The Mirror escrita por Koneko-chan


Capítulo 7
Capítulo 49.




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Ela pegou o celular que vibrava, indicando uma nova mensagem.

From: Shinra.

For: Celty Sturluson.

Subject: -

Message: Você vai demorar a voltar para casa hoje? Eu estava pensando em fazer algo especial para nós! ♥

Celty deu um pulinho no lugar ao lado da moto e mostrou a mensagem para Shizuo.

– Ahn. Você gosta mesmo dele, hein – ele comentou em descaso.

Ela assentiu e começou a digitar a mensagem de resposta.

From: Celty Sturluson.

For: Shinra.

Subject: -

Message: Acho que não! Não tenho serviço nenhum para agora. Daqui a pouco eu volto.

Ela encostou-se à moto novamente, parecendo feliz e ansiosa.

– Bem, e então, o que acha do que eu te falei sobre a nova amiguinha do Izaya? – Shizuo perguntou.

Quando ouvi falar dela, não achei que fosse tão parecida com ele – ela digitou.

– Mas o que acha sobre eu aceitar a proposta dela? Preciso de uma opinião sobre isso – reclamou depois que leu.

Bem, acho que isso depende de você. Se vê como uma oportunidade de tirar Orihara Izaya da sua vida, vá em frente. Mas fique sabendo que ela provavelmente dará um jeito de te culpar caso isso não acabe bem.

Ele deu uma tragada no cigarro, irritado.

– Parece-me que ela é tão manipuladora quanto ele... Talvez ela seja até pior – ele trincou os dentes e enfiou as mãos nos bolsos. – Não sei se vou acabar com o Izaya e ganhar de presente algo ainda mais odiável.

Ela deu de ombros.

Isso você não vai poder saber.

Shizuo bufou, resmungando, e Celty então subiu na moto preta.

– Até logo – ele falou. – Mande um “oi” ao Shinra por mim.

Ela assentiu e deu partida. A moto soltou um relincho e a Dullahan logo estava em alta velocidade. Enquanto passava por algumas ruas de Ikebukuro como uma nuvem negra de fumaça, quase invisível aos olhos alheios, foi percebida por duas figuras que se divertiam pelas ruas daquela estranha cidade.

– Oh, veja! – exclamou Mikado, sorrindo. – É a Motoqueira Negra.

Anri assentiu, também feliz. Eles estavam se divertindo muito naquela noite e ela segurava um balão que Mikado lhe comprara numa vendedora ambulante. Anri estava feliz por não precisar ser cautelosa, algo com o que ela sempre precisava tomar cuidado. Mas não tinha isso quando estava a sós com Mikado. Aquele fim de semana estava sendo ótimo.

Ou assim ela pensava até que a viu.

Miyazaki Toshiyuka passou por ela rapidamente e com pressa. Estava com uma expressão decidida. Anri ficou por um segundo paralisada. Conhecia bem aquela expressão. Foi aí que notou que...

Um minuto se passou enquanto ela continuava a olhar fixamente para o chão.

– Sonohara-san? – Mikado perguntou, estranhando a pausa repentina na conversa. – Sonohara-san, tudo bem?

Ela olhou para Mikado, quase sem vê-lo, sem escutá-lo. Ficou encarando-o por mais algum tempo e então cerrou os punhos.

– Desculpe, Mikado-kun. Eu tenho que ir.

E sem dar mais nenhuma explicação, saiu correndo para a direção onde tinha visto Miyazaki Toshiyuka correr.

Mikado ficou levemente chateado, sem saber o que tinha feito Anri ir embora tão repentinamente. Mas quando olhou para o outro lado, começando a pensar se agora iria para casa, teve a surpresa de ver alguém que realmente não esperava.

Kida Masaomi.

Aquela praça estava vazia. Àquela hora o movimento concentrava-se na parte da cidade onde havia mais comércio, mais restaurantes, e, consequentemente, mais gente. Izaya já estava esperando havia quinze longos minutos. Começava a perceber uma predisposição de Toshiyuka em se atrasar. Mas ela sempre chegava, afinal, era algo que lhe interessava.

Ela apareceu por trás dele, mas ele pôde ouvir seus passos e se virou com um sorriso sacana no rosto. O dela era semelhante, porém mais leve.

– Normalmente as pessoas chegam no horário que combinam – ele informou.

Ela deu de ombros.

– Eu gosto de me atrasar. Dá um ar mais triunfal.

Ele assentiu condescendentemente. Ela caminhou até um banco próximo e subiu nele, ficando de pé e erguendo os braços ao lado do corpo para se equilibrar. Então Izaya ficou sério ao ver o que ela carregava.

