Sonhos de Melli Moore escrita por Suh


Capítulo 4
Banda




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                Passei pela praça olhando para todos os lados dessa vez. Mesmo com medo do meu cérebro me pregar peças, eu não podia perder a oportunidade de vê-lo novamente. Só esperava falar algo mais normal.

                Ele não estava lá. Talvez ele já tivesse voltado pra casa, ou ainda estava trabalhando. Cogitei novamente ele ser um sonho, mas não queria achar que estava ficando louca. Eu estava triste, talvez nunca o veria de novo. E nem o seu nome eu tive a capacidade de perguntar, no lugar disso duvidei da veracidade daquele momento. Achei que era idiota novamente.

                Certo, vou falar um pouco da minha família. Minha mãe tinha três irmãs, da mais velha para a mais nova: tia Liza, tia Naty e tia Soph. Bem, tia Liza não era irmã da minha mãe de verdade, mas eram tão amigas que era como se fosse. Tia Naty não mora aqui, conseguiu uma bolsa de estudos em outro estado, mas nos visita sempre que dá. A tia Soph... bem, eu moro com a tia Soph. Ela foi a minha mãe todos esses anos. Casou com o tio Mac. Moramos perto da vovó e do vovô e também da tia Liza.

                E tem o tio Al. Ele mora sozinho em um apartamento a algumas quadras da minha casa. Eu gosto muito dele. Sempre gostei.

                Ah, sim. Tia Liza casou com Evan e tem um casal de gêmeos: Wil e Mari (eles tem 6 anos). Tia Soph tem uma filhinha de 10, a minha querida Bel que é como minha irmã! Tia Naty está noiva e o tio Al... bem, tia Liza disse que o tio Al é um galinha.

                Aquela tarde, Joe me chamou para ir ver a sua nova música. Ele toca bateria e eu toco guitarra. Já tentei escrever umas músicas, mas Joe disse que minhas letras são muito “viajadas”, então ele escreve. As músicas dele são muito bonitinhas!

                Eu conheci Joe quando vim morar com tia Soph. Eu tinha 6 anos. Quando tia Soph me ajudou a arrumar o meu quarto, já era noite quando vi um garoto lendo pela janela do quarto da casa ao lado.

-          Ei menino!

                Ele abriu a janela do quarto.

-          O que foi?

-          Você gosta de duendes?

-          A-acho que sim...

-          Vamos caçar duendes! Você vai ser meu companheiro!

-          Ahn?

-          Eu acho que vi um duende no meu quintal! Um dia nós o pegamos! Durma bem soldado, amanhã nós teremos um dia duro!

-          Mas eu não aceitei ser seu companheiro!

-          Você não tem escolha, é uma questão de vida ou morte!

-          Quê?

-          Meu nome é Melli.

-          Melli?

-          Qual é o seu?

-          Joseph.

-          Certo, prazer Joe! Te vejo amanhã!

-          É JOSEPH!!

                Passou um bom tempo até descobrirmos que não havia duende nenhum no quintal, mas depois disso viramos amigos para sempre.

                Quando cheguei na casa dele, ele já estava na garagem tocando bateria. Passamos o dia juntos, tocando. Depois saímos para comer alguma coisa.

-          Joe, você acha que meu pai está vivo?

-          Sei lá.

-          Eu acho que ele deve ser um baixista. Assim ele entraria na banda.

-          Banda?

-          É, nós temos que fazer uma banda, moço!

-          Por que?

-          Por que tocamos?

-          Porque gostamos. Eu acho.

-          Eu acho que existe uma força maior do que nós que determina os nossos talentos para que possamos nos juntar e fazer o mundo ser um lugar melhor.

-          Ou seja, nós temos que fazer uma banda. Já entendi.

-          Yay!

                No dia seguinte eu acordei cedo novamente. Queria ver o garoto imaginário. Queria ter ainda mais a certeza de que ele era real. De qualquer forma, não me incomodava a ideia dele ser fruto do seu cérebro. Eu nunca havia sentido algo assim, e eu gostava muito disso. O mesmo horario, um pouco mais cedo. Ele podia pensar igual, chegaríamos cedo para conversar antes dele correr para a aula.

                Fui praticamente correndo. E sim! Ele estava lá! Não podia controlar aquilo. Meu coração bateu tão forte ao vê-lo que fiquei com medo de que ele percebesse. Ele também pareceu feliz, nós dois estávamos novamente na ponte, paramos bem no centro, um olhando para o outro. Eu queria olhar mais um pouco, tentar prender as imagens de todos aqueles preciosos segundos na memória.

- bom dia senhorita misteriosa.

- Bom dia...

- me desculpe ter corrido ontem, você não teve chance de dizer muita coisa...

                Eu fiquei meio vermelha e pensei em sair dali pra que ele não percebesse. Mas lembrei que precisava saber de uma coisa.

- Qual o seu nome?

                Eu esperei por meio segundo impacientemente. Queria encurtar o seu nome, lembrar dele.

- Meu nome é Inu.

- Inu?

                Espera aí um pouco! Inu?? Como eu vou encurtar isso!? Será que é mesmo o nome dele? Quer dizer, eu sei que Inu é cachorro em japonês... é claro que eu queria saber seu nome verdadeiro, mas achei que estaria querendo demais, será que estávamos indo muito rápido? Um nome. Quer dizer, nomes são importantes. Com o nome você pode descobrir muitas coisas sobre alguém. Para mim o nosso relacionamento estava avançando e era isso que importava.

                Pensei nisso por um segundo.

- É! – ele riu - E o seu?

- Meu nome é Melli.

- Nome bonito!

- sim, minha mãe que inventou este nome.

Aquele sorriso apareceu novamente.

-          Eu vou andando... então, Melli... nos vemos amanhã?

-          Tá. Até amanhã.

-          Até!

                Sim, estávamos indo rápido demais! 


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Notas finais do capítulo

Alice Moore:
Eu adorava quando Melli brincava com o Joseph!
Eles pareciam muito felizes juntos! Na verdade, pensei que ela tinha encontrado o seu amor. Mas depois que ela conheceu o rapaz da Praça Fantasma... bem, eu fiquei meio confusa.
Eu só quero que ela seja feliz, e mesmo sendo fantasma, posso fazer o que tiver ao meu alcance para isso!