Previamente em Talismã:

Voltei tarde da noite e fui pro computador começar um rascunho do texto de formatura. Nessa noite, não tive sonhos.

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Capítulo 8­

- Pronta querida. Pode olhar-se no espelho. –disse minha mãe me girando pra que pudesse ficar de frente pro enorme espelho do meu quarto.

Sinceramente, surpreendi-me com o resultado. Meus cabelos louros estavam modelados em ondas desiguais, deixando-o mais bagunçado. Eu usava uma maquiagem leve e meus lábios estavam pintados de rosa. Eu usava um vestido azul-marinho a dois palmos acima do meu joelho. Ele era coberto de renda preta por cima. Estava calçando um peep-toe preto. Já que nunca fora muito vaidosa, me senti outra pessoa.
Minha mãe estava igualmente bela, em seu vestido longo roxo e cabelos cacheados. Pena que não podia chegar lá e me orgulhar por ela ser minha mãe. Todos achavam que era minha irmã.

- Está linda, princesa. –disse meu pai passando pelo meu quarto. Descemos todos e fomos pra escola, onde ocorreria a cerimônia formal. Lembrei-me de colocar aquela terrível roupa verde com o chapéu. Chegando lá, me encontrei com todos os meus amigos, e fomos juntos até o centro do grande ginásio. Erick estava meio estranho hoje, meio distante. Encontrei-me com a idiota da Kelly Cassy rebolando com seu cabelo oxigenado. Revirei os olhos.

- Olá, Adams. –disse ela com sua voz nasalada.

- Oi, Cassy.

- Então, está se sentindo importante por ser a oradora hoje? –ela perguntou com deboche.

- Sim, muito, apesar de não ter pedido por isso como certas pessoas.

- É claro que eu queria ser a oradora, mas quem garante que você não será um fracasso total?

- Nem comece. Você sabe do que eu sou capaz.

Ela deu de ombros e saiu.

Eu subi no palco e comecei meu discurso.

- Senhoras e Senhores, todos aqui presentes. Esse dia tão especial marca o início e o fim de etapas. Primeiramente inicia, pois nos tornamos adultos hoje, com a escola terminada e daqui pra frente muitos compromissos, e finaliza, pois deixamos hoje, aqui, nesse lugar todas as brincadeiras e amigos que fizemos durante todos esses anos, então...

Nesse momento, me senti sendo puxada por algo que eu não conseguia ver, enquanto no lugar onde eu estava uma balde de piche caia ao chão. A platéia toda ficou assustada, e eu mais ainda. Ao olhar pra trás, jurei ter visto um par de olhos azuis se afastando. Carl. Ele me puxara. Kelly Cassy, lá embaixo, tentava conter um riso, mas tinha raiva no rosto, provavelmente por não ter me acertado.

Me recompus, enquanto a diretora pedia um minuto pra organizar tudo, e então, o falatório se dissipou pelo lugar. Ela perguntou se eu estava bem, e eu apenas acenei. Tomei um gole de água e ela deu o aceno pra continuar. Foi um pouco difícil, mas completei meu discurso, ao mesmo tempo em que desci e pude ouvir as palmas da multidão. Minha mãe e meu pai sorriam orgulhosos. Me dirigi ao meu lugar na fila por ordem alfabética de sobrenomes, atrás de Erick, cujo sobrenome é Adafour.

- Precisamos conversar. –ele sussurrou pra mim.

- Ok.

Finalmente chegou minha vez de pegar o diploma, mas ainda tinha um alfabeto inteiro de pessoas pra esperar.

Fiquei imaginando o porquê de Carl me salvar àquela hora, e primeiramente, o que ele estava fazendo aqui. Ao sinal do diretor, uma chuva de chapéus verdes pairou sobre o teto do ginásio, quando todos comemoravam felizes o fim do ensino médio.

Depois de receber os cumprimentos de meus pais e de me reunir com Jake e Ness, meus melhores amigos durante todos esses anos, pedi um minutinho pra ir conversar com Erick.

- Amb, eu preciso te falar uma coisa... –ele começou. Senti meu coração palpitar.

- O que aconteceu, Erick?

