Sonhos de Melli Moore escrita por Suh


Capítulo 9
Mãos


Notas iniciais do capítulo

Não é um capítulo muito revelador, mas me diverti escrevendo. Espero que gostem ^^



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- Tio Al?

Ele olhou para mim desconsolável.

      A ficha não havia caído para mim. Então quer dizer que o meu pai estava ao meu lado todo este tempo e eu não sabia?

Diz que é mentira.

Essas palavras ecoaram na minha mente confusa. "Espera, pensa Melli... ele está dizendo... acho que está dizendo..."

- Você não quer ser meu... pai? - Nunca me doeu tanto dizer esta palavra. Até senti meu coração pulsar novamente e fiz uma careta com a dor repentina. 

Ele não me respondeu. Ficou calado, com grossas lágrimas lhe cortando o rosto. Ele parecia estar sofrendo tanto... foi quando me lembrei que havia mais pessoas na sala. Olhei ao redor... todos, todos estavam sofrendo e olhando para qualquer lugar, menos para mim.

Era tudo culpa minha? Todos estavam sofrendo por minha causa? Eu não entendia. Minha cabeça pareceu dar um nó. Me senti meio tonta... pensei em me sentar, pensei em olhar nos olhos de alguém e perguntar alguma coisa... 

E então, eu corri. Não pensei mais em nada e minhas pernas se moveram por conta própria. Eu não pensava em nada, mas me lembro da sensação de deja vu. Aquilo me parecia familiar, tão familiar...

- Mãe.

Eu sentia ela me envolvendo, é complicado explicar. Eu senti seu amor, como se eu tivesse em um daqueles sonhos. E quando dei conta, estava atravessando a Praça Fantasma. Mas eu não parei, queria ir mais longe... onde ninguém pudesse me encontrar.

Porque eu precisava... eu precisava... respirar. 

Eu trombei nas costas de alguém. E só então, comecei a chorar. 

- Me perdoe, por favor! Eu juro que não fiz por mal!

- Melli?

- Ahn? I-inu?

Ele me abraçou. Forte... e fez carinho no meu cabelo. Aquilo era tão bom. Chorei mais.

- O que aconteceu? - Ele falou baixo.

- Eu, eu...

- Calma... não precisa contar agora... 

Ele pegou na minha mão, e me guiou. 

- Eu te esperei na praça... mas como você não apareceu, eu estava indo para casa.

- Desculpa...

- Para de se desculpar, tá bom?

- Descu... ahn...

Ele riu.

Enquanto segurava, afagava minha mão. Era quente... delicioso. E me fez acalmar. Quando dei por mim, estávamos na praça novamente. Ele se sentou em um dos bancos e me fez sentar ao seu lado. 

- Sabe... não precisa me contar se não quiser...

- Não é isso, eu... eu vou te contar. É que, Inu eu... eu sou órfã de mãe. E eu nunca conheci meu pai... quer dizer, eu achei que nunca havia conhecido. Mas agora eu descobri que... que meu tio é meu pai, na verdade... Isso deveria ser maravilhoso. Mas de repente todos pareciam infelizes e e... e ninguém olhava para mim... e foi como se eu sentisse que tudo fosse culpa minha, eu não sei...

- Calma, Melli...

- O Joe não vai ficar feliz. 

- O que?

- Ele também me chama de Melli...

- Melli... porque quase sempre não entendo o que você diz?

- Descul...

- Não se desculpe! - Ele riu.

- Ah... - eu corei.

- Mel! - Eu ouvi atrás de mim. Era uma voz familiar e eu admito que fiquei feliz em ouvi-la. 

- J-joe...

- Esse é o Joe?

- Mel, - "ele está com raiva, de novo" - Você deixou sua touca cair quando saiu correndo como uma louca. 

Foi quando eu notei o tecido colorido na mão dele. 

- Inu, Joe... Joe, esse é o Inu.

- E aí, cara.

- Oi. Mel, eu posso falar com você, um instante?

- Ah, er... - Ele me puxou pelo braço até ficarmos longe do Inu. - Que foi, Joe?

- Sabia que ia te encontrar aqui. Você devia voltar... eles ficaram preocupados... o Alex já está mais calmo e quer falar com você.

- Eu não sei se quero falar com ele.

- Por que?

- Sei lá. Está tudo parecendo um labirinto na minha cabecinha preta. 

- Melli... vocês precisam conversar. Eu sei que está confusa. 

- Você não sabe, Joe... Não faz ideia.

Ele me abraçou. 

- Vai ficar tudo bem, Melli... Confie em mim.

- T-tá... tudo bem, Joe.

- Melli... - Joe fez uma careta ao ouvir isso. - Eu... acho que vou indo, então. A gente conversa amanhã, certo? 

- Certo, Inu. 

- Vai ficar tudo bem, viu?

- Obrigada.

Ele se foi.

- Melli, hein?

- O que? 

- Acho que não sou mais o único a te chamar assim...

- É o meu nome, não é? - Ele me olhou com uma cara nada amigável. - Que foi? Foi você que disse!

- Vou ser bonzinho com você porque está passando por um trauma.

- Ah é? 

- É.

Eu não queria brigar. Então fiquei calada e só. Ele pegou no meu braço e começou a andar.

- Joe...

- Sim?

- Eu estou cansada... quero ir pra casa.

- E o... o Alex?

- Não quero falar com ele agora... eu quero...

- Quer falar com ela primeiro, né?

- Sim.

- Tudo bem, Melli. Vamos pra casa.

- Você vai me contar uma historinha pra eu dormir?

- Só se você admitir que usa drogas e que está passando por um trauma.

- Não seja malvado, Joe. - Fiz meu melhor biquinho.

- Tudo bem, tudo bem... só porque você é minha melhor amiga.

- Obrigada! - Falei sorrindo e abraçando meu amigo. Como era bom te-lo por perto.

Cheguei em casa. Tia Soph não estava, com certeza ainda conversava com tia Liza na casa dela. Tomei um banho e vesti uma roupa confortável para dormir. Joe me esperava no quarto. Deitei e ele me cobriu. Ele era como o irmão mais velho que eu nunca tive... apesar de eu ser alguns meses mais velha.

Ele me olhou, tirou umas mechas da franja do meu rosto, me deu um beijinho gostoso na testa e começou a contar a minha história preferida. Uma que eu inventei na época em que nos conhecemos sobre uma menininha entra flores, bruxas, duendes e fadas. (Juro que a história não é tão gay quanto parece). Fiz o rosto mais infantil que pude com todo este mimo.

Sorri e fechei os olhos enquanto a história era contada.

- Melli?

- Hm..?

- Eu te amo.

- Também te amo, Joe.

Depois disso, não demorei para adormecer, na parte da história em que os duendes perguntavam onde o Goku estava para o Chapeleiro Maluco.


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Notas finais do capítulo

Alice Moore:

Achei que Melli reagiu muito bem à revelação. Naquela tarde, quando apareci para ela no sonho, disse que também não havia entendido a reação de Alex.
Ela me perguntou como tinha sido minha juventude.
— Calma, meu amor... tudo em sua hora.
— Eu sei que o tio Al é muito bom, mãe... eu sempre o amei.
— Sim, Melli... eu tenho certeza de que ele é um bom pai.
— Confio em você. Eu te amo, mãe.
Ela não costumava dizer muito que me amava.
— É maravilhoso escutar isso, Melli.