Caminho do Ninja Amador (nível II): missão 07. Meta 01: pronomes (II): pronomes pessoais - caso oblíquo: pronomes átonos
Postado por Bunnana

Olá, olá!

Cá estou eu de novo com mais uma aula!

Chego também com a novidade da criação de uma Task Force para a secção de português! Tururuuuuuu~!

Agora temos uma equipa maior composta por vários betas da Liga e o ritmo de postagem será mais fixo, como sempre quisemos que fosse! Eles já começaram a ajudar aqui, esta aula foi betada e criticada por vários membros da Liga. Agradecendo aos três: Amélia Valentim, Enrique Buendía e Edgar Varenberg, muito obrigada pela ajuda! :D

Depois desta e da próxima, as aulas serão rotativas e diferentes pessoas da Liga as vão trazer até vocês! Podem ir conhecendo os novos membros da equipa ao longo das aulas seguintes :D

Então, de volta ao assunto do dia! ~ Esta aula é a penúltima dos pronomes pessoais e com ela vamos desvendar uns mistérios e umas confusões que costumam ocorrer frequentemente~

 (Sim, essa é a aula que explica o motivo para haver pronomes que mudam de lugar!)

Vamos lá~



Então, pessoal, nesta aula esclareceremos os seguintes objetivos:
1.    Vamos aprender o que é o caso oblíquo;
2.    Veremos que tipo de pronomes fazem parte do caso oblíquo;
3.    Descobriremos o que são exatamente os “pronomes átonos”;
4.    Analisaremos as situações em que os usamos e como podemos usá-los.
Espero que estejam preparados. Vamos lá?



Caros aprendizes de ninja, no objetivo anterior vimos o que são os pronomes pessoais do caso reto. Vocês ainda se lembram?

NOTA: Recomendo que leiam as duas aulas anteriores (e todas elas, já agora) para conseguirem comparar o que vão aprender agora com o que já aprenderam. Recordo que elas são pensadas e organizadas numa ordem numerada para vocês conseguirem entender tudo aos poucos, e que esta é a segunda missão dos pronomes, sim?

Como já vimos antes, os pronomes são palavras usadas para se substituírem nomes, e para se evitar ser repetitivo e chato. Eles têm de vir de acordo com o nome que substituem, e concordar com o seu género, com o seu número e com a sua pessoa.
Já vimos também que, dependendo do que o nome representa na frase, teremos de usar pronomes diferentes quando o formos substituir.

Mas vamos então relembrar quais são os pronomes do caso reto~




Relembrando mais um pouquinho da matéria anterior, foi visto que estes pronomes são utilizados quando queremos substituir o nome que corresponde ao sujeito da frase, e o sujeito é a pessoa que pratica a ação que está a ser contada na frase.
Vamos ver um exemplo:



Quem pratica a ação? — Quem empurra a bicicleta?
R.: O Luís. Portanto, “o Luís” é o sujeito.

Assim, o sujeito aqui é masculino, singular, e corresponde à terceira pessoa — “ele” seria o pronome a usar-se.

No entanto, além do sujeito (“O Luís”) e do verbo que exprime a ação (“empurrou”), temos ainda “a bicicleta”.
Ela é aquilo que é empurrado, mas não pratica a ação de empurrar. Por isso, “bicicleta” não é o sujeito da frase e, assim, não podemos usar nada do caso reto para substituir esse nome.

Nessas situações, temos de usar outros pronomes que, como os do caso reto que praticamente só substituem sujeitos, sirvam apenas para substituir as coisas que não sejam os sujeitos.

Só que, afinal, o que é “a bicicleta” aí na frase?

Recomendo agora a aula sobre transitividade verbal. Lê-la pode ajudar muito a entender o que eu vou explicar de forma resumida e breve em seguida, já que essa outra aula fala inteiramente sobre o papel de “a bicicleta” na frase, e trata de tudo ao pormenor~

Vamos analisar o verbo “empurrar” primeiro!

Se eu reescrever a frase acima sem “a bicicleta”, como é que ela fica?





Mas, ó ti… cof cof, mas, Mestre, o Luís empurrou o quê?



Exatamente, pequenos gafanhotos. Essa é a pergunta que surge quando retiramos “a bicicleta” da frase. Sem ela, a frase deixa de fazer sentido e nós não entendemos direito o que foi que o Luís fez — a frase fica incompleta porque o sentido do verbo ficou perdido.

