Desafio de Chronos escrita por Pipe


Capítulo 9
Capítulo 9 Flashes de consciencia




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DESAFIO DE CHRONOS – CAPITULO 09

FLASHES DE CONSCIÊNCIA...

Faltando uma semana para o final de tudo, nossos pequenos começavam a ter flashes de consciência: minutos em que voltava a memória. Vamos acompanhar alguns.

Shaka estava no cadeirão, comendo um delicioso almoço com carneiro desfiado quando teve um lampejo desses. Estranhou o gosto na boca e cuspiu. Como já era a última colherada, Shun achou que ele já não queria mais. Virgem ficou olhando pra si mesmo e pensando:

“ Por Buda! O que está acontecendo? Porque Shun parece tão grande? Essas mãozinhas gordas são as minhas? Então eu sou um bebê... e eles estão me alimentando como a um bebê... Bebês devem comer de tudo, até proteína animal, pra crescer saudável... Me perdoem, mestres, porque eu nem estou sabendo o que ando comendo todo esse tempo... Lá vem o Shun de novo... Mas eu já não acabei de comer?”

_ Shaka, sobremesa! Que tal um pudim de leite?

“Meu favorito! Não é à toa que eu to gordo desse jeito... Depois de comer salgado, doce... ah, mas deixa... será que ele vai deixar eu fazer uma coisa que eu sempre tive vontade, mas como adulto eu não podia?” – e Shaka ergueu as mãozinhas, Shun se aproximou e Shaka meteu a mãozinha gorda no pudim, apertando e enfiando a meleca doce na boca. “Hmm, que delícia... Eu sempre quis saber como era enfiar o dedo no doce e lamber... Mas a disciplina nunca permitiu...”

Shaka comeu quase todo o pudim com a mão, até que enjoou e olhou para Shun. Este acompanhava com um sorriso, porque o bebê estava comendo com gosto. Virgem sorriu em retribuição e pensou: “Agora, o golpe de misericórdia...” Enfiou dois dedos gordinhos no pote e esticou para Andrômeda:

_ Téé? (“Quer?”) – Shun segurou os dedinhos e lambeu, depois deixando tudo de lado pra lavar as mãozinhas do bebê.

Depois colocou Shaka na sala e voltou pra cozinha, fechando o portãozinho. Shaka ficou analisando suas atuais condições. Tentou se levantar e andar, mas não conseguiu:

_ Deve ser essa droga de fralda. Deixa eu ver como se tira, não deve ter segredo... Pronto, tirei. Agora, levanta, gordo preguiçoso e vamos lá.

Apoiado no sofá, Shaka deu uns passinhos. Resolveu ir até a estante. Meio vacilante, foi.

_ É a fralda. Ela atrapalha meu centro de gravidade. Minhas bomboniéres! Estão cheias de doces! Alimentação saudável zero! Até quando, meu senhor? Shun vai acabar com meu organismo desse jeito. Humm, dane-se. Aquelas balinhas de goma parecem tão gostosas... Olha, tem umas caídas aqui. – e Shaka nem pensou, enfiou as balas na boca, mastigando com vontade... – Delícia... Ai, acho que comi muito... Hum, dor de barriga a essa hora? A fralda, onde eu deixei a fralda?

Shaka se esqueceu de andar, engatinhando desesperado pra junto do sofá, tentando evitar o desastre ecológico que parecia inevitável. Demorou uns minutos pra achar onde tinha jogado a fralda descartável, até suou frio. Mas achou e colocou. Depois engatinhou até a porta da cozinha, procurando por Shun. Este viu o bebê no portão e foi pega-lo.

_ Hmm, que cheirinho ruim é esse? E porque sua fralda está ao contrário, Shaka?

“Oops! Na pressa... vai por mim, Andrômeda, melhor a fralda de trás pra frente...” pensou Shaka, rindo.

Afrodite já teve seu lampejo após o banho. Enquanto Ikki foi buscar a roupa, parou na frente do espelho, se admirando...

“Bem que minha mãe dizia que eu era um neném lindo... E eu era mesmo... Olha só... que coisa mais fofa... até quando será que eu vou ficar assim?”

_ Hey, moleque, não vai comer o espelho! – Ikki riu e começou a vesti-lo. – Vaidoso desde sempre, não é, Peixes? Nem vou dizer que você é lindo mesmo, pra não te subir à cabeça...