– O que pretende com isso, Toshi-chan? – perguntou.

Ela olhou para ele pelo canto do olho, abrindo um sorriso maior. Começou a andar de um lado a outro do banco lentamente.

– Sabe, Izzy-chan, as coisas aconteceram rapidamente entre nós. Mas isso não deixou que nada fosse menos divertido do que seria se tivesse sido mais devagar.

– Concordo plenamente. Eu poderia dizer que aprecio relações-relâmpago – ele riu.

Ela riu também, divertindo-se.

– O problema é que... Isso está começando a parecer que merece durar mais tempo. E eu, particularmente, não gosto disso. Ainda mais tendo sido contratada para te investigar. Mas, na verdade, não é por isso que estou em Ikebukuro.

– Não? – ele pareceu levemente surpreso.

– Não – ela respondeu e olhou para ele, sem expressão. – Estou aqui porque alguém me disse que tinha uma pessoa supostamente melhor que eu nessa cidade. E o nome dessa pessoa é Orihara Izaya.

– Esse alguém que te contou, por acaso, não seria Kida Masaomi, seria?

Ela sorriu.

– Kida-kun tem bons contatos, não é mesmo?

– Com certeza. Digamos que eu ensinei a ele tudo o que ele sabe, mas enfim.

Ela deu uma risada entusiástica.

– É mesmo? De acordo com as palavras dele, ele te odeia.

– Um pequeno contratempo!

– Tsc – ela fez.

Miyazaki repousou o braço esquerdo ao lado do corpo e ergueu o revólver para Orihara Izaya.

– O que você faria se eu atirasse em você agora? – perguntou.

Ele riu um pouco.

– Provavelmente cairia no chão sentindo dor.

– Nem ao menos tentaria fugir?

– Você não me deu essa opção na pergunta. Mas sabe, por conviver com o Shizu-chan, eu acabo sendo inalcançável quando corro.

– Interessante – ela respondeu. – Mas fique avisado que sou filha de Miyazaki Yasuo. Papai me fez aprender a usar uma arma quando eu tinha sete anos, a fim de que eu não dependesse inteiramente dos meus fracassados seguranças. E até hoje eu não errei nenhum tiro.

– Isso é potencialmente problemático – disse ele, começando a parecer hesitante. Ele levou a mão ao bolso do casaco, mas não encontrou o que procurava. Começou a apalpar os bolsos do jeans, mas ainda, nada.

– Está procurando por isso? – perguntou Toshiyuka, tirando algo do bolso da jaqueta. Ela ergueu para o alto o canivete de Izaya.

Ele soltou uma exclamação irritada.

– Agora é minha hora de correr? Vamos ver se você é realmente boa com o revólver.

– Eu te aconselharia a não fazer isso. Tomei minhas providências também.

Ele franziu o cenho, sem entender. Então ouviu passos atrás de si.

– Izaaaya-kun ♪– cantarolava Shizuo enquanto se aproximava, segurando apoiada no ombro uma placa de PARE. – Izaaaya-kuun. ♪

Izaya olhou para trás por um breve momento.

– Ah, olá, Shizu-chan. Eu achava que você conhecia o tipo, não pensei que colaboraria com ela.

– Para você ver o quanto eu odeio você.

Shizuo parou bem atrás de Izaya, e ele se virou para encarar Toshiyuka.

– Você é inteligente demais, Toshi-chan. Não devia acreditar no Kida-kun.

– Eu percebi isso no nosso primeiro encontro. Mas também percebi outras coisas – ela respondeu.

– Como o quê?

Ela desceu do banco e, ainda apontando o revólver meio torto em sua mão direita, começou a caminhar na direção dele.

– Sabe, eu gosto de você, Izzy-chan. Muito mesmo. E isso é potencialmente problemático.

– Também gosto de você mais do que julgaria seguro, Toshi-chan. Não podemos gostar um do outro sem envolver armas?

Ela sorriu e balançou a cabeça, chegando bem perto dele.

– Passaríamos a perna um no outro o tempo todo, você sabe – ela respondeu. – Izaya, não quero que você se torne minha fraqueza – ela colocou o cano do revólver bem no pescoço dele. – Porque é isso que eu faço com as minhas fraquezas. Eu as elimino.

– Isso é uma ameaça ou você vai mesmo me matar, Toshiyuka?

Ela sorriu.

– Infelizmente já é tarde demais para evitar que eu goste de você.

– Segunda opção, então – ele agora estava nervoso de verdade. Não acreditava que tinha sido passado para trás dessa maneira, tão simplesmente. E ainda mais por uma garota tão inteligente... Não só inteligente, bonita, sexy e astuta. Isso era humilhante!