“Empurrar” é um verbo especial que exige vir acompanhado de alguma coisa para ficar claro e por isso pertence a uma classe de verbos especiais, os “transitivos”. Ser um verbo transitivo quer dizer que o significado dele (a ação que ele representa) vai transitar — vai pular — para alguma entidade. Sem essa entidade na frase, o verbo deixa de fazer sentido já que ele só fica completo quando há ao seu lado um complemento que transmite claramente que entidade foi essa para a qual o sentido da frase passou.

Outros exemplos são os verbos "sujar" (sujar o quê?), "oferecer" (oferecer o quê e a quem?), "chamar" (chamar o quê? Chamar a quem?), "enviar" (enviar o quê?) e muitos, muitos outros.

Sem os complementos correspondentes, esses verbos não fazem sentido. Os complementos irão, então, responder a essas perguntas que os verbos transitivos fazem a toda a hora.

Assim, “a bicicleta” é um complemento objeto do verbo “empurrar”. É a entidade que é empurrada, e não o sujeito que a empurrou. Os pronomes oblíquos existem para substituir estes elementos da frase.

Convém ressaltar que são “complementos objetos” mas que isso não tem nada a ver com objetos físicos. O nome é “objeto” mas o complemento é qualquer “entidade”, que pode ser uma pessoa, uma comida, um nome abstrato, ou mesmo um objeto concreto. Mas não é só por o nome ser “objeto” que vai ser sempre uma coisa morta, física e concreta.

“O Luís empurrou a Luísa”, por exemplo, é outra frase válida. “A Luísa” é uma pessoa mas o seu nome continua a ser complemento objeto do verbo, tal como foi com “a bicicleta”.


Tudo certo até aqui :) ?




Dentro dos pronomes deste caso, ainda há duas subcategorias. Temos então pronomes ÁTONOS e pronomes TÓNICOS, e nesta aula vamos abordar apenas os átonos.

Mas vamos analisar primeiro o que esses nomes querem dizer para ser mais fácil perceberem a divisão.

Recordam-se das primeiras aulas que foram postadas aqui no site? Elas falavam sobre acentuação!

E no que toca aos acentos nas palavras, surge então a expressão “sílaba tónica”, que é algo de que todos já ouvimos falar na escola, certo?

A sílaba tónica é aquela que é a mais carregada na palavra. Vejam alguns exemplos:



A sílaba tónica é chamada assim porque é a sílaba onde há acentuação tónica. “Acentuação tónica” pode até não ter nada a ver com sinais gráficos de acento (“ ´ “ , “ ` “ , “ ^ “) porque, mesmo que a palavra não tenha um acento desses, ela vai ter sílaba tónica e acentuação tónica nalgum lugar. No entanto, esses acentos gráficos aparecem exatamente para marcar uma sílaba tónica que venha fora do lugar mais comum para ela, como o “olá”, que foge ao padrão por ser acentuada na última sílaba.
Podem descobrir muito mais sobre isso na aula que eu marquei ali em cima, ou então indo mesmo verificar as 3 primeiras aulas da secção de português. Recomendo muito a sua leitura!

 De qualquer forma, sabem então o que quer dizer “tónico”, certo? É aquilo que, quando é falado, é bem carregado de expressão e força.

Assim, podemos já tirar conclusões sobre os pronomes:

Temos os tónicos e temos os átonos: os tónicos, com muita força e expressividade na oralidade, e os átonos (= não tónicos), que não terão muita força sozinhos quando são falados.

É desses “não tónicos” que iremos falar nesta aula  :) São eles que vão substituir “a bicicleta” no nosso primeiro exemplo lá em cima~




Este tipo de pronome é-vos muito familiar. Reparem em quais são os pronomes átonos:



Eles são os chamados “não tónicos” por serem muito pequeninos e terem sons que não são dotados de muita expressão quando são falados. Por causa disso, por não terem uma pronunciação forte, eles acabam por virar “sílabas extra” dos verbos. É por isso que estes são os pronomes sempre vistos junto do verbo, unidos a ele por um hífen:



No entanto, eles também aparecem antes do verbo, certo? E sem hífen. Ora vejam:




Isto é muito comum no Brasil, os pronomes aparecerem antes dos verbos. Dessa forma o pronome ganha mais força na oralidade por vir no começo e comporta-se como uma palavra solta. Em Portugal nós alcançamos o mesmo efeito (dar ênfase ao pronome fraquinho) ao repetir outro pronome diferente, mais forte (“dá-me a mim”, por exemplo, é muito usado aqui). Tudo isso acontece precisamente por o pronome sozinho ter pouca intensidade na oralidade.

É por isso que os átonos, por serem assim especiais quando são falados, têm umas regras de colocação que mudam consoante a construção da frase. (Vem aí aula sobre isso!)

