Apaixonada por Um Fantasma escrita por Gibs


Capítulo 18
Capítulo 17 - Meu anjo da guarda


Notas iniciais do capítulo

olá meninas, sei que o capitulo anterior foi pequeno, por isso consegui entrar hoje e postar mais um pra vocês, espero que gostem..



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Como eu havia sonhado há algum tempo, era como eu estivesse revivendo aquele sonho insano. No sonho, eu estava sentada no banco do hospital, esperando saber noticias da minha mãe. Ela havia sofrido um acidente de carro, e parecia estar em estado grave. O medico não aparecia, nenhuma enfermeira vinha me dizer o que estava acontecendo. Mas dentro de mim, eu sabia o que tinha acontecido. Eu havia sonhado com isso. Era um aviso. Mas por que agora? Por que logo agora?

Já fazia 5 horas que eu estava naquele hospital. Ninguém sabia o que tinha acontecido, eu estava sozinha, como sempre.

E então, vi minha mãe vindo à minha direção, sorria e tinha uma áurea branca em volta de si. Pus-me a chorar por saber que aquilo era impossível, e que aquilo significava apenas uma coisa. Ela havia morrido.

Agora, sentada naquele banco frio de hospital, fitava o chão e balançava minhas pernas, esperando inutilmente que alguém viesse falar comigo, que me desse noticias, mesmo que estas sejam ruins. Eu estava sozinha. E como eu havia visto no sonho, vi minha mãe caminhar até mim. Mas sem a áurea branca em volta de si e, ela não sorria. Deixei as lágrimas rolarem por meu rosto e abraçando meu corpo, me levantei.


– Por favor, não faça isso comigo. - pedi entre soluços e lagrimas.

– Sinto muito, minha querida. - disse minha mãe.

– Eu preciso tanto da senhora, por favor...

– Eu sempre estarei com você filha. Perdoe-me por tudo que lhe fiz, por tudo que lhe disse, e que te fiz passar, eu não fui a melhor mãe do mundo, mas saiba que eu sempre te amei, sempre te amarei.

– Não mamãe, por favor... Fique. - eu pedia desesperada.

– Você me perdoa?

– Não há o que perdoar mamãe, só não vá.

– Não me peça isso querida, sabe que não é isso que você tem que fazer. Você tem que me deixar ir, eu preciso ir. - ela olhou para direita, acima de sua cabeça. Para mim, ela fitava o ventilador, mas eu sabia que ela via a luz.

– Por favor... - me encolhi, abraçando meu corpo, eu chorava e sussurrava seu nome, pedia que ficasse.

– Estarei te olhando lá de cima minha criança, seja sempre essa menina linda e cativante que é. E eu lhe peço que esqueça tudo que eu lhe disse, não era verdade. Você é linda, meiga, a filha que qualquer uma gostaria de ter, e eu a amo como você é. Sempre te amei. Eu só tinha medo. Medo talvez, de te perder. Fique bem. - e assim, acariciando-me a face, ela virou e seguiu para a luz, sumindo. Ajoelhei-me no chão do hospital, vi de relance o médico vindo na minha direção, correndo em desespero. Este me abraçou, dizendo que tudo ia ficar bem, mas eu sei que não ficaria, afinal, eu agora estava mais sozinha que antes. Agora, eu sou órfã. Abracei aquele homem. Agarrei-me a ele, pedindo que parasse com aquela dor, que tirasse aquilo de mim. E não mais aguentando, então, gritei.


Estava sentada em uma poltrona, petrificada. O médico que me socorrera em meu estado de fúria, angustia, fora Julian. O mesmo médico que socorrera Sebastian, que por sinal, não tem aparecido. Eu abraçava minhas pernas e me balançava, fitando o vazio além de meus olhos. Tudo que sentia era como se eu tivesse caído em um buraco negro, que sugava minha mente, minha alma já desgastada, minhas forças, meu ser. Ouvia ao longe, murmúrios, parecia uma discussão. Ouvi meu nome algumas vezes, mas nem me dei forças para sequer falar algo. Tanto faz o que iria acontecer comigo, eu não me importava, neste momento, no estagio em que estou prefiro acabar logo com a minha vida. Do que adianta ficar viva se, todos que eu amo todos que eu quero perto de mim, se foram? Minha avó partira; o amor que estive destinada a ter, é um fantasma que sumira; minha mãe, o vestígio de felicidade e família que eu tinha, morrera; não há porque eu continuar aqui.



