Tony se foi, e com ele parte da minha âncora. Eu ainda ancoro através das minhas próprias distrações nesse mundo confuso, mas agora sem um mestre para imitar.
Meu irmão foi para a faculdade e agora eu vou experimentar tudo o que ele experimentou, estou saindo da escola que mais se parecia com um convento para finalmente ingressar no ensino médio. Isso não me causa ansiedade, sei exatamente o que fazer e como agir, gosto de ter minha liberdade de volta e sei que está tudo sob controle. Tudo sob controle menos a minha mãe… Sinto que ela está escondendo algo de mim, e minha perspicácia é amarga pois eu quase sei o que ela está escondendo de mim.
Vou manter o controle, os demônios da minha mente nunca vão me alcançar.

Uma brincadeira inocente numa festa inocente poe a prova quem é inocente. A festa de Bruna, Elis, Sabrina, Tom e Armando pode se tornar um pesadelo pelo simples giro de uma garrafa, palavras em um papel e um incêndio.

E aquele homem pálido e bem vestido sentou-se ao meu lado. Não se importava com a neve em seu terno impecável e nem com o banco molhado. Tinha um sorriso de satisfação e me olhava como um lobo olha para a sua chapeuzinho.
- E o que você quer? - Fumaça gelada saia de sua boca.
- Quero ser muito inteligente para ter muito dinheiro.
Ele gargalhou como quem acha muito clichê.
- E quero imortalidade. - Completei.
Meus olhos se assemelham aos dele, ele se sente encurralado, contrato assinado! Mais uma risada para o céu como quem zomba de quem mora lá em cima, e ele zomba.
- Se você não morre, você não me paga.
- Mas o contrato já foi assinado, então...
Sem saída ele se vê obrigado a me dar o que me é de direito. Sinto-o se apoderar da minha alma, sinto o fogo do inferno me aquecer, mas logo isso passa e... Sim... Eu sou o homem mais poderoso do mundo. Ele se levanta e segue seu caminho, mas não sem antes dizer "Um dia você vai me pagar.".
Como dar a minha alma ao Diabo se sou imortal?

"Eu fui a última até mesmo para Deus. Ninguém sabe que quando um outro paciente morre eu sinto uma grande vontade de ser ele, e ir. Semana passada eu mordi minha língua, na tentativa fracassada de suicídio, mas sabe o que aconteceu? Eu não tive força suficiente... E eu sempre me senti assim, sem força."

A família vive tranquilamente. Vizinhos amigáveis, bairro de casas bonitas e segredos fétidos.
O que você faria e notasse o estranho comportamento de um vizinho para com sua filha pequena?