Caminho do Ninja Amador: missão 02. Meta 01: pontuação (I): ponto final e ponto e vírgula
Postado por Lady Salieri

Queridos nossos!
 

Espero que esteja tudo bem com vocês, que vocês estejam indo bem na escola - e ânimo porque as férias estão chegando!

Vocês estão meio sumidinhos das nossas aulas, não temos mais visto o ar da graça de todos nos comentários lindos que vocês nos mandam sempre. Esperamos que seja mesmo por culpa das provas do final do bimestre/semestre e que muito em breve vocês voltem para nós PARA NOSSA ALEGRIA! - Só faltava a gente fazer essa piada.
 
Os ninjas noob (ou não hehe) que precisam de Betas, não precisam mais escrever capítulos de fanfics pedindo ajuda hahah e deixar a tia KoriHime com raiva apagando os posts de vocês (é, eu li lá a notícia! E, sim, ela tem toda a razão!).Basta  vocês entrarem nesse grupinho aqui:

 http://www.hanashi.com.br/classificadosbetas/
 
É muito simples e tranquilo. Até o momento somos mais ou menos 15 betas para atender a demanda e com os mais variados gostos. Aproveitem enquanto há pessoas disponíveis!

E se você tiver bons conhecimentos de português e quiser ser um beta, por favor entre em contato comigo (Lady Salieri)  por mensagem privada aqui no Nyah, ok?

Avisos dados, comecemos nossa 2a missão, finalmente!


 
Missão 02: Dominar a pontuação
Meta 01: Dominar o uso do ponto final e do ponto e vírgula



Bom, na nossa opinião - fora de qualquer embasamento teórico -, há dois pontos de vista para se abordar o tema da pontuação: um ponto de vista "gramatical" e um ponto de vista "literário". Nessa primeira aula vamos abordar mais o ponto de vista "gramatical". No caminho do  mestre ninja supremo (quando isso aqui já for muito fácil para vocês, ou seja, vocês estiverem pontuando as frases de olhos fechados), retomaremos esse tema desde um ponto de vista literário e será uma grande revelação na vida de vocês hehehe.

Para começar, vamos pensar o seguinte: quando um discurso é construído, sejá lá em que âmbito for (escrito, oral, por gestos...), ele se organiza por meio de uma dependência (ou independência) entre as partes que o compõem, certo? Quando a gente conta para o colega da escola como foi o fim de semana, ou faz planos para as férias, na nossa conversa, essas relações entre as frases são claras pela nossa maneira de falar (se queremos mostrar como o(a) menino(a) mais lindo(a) olhou pra nós, falamos de uma maneira diferente para criar o clima) , pelo ritmo da nossa conversa (há certas coisas que contamos muito rápido e outras mais devagar) e pela entonação das nossas palavras (se queremos que a pessoa realmente entenda nosso sentimento, falamos de maneira bem enfática). Mas, obviamente, em um texto escrito não há nada disso, certo? Como, então, a pessoa vai saber essa ordem de dependência, ou indepedência, entre as nossas ideias, essa ênfase e esse clima se não temos nosso modo de falar, nem nosso ritmo de fala, nem nossa entonação?
 

Ohh, e agora quem poderá nos ajudar?
 
Pois, exatamente para isso, existem os sinais de pontuação! Afinal de contas, um texto sem pontuação ou parece discurso de doido (e não no bom sentido, há!), ou tem efeitos desatrosos na comunicação, tornando-se um amontoado de palavras sem sentido jogadas de qualquer jeito em um texto. Aí a maioria dos meninos que chega até nós pedindo para betar suas histórias, nos diz: Eu quero prender o leitor, tias! E nós perguntamos a vocês, queridos nossos: um amontoado de palavras sem sentido jogadas de qualquer jeito em um texto prende alguém em uma história? Se ninguém lhes falou isto até hoje, nós mesmas dizemos: NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (hehehehe). Então vamos arregaçar as mangas porque o trabalho é árduo, não é mesmo?

Por tudo isso que falamos acima, queremos, de uma vez por todas, que vocês tirem da cabeça esse discurso de que a pontuação marca pausas ou respirações no texto*. Quando alguém vier com esse assunto, vocês cantem uma musiquinha internamente na cabeça de vocês e deixem essa fala entrar por um ouvido e fazer o percuso em linha reta até sair do outro lado. Pronto. Os sinais de pontuação marcam as relações entre as frases (que chamamos pelo nome elegante de relações sintáticas). Tem nada disso de respiração nem pausa, não. Se fosse assim poderíamos escrever uma história dessa forma:

 
Seiya chegou ofegante à casa de Touro deparando-se imediatamente com Aldebaran.
- Aldebaran, eu, vou, derrotar, você.
 
