Aulas de Português
Feitas especialmente para você, amante do mundo das fanfics, que não se sente atraído pela Gramática e tem dúvidas em Redação. A língua pode ser muito bonita e fácil de lidar, e aqui vamos te mostrar como.
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Por fim, vamos à nossa missão de hoje? Não se assustem, caros ninjas, não é nada tremendamente novo. Os verbos, utilizamo-los automaticamente na hora de nos expressarmos, mas, como a norma culta é diferente da linguagem coloquial, nos equivocamos algumas vezes.
Logo, vamos revisar para que utilizamos o Pretérito Imperfeito e o Pretérito Perfeito, comparando-os. Vamos lembrar que "pretérito" significa "passado"; então, não esbugalhem os olhos ao ler essa palavra. Nada como uma simplificação para nos acalmar, não é? Tirada essa dúvida, agora, sim, iniciaremos:
Caminho do Ninja Amador (nível II). Missão 06. Meta 02: Verbos (II): |
Emprego do Pretérito Imperfeito X Pretérito Perfeito. |
Ele correu até a esquina. |
Separemos a nossa missão em três etapas para não nos confundirmos:
1. Ver as funções do Pretérito Imperfeito do Modo Indicativo;
2. Ver as do Pretérito Perfeito do Modo Indicativo;
3. E comparar ambas no seu emprego.
I. Funções do Pretérito Imperfeito do Modo Indicativo |
(Lembremos que há apenas quatro verbos que são irregulares e, portanto, não possuem a terminação normal: os verbos ir, vir, pôr e ter.)
Cantar 1a conjugação (-ar) |
Correr 2a conjugação (-er) |
Partir 3a conjugação (-ir) |
|
Eu | cantava | corria | partia |
Tu | cantavas | corrias | partias |
Ele | cantava | corria | partia |
Nós | cantávamos | corríamos | partíamos |
Vós | cantáveis | corríeis | partíeis |
Eles | cantavam | corriam | partiam |
Destaquemos que esse tempo verbal possui a forma composta e a simples. Na simples, possuímos apenas um verbo e, na composta, dois ou mais. Vejamos, respectivamente, um exemplo:
A cozinheira cantava enquanto a pequena estava brincando com suas bonecas. |
1) Enfatizar o desenvolvimento ou a natureza da ação sem referência a seu início ou a seu final. |
O irmão sempre brincava com sua irmã. (ação em desenvolvimento no passado) |
2) Descrever no passado. |
Ela era pálida e magra. |
3) Indicar as horas no passado. |
Eram duas horas da tarde, e ele ainda não havia chegado. |
4) Citar ações que ocorreram ao mesmo tempo no passado. |
Enquanto cozinhava, também cantava. |
5) Indicar uma ação habitual no passado. |
Diferentemente de "assisti à novela ontem", que indica que não era um hábito seu, temos:
Assistia à novela todos os dias. |
Entendido o seu uso? Então vamos ver como usamos o Pretérito Perfeito do Modo Indicativo.
II. Funções do Pretérito Perfeito do Modo Indicativo |
Cantar 1a conjugação (-ar) |
Correr 2a conjugação (-er) |
Partir 3a conjugação (-ir) |
|
Eu | cantei | corri | parti |
Tu | cantaste | correste | partiste |
Ele | cantou | correu | partiu |
Nós | cantamos | corremos | partimos |
Vós | cantastes | correstes | partistes |
Eles | cantaram | correram | partiram |
O pretérito perfeito composto é formado a partir do verbo "ter" junto a um particípio. Normalmente, essa formação está acompanhada de ideias que sugerem palavras como "ultimamente" ou "recentemente". A ideia implicada pela frase, como visto a seguir, é de algo que começou no passado e continua a se expressar no presente, trazendo a ideia de repetição.
Eu tenho estudado. |
O uso mais comum do pretérito perfeito simples é narrar um fato já ocorrido, que foi totalmente concluído. Pode, por ventura, ser utilizada enfaticamente como em sequências de ações (graduações). Por exemplo:
Neguei, chorei, gritei e acabei por adormecer. |
E, nossa, esse pretérito só tem essas duas funções! Foi rápido, não? Mas, antes de irmos ao almejado descanso, vamos comparar o uso desses tempos verbais?
