O DESAFIO DE CHRONOS

Capítulo 02 – Lindos, mas tenebrosos...

Shun e Shiryu estavam separando os brigões, pondo Shura encostado de frente para a parede, quando Máscara da Morte, Aldebaran e Hyoga voltaram. Deba em tempo de tirar Mú de cima da mesinha onde ele subiu. Hyoga correu os olhos pelo lugar e perguntou:

_ Cadê meu... Cadê o Camus?

_ Não é possível. Viramos dois minutos para separar esses três... o Aioria também não está... – respondeu um desanimado Shiryu.

Os dois terríveis tinham feito xixi no banheiro ao lado da sala de recreação, mas Camus reclamou de fome. E foram tentar achar algo pra comer. Shun estava quase às lágrimas:

_ Eles estão perdidos aí fora. Sem o cosmos deles desenvolvido, nunca vamos acha-los.

_ Calma, Shun. Vamos dar um jeito...

_ Qué papá... – reclamou Afrodite.

Milo começou a pular e gritar:

_ Qué papá! Qué papá! Qué papá!

Máscara da Morte ergueu Escorpião para os ombros, rindo:

_ Entrega-los inteiros daqui a um mês significa que nem a língua deles eu posso tirar? Porque eu vou acabar maluco com esse pivete. Quieto, pentelho! Já vamos comer.

Mú também já estava impaciente. Aldebaran pegou Shaka num braço, Áries no outro:

_ Vamos levar estes para comer. Enquanto isso, vocês vão atrás dos fugitivos...

Shura estava fungando ainda, e novas lágrimas começaram a correr. Shiryu se abaixou:

_ Que foi, Shu?

_ Queia ii de cavainho que nem o Milo...

Milo se debruçou sobre a cabeça de Carlo, balançando as perninhas.

_ NÃO!!

_ Calma, Milo. Segurem aqui, por favor.- Aldebaran passou os bebês, pegou Shura e colocou a cavalo no pescoço largo, puxou os bebês de volta. – Expresso Aldebaran indo pro refeitório... – e foi fazendo som de trenzinho.

_ Esse aí adora crianças mesmo. – resmungou Carlo, pegando Afrodite e colocando a cavalo no quadril.- Nem vem, vocês dois. Podem fazer o som ridículo se quiserem, mas eu sou uma máquina silenciosa. – E saiu.

Seiya chegou nessa hora, vendo a cara desanimada dos colegas, perguntou:

_ Que aconteceu?

_ Camus e Aioria sumiram. – soluçou Shun. – os outros pequenos brigaram, a gente foi apartar, eles aproveitaram e saíram quando não estávamos olhando. E agora, onde vamos encontra-los?

_ Eles estão no refeitório. Vim aqui chamar vocês pra comer também.

No refeitório, duas mesinhas foram postas no centro, com quatro cadeirinhas. As servas adoraram a novidade, principalmente as mais velhas, que estavam lá na chegada dos cavaleiros de ouro aos seis anos.

_ Uma boa forma de matar as saudades dos meus eternos meninos – riu Anaximandra, a tia Manda, a mais velha de todas as servas, beijando Aioria e Camus e colocando pratos cheios de arroz com legumes e carne de cordeiro desfiada na frente deles.

Estavam comendo com Saga, quando Moses e Dante entraram. Cochicharam e caíram na risada. Assim que Capella chegou, se aproximaram da mesinha e Dante disse em voz alta:

_ Oh, então esses são os poderosos cavaleiros de ouro de Athena? A que foram reduzidos, hein? A um bando de pivetes ramelentos, cheirando a fralda sem trocar...

Aioria ficou olhando pra eles com os olhos verdes fuzilando, mas Camus tocou em seu braço sem parar de comer. Saga olhou e disse calmamente:

_ Caia fora.

_ Ou você vai fazer o quê, pentelho? – desafiou Capella de Auriga, segundos antes de bater na parede.

Os outros dois olharam para o pequeno Saga, do alto dos seus seis anos, de pé na mesa, onde seus companheirinhos só tinham puxado os pratinhos de plástico, com a mãozinha estendida e o cosmos agressivamente erguido. Tia Manda, que esperou pelo desfecho já sabido da questão, se aproximou, balançando a cabeça:

_ Desce, Saga, ou você vai se machucar... E vocês, já pra mesa! Onde já se viu, três cavalões incomodando crianças...

Carlo e Aldebaran entraram nessa hora, em que Moses e Dante erguiam Capella do chão e os outros cavaleiros de prata chegavam. Misty olhou para Afrodite surpreso, mas o garoto só lhe mostrou a língua. Carlo abaixou, Milo pulou no chão, indo direto para os braços da tia Manda.

_ Milo!! Você sempre carinhoso...

