Caminho do ninja amador (nível II). Missão 07. Meta 3: pronomes (V): pronomes relativos
Postado por Edgar Varenberg

Olá seres humanos que recorreram a este link para aprender um pouco mais sobre a língua portuguesa! Eu sou o Edgar Varenberg, um dos membros da Task Force, grupo que trará as aulas a partir de agora, e conforme o andamento do material, vocês entenderão melhor a forma como eu trabalho, ok? Mais informações sobre mim estão disponíveis no meu perfil, portanto, se precisarem me contatar, mandem-me uma MP!

Hoje abordaremos um dos tipos de pronomes; no caso, o pronome relativo. Para uma introdução, é necessário que tenhamos uma noção básica sobre os seguintes tópicos:

1. Diferenças entre frase, oração e período;

2. Conhecimento sobre ligação entre orações;

3. Propriedades dos pronomes relativos.

Deixarei muitos conceitos de lado porque, atualmente, não quero que vocês aprendam (com muitas especificações) estes temas (isto ficará para outras aulas), o meu foco no momento é falar sobre pronomes relativos, portanto, só introduzirei os conceitos que os ajudem a entender sobre estes pronomes.

Primeiramente, a frase é todo conjunto de palavras que tem um sentido e um fim, não necessariamente precisando ter verbos ou mais de uma palavra:

"Sim."

"Para que tá feio, miga!"

"As rosas são vermelhas e as violetas são roxas, tutubom?"

"Bacalhau gelo arroz mel..."

Com exceção do último exemplo, todos os conjuntos de palavra acima são frases; o último exemplo não conta porque simplesmente não faz sentido. Além disso, podem notar que, nos exemplos válidos, há frases com e sem verbo, com diferentes pontuações finais e com diferentes quantidade de palavras, pois estes três fatores não influenciam nas principais características de uma frase: ter fim e ter sentido.

Já as orações, elas não estão presentes em todas as frases, sabem por quê? Porque orações são ligadas diretamente a verbos e não são todas as frases que possuem verbos. Toda frase verbal, isto é, que possui verbo, tem uma oração. A quantidade de orações é simplesmente indicada pela quantidade de verbos e entre elas há sempre um fator de ligação.

Os períodos também só existem em frases verbais, porque períodos estão diretamente ligados a orações, que só existem em frases verbais. Quando temos apenas uma oração numa frase, denominamos de período simples; quando há duas ou mais, denominamos de período composto. Entenderam o porquê dessa relação direta? Sem orações não há como classificarmos os períodos.

"Que noite trevosa, gótica, dark, reptiliana, cybernética!"

"Eu te amo, [insira seu/sua crush aqui]."

"[Vou postar] no meu Twitter que eu [estou perdida]."

Apesar da imensa quantidade de adjetivos, não temos verbos na primeira frase, portanto, não temos orações e, consequentemente, também não temos um período. Sem camisa verbo, sem sapatos oração, sem serviço período.

Já na segunda frase, temos um exemplo de trouxice período simples, visto que só temos uma oração, pois a única ação expressa é a de "amar". Por fins de curiosidade, frases com apenas uma oração, ou seja, de período simples, possuem o que chamamos de oração absoluta; em outras palavras, sempre teremos uma oração absoluta quando houver um período simples.

Por fim, na última frase, temos um caso com duas orações, portanto, trata-se de um período composto. Além disso, podemos notar que "vou postar" e "estou perdida" contaram como um "verbo" só, mas por quê? Porque, na verdade, quando eu falo de verbo, eu quero dizer ações; "vou postar" é apenas uma ação (correspondente a "postarei"), assim como "estou perdida". São apenas exemplos do que chamamos de locuções verbais, isto é, quando há dois ou mais verbos que se unem para representar uma única ação. Portanto, fica a dica mais importante para esta introdução: orações se relacionam com ações (até rimam)! Tendo isso em mente, temos então, na última frase, duas orações (são quatro verbos, porém são apenas duas ações!).

Agora que temos em mente alguns conceitos que constituem um período, podemos começar, definitivamente, a conversar sobre pronomes relativos. Como sabemos, a principal função de um pronome é substituir um termo, geralmente para evitar uma repetição.

"Odeio o Edgar Varenberg. Um dia eu estava no recreio com as minhas amigas, e ele roubou meu lanche."