Ainda assim, e tal como no caso reto, os pronomes átonos do caso oblíquo também se organizam por pessoa, número e género. Vamos espreitá-los~




Assim sendo, se quisermos referir-nos a uma primeira pessoa, usaremos os pronomes de primeira pessoa, se quisermos referir-nos a uma terceira pessoa, usaremos os pronomes de terceira pessoa, e por aí vai.

Puxando o exemplo anterior, vamos ver como ficaria “a bicicleta” na frase de há instantes:




Coloquialmente, há quem diga “O Luís empurrou ela.” No entanto, caros futuros ninjas não-noobs, como acabamos de ver, isso não é uma frase aceite pela norma formal porque “ela” só pode ser usado quando substituímos sujeitos. Como “a bicicleta” é um complemento objeto direto, deve ser substituída por “a”, que é o pronome do caso oblíquo corresponde a este caso — terceira pessoa do singular no feminino. É igual se o Luís empurrar a Luísa, é objeto direto na mesma. Vem um pronome na terceira pessoa do singular e no feminino, então vem com o mesmo pronome de antes:

O Luís empurrou a Luísa. — O Luís empurrou-a. — O Luís a empurrou.



No entanto, havendo tantos pronomes para a terceira pessoa, quando devemos usar cada um? Qual é a diferença entre “se”, “lhe”, “o” e “a”? E qual é o motivo para haver só um para a primeira e para a segunda pessoas??





Caros ninjas noob, antes de continuarmos, eu gostaria de colocar uma pergunta.

Vocês sabem qual é o motivo para nos referirmos a três pessoas gramaticais? O “eu” é a primeira por quê? O que isso quer dizer?

Bom, na verdade, na gramática, esses nomes todos esquisitos têm um propósito.

As três pessoas gramaticais (a primeira, a segunda e a terceira) existem porque elas são as três “pessoas do discurso”.

A primeira é o “eu”. O “eu” está sempre presente em qualquer situação porque ele somos nós todos em todos os momentos. Ele surge primeiro porque existe em qualquer altura. Sem o “eu”, não há mais pessoa nenhuma.

Depois, a segunda é o “tu”. O “tu” surge sempre que o “eu” fala com ele. Quando eu quero falar com alguém, eu uso a segunda pessoa para me referir a ela (tu / você / vós / vocês). A segunda pessoa é a pessoa que participa na conversa com a primeira.

Por último, temos a terceira, que é o “ele”. O “ele” é a pessoa que não está dentro da conversa em determinado momento. Pode ser alguém que não está aqui, ou pode ser apenas alguém com quem eu não estou a falar agora, por estar a falar com vocês e não com a outra pessoa qualquer. Se o “ele” for o Luís, eu não vou falar com ele porque não gostei que ele tivesse empurrado a bicicleta, então não me vou dirigir a ele — nunca lhe vou chamar “tu” nem “você”. Assim, ele não fará parte da nossa conversa.

É por isso que existem 3 pessoas gramaticais: a pessoa que está presente em qualquer situação é a primeira, a pessoa que participa nalguma coisa com ela é a segunda, e a pessoa que fica de fora da ação no momento é a terceira.

Claro que, dizendo “tu”, também posso falar “você” como exemplo de segunda pessoa, como mencionei lá em cima. Mas isso é uma exceção da nossa língua: o você é uma expressão que usa tudo na terceira pessoa, mas que se comporta como uma segunda. É muito usado no Brasil, e aqui em Portugal é um tratamento formal pouco rígido.

E depois tudo isso se aplica ao plural: “nós” somos todos aqui dentro da conversa, “vocês”/“vós” são aqueles com quem EU estou a conversar, e o Luís e a sua bicicleta são ELES ali no canto, sozinhos.

Assim, haverá um pronome para cada pessoa que transmitirá essa ideia. Vamos voltar a espreitar o quadrinho~



Já vimos que estes pronomes substituirão complementos objetos, certo? Mas ainda há mais uma divisão:

Os complementos objetos podem ser diretos ou indiretos, e ganham esse nome pela ligação que criam com o verbo: se o objeto aparecer junto do verbo sem haver nada pelo meio a criar essa ligação, o objeto é direto; se o objeto aparecer unido ao verbo de forma indireta através de uma preposição, palavrinhas que unem partes da frase, então o objeto é indireto.

Analisando a frase anterior (“O Luís empurrou a bicicleta”), há alguma preposição entre “empurrou” e “a bicicleta”? Não. Então isso quer dizer que o objeto é direto.

Um exemplo de objeto indireto seria “O Luís gosta da bicicleta.”

Com o “de” ali no meio, o objeto liga-se de forma indireta ao verbo e por isso é um objeto indireto.

