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AlexandrinaC
ID: 41414
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  • 27/03/2010


  • MINHA CULPA

    Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem

    Quem sou? um fogo-fátuo, uma miragem...

    Sou um reflexo...um canto de paisagem

    Ou apenas cenário! Um vaivém

    Como a sorte: hoje aqui, depois além!

    Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem

    De um doido que partiu numa romagem

    E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...

    Sou um verme que um dia quis ser astro...

    Uma estátua truncada de alabastro...

    Uma chaga sangrenta do Senhor...

    Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,

    Num mundo de maldades e pecados,

    Sou mais um mau, sou mais um pecador...

    Florbela Espanca

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    É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

    Clarice Lispector

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    “Mas, se eu lhe disser quem sou,

    você pode não gostar de quem sou,e isso é tudo o que tenho.”

    John Powell

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    Difícil é se descrever, fazer com que palavras definam quem você é, ou deixa de ser. Não acredito que eu seja ninguém de tão grande importância. Presumo que eu seja como qualquer um, com certos defeitos, porém acompanhada de qualidades. Posso ser constante, inconstante, ou até mesmo os dois ao mesmo tempo. Em grande parte do tempo, sou previsível, admito. Mas o imprevisível me acompanha de perto, quando necessário. Consigo ser o bem e mau, o certo e o errado, a tristeza e a felicidade. Eu posso ser tudo, ou simplesmente nada. Talvez eu seja isso; uma porção de coisas.

    Deborah Strougo

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    "Tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras; sou irritável e piro facilmente; também sou muito calma e perdôo logo; não esqueço nunca; mas há poucas coisas de que eu me lembre; sou paciente, mas profundamente colérica, como a maioria dos pacientes; as pessoas nunca me irritam mesmo, certamente porque eu as perdôo de antemão; gosto muito das pessoas por egoísmo: é que elas se parecem no fundo comigo; nunca esqueço uma ofensa, o que é uma verdade, mas como pode ser verdade, se as ofensas saem de minha cabeça como se nunca nela tivessem entrando? Tenho uma paz profunda, somente porque ela é profunda e não pode ser sequer atingida por mim mesmo; se fosse alcançável por mim, eu não teria um minuto de paz; quanto a minha paz superficial, ela é uma alusão à verdadeira paz; outra coisa que esqueci é que há outra alusão em mim - a do mundo grande e aberto; apesar do meu ar duro, sou cheia de muito amor e é isso o que certamente me dá uma grandeza...”

    Clarice Lispector