Desafio de Chronos escrita por Pipe


Capítulo 6
Capítulo 6 A folga das babás


Notas iniciais do capítulo

Eles reclamam, mas tão gostando de cuidar dos pequenos...



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O DESAFIO DE CHRONOS

CAPÍTULO 06- FOLGA DAS BABÁS

Foi uma semana atarefada para as “babás”... Aioria, Shura e Milo estavam resfriados, com direito a febre, nariz escorrendo, tosse e muita, muita manha mesmo. Máscara da Morte quase enlouqueceu com aqueles dois, que choravam à toa, queriam atenção só pra si, engasgavam com a pouca comida que conseguiam engolir e olhavam pra ele com um olhar de derreter qualquer coração de pedra. Shina acabou indo ajudar depois de três dias...

_ Mas como funciona esse negócio de não poder tocar nos bebês? As servas vivem apavoradas...

_ Coisa de deus velho... Ele colocou medo nas servas pra que elas não ficassem com eles e ajudassem a gente... sabe que tem gente que quase vomita pra trocar esses fedelhos, né? De bom grado daria a bunda suja deles pra mulherada limpar. Zeus, você nem imagina como tudo fede cada vez que um deles regurgita. Até os bebês menores...

_ Você? Reclamar do cheiro? Sua casa fedia pra caramba...

_ Pra você ver que a coisa é feia... Porra, como eu to cansado... Só hoje eu lembrei que já faz uns dez dias que eu não bebo, não saio nem dou uma. Eu não casei pra não ter esse tipo de responsabilidade e to aqui, fazendo papel de monge.

Shina riu.

_ Vocês deviam se revezar pra sair, assim que a pivetaiada melhorar.

_ Sem dúvida! Vou dar essa idéia pros caras, depois. Que foi, Shura? Vai lá pular nas poças de lama de novo, figlio de una putta... Nunca pensei que uma gripe derrubasse tanto esses meninos.

_ Dodói...

_ Onde agora?

_ Aqui. – colocou a mão na cabeça, fazendo careta. – Ta tudo zunzando...

Shina olhou pra Carlo, que traduziu:

_ Tontura. Dá zumbido na orelha... Deita de novo, pentelho. A tia Shina vai te levar remédio. Cadê o Milo? Será que a febre dele passou? Ele ta tão quietinho...

Milo ainda estava quente, mas menos que há dois dias atrás... Shina ficou olhando para Máscara da Morte, impressionada como ele cuidava tranqüilamente dos dois.

Camus andava irritado porque não podia fazer nada com o pé enfaixado. Hyoga precisou de muita paciência, pois de repente seu mestre tão bonzinho virou um pequeno tirano, gritão e manhoso.

Na casa de Virgem, a briga foi entre Ikki e Shun sobre o tratamento de Afrodite, diagnosticado pelo médico do santuário como “intoxicação alimentar”. O menino precisava de uns dias de dieta leve e uns remédios para estabilizar o sistema digestivo. Só que Dido não gostava de tomar remédio, fazia o maior escândalo na hora da medicação, deixando Shaka assustado e fazendo que o menorzinho engrossasse o coral de choro. E acabava vomitando depois de tomar. Shun não via saída:

_ Ele só piora depois da medicação. Se pela boca não vai, só tem uma solução: supositório...

_ Nem pensar.

_ Mas Ikki! Afrodite precisa de remédio.

_ Injeção.

_ Ai, tadinho. Ele vai sofrer. Além do mais, vai ter que levar todo dia na enfermaria pra tomar... E se ele grita aqui, imagine lá...

_ Eu levo. E agüento o choro dele até quando precisar. Mas não vou ser cúmplice do vício desse moleque. Você acha que tudo começou como?

Shun ficou olhando para o irmão, sem acreditar no que estava ouvindo. Acabou sentando no chão, mole de tanto rir...

_ Acha, Ikki? Só você mesmo...

Mas Afrodite não tinha tanto medo de injeção como Shun achou. Ele ficava relaxadinho nas pernas do Fênix, que depois levava o moleque na casa de Peixes pra ver os gatos ou pra ver Saga treinando com Seiya na Arena. Todo mundo dava uma olhadinha no treino. Aldebaran e Shun antes de levar os bebês para o salão de brinquedos, assim como Máscara da Morte, Hyoga e Shiryu. Fênix era o único que podia ficar tranqüilo porque Afrodite ficava quieto, observando. Os outros tinham medo que os seus pivetes caíssem das arquibancadas (o que não era uma coisa impossível de acontecer) Mas todo mundo concordava numa coisa. Saga já era um garoto poderoso apesar da pouca idade e Seiya devia ficar esperto, porque ia se ferrar na mão do menino.