Assim sendo, cada um será substituído na frase de uma forma especial.

Vamos lá ver isso com calma~



Vejamos a primeira pessoa:




Eu uso o “me” sempre que o verbo se referir a mim. Ou vocês usam o “me” quando vocês falarem de algo que se refira a vocês. Quando qualquer pessoa usa o “eu”, ela vai usar o “me” para se referir a algo que acontece a ela mesma.

A Ana quer dizer ao Pedro que ele lhe deve cinco euros… Vamos ver:



Como “dever” é um verbo transitivo, o seu significado só fica completo com complementos objetos ("dinheiro" e "à Ana").

Usei o pronome da primeira pessoa para substituir o “à Ana”, já que ela falou sobre ela mesma, certo?

Aqui, para a pessoa a quem o Pedro deve dinheiro, o verbo exige um complemento indireto — dever A alguém. Esse “a” é uma preposição. Por causa disso, sabemos que o “me” representa o complemento indireto.

"Os cinco euros" são complemento direto (“dever cinco euros”, não tem preposição entre os dois), mas já-já vamos ver isso num instante. Para já o que interessa é que a Ana é complemento indireto (dever dinheiro à Ana — o “à” é a contração da preposição com o artigo) e que o “me” pode representá-lo.

Mas “me” também dá então para direto:



O verbo “abraçar” é transitivo também, e é transitivo direto, porque não tem nenhuma preposição a juntar o verbo ao seu complemento. A pergunta fica “abraçar QUEM?”, o objeto direto aparece logo depois do verbo, em “abraçar a Ana”.





Portanto, com esses dois exemplos, vimos que o “me” substitui tanto objetos diretos ou indiretos, desde que sejam da primeira pessoa, certo?


Vamos ver a segunda:





Aqui o “te” refere-se à pessoa com quem a Ana falou diretamente. Isso significa que a Ana estava a falar com o Pedro, o que foi o que fez dele uma segunda pessoa (“tu”). Depois, a Ana usou um pronome de segunda pessoa quando se referiu a ele (“te”).

Como vimos lá em cima, a pessoa A quem se deve dinheiro corresponde ao complemento indireto: dever dinheiro a alguém.

Assim, acabamos de ver o “te” a ser capaz de substituir um objeto indireto. E direto? Pode?



Abraçar, como já vimos, é transitivo direto — exige complementos diretos.
Sem preposição no meio, o objeto é direto: abraçar o Pedro.

Assim, acabamos de ver também o “te” a substituir um objeto direto tranquilamente.

Resumidamente, os pronomes de primeira e de segunda pessoa substituem tanto objetos diretos como indiretos.

No plural é igual:




Não estou a usar exemplos com o “você” porque, apesar de ser uma forma de tratamento que funciona como uma segunda pessoa, essa forma de tratamento usa elementos de terceira, como já falei, e é uma exceção da língua portuguesa.



E agora, sim, vamos ver como funciona a terceira:




Aqui temos vários pronomes, mas também já percebemos que a terceira pessoa se pode referir a várias entidades, a qualquer uma mesmo, desde que seja uma que não participe na conversa. E a terceira pessoa tem pronomes oblíquos bem específicos.


Vamos lá ver:



Queria aproveitar agora para dizer que os pronomes podem ser colocados de forma diferente no Brasil, por isso é que algumas frases têm duas colocações. É opcional e, nestas frases em específico, por o sujeito estar ali e não oculto, ambas são reconhecidas na norma formal. Mas, como já falei, em breve sairá uma aula novinha sobre tudo isso



Vamos voltar aos exemplos xD. E vamos usar cores para simplificar bastante tudo isso.

 Pronome SE




O “ele” refere-se a alguém, a um sujeito. Aqui ele é o Luís.

E o “se” refere-se novamente a esse “alguém”. O “se” também quer dizer “o Luís”.
E como o verbo “sujar” é transitivo direto (sujar alguma coisa, sem preposição entre o verbo e o complemento), então o “se”, neste caso, é objeto direto.

O mesmo naquela exceção às pessoas gramaticais:



O “se” ainda é o sujeito e a mesma pessoa: o “você” sujou-se sozinho.

Então o “se” é utilizado quando a terceira pessoa pratica uma ação que se refere a ela mesma. Como pudemos ver pelo verbo em questão, nunca houve preposição entre ele e o objeto. Assim, vimos que o “se” é utilizado quando se quer substituir um objeto direto.