(nenhum lanche foi roubado para a confecção desta aula)

Entretanto, em se tratando de pronomes relativos, temos esta função clássica de substituir um termo anterior, porém também temos a função responsável por ligar duas orações.

Se estamos falando de ligar duas orações, significa que estamos falando de período composto, certo? Isto é, pronomes relativos somente são usados em períodos compostos! Mas como funciona essa tal ligação que eu estou repetindo tanto, mas não demonstrando?

"Lucas comprou um [celular]. O [celular] veio com defeito."

Temos aqui duas frases, dois períodos simples (porque ambos só têm uma oração), até então nada errado. Contudo, podemos transformar isso tudo numa frase só:

"Lucas comprou um celular que veio com defeito."

O "que" está aí para substituir o seu termo antecessor, "celular"; além disso, também foi o responsável por ter unido as frases, ter unido duas orações absolutas num período composto (de duas orações). O "que" pode ser considerado um "relativo universal" porque é o pronome de maior emprego; entretanto, há outros, que podem ser conferidos na tabela a seguir:

São muitos, não é mesmo? Falaremos deles um por um, vamos lá:

Que - Como já foi dito, pode ser considerado um relativo universal por ter um largo emprego. É mais usado para se referir a pessoas ou coisas e pode ser substituído por "o qual" e seus variantes. Vale lembrar que nem todo "que" é um pronome relativo; ele pode ser, por exemplo, uma conjunção integrante, portanto, é importante ver se o "que" corresponde a "o qual'; caso sim, é certeza de que se trata de um pronome relativo.

"Meu irmão estragou a bolsa [que] eu tinha acabado de comprar."

"Sabemos [que] você deu em cima da namorada da Pâmela."

Podemos ver que, na primeira frase, temos um claro exemplo do "que" sendo usado como pronome relativo, visto que podemos substitui-lo por "o qual" sem alterar o sentido da frase, já que são equivalentes.

Todavia, na segunda frase, essa equivalência não existe, isto é, não é possível substituir, pois esse "que" se trata de uma conjunção integrante. Para essa aula, não precisamos saber ainda o que é uma conjunção integrante, só usei esse exemplo para evidenciar o cuidado que devemos ter, afinal, uma mesma palavra pode executar diferentes funções gramaticais.

O qual e variantes - Assim como o "que", é geralmente usado para se referir a pessoas ou coisas. Há uns fatos interessantes sobre este pronome que devem ser levados em conta: são exclusivamente pronomes, portanto, não são tão confundíveis como o "que". Além disso, a principal diferença do uso dele para o uso do "que" é que ele costuma ser precedido de preposições com duas ou mais sílabas.

"Ontem fui à casa do meu irmão, [a qual] tinha cheiro de coisa velha."

 "Li um livro sobre [o qual] nunca ouvi falar."

Na primeira frase, decidi trazer um exemplo que mostra o quanto é importante ressaltar o porquê de sempre precisarmos ter a noção de todos os pronomes, pois, na primeira frase, caso usássemos "que" em vez de "a qual", a frase ficaria ambígua, ou seja, não saberíamos se a referência foi para a casa ou para o irmão. Como foi usado "a qual", esta confusão não ocorreu.

Já na segunda frase, podemos observar o pronome sendo precedido de uma preposição com duas ou mais sílabas. Para fins de curiosidade, eis as preposições que se encaixam nesta característica: ante, após, até, contra, desde, entre, para, perante, sobre.

Quem - É exclusivamente usado para se referir a pessoas e vem acompanhado de preposição, exceto quando se refere ao sujeito da oração.

"Esse é o cara de [quem] você me falou?"

"Foi ela [quem] tretou no grupo do Nyah."

Na primeira frase, podemos observar que há uma relação a pessoas e que também está antecedido de um pronome. Porém, na segunda, como "quem" está se referindo ao sujeito da oração, a preposição é dispensada.

Quanto e variantes - É perfeitamente usável quando precedido de pronomes indefinidos como "tanto" e "tudo". É o famoso "tanto quanto" que a gente tanto escuta.

"Você faz tanto [quanto] fala?

Genericamente, podemos dizer que expressa uma relação de "quantidade".

Onde - Pronome relativo usado para indicação de lugares.

"O sítio [onde] eu perdi o BV hoje virou um cemitério!"