- Bom você sabe como eu adoro desenhar, né? –eu assenti – Então, eu mandei a algum tempo, antes mesmo de começarmos a namorar, uma inscrição de intercâmbio para o Japão, com estágio remunerado em um Estúdio de Mangás.

Ok, ok, dessa vez ele me surpreendeu. Sempre soube que Erick gostara de desenhar, e que era muito bom, principalmente em desenhos estilo anime, inclusive, ele desenhara nós dois uma vez, mas jamais imaginaria que ele se inscrevera pra um estágio.

- Isso é bom, afinal você ama desenhos, mas e então... –eu disse, fazendo sinal pra ele prosseguir.

- Então que eu fui aceito. Recebi a carta há algumas semanas, mas não tive coragem de te falar nada.

- Sinceramente, eu fico feliz por você, Erick, é o começo de um brilhante futuro, eu acho. Fico triste que tenhamos que nos separar.

- É ai que eu queria chegar. Eu gosto muito de você, Amber, mas eu preciso ir.

- Eu sei, e concordo plenamente. Eu te espancaria se você não aceitasse apenas por minha causa. Olha, vai ser difícil, pois eu também gosto muito de você, mas continuaremos amigos. Deixe que o destino cuide do resto. –dei um sorriso meio triste.

Ele me beijou e depois me puxou pra um abraço de urso, me levantando do chão.

- Oh Meu Deus! Será que eu mereço uma namorada tão compreensiva assim?

Eu ri, e ele me colocou no chão. Nós voltamos pro ginásio.

Meus pais esperavam para irmos pro baile, que seria em um lugar fantástico bem perto daqui.

Chegando lá, me surpreendi com a decoração. O salão era imenso e estava decorado em prata e vermelho. Tinha um enorme salão de dança com luzes coloridas minando de todos os lados e as mesas tinham tulipas vermelhas em arranjos bonitos. Ok, eu podia não gostar de Kelly Cassy, mas ela definitivamente sabia montar uma festa. Sentei-me com meus pais/irmã e tio e ficamos conversando durante algum tempo, até que a festa começou de verdade. A música começou a rolar, e eu fui com meus amigos dançar muito essa noite. Pude notar uma sombra com olhos extremamente azuis bem ao meu lado, e me assustei. Silabei um “Precisamos conversar”, e saí da pista pra área externa.

Poucos segundos depois de chegar lá, a sirulheta de Carl estava em minha frente.

- Uh, antes que eu me esqueça, Parabéns formanda! –disse ele meio sorrindo.

- Primeiramente, como você sabia que a Kelly estava armando pra mim? –eu disse meio séria.

- Nossa, eu evito com que você tome um banho de piche e esse é meu agradecimento? Fiquei triste agora. –disse ele fingindo-se de triste.

- Ok. Obrigada. Agora pode me falar?

- Clarisse...

- Amber.

- Como você quiser. Olha, você sabe que eu sou um demônio, certo? Eu vejo a aura dos mortais. A aura de Kelly dizia que ela estava aprontando alguma coisa, e eu já sabia que vocês não eram muito amigas, então fiquei atento em tudo, até que vi a lata de piche, bem na hora que ela foi jogar em você. Agradeça que minha velocidade é maior do que a sua. –ele disse, desdenhando. Eu revirei os olhos.

- Uh. Não sabia disso. E segundamente, o que você está fazendo aqui?

- Como assim? Não podia deixar de ver minha tão querida pessoa mais importante da terra se formar sem minha presença.

- Idiota.

- Meu nome do meio. –disse sorrindo, e eu não pude evitar rir. – Então, como é ser solteira novamente?

- Do que você está falando?
- De o seu namoradinho fazer um estágio no Japão. Triste, não?

O sangue subiu em minha cabeça e eu fiquei com muita raiva.

- Quem você pensa que é pra ficar ouvindo minhas conversas particulares? Seu...

- Amber? – Ouvi a voz de Erick. Carl apenas me acenou e desapareceu no mesmo instante.

- Uh, ah... Oi.

- O que você está fazendo aqui?

- Nada, só tomando um pouco de ar.

- A nossa música tá tocando lá dentro.

Realmente, a nossa música estava tocando. Ele puxou meu braço, e fomos pra pista de dança, curtir nossos últimos momentos juntos.