“Ai, Zeus. Que mãos grossas e calejadas, Fênix. Droga, eu sou bebê e não posso aproveitar quase nada... Quase...”- Afrodite não pode segurar uma risadinha.

_ Até parece que entendeu... – Fênix deu outra risada. – Aproveita, seu sacana, que a prova termina daqui a uma semana, depois eu nem vou chegar perto de você. – Pegou o menino e colocou em cima da cômoda, pra amarrar as sandálias.

“Ah, é pra aproveitar? Você mesmo quem mandou, tolinho.” – E quando Ikki foi tira-lo de cima do móvel, Afrodite segurou o rosto dele e beijou seu queixo, num estalinho. Ikki estava de bom humor. Ergueu Afrodite e começou a soprar sua barriga, fazendo cócegas.

_ Ah, é assim? Vai começar com graça? Pois eu acabo com sua raça de veado antes de começar, quer ver? – e continuou soprando, o garoto se contorcendo e gargalhando, até Shun trazer Shaka do outro quarto.

_ Para, Ikki. Daqui a pouco, Dido perde o fôlego ou começa a chorar.

Ikki abaixou Afrodite, que já tinha lágrimas nos olhos. “Nossa, minha barriga ta doendo de tanto rir... mas tava gostoso... Que pena que só falta uma semana.”

Aioira despertou num bom momento. Estava aprendendo a jogar damas com Shiryu. Primeiro ganhou a partida, depois ficou analisando a situação que se encontrava, enquanto o dragão sacudia a cabeça, maravilhado como o menino aprendia rápido. “Porque ele está maior que eu? Porque estamos na casa de Sagitário e não na de Leão? E porque ele ta estranhando que eu ganhei a partida? Meu irmão era mestre em damas.”

_ Vem, Aioria. Vamos comer uma fruta? Já ta na hora do seu lanche.

“Fruta? Não gosto de fruta. Caracas, eu devo estar com uns três anos de idade... Que merda, demorei tanto pra crescer...E eu sempre odiei ser criança... Queria crescer logo pra ficar grande e forte como meu pai e meu irmão... Mas como esta pêra ta cheirosa... E que pêra grande! Eu não me lembro de ter comido uma pêra tão gostosa...”

Shiryu olhava para o menino comendo com gosto. “Já está acabando o tempo deles. Foi difícil, mas não impossível. Acho que vou até sentir falta dessa responsabilidade...”

_ Hein, que foi, Oria?

_ Ota! Telo ota, tio Shiru. – Aioria riu, das palavras que não conseguia pronunciar.

Shiryu partiu a outra pêra na metade e ficou mastigando com o menino, sentados na cozinha de Sagitário. Tudo corria bem, Aioria lembrando de tudo o que acontecera até agora, curioso em saber como aquilo tinha acontecido e até quando iria durar a condição de criança. Antes que pudesse perguntar ao Dragão, entrou uma abelha na casa de Sagitário e num reflexo de adulto, Aioria pegou-a na mão pra jogar fora. Só que como criança apertou o inseto, que morreu deixando o ferrão na sua pequena palma. Aioria fez o berreiro inevitável e com o incidente, ele se esqueceu de qualquer outra coisa.

Saga já estava num treino com o Seiya quando teve uma volta... Pégaso estava lhe ensinando fundamentos de luta romana, e ficou surpreso ao levar um tombo do pequeno...

“O que ele está fazendo? Nossa, mas Seiya está maior que eu... Ah, mas se ele pensa que eu vou deixar ele me bater, ta muito enganado...” – Saga deu uma canseira em Seiya, que estava espantado com a agilidade do menino... Mas Gêmeos estava se lembrando de certas coisas, inclusive que Saori lhe tinha dado Seiya não como babá, mas como sensei. – “Se eu o derrotar agora, ele vai ficar desmoralizado... Droga! Bem, como criança eu posso apelar... É indigno, vergonhoso, mas eu posso viver com isso...”