(nenhum BV foi retirado para a confecção desta aula)

Dentro desta romântica frase, podemos notar que o local vem precedido do pronome "onde", pois é o que o torna característico como tal, assim como todos os casos anteriores. Podemos notar este padrão em todos os exemplos; todos substituindo os termos e unindo orações, como a função do pronome relativo pede.

Cujo e seus variantes - Deixei este por último porque ele é o único que se difere dos demais pronomes relativos, visto que ele não trabalha com o termo antecessor, mas com o posterior. É o único dos relativos com este tipo de trabalho, portanto, fica fácil fixar.

"Excluíram aquela fanfic [cuja] autora não seguiu as regras."

Quatro dicas essenciais:

1. Não existe uso de artigo (o, a, os, as) após o "cujo" (e variantes), visto que o artigo já está integrado na palavra, por isso se trata de um pronome variável;

2. Leiam e sigam as regras do Nyah! Fanfiction caso não queiram ter o mesmo destino que a nossa autora hipotética;

3. Existe um uso errôneo, aparentemente regional, de "cujo qual". Isso também não existe, já que "qual" é acompanhado de artigo e, como estamos vendo, "cujo" é um pronome, não um artigo;

4. Ainda falando sobre os pronomes variáveis, vale lembrar que eles sempre concordam com os termos que eles estão substituindo, em gênero e número.

Agora vejamos as seguintes frases:

"Aquele momento [em que] a pessoa que você mais odeia te provoca, e você se segura para não dar na cara dela."

"Foi intensa a forma [como] você construiu esses diálogos!"

"Ser escritor é também ser alguém [que] dorme, estuda, se diverte."

Isolei estas frases em específico porque se tratam de alguns casos especiais. Na primeira frase, temos uma relação de tempo e, nestas relações, é comum o uso de "em que" e "quando" (são equivalentes). É muito comum vermos coisas do tipo "Aquele momento onde", mas estão erradas. Onde expressa lugar; em que/quando, tempo.

Na segunda frase, temos o "como" se equivalendo a "pelo qual" (que podemos dizer, genericamente, que é uma variação de "o qual" e variantes), geralmente está relacionado com modos, maneiras, jeitos de realizar alguma ação.

Na terceira frase, há basicamente um exemplo retratado de elipse. Tio Berg, de que inferno saiu essa palavra? Calma, é bem simples, digamos que existem três pronomes "que" na frase, porém dois deles estão ocultos; a elipse nada mais é que o recurso para realizar este efeito. Vejamos a frase novamente, agora com os pronomes revelados:

"Ser escritor é também ser alguém [que] dorme, (que) estuda, (que) se diverte."

Não se preocupem, não é nada para confundir a cabeça de vocês! Eu só quis mostrar que pronomes também podem se ocultar, sendo até muito comum, vejam só:

"Achei que era sorvete, mas era feijão."

Não podemos enxergar de cara, mas o sujeito, praticante da ação, desta frase é "Eu", um pronome (do caso reto) que está oculto.

Vamos para um resumo de tudo que vimos até então:

1. Descobrimos que período é o conjunto maior que engloba frases e orações;

2. Frases são conjuntos de palavras com sentido completo, enquanto orações são medidas por ações;

3. Pronomes relativos exercem, além da função de um pronome qualquer, que é substituir um termo antecessor, a responsabilidade de ligar duas orações;

4. Que é o pronome universal por ter o maior emprego;

5. O qual (e variantes) possui características semelhantes ao "que", porém é precedido de preposições de duas ou mais sílabas e também é usado para evitar ambiguidade.

6. Quem só se refere a pessoas;

7. Quanto geralmente expressa quantidade (mesmo sendo uma quantidade abstrata/incontável);

8. Onde se refere a lugares, enquanto em que/quando se refere a tempo;

9. Cujo é o único dos relativos que se refere ao termo posterior ao invés do anterior;

10. Como, quando usado como pronome relativo, faz referência a modos, maneiras, jeitos;

11. Pronomes variáveis sempre concordam com seus antecessores (ou posteriores no caso do "cujo" e variantes).

Isso é tudo, pessoal! Espero que tenham gostado da minha aula.

Caso tenham dúvidas, podem falar pelos comentários ou por MP! õ/



Comentários

Fran Camargo

23/08/2019 às 18:57

obrigada pela aula