que a Senhorita Lily deseja?

- Mel poderia me servir algo para jantar?

- Sente-se que logo trarei senhorita!

Mel me trousse uma macarronada com molho aos quatro queijos. Comi tudo, e repeti. Realmente ficar o dia inteiro sem comer não dá. Depois de comer já me sentia melhor, com as forças renovadas. Mas, ainda não estava preparada para o encontro. Fui andando calmamente pelo castelo, indo ao meu lugar secreto. Eu e Lene temos cada uma, um lugar secreto. Onde só nós sabemos. E ficamos quando precisamos de espaço.

Subi até o sétimo andar, e numa abertura escondida atrás de um quadro entrei. Seguindo adiante tem uma escada que dá direto para a parte de cima do telhado. Em cima do telhado tem um lugar onde dá para ficar sentada admirando as estrelas. Fiquei lá, o que pareceu horas.

Olhando as estrelas me dei conta que pela primeira vez estou apaixonada, e quando resolvo falar com o Potter ele beija outra, acabando com todas as minhas esperanças. Um dia sonhei que ia encontrar o amor da minha vida, casar, ter vários filhos, e morrer bem velhinha, com meu marido do lado, sem nunca deixar a chama do amor apagar.

Mas, pelo visto isto não vai acontecer. Porque logo quando resolvo me abrir acontece isso, sabia que não devia dar abertura ao Potter, ele é apaixonante. E quem sairia machucada no fim seria eu. No fim é sempre a mocinha que desmorona.

Passando muito tempo, o sol já está raiando, deixando a vista de Hogwarts ainda mais bonita. Vendo aquela vastidão verde, sendo iluminada pelos raios de sol, dei-me um animo a mais. Pude encontrar forças para poder descer e ir ao encontro dele. É difícil ter que encarar a verdade, e ver que demorei demais. Que apesar de todo amor que ele dizia sentir por mim, passou tão rápido.

Desci calmamente do meu lugar, indo para o dormitório dos monitores. Os quadros me olham como se fosse louca, ou anormal, não tenho culpa se a cada passo, lembro dos nossos momentos e choro. No fim, o meu medo se tornou real, era só mais uma em sua listinha. Escorrego ao chão sem forças para andar mais, meus soluços altos percorrem os corredores, e dou graças por não ter ninguém por perto. Pelo menos o horário está ao meu favor.

Quando escuto passos chegando perto de onde estou, levanto-me e saio correndo. Desço todos os andares, rumo à floresta proibida onde sei que ninguém irá me procurar, preciso deste momento.

Entrando cada vez mais na floresta, transformo-me numa tigresa, sim sou animaga ilegal. Sempre tive vontade de saber como seria me transformar num animal, e sair correndo sem rumo, numa velocidade alucinante. Logo no meu primeiro ano, procurei saber sobre o assunto, e após muito treinar, no segundo me transformei numa tigresa branca com olhos extremamente verdes, e alguns riscos vermelhos.

Corri. Simplesmente assim. Corri de tudo, e de todos. Não foi uma atitude nobre, mas foi algo que não pode ser controlado. Enquanto corro, sinto todas as terminações nervosas relaxando, meus músculos trabalhando, meus pensamentos ficarem livres. Sinto o vento na minha face, arrepiando meus pêlos.

Paro num lago cristalino que tem no meio da floresta, volto ao normal e pulo no lago. A água gelada diminui meu batimento cardíaco, e boiando ali, olhando o céu escurecendo, relaxo. Esqueço de tudo, e vejo como o tempo passa rápido.

Volto para a escola ainda correndo, e entro na escola. Como já é noite, não há ninguém por perto, entro silenciosamente no salão dos monitores, pensando em não ver ninguém, mas meus esforços são destruídos ao olhar a pessoa sentada no sofá.

James está ali, olhando para mim. Com um olhar perdido, sombrio, preocupado. Com amor. Não entendo nada. Ele tem olheiras arroxeadas, e a pele está mais pálida do que de costume. Fico olhando para ele, mesmo assim continua belo.

- Onde você estava? Por que não apareceu? Qual o problema?

- Você quer saber qual o problema?

Ele confirma com a cabeça.

- MEU PROBLEMA É VOCÊ!