Aldebaran colocava os pezinhos de Mú sobre os pés e ia caminhando um pouco com ele, ouvindo com prazer o bebê de Áries rir com a brincadeira. Tia Mandra era a única serva que não tinha medo de tocar os bebês e vivia com algum deles no colo. As outras, mais supersticiosas, achavam que a velha serva ou ia acabar sendo castigada ou já tinha acordo com os deuses. Fosse o que fosse, Anaximandra se divertia também em ficar com seus eternos cavaleiros do coração nos braços, mordendo as bochechas coradas de Mú e Shaka, ou apertando o irritado Camus nos braços, enchendo Milo e Shura de beijos, contando histórias para Afrodite e Aioria, sentados em suas pernas. Carlo conversou com os outros sobre revezarem pra sair um pouco, sendo apoiado pelo Ikki e Shiryu. Shun e Aldebaran nem piscaram. Agüentaram 15 dias agüentariam outros 15 e quantos mais viessem, pois amavam aqueles bebês dóceis... que só não podiam se ver, porque logo avançavam no cabelo um do outro...

_ Eu não entendo...- Shun separava Shaka, apertando a cabecinha loira contra o peito.

_ Ciúmes. – sentenciava Aldebaran, colocando a chupeta de volta na boca nervosa de Mú. – Cada um vê o outro como ladrão da atenção que poderia ter sozinho. Quando vocês vão sair, então?

_ Amanhã Milo vai dormir com Aioria e Shura com Camus pra que eu saia primeiro. Depois Camus dorme conosco em Escorpião e Aioria desce pra dormir com Afrodite em Virgem e Shiryu e Hyoga podem sair. Afrodite dorme com qualquer um, mas Shaka não pode juntar com Mú...

_ Saori fica com o Mú – intrometeu-se Seiya, chegando e trazendo Saga pela mão.

_ Eu posso cuidar do Shaka – ofereceu-se Hyoga. – E do Afrodite junto. Nunca vi um menino tão quietinho...

Ikki olhou para Hyoga rindo:

_ Você não aprende mesmo... Afrodite é sossegado, mas está longe de ser quietinho...

_ Sim. – completou Shun. – Ele sobe em qualquer lugar onde possa encaixar o pé. Já o pegamos desde de em cima da geladeira até em cima da laje da casa de Virgem...

Todos olharam para Afrodite, brincando de carrinho inocentemente com Aioria e Milo...

_ Shura é mestre em calcular mal uma situação. Como no dia em que foi pular na poça d’água e era lama... ou no dia em que foi tirar um brinquedo deles da pá do ventilador. Como foi parar lá não sei, mas ao invés de me chamarem, Shura ligou o ventilador pra cair. Na primeira rodada, o brinquedo voou de encontro à vidraça da sala. E Milo é campeão na arte da fuga. Ele casca fora, ninguém acha o cúmplice da travessura... – Carlo sorriu. 

_ Mú é curioso. Puxa as coisas de cima de mesa pra ver o que é. Eu ando usando jogo americano pra ele não ter toalha pra puxar, mas ele é danado... Já levou banho de suco, de espaguete, água de todo tipo, principalmente de vasos, tranco a porta da cozinha direto...

_ Shaka já é mais estabanado. Vive caindo, derrubando as coisas em cima dele, se batendo com brinquedos, parece que esta sempre no mundo da lua...

_ Camus vive desmontando as coisas... pena que nem tudo ele consegue montar depois...

Shiryu ia começar a falar de Aioria quando começou a rir.

_ Que foi?

_ Parecemos pais corujas, falando dos filhotes...

Todos olharam de novo pras crianças, sentindo uma emoção forte. Depois disfarçaram e mudaram de assunto... Mal sabiam eles que o desafio ia piorar...

Milo nunca tinha dormido longe de Shura, então estranhou um pouco. Mas Shiryu perguntou a ele qual era o seu costume em casa. Aioria que achou estranho dormirem os três na mesma cama... Shiryu acordou com dores nas costas de tanto levar chute do Leão, inquieto na cama... Mas um dia só...