Na primeira frase "eu" falo direto, então pausa para quê? E na segunda, o Seiya está ofegante, então ele fala pausado. Escreve isso lá na sua redação para a tia da escola te dar um ZERO!

Agora, pensando nos sinais de pontuação como aqueles que marcam as relações entre as frases, nós temos:


 
1.Seiya chegou ofegante à casa de Touro; deparou-se, imediatamente, com Aldebaran:
2.- Aldebaran, eu vou derrotar você.
 

Ou seja, do primeiro para o segundo exemplo temos uma grande diferença, afinal:

I. Separamos a frase 1 (Seiya chegou ofegante à casa de Touro) da frase 2 (deparou-se, imediatamente, com Aldebaran), marcando uma certa independência entre elas, com um ponto e vírgula;


                                                        Mas, por que, tias?


Porque, se notarmos bem, se observarmos com calma, a frase 1 tem uma ideia ( o fato de Seiya chegar à casa de Touro) e a frase 2 tem uma outra ideia (o fato de Seiya se deparar com Aldebaran). No entanto, as duas frases possuem um elo ( o sujeito Seiya), por isso o ponto e vírgula. Mas fiquem calmos que explicaremos mais daqui a pouco.
 
II. Separamos entre vírgulas a palavra imediatamente por se tratar de um aposto (fiquem tranquilos que discutiremos isso mais adiante com calma. No momento vocês precisam saber somente que aposto é uma explicação); colocamos dois pontos ao final da frase para indicar que Seiya iria falar algo;

III. Introduzimos a frase seguinte com travessão;

IV. Ao final de Aldebaran colocamos uma vírgula, tendo em vista que se trata de um vocativo (fiquem tranquilos que também discutiremos isso mais adiante com calma. Por hora é só saber que vocativo é aquele a quem nos dirigimos na conversa);

V.Colocamos um ponto ao final da frase de Seiya para indicar que a ideia terminou ali.
Isso tudo que falamos acima tem alguma coisa a ver só com pausas? Não vamos precisar de gritar outro não como gritamos acima, não é?


 
Ai, mestras, mas, em todos os lugares que eu leio, o pessoal fala de pausas, sim!


Então, o que acontece é que muita gente se refere à pausa como sendo uma consequência dessas relações entre as frases (explicação, frases independentes, etc.), e aí podemos relevar o uso da palavra. Mas esse termo usado arbitrariamente (ou seja, de acordo com a vontade da pessoa, sem ela saber do que ela está falando) em nada ajuda para vocês compreenderem os usos dos sinais  de pontuação. E como nós aqui não temos preguiça de mostrar o esquema do jeito mais explicado possível, nós queremos que vocês esqueçam esse discurso das pausas e respirações! Pode ser?

Então, continuando.

Hoje, para iniciar a caminhada, vamos falar de dois sinais gráficos de pontuação: o ponto final (.) e o ponto e vírgula (;). Assim sendo, nossa caminhada será bem rapidinha!


Ponto final (.):

Para discutirmos o ponto final, pensemos nas frases:

 
O ferro é um dos metais mais úteis.
Os fatos acontecem naturalmente.
O ar do campo rejuvenesce.


Cada frase colocada termina com um ponto final. Por quê? Porque elas carregam um sentido completo, uma ideia fechada. Ah, é porque resolvemos parar no ponto?! Não é só isso! Paramos no ponto porque expressamos o que queríamos expressar. Nossa ideia termina aí, no ponto (que não é chamado de ponto final à toa, não é?).

Pensemos em um exemplo: Se queremos narrar a ação de Nami (personagem de One Peace) pulando do navio, vamos escrever:

 
Nami pulou do navio.


O próximo acontecimento depois disso virá em outra frase que também terá sua ideia fechada em outro ponto final. Se queremos ampliar essa frase que narra a ação de Nami pulando do navio, descrever de maneira mais rica, vamos inserir outros termos, o que não mudará aquela ideia fechada, aquele nucleo. Por exemplo:
 
Nami pulou do navio, dando dois mortais de costas e caindo na água de maneira segura.


