O DESAFIO DE CHRONOS

CAPÍTULO 03 – FÁCIL, NÉ, HYOGA?

Após uma meia hora, Afrodite e Shura acordaram na mesma hora. Afrodite apertando o pintinho se levantou apressado. Shura percebeu aonde ele ia e pra quê e passou correndo na frente. Bateu a porta do banheiro, som que alertou os rapazes que os meninos tinham acordado. E mais ainda o choro de Peixes na porta do banheiro. Carlo bateu na porta:

_ Shura, abre já a porra da porta!

_ To fazeno xixi...

_ Abre agora!

Ikki se aproximou, Afrodite já estava pulando de um pé noutro, desesperado. Assim que Fênix lhe tocou o ombrinho, aquilo que tava difícil segurar transbordou... Afrodite começou a chorar alto, desconsoladamente. Carlo berrou:

_ Shura, se eu arrombar essa porta ce ta frito, pivete! ABRE JÁ!!

_ O trinco caiu e eu não alcanço... – gemeu o moleque

_ Shura...

_ Peraí, tio Carlo...

Com os berros, Aioria e Milo também levantaram, mas resolveram fazer xixi lá fora, subindo novamente no parapeito da janela, horrorizando Hyoga, que viu e ficou com medo de falar algo e eles caírem. Com o choro, Shaka acordou assustado e resolveu tirar a chupeta de Mú pra se acalmar. O outro bebê acordou e avançou no loiro pra recuperar o que era seu. Aldebaran foi correndo tentar separar os dois que se arranhavam e puxavam o cabelo com uma mãozinha e a chupeta com a outra, além de contribuírem com o coral de gritos. Foi nessa confusão que Shun e Shiryu voltaram da arrumação nas casas de Sagitário e Virgem. Shiryu foi ajudar Hyoga a descer os mijões, Shun foi pegar outra chupeta para Shaka, Shura abriu a porta, depois de subir em cima do cestinho de lixo e cair dentro, porque não virou de cabeça pra baixo e a tampa não resistiu ao seu peso. Ikki tirou a roupa molhada de Afrodite e enxugou o corpo e o rosto do moleque, queimando tudo em seguida e pegando-o no colo, pra acalma-lo. Foi nessa hora que Camus levantou, passou pelo corredor onde tudo acontecia, puxou Hyoga pela mão e entrou no banheiro. Todos pararam para ver. Ele entrou no reservadinho, se sentou, esperou um pouquinho, daí se virou pro loiro que mordia a boca pra não rir:

_ Já fazeu, Oga. Limpa?

Hyoga limpou, arrumou a roupa de Camus, puxou a descarga franzindo o nariz e se permitiu rir lá fora, quando Aquário já estava junto de Milo e Aioria...

_ Nossa, que cinco minutos!

_ Sim, precisamos agora mantê-los ocupados... – respondeu Ikki, colocando outra roupa em Afrodite, que ainda soluçava.

_ Tem um parquinho ali fora... – disse Aldebaran- Vamos deixa-los um pouquinho no sol, pra se cansarem...

_ Num quero paiquinho... – gemeu Peixes

Shun passou Shaka para o colo de Ikki e pegou na mãozinha dele:

_ Vamos, Di. Brincar de castelinho na areia, caminhãozinho, você vai gostar...

Seiya e Saga já estavam lá, Saga no trepa-trepa, virando de uma barrinha na outra. Milo e Aioria correram para a gangorra, enquanto Shura ia no carrossel virar com Carlo. Camus e Afrodite se sentaram no tanque de areia, de pazinhas e baldinhos de todos os tamanhos, prontos pra construírem uma cidade. Shun molhou um pouco pra firmar e eles começaram a brincar. Shura saiu do carrossel e esperou se firmar. Quis balançar, ir na gangorra, no escorregador, brincando com Aioria e Milo tranqüilamente até que a cidade dos outros dois ficou pronta. Os olhos azuis faiscaram e ele desafiou os coleguinhas pra virar cambalhotas.

_ No chão duro não, Shu. – reclamou Máscara da Morte, sem perceber o alcance da travessura.

_ A gente vira na areia... – gritou ele, já virando uma estrela pra dentro do tanque, caindo bem em cima de um “prédio” e esparramando areia em cima de Camus e Afrodite. Camus cuspiu o tanto que lhe atingiu a boca e avançou em cima de Shura. Afrodite só ficou olhando e começou a chorar de novo... Hyoga foi defender seu mestre, mas Ikki balançou a cabeça, ao ver Shun correr pra acalmar Peixes:

_ Parece que Afrodite é um chafariz. Nunca vi chorar tanto... não, minto, já vi sim... Shun está provando do próprio remédio...