Toshiyuka soltou um sorriso triste, não parecendo contente com a própria decisão. Mas já estava ali, não poderia voltar atrás. Agora tinha que fazer.

– Bye-Bye, Izzy-chan – falou. – Vou sentir saudad...

Ela não chegou a terminar a frase, pois sentiu algo afiado e gélido encostar-se à pele de seu pescoço. Os cantos da sua boca inclinaram-se para cima.

– Anri-chan – disse. – O que pensa que está fazendo?

Sonohara Anri sentiu sua mão suar enquanto segurava a Saika. Amaldiçoava-se internamente por não ser mais corajosa e ainda mais por ter deixado Mikado sozinho. Mas assim que vira a arma nas mãos de Toshiyuka enquanto esta passava por ela, soube que não aconteceria nada bom.

– Abaixe isso – ordenou a Miyazaki. – Eu lhe disse para não bagunçar essa cidade.

A outra não obedeceu. Continuou olhando para Izaya.

– Isso fazia parte do seu plano?

Ele sorriu e deu de ombros.

– Anri-chan gosta tanto de mim quanto de você, não vejo por que ela me ajudaria.

– Não é por ele – Sonohara objetou. – Vocês dois bem que poderiam apodrecer no inferno. Estou fazendo isso por mim.

Todos ficaram em silêncio por um longo momento. Shizuo começava a arrepender-se de ter ido até lá ajudar Toshiyuka. O ar frio e escuro da noite começava a repreendê-los por estarem num lugar exposto àquela hora.

– Você não é uma assassina, Anri-chan – Toshiyuka quebrou o silêncio. – Você também não quer ser.

– Mas serei o que for preciso para acabar com vo...

– Se eu atirar no Izzy-chan agora, o que você vai fazer? – interrompeu a outra. – Abaixar-se para ajuda-lo ou cortar minha garganta? Você é uma humana como qualquer outra apesar dessa kataná. Claro que vai ajudar. E claro, também, que é o que Eiko-chan esperaria de você, não é?

Anri ofegou levemente. Toshiyuka sorriu.

– Eiko-chan não gostaria que você matasse alguém, não é? Ele não gostaria que você me matasse – um pouco de silêncio e Miyazaki riu sadicamente. – Vamos, Anri-chan! O gato comeu sua língua? O que Inoue Eiko faria caso aparecesse bem atrás de você agora?

– Sonohara-san!

– Anri-chan!

Os donos das duas vozes que ecoaram chamando pela garota apareceram correndo, ofegantes. Pararam bem próximos ao grupo, sem entender direito o que estava havendo. Toshiyuka olhou para trás e riu alto ao vê-los.

– Ohh! Olhe só para isso! Todos reunidos! Olá Kida-kun! Olá Mikado-kun! Há quanto tempo, Masaomi... Mas não posso dizer o mesmo de você, Ryuugamine.

Anri olhou para os dois.

– Kida-kun... Mikado-kun... Vocês a conhecem?

Mikado ficou vermelho.

– Na verdade, a conheci hoje.

– Eu já a conhecia, não devia estar surpreso por ela querer matar o Izaya – Masaomi respondeu.

Miyazaki deu de ombros.

– Você quem começou isso, Kida-kun – ela olhou para Anri. – E então? Vai me matar bem diante dos olhos dos seus amigos? Ou vai voltar a fazer o papel de boa moça, sua parasita?

Anri apertou a Saika nas mãos, trêmula.

Isso que ela está segurando..., pensou Mikado Ryuugamine. É uma kataná?!

– Anri-chan, pare, por favor! – exclamou Kida.

Hesitante, Sonohara estreitou o olhar para Miyazaki e lentamente baixou a espada.

– Muito bem, Kida-kun – disse Izaya num tom suasório. – Que tal agora usar essa persuasão toda com a Toshi-chan?

– Não vai adiantar, Izaya, você sabe – ele disse.

Mas nesse momento Toshiyuka estava séria. Quase como se reavaliasse o que estava fazendo. Lançou um olhar a Ryuugamine, que correspondeu. Foi nesse momento que uma grave iluminação invadiu a praça e todos tiveram que estreitar os olhos. Uma grande vã verde escura parara em cima da calçada e agora seus ocupantes desciam calmamente.

– Eu disse! Eu disse, Dotachin! Você não acreditou em mim! É o Kida-kun, sim! – exclamava Erika, pulando para perto do grupo.

– Pare de me chamar de Dotachin – reclamou Kadota. Ele olhou ao redor. Heiwajima Shizuo, Orihara Izaya, Miyazaki Toshiyuka, Kida Masaomi, Sonohara Anri e Mikado Ryuugamine?, pensou. Que reunião mais excêntrica.