_ O que aconteceu aqui? – perguntou Deba, antes de passar os bebês para as servas colocarem nos cadeirões.

_ Provocações entre cavaleiros de ouro e prata, como sempre. Mas eles não se lembram que a força de um cavaleiro de ouro começa a despontar aos seis anos. É a idade de Saga agora, não?

Carlo deu uma gargalhada maldosa. Aioria perguntou para Camus:

_ Quando vô podê faze igual ao Saga?

_ Quando oce perder os dente da frente. – respondeu Shura.

_ E demora muito?

_ Demora... não vale tira fora, tem que espera caí.

Aioria lambeu a colher, pensativo... Shun e os outros chegaram e Misty pensou em tirar sarro das “babás de bronze”, mas Asterion lhe passou uma mensagem de “Fica na sua!”.

_ Tias, estão dando carne desfiada para o Shaka? Mas ele não come carne!

_ Menino, calado. Primeiro, que bebês tem que comer de tudo. Depois que é por pouco tempo, não vai afetar em nada as convicções do loirinho.

_ E além do mais, Mú está comendo. Quer que Shaka tenha lombrigas de vontade? – respondeu outra tia da cozinha.

Shun ficou vermelho e não falou mais. Shura encheu a colher de arroz e ia armar para atirar, começando uma guerra de comida, mas um olhar de Máscara da Morte o convenceu que era melhor ter paz no almoço.

De barriguinha cheia, os bebês bocejaram e coçaram os olhinhos. Afrodite e Camus procuraram com os olhos Shun e Hyoga, que pararam de conversar para acudir seus meninos. Mas Shun e Shiryu tinham que fazer a mudança, então Seiya se prontificou a levar Afrodite para descansar depois do almoço. Shun se arrepiou:

_ Não, Seiya, eu agradeço, mas... ih, ainda tem que trocar o Shaka e coloca-lo pra dormir...

_ Eu também ponho.

_ E quem vai cuidar do Saga?

_ A Saori, oras.

Shun mordeu a unha do polegar. “Ai, porque eu me propus a cuidar de dois? E ainda de idades diferentes? Será que eu posso confiar no Seiya? O Afrodite ta caindo de sono e o Shaka ta ficando impaciente... Sozinho eu não vou conseguir, não... Como eu queria a ajuda de alguém com experiência em cuidar de crianças...”

Sim, ele estava pensando NELE. De repente, Seiya fez uma careta para alguém que estava às costas de Shun e uma voz conhecida disse:

_ Meu irmão, essa é a maior encrenca que você já se meteu. – Ikki riu, se abaixando pra olhar Afrodite de perto – É um moleque tão bonito, pena que vai se estragar quando crescer. Vem, pivete, tio Ikki vai te por pra dormir.

Afrodite se encolheu, assustado. Olhou para Shun, os olhos cheios d’água.

_ Vai com ele, Di. É meu irmão. Não precisa ter medo dele.

_ Que tipo de lembranças será que eles têm? Shaka também tem medo de mim? – Ikki estendeu os braços e o loiro veio tranqüilamente.

Tia Manda já recomendou antes deles saírem.

_ Não se esqueçam de que eles têm que escovar os dentinhos. Até os bebês.

Milo e Shura não queriam tirar a soneca depois do almoço. Aioria quis entrar na deles, mas estava caindo de sono. Saori veio buscar Saga, então Seiya ajudou no transporte dos meninos até o salão de recreação. Colchonetes foram jogados no chão e os cavaleirinhos foram escolher bichinhos de pelúcia para dormir... Camus nem se mexeu. Encostou nos braços de um grande urso polar e dormiu sentado mesmo. Afrodite pegou uma baleia de pelúcia e se deitou no colchonete, Aioria fazendo o mesmo com um leãozinho. Aldebaran demonstrou grande perícia ao trocar a fralda de xixi de Mú, que não queria parar quieto, mas que dormiu facilmente, com chupeta e um paninho no rosto. “Muitos irmãos e sobrinhos” justificou Touro. Shaka estava derrubadinho, nem se mexeu ao ser trocado, cochilando. Máscara da Morte levou seus pentelhos para passear, ANDANDO pelos aposentos do Grande Templo, meia hora depois, vinha com os dois debaixo dos braços, dormindo como pedras.

Ao ver os meninos dormindo, Hyoga comentou, ao saírem da sala (para uma outra onde iam ver TV, jogar ou ler, esperando que eles acordassem):

_ Não parece que vai ser tão difícil...

Aldebaran, Carlo e Ikki se entreolharam e Deba comentou:

_ Você foi filho único, não?

_ Fui...

_ Então, ta... – Ikki bateu amigavelmente no ombro dele...- Sim, pato, tudo é muuuito fácil.