E quando Seiya aplicou um pouco mais de força num golpe, Saga caiu, se esfolou e começou a chorar. Como ele esperava, Pégaso parou tudo para verificar o estrago:

_ Hey, hey, hey... você não é de chorar, garoto... Você é aprendiz de cavaleiro, Saga, não pode se entregar desse jeito... – Abraçou o moleque, que sorriu, mas continuou fungando... – É, acho que esse treino já deu por hoje... Você está muito ágil pra sua idade “Eu até cansei... Achei que ia perder... puxa!” Vamos para o parquinho, relaxar.

“Sim, vamos. Assim você vai pro balanço e se diverte...” – riu o pequeno cavaleiro de gêmeos. – “E eu posso voltar a subir naquela árvore maravilhosa que tem lá, nossa, nem eu me lembrava de como é fantástico poder fazer isso...”

Já Camus teve um flash numa hora meio ruim... Todo mundo dizia a Hyoga que ele nunca deveria ter ficado cuidando de seu mestre, já que ele não tinha autoridade nenhuma sobre o pequeno. Hyoga ficava ofendido e defendia Camus, dizendo que era um doce, o melhor cavaleirinho que tinha ali no santuário, etc. Mas todo mundo via que o moleque mandava no jovem e tinha se tornado um pequeno tirano... Na hora do jantar, Hyoga ia andando atrás de Camus, para que ele comesse... As cenas de ciúmes de Camus ficaram famosas, inclusive um empurrão que ele deu em seu “arqui-inimigo” Shura, porque Hyoga tinha pego o menino no colo após uma queda, consolando-o pelo enorme arranhão que ele arrumou. Camus puxou Capricórnio do colo de Cisne abrindo novamente o machucado. Deu a maior briga com Máscara da Morte que foi taxativo:

_ Você é um inútil como babá, Hyoga! O pirralho manda em você, é seu dono! Pois eu te digo, dê uma surra nele logo, antes que ele dê em você!

Como tinha perdido a mãe muito cedo e ela nunca tinha erguido a voz para ele, Hyoga se revoltou ao mero pensamento de encostar um dedo em Camus. Mas Aquário não era Cisne, ele era da pá virada. Uma manhã, Alexei não acordou muito bem. Apesar da dor de cabeça, levantou-se e foi fazer o leite do pequeno, que entrou na cozinha e subiu na mesa.

_ Camus, desce, que eu vou servir seu café.

_ O que ocê ta fazeno, Oga? – perguntou ele, tentando ver em cima da pia.

_ Sucrilhos com frutas...

_ Num queio. Queio cocoate batido...

Hyoga se arrepiou ao pensar que tinha que ligar o liquidificador para bater o Ovomaltine. Hoje não.

_ Coma sucrilhos, hoje, Camus. Amanhã eu bato o seu chocolate...

_ AGOA, OGA!! QUEIO AGOA! – Camus bateu o pé na mesa, que rangeu. O menino, que não era bobo, desceu da mesa e foi fazer a birra no chão. – FAIS JÁ!

Cisne passou a mão no rosto, apertando a testa dolorida.

_ Camus... eu to com...

Mas nem pode completar a justificativa. Camus se jogou no chão e começou a espernear:

_ Eu queio cocoate! Eu queio cocoate agoa!! Fais já, Oga!

Antes de qualquer pensamento coerente, Hyoga puxou Camus pelo braço e lhe deu duas palmadas bem fortes.

_ PARE COM ISSO! EU ESTOU COM DOR DE CABEÇA! MOLEQUE MIMADO! POIS NÃO VAI COMER PORRA NENHUMA! VAI FICAR DE CASTIGO ATÉ APRENDER A SE COMPORTAR! – E levando um assustado Camus pelo corredor, colocou-o de frente para um cantinho e foi chorar no quarto.

Enquanto estava olhando pra parede, Camus teve o seu insight.

“Ué, o que eu estou fazendo olhando pra parede?” – mas quando se mexeu, uma parte sensível de sua anatomia reclamou. – “Ai, que dor! Que diabos...” – E foi se lembrando de tudo... – “Sacre bleu! Mas esse monstrinho sou eu? Estou judiando do pobre Alexei... E ele tem uma mão pesada, abençoado seja! Bom, to com fome...Uma coisa de cada vez...”

Primeiro Camus foi até a cozinha e comeu sua tigelinha de sucrilhos de pé mesmo. “É, não é ruim, não... Não tem o charme de um croissant quente com geléia, mas eu fiquei satisfeito...”