Ele notou então a situação em que se encontravam. Toshiyuka apontando uma arma para Izaya. Ele sabia que tinham que ficar de olho naquela moça, mas não que a situação evoluiria tão rapidamente em tão pouco tempo. Ou ela era muito pavio curto, ou Izaya fora longe demais. De novo. Walker olhou para Miyazaki, também notando o que ela segurava.

– Ohh! Nossa! Olhe, Erika! Essa cena é igualzinha à do capítulo 49 do The Mirror!

Erika arregalou os olhos.

– É mesmo!

– The Mirror? – Togusa perguntou, confuso com a associação.

– Um mangá muito incrível! – explicou Walker.

– Mirror – murmurou Toshiyuka consigo mesma. – Espelho. Que irônico.

Ela baixou a arma com cara de derrotada, mas ainda sim um sorriso no rosto.

– Hm? – perguntou Kida. – Toshiyuka, o que foi isso?

Ela guardou o revólver no bolso interno da jaqueta e se virou para Masaomi.

– Testemunhas demais. Eu posso dar um tiro no Izaya e dar um jeito em você, Mikado, Anri e Shizuo. Mas não dá para cobrir mais gente.

– Isso significa que vim aqui para nada? – perguntou Shizuo, irritado.

– Desculpe, Shizu-chan. Não é hoje que você vai ver o cadáver do Izzy-chan – ela respondeu. – E pensando bem, acho que você vai ter que fazer isso sozinho.

– Isso significa que você não vai me matar, Toshi-chan? – perguntou Izaya, fingindo felicidade em demasia.

– É – ela respondeu como se estivesse falando sobre um jogo de pôquer. Olhou então para Anri. – Você é irritante. Mas parabéns, conseguiu frustrar meus planos novamente – depois, com uma expressão mais leve, disse: – Obrigada.

Anri franziu o cenho, sem entender. Toshiyuka começou a andar na direção em que viera, mas alguns passos depois, quando já estava longe do pequeno grupo que começava a se cumprimentar ou despedir – Kadota ia falar com Kida, Anri guardava a Saika sem que ninguém percebesse e Izaya começava a correr de Shizuo, que resolvera persegui-lo de qualquer maneira –, ela foi alcançada por Mikado Ryuugamine.

– Miyazaki-san! – chamou-a.

Ela se virou para ele, sorrindo maliciosamente.

– O que foi, Mikado-kun?

– Miyazaki-san – disse. – A pessoa sobre quem você estava falando naquele momento... Era Orihara Izaya-san, estou certo?

Ela assentiu.

– Na mosca, garoto esperto.

– E você resolveu seguir meu conselho, não é mesmo?

Uma sombra passou pelo rosto de Toshiyuka e ela ficou séria.

– Por que acha isso?

A expressão decidida de Mikado transformou-se em algo que se assemelhava a felicidade. Seu sorriso surgiu, como se estivesse alegre por ter acertado.

– Bem – respondeu embora ainda com hesitação. – Não acho realmente que você se deixaria impedir pela quantidade de testemunhas, Miyazaki-san. Você realmente não quer matá-lo.

Por alguns longos segundos, Miyazaki o encarou, inexpressiva. Era estranho ser compreendida tão imediatamente por um garoto tão jovem que praticamente acabara de conhecer. Baixou os olhos então, condescendentemente, deixando em seu rosto crescer um sorriso perverso que ria sozinho daquela ironia. Quando os olhos de Mikado novamente encontraram os dela, ele notou em seu rosto uma estranha satisfação.

– Garoto esperto – ela repetiu o elogio. – Você é igualzinho a mim e a Izaya, Mikado-kun.

Ele ficou sério e balançou a cabeça.

– Não, Miyazaki-san.

– É sim – ela insistiu. – E se não é agora, vai ficar, garoto, pode ter certeza. Vejo isso nos seus olhos. Será o próximo a dominar Ikebukuro depois de Izaya. – Ela riu um pouco. – E espero que eu ainda esteja na cidade quando isso acontecer. Estou ansiosa para ver.

Deixando Mikado no lugar, pensativo e relutante, Toshiyuka sumiu na noite, tendo pregado sua “profecia” na cabeça do menino. No entanto, enfatizou Mikado em seus próprios pensamentos. O erro de Miyazaki foi acreditar que caso o que dissera realmente viesse a acontecer, Mikado não trataria as pessoas da cidade como peões.

Ah, não. Nesse aspecto Mikado era completamente diferente de Miyazaki Toshiyuka e Orihara Izaya.

E no final, era isso que realmente importava.


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