 Pronome A / O




O “ele” é um pronome reto e por isso refere-se ao sujeito.
O “a” refere-se a alguma entidade que é diferente do sujeito, do “ele”. Refere-se então à pessoa sobre a qual recai a ação — o complemento objeto, que é direto porque o verbo sujar não tem nenhuma preposição. Neste caso, o “a” substitui “a Luísa”.
“Ele sujou a roupa.”, “Ele sujou a bicicleta.”, “Ele sujou a Bruna.” …. Tudo isso pode ficar como “Ele sujou-a.”


 Pronome LHE




O “ele” é reto e, assim, está a substituir um sujeito. “Ele” refere-se ainda ao Luís.

A” é um pronome oblíquo e por isso substitui objetos. “A” está a substituir “besteira”, que é objeto direto. Quando alguém “diz besteira”, não há preposição nenhuma entre o verbo e a besteira. Assim, o objeto liga-se diretamente ao verbo. Isso quer dizer que é objeto direto — e o “a” é pronome de objetos diretos, como vimos lá em cima.

E agora o pronome que falta… O “lhe”.
Lhe” não é um pronome reto, certo? É oblíquo. Então estará a substituir algum tipo de objeto, que terá de ser direto ou indireto. Vamos ver qual dos dois é!

Lhe” refere-se a alguém, a uma entidade, que não é o Luís e que também não é a besteira, mas é alguém a quem foi dita a besteira. Neste caso, o “lhe” quer dizer “à Luísa”.

Notaram o sublinhado no “à”? É por isso que o “lhe” é diferente.
Enquanto que nos outros casos de terceira os pronomes todos só substituíam objetos diretos (o próprio Luís — “se”; você mesmo — “se”; a Luísa ou a besteira — “a”), o “lhe” aqui está a substituir um objeto indireto.

Quando alguém diz besteira, não há preposição entre o verbo e o objeto. Mas quando alguém diz besteira a alguém, há essa preposição (“a”) aí entre o verbo e o “alguém”.



A pessoa a quem é dita a besteira vem depois de uma preposição. Por isso, “à Luísa” é complemento indireto e é nesses casos que se utiliza o “lhe”.

Vejamos mais exemplos:





Assim sendo, vamos ver um ponto relevante!
Frases que coloquialmente são ditas, como



quando queremos dizer


ou




não seguem a norma fomal.


O "você" é objeto direto, certo? Então não se pode usar o pronome de objetos indiretos "lhe", ou a frase deixa de fazer sentido.

O indicado é usar-se "o" ou "a" quando se quer substituir o objeto direto:





E estamos quase a terminar :)


Sobre o uso dos pronomes há apenas mais um pormenor a abordar, que é uma particularidade dos pronomes átonos~

Eles são combináveis.


Temos então 3 pronomes que só substituem objetos diretos de terceira pessoa: se, o e a.

Temos 1 pronome que substitui objetos indiretos de terceira pessoa: lhe.
E temos 2 pronomes para qualquer tipo de objeto para as primeiras duas pessoas: te e me.

Quando queremos substituir o objeto direto e objeto indireto da frase, ou substituir diferentes coisas ao mesmo tempo, podemos combinar tudo numa só palavra, contraindo os pronomes:





Aqui, neste caso, juntamos “lhe” (à Luísa) com “a” (besteira) — lha = besteira à Luísa.
É mais comum em Portugal do que no Brasil, mas continua a ser uma opção.




Nos primeiros casos de exemplo no começo de tudo, com o dinheiro em dívida, o verbo “dever” pede objeto indireto quando se fala da pessoa a quem se deve os euros (à Ana (eu): me, a ti: te, a ele ou a você: lhe) e direto quando se fala do dinheiro em falta (cinco euros — nome masculino no plural — os). Podemos resumir com “O Pedro deve-mos”, ou “O Pedro deve-tos” ou “O Pedro deve-lhos”.

E há muitos mais exemplos:

O Pedro sujou-te o casaco — O Pedro sujou-to

O Pedro deu uma prenda à Ana — (eu sou a Ana então:) O Pedro deu-ma


Para relembrarem que tipos de verbos exigem os dois complementos, leiam a aula recomendada anteriormente :)

E é assim! Os pronomes átonos são aqueles que substituem diretamente os objetos na frase através de uma só palavra. Os tónicos são um pouquinho diferentes, mas iremos explicá-los na próxima aula e compará-los com os átonos para perceberem a diferença.

A próxima aula é a do MIM vs EU!

Espero que tenham entendido tudo e, caso tenham dúvidas, nós estamos aqui à disposição! :)

Até breve~ :D



Comentários

22/09/2015 às 14:25

Esta aula, com certeza, é muito útil! Eu gostaria mesmo é de uma aula focada única e exclusivamente em diferenciar orações (eu tenho muita dificuldade).