Aulas de Português
Feitas especialmente para você, amante do mundo das fanfics, que não se sente atraído pela Gramática e tem dúvidas em Redação. A língua pode ser muito bonita e fácil de lidar, e aqui vamos te mostrar como.Olá, pequenos ninjas da escritura!
Vamos dar continuidade às nossas aulas sobre os pronomes demonstrativos? Hoje, a beta Amelia Valentim vai falar sobre como eles organizam um texto.
Desde já, boa missão para todos!
*Todos entram no labirinto pronominal
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Oi, gente. Aqui é, novamente, a Amélia Valentim, com a segunda parte da aula de pronomes demonstrativos. Na aula anterior, vimos pronomes demonstrativos em relação ao tempo e ao espaço. Nessa aula, veremos:
1) Pronomes demonstrativos em relação ao texto; e
2) Pronomes demonstrativos além do "este", "esse" e "aquele".
Pronomes demonstrativos em relação ao texto:
Certo, vamos lá, essa parte é bem importante, principalmente na hora de escrever uma dissertação. Os pronomes demonstrativos, num texto, podem ser utilizados para resgatar um termo anterior, ou introduzir uma ideia a ser exposta. Eu digo que é importante porque, até agora, vocês devem ter percebido que o uso de este, esse e aquele é mais ou menos intuitivo.
Eu acho que fica um pouquinho menos intuitivo aqui, então prestem atenção, ok? Vamos lá:
> Usamos este, esta, estes, estas, etc, para anunciar alguma coisa que vai ser dita.
Exemplo: Os personagens que aparecem no livro são estes: Celene, Briala e Felassan.
> Esse, essa, esses, essas, etc, são usados para retomar alguma coisa que foi citada no texto anteriormente, mas que não está muito distante.
Exemplo: Preconceito é uma coisa perigosa. Essa é a principal mensagem do livro.
> Já aquele, aquela, aqueles, aquelas, etc, usamos para nos referir a alguma coisa já citada na história anteriormente, que esteja distante.
Exemplo: Aqueles personagens mencionados no início são do livro O Império Mascarado.
> Mas, 'pera lá, ainda não acabamos essa parte! E quando introduzimos duas ideias anteriormente e queremos resgatar as duas numa frase?
Bem, nesse caso, nós usamos tanto este quanto aquele. “Este” para referenciar a ideia anterior mais próxima, e “aquele” para a ideia anterior mais distante. Sigam as cores:
Exemplo: Celene e Briala formam um casal. Esta é uma elfa, e aquela, humana.

Até aqui tudo bem? Espero que sim, porque estamos prestes a complicar um pouquinho mais.
Além dos pronomes demonstrativos que eu mencionei naquela tabela lááá no começo, há também algumas outras palavras que podem assumir a função de pronome demonstrativo. São estes (percebem o uso do estes aqui?): o [a, os, as], mesmo, próprio, semelhante e tal.
Mas como assim, tia?
Bem, gafanhoto, como eu disse, eles não são pronomes demonstrativos per se, mas podem assumir para si a função de resgatar alguma coisa que foi dita anteriormente, assim como este, esse e aquele.
Outros pronomes demonstrativos:
O, a, os e as são considerados pronomes demonstrativos em dois casos:
1) Quando vêm junto do pronome “que” ou “qual” e podem ser substituídos por aquele, aquela e aquilo: Essa redação não é a que eu escrevi — Essa redação não é aquela que eu escrevi.
2) O “o”, no singular e masculino, quando assume o sentido de “isso”, “isto” e “aquilo”: Pedro odiava lavar a louça. Fazia-o porque sua mãe mandara — Pedro odiava lavar a louça. Fazia isso porque sua mãe mandara.
Tal e semelhantes são considerados pronomes demonstrativos quando são sinônimos de “este”, “esse” e “aquele” ou denotam identidades.
Exemplos:
- Celene e Briala aparecem no livro. Tais personagens são muito importantes para o andamento da história.
- Celene nunca tivera semelhante
Mesmo e próprio são considerados pronomes demonstrativos quando têm o sentido de “exato”, “idêntico” e “em pessoa”.
Exemplos:
- O próprio Dorian não reconheceu o namorado, de tão diferente que estava.
- Eu e ela tivemos a mesma ideia!
IMPORTANTE — MUITO, MUITO IMPORTANTE:
Analisemos o seguinte exemplo:
Não coloque os pés na parede porque a mesma ficará suja.
Esse é um exemplo muito comum para quem lê fanfictions. Diversos escritores utilizam-se dessa estrutura para evitar repetições no texto mas, de acordo com a gramática, essa estrutura está incorreta. “A mesma” não deve ser usado para resgatar uma ideia dessa maneira, não deve ser usado como pronome demonstrativo, nesse caso.
M-m-mas como assim, tia?
Ora, gafanhotos, se vocês perceberem bem, nessa frase aí em cima, “a mesma” está funcionando como sujeito do verbo “ficará”. E vocês lembram qual é o tipo de pronome que pode ficar no lugar de sujeitos? Bem, caso não se lembrem, são os “pronomes pessoais do caso reto”. Isso mesmo! E “mesmo” não é um pronome pessoal do caso reto. Agora o seguinte exemplo:
Não coloque os pés na parede para não sujar a mesma.
Aqui o “a mesma” não é sujeito, tia. Isso quer dizer que é correto utilizar? Bem, gafanhoto, você tem razão, não é sujeito, mas ainda assim o “a mesma” está roubando a função de outro tipo de pronome. Nesse segundo exemplo que eu dei, “a mesma” está exercendo função de objeto direto — sujar o quê? — a mesma — e vocês se lembram de qual é o tipo de pronome que substitui objetos?
Sim, o da última aula! Aqueles malditos pronomes pessoais do caso oblíquo, que dão sempre muito trabalho.
Enfim, o que eu quero dizer é: “o mesmo” não deve ser usado para substituir um sujeito ou um objeto de uma frase, porque isso é função dos pronomes pessoais retos e oblíquos. Simples, certo?
E, bem, é isso! Espero que tenham entendido! E, qualquer dúvida, basta comentar aqui embaixo!
Até à próxima aula!
Amélia Valentim, Ana Coelho, Ann Vinyso, Edgar Varenberg, Enrique Buendía, Felipe Martins, Lady Salieri, Sr Resmungão e Yasmin Bom
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Referências Bibliográficas:
BECHARA, E. As unidades do enunciado: formas e empregos: Pronomes. In: __________. Gramática escolar da língua portuguesa com exercícios. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2006. p. 136-138.
CUNHA, C; CINTRA, L. Pronomes: Pronomes demonstrativos. In: ___________. *Breve gramática do português contemporâneo. Portugal, 2002. p. 233-241.
Sammy