III. Comparação entre o emprego do Pretérito Perfeito e do Imperfeito |
Como visto no tópico anterior, o Pretérito Perfeito indica algo que foi concluído no passado sem importar-se com o tempo de duração da ação. Já o Pretérito Imperfeito é usado para dar ênfase ao desenvolvimento de algo ou à natureza da ação. Veja exemplos:
Eu estudei ontem. | A ação foi concluída. |
Eu estudava quando o telefone tocou. | A ação estava em desenvolvimento. |
Ela dançou na festa. |
Ela dançava na festa.
|
Ainda de acordo com o arquivo citado, sugere-se uma metáfora de que o perfeito é uma fotografia do passado e de que o imperfeito é um filme do passado devido à continuação da ação que implica o uso do passado imperfeito.
É importante, porém, destacarmos que há uma subdivisão no pretérito perfeito: com a forma simples ("eu estudei"), ele se afasta do presente e, com a forma composta ("eu tenho estudado"), se aproxima, tendo características distintas. Logo, aplicamos a metáfora e a comparação à forma que se distancia do presente, que permanece estática no passado, que sugere uma ação já terminada: a forma simples do pretérito perfeito do indicativo.
Além disso, destaca-se a forma de como se expressam as frases em cada situação. Observemos:
Eu saí para espairecer. |
Eu tenho saído para espairecer ultimamente. |
Na primeira frase, com o pretérito perfeito, há a certeza de que a ação ocorreu e foi concluída. Na segunda, com o perfeito composto, a noção temporal é vaga. Só sabemos que a ação começou e ainda ocorre, mas não sabemos quando começou ou quando terminará.
Porém, essa ação temporal vaga não ocorre somente com esse tempo na forma composta, mas também com o pretérito imperfeito. Há ocorrências dele quando se expressam fatos sem dizermos quando, ou seja, há uma incerteza da localização no tempo. Assim temos:
Era uma vez, uma pessoa que escrevia fanfics. |
Portanto, geralmente, há imprecisão de quando ocorre a ação ao usarmos o pretérito imperfeito. Com o pretérito perfeito simples, a noção completa é a mais frequente.
Ao que se refere à ação de redigir textos, temos de considerar as devidas funções dos verbos, já vistas anteriormente. Lembremos que cada tempo verbal utilizado é responsável por uma função, uma finalidade coesiva, caracterizando a progressão da ação.
Logo, utiliza-se, geralmente, devido à descrição que podemos fazer com este, o pretérito imperfeito do indicativo tanto no mundo narrativo quanto no comentado. Entendo, assim, que esse tempo verbal é utilizado na narrativa moderna pela fluência e ritmo.
Entretanto, ele é mais utilizado nas narrações de terceira pessoa, nas quais o narrador é onisciente, ou seja, ele não faz parte da história, não é uma personagem dela, apenas a observa. Ora ele é usado como descritivo; ora, como narrativo, podendo ocorrer simultaneamente. Por isso, é comumente utilizado para contar fábulas e lendas.
Esse mesmo tempo verbal dá, pois, maior ou menor ênfase ao evento que o interrompe ou lhe sucede e que contribui para efeitos como os de suspense, de surpresa, entre outros.
Enquanto isso, o pretérito perfeito é, geralmente, utilizado para indicar ações estáticas, dando temporalidade ao texto, à medida que há certa intemporalidade com o pretérito imperfeito. Por outro lado, por ter tal característica, o pretérito perfeito pode enfatizar a velocidade, maior ou menor, com que os eventos vão surgindo por determinar o seu começou ou/e o seu final.