O ponto final mostra isso, ou seja, o fechamento da nossa ideia. Lógico que na nossa voz ele será marcado pela entonação descendente e por uma grande pausa, porém, tudo isso é consequência do fechamento da ideia, e não que seja puramente uma questão de pausa. Vocês entederam? Não estão presos em nenhuma armadilha? Se não, seguimos. Não queremos perder ninguém na missão!

O ponto final também é empregado nas abreviaturas. Por exemplo:

 
Sr.           Senhor
Dr. Doutor
a.C Antes de Cristo
Obs. Observação



Ponto e vírgula (;):

O uso do ponto e vírgula é sempre uma grande incógnita na vida do ser humano. A gente vê bastante, mas usar que é bom, nada, não é mesmo? E como ninguém sabe usar, quase ninguém tem a devida paciência para ensinar como se usa. Mas nosso dojo não passará por este obstáculo sem dominá-lo completamente, depois de hoje vocês poderão dar aulas particulares sobre como o tema.

Podemos usar o ponto e vírgula nas seguintes situações:

1. Para enumeração. Exemplo:

 
No parque de diversões, as crianças encontram: brinquedos; balões; pipoca.


2. Para separar também as frases opositivas (aquelas que possuem ideias que se opõem), estando os conectores (as conjunções) explícitos ou não no texto. Isso para quê? Para colocar as duas frases com o mesmo grau de importância (a mesma ênfase para as duas frases). Exemplo:

 
Acredite em você; mas nem sempre duvide dos demais. mas: conector que indica relação de oposição entre as frases.
Há muitos modos de afirmar; há um só de negar tudo. conector mas está "escondido" antes do segundo . Desse modo, há uma relação de oposição entre as frases.


3. A mesma coisa que acontece com as frases opositivas vai acontecer com as frases conclusivas, ou seja, aquelas que possuem ideias de conclusão. O conector que liga essas duas frases, também da mesma maneira como ocorre com o exemplo acima, pode estar explicadinho na frase ou escondido nela. Vamos ver um exemplo?

 
As doses eram diminutas; tinham, portanto, de aguardar longo prazo pelo efeito. portanto: conector que indica relação de conclusão da última frase em relação à primeira.
Tinha a pedra na mão, mas já não era necessária; jogou-a fora conector portanto está escondido antes de jogou-as. Desse modo, há uma relação de conclusão da última frase em relação à primeira.


4. E, ainda, podemos usar o ponto e vírgula para separar frases independentes, quando pelo menos uma delas já tem  vírgula. Exemplo:

 
Participaram daquela reunião: Roberto M. Lacerda, 43 anos, que veio a ser reitor entre 72 e 76; Caspar Stemmer, engenheiro, mais tarde prefeito do campus, também reitor de 76 a 80; Ernani Bayer, hoje membro do CFE; Acácio Santiago, professor, e toda a equipe técnica.


Ou seja, o ponto e vírgula tem uma característica de unir duas ideias independentes que guardam certa relação entre elas. Não é como o ponto final que fecha uma ideia, nem como a vírgula que "submete" uma ideia à outra. Ele une duas ideias completas, mas essas ideias guardam um elo de união com aquela que será fechada com o ponto final. Lembram-se da frase do Seiya que dissemos lá em cima? Pois é aquilo. Se formos pensar bem, é bem melhor do que escrever:

 
Seiya chegou à casa de Touro. O moreno deparou-se, imediatamente, com Aldebaran. 


Vocês não imaginam a implicância que nós temos com esses adjetivos substantivados de vocês...hehehe.


Estamos entendidos até aqui? Não é tão difícil assim, certo?


Resuminho:
 
                                             Sinais de pontuação I
                                                     Ponto final
Usa-se o final de uma frase, expressando uma ideia "fechada": Nami pulou do navio.
Usa-se em abreviaturas Sr. (senhor); Dr. (doutor), etc. (que também é uma abreviatura hehehe)
                                                Ponto e vírgula
Usa-se para enumerar frases: No parque de diversões, as crianças encontram: brinquedos; balões; pipoca.
Usa-se para separar frases opositivas, estando explícito ou não o conector: Acredite em você; mas nem sempre duvide dos demais.
Usa-se para separar frases com ideias de conclusão estando explícito ou não o conector: As doses eram diminutas; tinham, portanto, de aguardar longo prazo pelo efeito.
Usa-se para separar frases com ideias independentes, quando pelo menos uma delas já tem a vírgula Participaram daquela reunião: Roberto M. Lacerda, 43 anos, que veio a ser reitor entre 72 e 76; Caspar Stemmer, engenheiro, mais tarde prefeito do campus, também reitor de 76 a 80.