Carlo deu UMA palmada em Shura, colocando-o de castigo num banco. Milo e Aioria vieram ajudar Camus a montar a cidade de novo, mas Afrodite se sentou aos pés de Shun, preferindo observar insetos ou brincar de carrinho a se misturar com eles de novo... As servas trouxeram frutas picadas. Quando Carlo se virou para chamar Shura pra comer, ele já não estava mais no banco.

Reviraram o parquinho até que ele apareceu no meio dos outros mastigando. Máscara da Morte contou até vinte, bufando. Os servos trouxeram velocípedes e os meninos pularam de alegria, querendo apostar corrida. Fosse porque já tava na hora, fosse pelas frutas que comeram, Shaka olhou para o Ikki, ficou vermelho e de repente, um som conhecido se fez ouvir. Ikki nem piscou.

_ Shun, vem trocar o Shaka que eu preciso descer com o Afrodite. Precisamos dar uma olhada nos gatos dele.

Shun olhou para Aldebaran com um olhar choroso e o grandalhão deu uma gargalhada:

_ Calma, garoto, é só cocô. – e foi passar o Mú para Shiryu segurar, quando o bebê se espremeu e o som se repetiu. – Epa! Xiii, Shun, eu tenho minha própria merda pra limpar. Mas vamos, que você pode aprender comigo.

Não era bem isso que Shun queria, mas enfim... Shaka era bem mais dócil de limpar que Mú, que quase caiu do trocador. Shun sentiu ânsias, mas suportou bem o desafio.

Na casa de Peixes, Afrodite ficou olhando para os gatos, Freddie (Mercury) e George (Michael) enquanto Ikki punha comida para eles. Os bichanos vieram cheirar o menino, e logo começaram a miar. Di estendeu a mãozinha, medroso, para tocar no pêlo sedoso dos siameses e eles permitiram, se esfregando nele, miando. Afrodite riu, feliz. Mas Ikki não permitiu que ele trouxesse os gatos para a casa de Virgem e espantou os bichos, porque Shaka poderia machuca-los e eles o arranhariam para se defender.

Shura virou com o velocípede em cima de Saga, que só não bateu nele porque Seiya não deixou. Aioria e Camus brigaram por causa de um brinquedo, Mú e Shaka passaram a tarde se estranhando. As servas tiveram dó e fizeram um manualzinho básico de como cuidar dos meninos e para os bebês. Regras simples. E as cinco da tarde, os rapazes se dividiram, indo cada um para sua casa, levando sua “encomenda”. Saga encrencou com Seiya:

_ Eu não sou bebê. Ainda é cedo pra tomar banho. Vamos mais tarde.

_ Saga...

_ Não quero ir! NÃO QUERO! NÃO QUERO! QUEM É VOCÊ PRA MANDAR EM MIM?

Seiya ficou olhando pra ele, boquiaberto, mas Saori teve um insight brilhante:

_ Ele é seu mestre. Seu sensei. Você veio pra cá pra aprender a ser um cavaleiro, Saga e se quiser ganhar uma armadura, vai ter que obedecer ao Seiya.

Saga ficou olhando firme pra ela, tentando se lembrar de alguma coisa, mas acatou o que ela disse, já que não tinha memória suficiente pra desmentir. Só se lembrava que aos seis anos veio para o Santuário aprender a ser um cavaleiro. Assim que ele subiu para o Templo do Grande Mestre, Saori suspirou, aliviada e Seiya perguntou:

_ Como você conseguiu?

_ Eu imaginei que, de alguma forma, Chronos alterou a memória deles. Os pequenos não choram por mamãe e papai, e olha que Afrodite tem seis irmãs mais velhas que ele. Eles consideram vocês que cuidam deles como família. Saga mesmo, não sente a falta de Kanon e eles foram criados juntos, por Zeus!

_ Então agora eu sou sensei do Saga...

_ Oras, Seiya. Você não vai conseguir ensinar muita coisa pra ele, em apenas um mês. Ele só vai te respeitar um pouco, se você souber se impor.

_’Xa comigo, Saori. Vamos?

Ela não pode deixar de sorrir. Ia ser um looongo mês.