***
Esquematizando tudo, teremos um quadro que nos ajudará nas possíveis dúvidas. Sim, foi uma missão mais complexa devido à comparação, mas, ninjas, nada como um esqueminha para nos salvar. Reparemos:
Pretérito Imperfeito do Modo Indicativo |
Formas: | Exemplos: |
1. Simples. | Assistia à televisão. |
2. Composta. | Estava assistindo à televisão. |
Observação: ambas as formas são usadas do mesmo modo. |
Usos: | Exemplos: | |
1. | Enfatiza o desenvolvimento ou a natureza da ação sem referência a seu início ou a seu final. | Chorava desesperadamente. |
2. | Descreve no passado. | Ela tinha olhos. |
3. | Indica as horas no passado. | Era uma e meia da tarde. |
4. | Aponta ações que ocorriam ao mesmo tempo no passado. | Comia enquanto pensava. |
5. | Indica uma ação habitual no passado. | Bebia sempre muita água. |
Pretérito Perfeito do Modo Indicativo |
Formas: | Exemplos: |
1. Simples. | Eu andei de bicicleta no sábado. |
2. Composta. | Eu tenho andado de bicileta todos os dias. |
Observação: as formas são usadas de diferentes modos. |
Uso da forma simples: | Exemplos: | |
1. | Narra um fato já ocorrido e concluído, podendo ser usado em sequências de ações. (Se afasta do presente.) | Ri, chorei, logo vivi. |
Uso da forma composta: | Exemplos: | |
1. | Indica algo que começou no passado e continua no presente, dando a ideia de repetição. (Se aproxima do presente.) | Ela tem se esforçado no colégio. |
Comparação entre os empregos desses verbos |
Característica: | Pretérito Imperfeito do Indicativo (frequentemente) |
Pretérito Perfeito do Indicativo (frequentemente) |
Possui forma composta e simples? | SIM | SIM |
Há diferença entre elas? | NÃO | SIM |
Se a resposta anterior foi "sim", o que é alterado? | ---- | O uso é diferente entre elas. |
Como se usa cada um dos tempos verbais? | Há cinco usos principais, tendo como ideia geral a ação de desenvolvimento no passado. | A forma simples se refere a algo totalmente concluído no passado; e a composta, a algo que começou no passado e ainda se projeta no futuro. |
Metaforicamente, temos: | É um filme do passado. (Há o desenvolvimento das cenas) | É uma fotografia do passado. (A ação se concluiu lá e não possui continuação no caso da sua forma simples) |
O que enfatizam? | O desenvolvimento ou a natureza da ação. | A ação e a sua conclusão. |
O uso dá uma noção VAGA de tempo? | SIM | Na forma SIMPLES, NÃO; na forma COMPOSTA, SIM. |
Para que é usado em narrações? | Para dar maior ou menor ênfase a um momento anterior ou seguinte, dando fluência e ritmo à narrativa. | Para enfatizar a velocidade das ações (por conter temporalidade, por dar referências temporais). |
Curtiram a missão de hoje? Espero que a tenham aproveitado e que, àqueles que a celebraram, tenha tido uma ótima Páscoa. Beijos e queijos, até a próxima missão, navegantes!
Obs.:
Materiais consultados para a aula:
http://www.easyportuguese.com/Portuguese-Lessons/Imperfect.html
http://ocw.mit.edu/courses/foreign-languages-and-literatures/21f-801-portuguese-i-fall-2011/study-materials/MIT21F_801F11_Imperfeito.pdf
http://www.mundoeducacao.com.br/gramatica/caracteristicas-preterito-perfeito-imperfeito.html
http://www.brasilescola.com/gramatica/formas-preterito-perfeito-simples-composta.html
http://www.laits.utexas.edu/clicabrasil/sites/laits.utexas.edu.clicabrasil/files/PRETERITO%20PERFEITO%20(INDICATIVO).pdf
http://www.ucp.pt/site/resources/documents/FCH/Linguanet/O%20Uso%20do%20pret%C3%A9rito_Paulo%20Os%C3%B3rio.pdf
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/tipos-de-narrativa/tipos-de-narrativa.php
http://dilsoncatarino.blogspot.com.br/2008/07/pretrito-perfeito-do-indicativo-e_01.html
http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=64&Itemid=2
http://www.algosobre.com.br/gramatica/verbo-preterito.html
http://www.revistaaopedaletra.net/volumes/Volume%2012.2/Vol-12-2-Naira-Carla-Castro.pdf
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/redacao/narracao.php
Black Angel
Olá mestras, tudo bem? Tenho uma duvida, não é relacionada com o post, mas preciso resolve-la, pois vou escrever um trabalho de redação.