Já na casa de Aquário, as coisas ficaram feias. Camus teve uma crise de ciúmes que Hyoga nunca imaginou que ele seria capaz. Não queria que Shura pegasse nos SEUS brinquedos, nem comesse na SUA mesa, ou escovasse os dentes no SEU banheiro ou chegasse perto do SEU sensei. Shura que também era brigão, não se acovardou. Eles chegaram a se pegar duas vezes, deixando Cisne sem ação. Até que não teve como. Hyoga chamou Camus no quarto e deu-lhe uma bronca, afirmando que Shura era visita e merecia ser tratado com respeito. Se continuassem brigando, ele, Hyoga iria por Camus de castigo mesmo não gostando da idéia. O cavaleirinho de Aquário fez um bico do tamanho de uma tromba de elefante, chegou a ficar com os olhos cheios d’água, mas não deu o braço a torcer. Virou as costas pro Hyoga e sacudiu os ombros (gesto mais francês não existe):

_ Ce gosta mais dele que de mim... Num ligo tamém...

Hyoga levantou os olhos azuis pro teto e suspirou. Disse antes de sair do quarto:

_ Se você resolver se comportar, pode sair do quarto e ir lá brincar com a gente. Mas se for continuar fazendo manha, Camus, fique por aqui mesmo.

Camus deitou na cama abraçando seu pingüim de pelúcia:

_ Só ocê me entende, Gegê... – e colocando o polegar na boca, ficou chateadinho até dormir...

No dia seguinte, Aioria foi dormir com Shura e Milo, e Camus desceu para a casa de Virgem, porque Hyoga achou que Máscara da Morte não agüentaria uma rodada de brigas entre Aquário e Capricórnio. Leão estranhou aquele clima de bagunça que existia na casa de Escorpião. Carlo tratava os meninos como garotos maiores, fazendo com que eles limpassem o que sujavam, recolhessem os brinquedos, eles podiam comer tranqueiras, beber refrigerante, tomavam banho sozinhos (lógico que Máscara inspecionava a saída depois). Fumando um charuto enquanto lia o jornal, Carlo perguntava ao espantado Aioria:

_ Então na sua casa é tudo diferente?

_ É sim...

_ Na certa, o Shiryu te faz tomar chá o dia inteiro... e aquele monte de besteira de comida saudável...

_ Faz sim. Onde eu vou mimir hoje, tio? Não vai caber tudo naquela cama redonda...

_ EU vou dormir no outro quarto e vocês dormem na cama redonda...

Que engano. No meio da noite, Shura se levantou pra ir dormir com ele no outro quarto, seguido dali a meia hora por Milo. Carlo riu e voltou com os dois pra cama de Escorpião, encontrando Aioria pronto pra ir atrás deles. Câncer deu uma gargalhada alta e se jogou na cama, rolando com os moleques... Depois se ajeitaram e dormiram os quatro, se espremendo pra ninguém cair...

Camus não fez escândalo na casa de Virgem, mas era visível que ainda estava irritado com Hyoga. Afrodite fez de tudo pra distrair o amiguinho, que não queria sorrir naquela noite. Mas o estabanado Shaka puxou o pote de doce das mãos de Shun com tanta força, que levou um banho de pudim, arrancando gargalhadas até de Ikki e Camus teve que rir. Lógico que antes de limpa-lo, Ikki fez questão de tirar uma foto “essa merece ser guardada...”

No último dia, Aldebaran não queria sair... Saori praticamente foi buscar Mú e leva-lo pro Templo de Atena. Saga olhava pra eles e perguntou:

_ Tia Saori, a senhora é a mamãe do Mú?

_ Não, meu querido... os cabelos se parecem, né?

_ É... porque a gente não ficou com um bebê aqui?

_ Não sei... Você queria, Saga?

_ Ah... eu queria um amiguinho, como o Milo e o Shura... Já viu o Afrodite ensinando o Shaka a dar beijo?

_ Você se sente sozinho, Saga?

_ Não sei explicar... Tá faltando alguma coisa...

“Sim, ta faltando um irmão...” pensou Saori. “Eles estão recuperando a memória... o tempo está acabando. Ai, que bom.”

Mal sabia ela que a prova maior estava por vir...


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Notas finais do capítulo

Claro que eu posso complicar mais... aguardem...



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