Depois Camus arrastou devagar a cadeira até a pia, pegou um copo com água, foi até o banheiro do seu quarto, abriu o armário de remédios, praguejando porque Hyoga tinha posto as pílulas bem longe do alcance de crianças (ele praticamente entrou dentro da pia pra pegar uma aspirina) e assim munido, foi até o quarto de seu discípulo e babá:

_ Oga...

_ Seu castigo ainda não acabou, Camus. – fungou o loiro. – Volte pra lá!

_ Ta. Mas eu truxe emédio pra você... Vô deixa aqui, ó. – colocou a aspirina e a água em cima do criado mudo. – Eu vô faze xixi, depois eu vô pro cantinho da paiede, ta?

Era de derreter qualquer coração, até do Máscara da Morte, se ele ouvisse. Como estamos falando de Hyoga, cavaleiro de Cisne, foi através de lágrimas que ele tomou a aspirina e foi chorando que ele foi até seu pequeno mestre, sentadinho na curva da parede:

_ Ai, Camus... O que eu vou fazer com você?

“O que eu posso dizer? Gostaria de dizer que daqui pra frente vou me comportar melhor, mas sei lá se o meu eu infantil vai me obedecer...”

_ Diculpa, Oga. – foi tudo que Camus pode dizer, ao ser abraçado pelo Cisne. Beijou o discípulo, gostando da sensação de ser embalado, naquela demonstração do mais puro afeto. “Nossa, como estamos emotivos hoje... E que bom que estamos emotivos hoje.”

Já Milo e Shura estavam brincando de carrinho, no terraço da casa de Escorpião, à vista de Máscara da Morte que lia um livro, um olho no peixe outro nos gatinhos ariscos que tinha. Perto deles, uma bacia de uvas. Quem “despertou” primeiro foi Shura. Parou de brincar e ficou olhando para tudo, tentando se lembrar o que estava fazendo ali. Puxou uma uva e ficou mordiscando, rindo sozinho conforme as lembranças lhe vinham à mente. “Cada coisa... Mas aquele carcamano hijo de una putta vai me pagar cada beliscão e cada tabefe que ele tem me dado, hah! E como vai...” Milo “acordou” logo depois, assustado:

_ Shura?

_ Qué pasa?

_ Eu é que pergunto. Porque nós estamos assim, só de cuecas e brincando de carrinho? E você ta tão diferente... Aquele é o Máscara da Morte? E porque...

_ Ai, Milo, cala essa boca! Para e vê que lembranças você tem da última vez em que a gente tava grande e agora.

Enquanto Shura ia comendo as uvas, Milo ia passando a mão pelas rodas do carrinho, pensando. Depois sorriu:

_ Hey, eu também quero dessa uva aí. Então o italiano durão ta tomando conta de nós, hein?

_ Vou denunciá-lo por maus tratos. Vou deita-lo nas MINHAS pernas e lhe dar uma surra, o que ele ta pensando?

_ Se fosse eu, já tinha te mandado pra algum reformatório, seu delinqüente. Você deixa qualquer um maluco.

_ Eu? Você que apronta, depois foge e deixa tudo nas minhas costas, seu grego folgado. Você sempre foi assim...

_ Vou te mostrar quem é o grego folgado, seu espanhol tratante...

Máscara da Morte suspirou, largou o livro e foi se aproximando deles. Não dava pra ouvir o que eles estavam falando, mas que estavam brigando, não havia dúvidas.

_ Vai acabar o mundo se algum dia vocês dois não brigarem. O que foi agora, dupla de marginaizinhos?

Eles precisavam de uma boa desculpa... Milo, mais rápido no raciocínio, apontou pra tigela de uvas:

_ Ta comeno tudo sozinho... Bate nele, Cailo.

Shura se ergueu, mas Carlo foi rápido. Segurou-o no colo.

_ Come as que tem aí, Milo, que só pra você dá e sobra. E o signore, spagnolo maledeto, vai ficando quieto. Eu nem creio que só falta uma semana.

Milo mostrou a língua para Shura, que espumou. Mas teve uma idéia e... BEIJOU Máscara da Morte.

_ Hey, hey, hey. Estou segurando o pivete certo? É o Afrodite que é o beijoqueiro oficial... Moleque, ce ta com arte... O que você andou aprontando, Shura?