Bom, amores de nossa vida, isso explicado, nossa primeira meta está devidamente vencida e fizemos de mais um inimigo um aliado.

Como sempre, foi uma honra lutar ao lado de vocês e nos vemos em quinze dias.

 
Lady Salieri e Nah Rangel

 
Obs.: Na verdade, queremos agradecer ao Flávio Veloso por servir de beta reader orientador das táticas especiais para esta meta. Valeu demais, Flávio!
Adendo:
* Bom, estamos add essa info  hoje (20-08-2012) porque é complicado a gente às vezes ditar certas regras quando se trata de gramática. As gramáticas se contradizem entre si, ao tentar dar conta desse organismo vivo que é uma língua. Não existem verdades absolutas, claro, e nós devemos nos apegar naquilo que faz mais sentido para nós. A grande variedade de opiniões acerca do tema da pontuação pode ser vista neste artigo aqui:http://www.artigonal.com/linguas-artigos/um-estudo-acerca-dos-sinais-de-pontuacao-6074143.html

 
Nós baseamos nossa opinião de "esquecer a ideia de pausas e respirações" na seguinte linha de raciocínio:
 
"Apesar de a pontuação estar na interseção da prosódia, sintaxe e discurso, partilhamos da certeza de que o critério lógico-gramatical dos sinais cuja preocupação está centrada em unidades sintáticas portadoras de sentido garante ao leitor caminho seguro na compreensão de um texto. Às vezes, trechos mal pontuados ou com pontuação inusitada  exigem do leitor incômodas idas e vindas textuais.  Valores prosódicos ou estilísticos devem estar, pois, em consonância com critérios sintáticos e semânticos, favorecedores das relações criadas entre as palavras no interior do texto". (MUNIZ, 2011, p.9 - disponível em: http://www.pgletras.uerj.br/palimpsesto/num13/dossie/palimpsesto13dossie01.pdf

Obviamente não temos a intenção de "passar por cima" de ninguém, apenas estamos assumindo uma posição diante dessa problemática, de maneira a transmitir o conteúdo da forma que julgamos mais apropriada, implicando, não obstante, em uma escolha subjetiva.  


Comentários

CecySazs

12/11/2019 às 13:33

Nossa, muito bacana essa aula! O ";" é de fato um assunto meio tabu pra mim e agora consegui entender melhor sobre o uso do mesmo. Sempre que tiver alguma dúvida, retornarei aqui. Obrigada!



07/07/2017 às 18:45

Cara! Qualquer hora, vou tirar um dia só pra estudar todas essas aulas de vocês! Estou precisando. E são excelentes explicações ♥



bella writer

30/04/2017 às 19:43

não entendi muito bem...Mas pelas outras aulas isso é ótimo!!



Princess Serenity

17/10/2016 às 17:59

Arigata, me ajudou muito.



Ashiri

15/12/2015 às 21:18

Obrigado por ensinar essa aula, ela sera muito útil na hora de escrever minha assim, assim pensarei melhor antes de escrever. :D



SrSomergraham

08/09/2015 às 23:51

Eu estou tentando, amanhã eu vou reler, novamente porque eu ainda fiquei meio que em dúvida, mas eu amei essa aula muito boa!



letmf2

18/07/2015 às 03:56

Só me sinto confortável usando ponto e vírgula na seguinte situação: Usa-se para separar frases com ideias independentes, quando pelo menos uma delas já tem a vírgula. Nas outras situações prefiro vírgula.



07/07/2015 às 00:51

Esplendido!

Vocês são bem melhores que meus professores, entendo muito mais com vocês. Obrigada por gastar o tempo de vocês com essas aulas, isso ajuda bastante.



amanda

09/05/2015 às 18:52

Ótima aula, apreendi o porque de usar ;, eu achava que nunca aprenderia até hoje.



Taichan

22/04/2015 às 20:48

Li a aula uma vez, depois acabei comendo o ponto e a vírgula novamente; atualmente comecei a ler um livro que o utiliza regularmente e passei a colocar o ponto e a vírgula em todo canto possível e impossível; parei e pensei: "Devo estar fazendo algo errado!" e voltei a ler a aula novamente. Nota dez, lerei quantas vezes for necessário, pois ainda fico em dúvidas se coloco aqui ou acolá.