O DESAFIO DE CHRONOS

CAPÍTULO 01 – O QUE VOCÊ PODE, ATHENA?

Todos os cavaleiros de ouro e de bronze estavam reunidos na grande sala do Mestre do Santuário, ao chamado da deusa Athena, na pessoa da Saori Kido. Discutiam de tudo: finanças, segurança, os cursos que os jovens de bronze estavam fazendo, quando Shaka parou no meio de uma réplica, o dedo erguido, os olhos buscando algo no salão:

_ Que foi, Shaka?

_ Algo poderoso vem vindo...

_ Maligno?

Aioria e Milo estavam se levantando, já elevando o cosmos, quando pararam a meio caminho. Todos pararam no tempo, como congelados. Somente Saori se mexia.

_ Mas o que está acontecendo aqui? Quem é o responsável por isso?

_ Quem mais senão eu, o senhor do tempo, Chronos?

_ Vovô? Por quê?

_ Primeiro para conversarmos com calma... Até agora você tem defendido a Terra com seus cavaleirinhos, tem derrotado seus parentes malignos, enfrentado grandes desafios, mas com a ajuda deles. Seu último teste vai ser derrotar um pequeno desafio.

_ Pequeno desafio? Que desafio será esse?

_ Observe seus cavaleiros...

Chronos fez o tempo voltar ao normal por alguns segundos e aos poucos, os cavaleiros ao redor da mesa foram encolhendo... Menos Aldebaran, Carlo de Câncer e os cavaleiros de bronze... Ao ver seus companheiros caírem no chão, cada um fechava os olhos e se encolhia esperando ser o próximo... Logo estavam com Shaka e Mú como bebês de dez meses, Saga como um garoto de seis anos, os outros com apenas três anos...

_ Seus cavaleiros de bronze assim como esses que eu deixei poderão te ajudar, Athena... Só para você não dizer que eu não fui justo... Mais ninguém poderá tocar nas crianças... Daqui um mês o efeito do meu encanto acaba... Vamos ver como você se sairá, minha neta! – e gargalhou.

Shiryu arregalou os olhos para um garoto de cabelos azuis curtos e cacheados que saiu debaixo da mesa:

_ Milo? Milo, larga o Shaka! – O menino trazia um bebê loiro arrastado pelo perna, de debaixo da mesa...

Hyoga se abaixou procurando Camus, que engatinhava procurando sair debaixo da mesa... Shura saiu, erguendo a cabeça antes da mesa terminar e batendo, logo abrindo o berreiro... Aldebaran se abaixou para procurar o Mú, que estava sentado do seu lado antes... Logo, enfileiraram todos os meninos na parede. Seiya estava emburrado:

_ Que sacanagem! Porque o velho deus não diminuiu a gente? Eu gostaria de ser paparicado, pegado no colo, eu queria tanto ser criança novamente...

Shun olhou pra ele como se ele estivesse louco... Saori conversava com Carlo e Shiryu:

_ Quem vai cuidar de quem? Não podemos confia-los às servas...

_ Eu poderia cuidar de Shura... – se ofereceu Shiryu.

_ No, no, no... É melhor que EU cuide do Shura...- negou Máscara da Morte. – Eu convivi com esse moleque desde sempre, sei como ele é difícil, teimoso como só um espanhol sabe ser. Você pode cuidar do Aioria...

_ Eu cuido do meu mestre Camus. – já foi dizendo Hyoga.

_ E eu vou cuidar do Shaka – respondeu Shun.

_ Fico com o Mú – disse Aldebaran.- E se me permite, senhorita Saori, eu lhe recomendo o Saga, que é mais velho, mais fácil de levar.

_ Sobraram o Milo e o Afrodite.- lembrou Saori

_ Eu cuido do Milo! – Se ofereceu Seiya, levando os outros a franzirem a testa e se olharem. Até o menino parecia assustado com a possibilidade.

_ Não! – gritou Saori – Acho melhor você me ajudar com o Saga, Seiya.

Todo mundo suspirou, mas continuavam dois cavaleirinhos assustados sem babá. Máscara da Morte se resignou a cuidar dos dois mais terríveis de todo santuário, com ressalva de Shiryu:

_ Deveria deixa-los pra mim...

_ Só porque você faz o gênero zen?

_ Tem que deixa-los inteiros até o findar do mês... – riu Aldebaran. – E o Afrodite?

_ Deixa ele comigo... –Shun ficou vermelho, mas deu a mão para o peixinho...