Se por exemplo, eu fosse escrever uma história na época da Idade Média em 1ª pessoa, sendo eu a personagem. Como seria a melhor forma de descrever alguns momentos da lutas? Por exemplo, quando uma espada se cruza com outra e a tal espada quebra, devo usar uma onomatopeia como Crac (Foi a primeira que me veio na cabeça, desculpem) ou devo descrever a cena? Minha professora disse que quer algo profissional (Não sei como ela espera isso, minha turma ainda pergunta a quantidade de linhas da redação '-') Então é isso... Obrigada pelas aulas, estão ajudando bastante ^^
Lady Salieri
Nathalia, minha querida, obrigada pelas palavras. Sobre sua dúvida, basicamente devemos usar o "quê" (acentuado) em interjeições, como: "- Mas, o quê?????" e no final das frases, como: ele estava sentindo algo estranho, mas não sabia bem o quê.
Nas outras situações, usa-se o "que" (sem acento).
Um beijo!
Policromo
Olá, mestras! Tudo bem com vocês?
Bom, eu admiro muito o trabalho que vocês fazem. É realmente espetacular! Essa aula de hoje me ajudou bastante. Mas, se não se importam, eu gostaria de fazer uma pergunta que não está relacionada com o post: em quais ocasiões devemos usar o "quê" e o "que"? Essa dúvida é um imenso infortúnio em minhas redações. Será que podem me ajudar? Aguardo ansiosamente pela resposta.
Letícia Silveira
Olá, @OrekiHoutarou! Tudo bem?
É bem verdade que não tratamos propriamente de uma aula apenas com classes gramaticais (pois é, adjetivo e substantivo são nomes de classes), mas demos uma explicada geral nelas na terceira parte da aula dos hífens.
Para relembrar, substantivos são os nomes das coisas. Sempre podemos conferir se é um substantivo se conseguirmos encaixar na construção de "o" ou "a" (dependendo do gênero da palavra) + a palavra sobre a qual temos uma suspeita de ser substantivo + o verbo ser (é). Por exemplo: "o carro é", "a boca é"... "Carro" e "boca" são substantivos. É apenas uma dica que eu usei a minha vida toda para aprender, haha.
E adjetivos caracterizam as coisas ("o carro é verde" ou "o carro verde é..."). "Verde" caracteriza o carro.
Espero ter ajudado.
Beijos, amore.
Lady Salieri
Olá, @Scarlett Gauthier, minha querida!
É uma excelente, excelente pergunta, na verdade =). A palavrinha "estória", ela existe, claro, já vimos muito por aí. Pelo que andei lendo, foi um neologismo crido pelo autor João Ribeiro para se referir à escrita ficcional. Essa palavra é, inclusive, retomada mais tarde pelo próprio João Guimarães Rosa, que escreveu um livro (lindo e difícil) chamado "Primeiras Estórias". No entanto, é uma palavra polêmica e se encontra em apenas alguns poucos dicionários. O nosso mais conhecido "Dicionário Aurélio", por exemplo, se você procurar por "estória", ele te manda para " história" e vai dizer que não é recomendável usar "estória". Tem também aquelas explicações que mostram que essa diferença entre "história" e "estória" deriva do inglês, "history" e "story". Eu gosto dessa palavrinha, particularmente, mas temos que tomar cuidado ao usá-la, pensar bem no que você quer dizer com ela. Eu, por exemplo, em redações "oficiais" (vestibular a afins) e coisas da escola, eu recomendaria usar sempre "história" para os dois contextos. Mas no âmbito literário tudo é possível, então se a palavra estiver bem colocada, não vejo por que não usá-la.
Um abração =)
Exotic Flower
Olá, mestras!
A minha dúvida não está relacionada com vosso post, porém, é algo no qual tenho grande dúvida: ainda usa-se "estória"?
Aprendi que usamos "estória" para algo inventado e "história" para um fato. Mas quase não vejo indivíduos usando a primeira opção. Ela ainda é válida? É um erro? Ou seu uso é facultativo?
Aguardo uma resposta.
E parabéns pelo trabalho que fazem!
PepperOliver