Mas o cavaleiro de Capricórnio nem se abalou. Apertou mais o pescoço de Máscara da Morte, deitando a cabeça perto da curva do ombro e puxando de leve o lóbulo da orelha do outro. Carlo se deixou ficar, embalando de leve o moleque, até que se abaixou, largando ele no chão. Milo, enciumado, se levantou e ficou olhando, numa vontade de socar o outro, que também, agora, lhe mostrava a língua. Carlo puxou Milo pro colo, rindo:

_ Vem, também, escorpiãozinho ciumento.

Enquanto Máscara segurava Milo, Shura lhe fazia caretas, mostrava a língua, fazia gestos obscenos, tudo pra tirar o outro do sério. Milo fechou os olhos, pensando: “Eu mato esse espanhol hoje! Dessa noite não passa!” Mas passou o flash, Máscara levou os dois pra tomar banho, eles brigaram mais um pouco antes de dormir e tudo bem...

Mú estava num momento de relax, tomando banho com Aldebaran. Só que ele “voltou” na hora em que Touro estava jogando água na sua cabeça pra tirar o shampoo. Ele se assustou e inspirou a espuma. Começou a espirrar, cada espirro produzindo uma bolhinha... Deba começou a rir e procurou tirar aquilo do nariz do seu carneirinho. Assim que se viu livre do incômodo, Mú ficou olhando assustado para Aldebaran:

“Minha deusa, como ele está enorme! E o que eu estou fazendo tomando banho com ele?”

Pra piorar um pouco mais, Deba achou que já estava na hora de sair e deu uma repassada no bebê, Mú ficando embaraçado momentaneamente com os toques íntimos do amigo e babá. Chegou a virar o rosto quando Deba saiu da banheira, ágil para colocar o roupão, tirar o tampo da banheira e enrolar o bebê na toalha em poucos minutos. Enquanto ia para o quarto se trocar, Mú foi se lembrando das coisas.

“Ah, sim... Estou me lembrando agora de tudo... E ninguém dá valor a ele, achando-o folgado e brincalhão demais...”

_ E aí, meu amiguinho? – Aldebaran colocou-o na cama, enxugando-o devagar e o vestindo com cuidado. – Já pensou no que vai querer de sobremesa hoje? Vamos pentear esse cabelinho do mesmo jeito ou você quer um topete do Elvis, hein? – Puxou o cabelo de Mú pra frente, depois lhe mostrou o espelho.

Mú ficou olhando pra si mesmo, admirando primeiro seu rosto e corpo gordinhos, depois vendo que seu cabelo era pouco em comparação ao adulto e que Deba tinha puxado a frente num “pega-rapaz” bem anos 50 (aquele topete em curva, na testa). Começou a rir, incapaz de se controlar e adorando o som da própria risada. Aldebaran riu também e penteou direito depois. Se trocou rapidamente e levou o bebê pra sentar no cadeirão. Mostrou a comida salgada, que Mú saboreou como nenhuma outra e depois ofereceu duas opções de sobremesa pronta: purê de ameixas ou purê de três frutas. 

“Puxa! Assim fica difícil... Mas ele nem espera que eu escolha, né? Eu vou querer... três frutas!”

Se Mú teve que se segurar para não rir do Aldebaran fazendo aviãozinho com a colher na hora do salgado, fazendo trenzinho na hora do doce foi demais pra ele. O próprio Deba percebeu que brincando, o bebê não ia comer e ficou quieto. Depois das limpezas de praxe, daquele arroto que Mú nunca achou que seria capaz de dar, Deba se sentou na sala pra ver TV com um bebê sonolento deitado no seu colo...

_ Sabe, Mú, hoje você está com um olhar... Que foi? Não está com sono?

“Não, meu amigo. Eu estou morto de sono. Mas só hoje eu percebi o quanto você é mesmo MEU AMIGO. Gostaria muito de agradecer como você tem cuidado de mim, com tanto carinho e cuidado... Não gostaria de esquecer jamais desse período...”

Mú escalou um pouco mais o peito de Aldebaran, deu-lhe um beijo no queixo e se ajeitou no ombro dele, dormindo em seguida. O que passou na TV naquele dia,Touro nunca soube, porque seus olhos marejados não o permitiram assistir. 


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Notas finais do capítulo

E este é o outro capitulo que eu mais gostei de escrever...