Saori encomendou roupas, sapatos e fraldas... E os pequenos cavaleiros ficaram lindos...

_ Vamos ficar aonde? – perguntou Hyoga

_ O ideal seria aqui mesmo... Tem o dormitório, sala de recreação, refeitório, as servas estão por toda a parte para nos dar umas dicas...

_ Prefiro ficar em casa... – resmungou Carlo.

_ Deveríamos ficar próximos uns aos outros... – sugeriu Aldebaran. – Eu acho que da casa de Peixes até a de Virgem está bom. A gente passa o dia aqui e a noite lá. Eu vou ficar com Mú na casa de Capricórnio.

_ Shura vai odiar... Mas eu fico com Milo e ele na casa de Escorpião... – bufou Carlo.

_ Eu e Camus ficamos em Aquário mesmo...

_ Eu tomo conta de Aioria na casa de Sagitário... – decidiu Shiryu.

_ Vou levar os dois pra casa de Virgem. Shaka não vai se sentir deslocado e Afrodite tem todo aquele jardim ao lado pra brincar...

_ Porque não na casa de Peixes?

_ Porque tem todos aqueles bibelôs de Afrodite pra eles porem na boca ou quebrarem.

Enquanto os “adultos” discutiam, um louva-a-deus entrou pela janela, parando no meio do salão. Afrodite apontou com o dedinho e deu o alarme:

_ Bisso!

Logo estavam Aioria, Shura, Milo e Camus rodeavam e criavam coragem pra pegar o inseto. Quando ele se mexia eles recuavam, depois avançavam devagar... Até que o mantis pulou e saiu voando, os meninos gritando atrás. E horrorizados, os cavaleiros de bronze viram Milo empurrar Aioria que caiu no chão e subir nele pra pular a janela atrás do louva-a-deus. Se não fosse Carlo usar sua velocidade da luz, o menino teria se espatifado lá embaixo. Parando pra respirar, Câncer ficou bravo com Milo que esperneava ainda:

_ O bisso, tio, o bisso fugiu...

_ Moleque! Dá uma olhada onde você ia cair!

Os outros erguiam na ponta dos pés pra ver também. Carlo colocou Milo no chão e disse pra Shiryu que consolava Aioria do joelho esfolado:

_ Deu pra sentir como vai ser?

_ NÃO PÕE NA BOCA QUE É CACA, MÚ! – Ouviram a voz do menino mais velho...

Saga tinha pego os pincéis atômicos que Camus costumava usar no expositor e estava rabiscando uma pilastra do salão. Mú estava ao lado dele, tentando por um pincel azul na boca, depois de ter se rabiscado todo.

_ Seiya! Você não estava de olho no Saga?

_ Mas ele estava tão quietinho. Afinal, é só lavar que sai, não é mesmo?

_ Deus nos ajude...- gemeu Hyoga. – Camus, não vai tirar os shorts não! Nem os sapatos!

_ Ta tente, Oga! Camus tente!

_ Não ta com calor não. Deixa os shorts pelo menos...

_ Temos que levar as coisas deles pras casas e pegar as nossas.

_ Shun e eu vamos ficar com eles na sala de recreação enquanto vocês fazem a sua mudança. Depois alguém vem pra cá pra gente fazer a nossa. – sugeriu Shiryu.

A sala de recreação não era usada há anos, desde que os cavaleiros de ouro tinham crescido e os filhos das servas também... Havia bichos de pelúcia, grandes blocos de madeira de quebra cabeças, blocos de montar, carrinhos, bonecas de todos os tipos. Ao contrário do que Shun esperava, Afrodite nem olhou pras bonecas, pegando a fazendinha pra montar. Camus e Milo se sentaram juntos pra jogar um dominó de figuras de desenho... Shura e Aioria foram brincar com tanque de guerra e soldadinhos. Shun se sentou no meio de Mú e Shaka, com um jogo tipo casa das chaves pra eles colocarem as pecinhas nos buracos certos.

Estava tudo supostamente tranqüilo, quando Shura resolveu “atacar” a fazendinha do Afrodite. O peixinho, que parecia um garoto sossegado, mostrou as garras, gritando e pulando em cima de capricórnio.Milo parou de brincar com Camus para entrar no rolo.  Shun e Shiryu vieram apartar os meninos. Enquanto eles separavam os brigões, Camus se levantou indo pra porta. Aioria que assistia toda a confusão com o dedo na boca, tirou pra perguntar:

_ Onde ce vai?

_ Faze xixi.

_ Tamém queo.

E saíram.