– Vic? Vic está me ouvindo? - levantei os olhos, inexpressivos, e avistei Alan, ele vestia roupas pretas. Enchendo-se de lagrimas, minha vista embaçara-se enquanto meus braços envolviam o pescoço dele em um abraço.


– Tira isso de mim Alan, por favor, faz isso parar. - pedia o puxando mais para mim. Ele me abraçou e escondendo meu rosto em seu peito, murmurava que tudo ia ficar bem.

– O que está sentindo Vic? O que foi?

– Isso dói muito Alan, faz parar, por favor, eu não aguento mais. - eu sussurrava, lagrimas escorriam.

– Me diga o que está doendo? - ele se afastou e segurou meu rosto com as duas mãos.

– Meu peito, está doendo aqui. - falei, apontando onde meu coração se encontrava. Alan me abraçou forte contra seu peito. - Faz parar, por favor, isso dói.

– Shi, shi, já vai passar, eu to aqui com você. - sentando-se na poltrona ao meu lado, puxou-me para seu colo, afagou-me os cabelos e beijou o topo de minha cabeça. - Durma um pouco, isso vai passar. - deitei-me em seu ombro, e esgotada, adormeci.


“Eu sabia que era preciso tempo. Cada perda tem sua hora de acabar, cada morto seu prazo de partir, e não depende muito da vontade da gente.”



Ao acordar, me via em uma sala com livros espalhados pelo chão e uma mesa a minha frente. Sofás, bancos, constituíam a mobília da bela sala. Sentei-me na poltrona, puxando o edredom que me cobriram. Mas, onde estou? Olhei em volta e perto da janela, vi Sebastian. Ele virou para mim, e com uma expressão triste e derrotada, se postou ao meu lado na poltrona.


– Como está?

– Já estive melhor. - falei, sem olhá-lo. - Você sumiu.

– Desculpe Vic, eu não consegui chegar perto de você. - ele baixou os olhos, fitando as mãos a sua frente.

– Como assim?

– Algo não me deixava aproximar de você. - o fitei confusa.

– Seja lá o motivo, não quero entender. - coloquei meus pés em cima da poltrona e apoiando meus braços em meus joelhos, fitava e mexia em minhas unhas. Sebastian apenas me olhava. Talvez não soubesse o que dizer, nem eu sabia. Aquilo tudo era estranho para mim, imagine para ele. Tínhamos passado uma tarde maravilhosa juntos, fizemos amor, nos amamos, enquanto minha mãe morria. Senti as lágrimas voltarem, sacudi a cabeça dispersando tais pensamentos e tentando fazer com que as lagrimas não caíssem.

– Vic, o que...

– Você tem que ir Sebastian. - falei, sem ao menos olhar para ele.

– O que?

– Você tem que ir, precisa atravessar. Está aqui há muito tempo, e isto está errado. Eu errei em deixá-lo ficar por tanto tempo, isso podia ter te prejudicado, isto poderia ter feito mal a você, mas está na hora Sebastian, você tem que ir embora.

– E deixá-la? – ele parecia angustiado. - E ontem à noite? Não significou nada pra você Vic? – me olhou de um jeito triste, confuso.

– Claro que significou, não repita isso! – disse, irritada. - Eu o amei ontem à noite, eu o amo agora, mas você precisa ir.

– Eu não vou.

– Eu quero que você vá Sebastian, eu não o quero mais aqui! Vá! - gritei com ele, levantando-me da poltrona e parando na sua frente. Ele, mais alto que eu, me fitava de cima, aborrecendo-se.

– Você não está falando sério. – disse ele, sacudindo a cabeça.

– Facilite, por favor. Se você me ama, vá embora.

– Eu podia ter ido umas três vezes Vic, mas não fui. Por sua causa. – gritou ele.

– Como assim três vezes?

– Eu vi a luz quando você falou com a minha irmã, mas não quis ir, porque queria conhecer a garota que ela ia me apresentar.

– E você ainda brigou comigo por isso! – eu agora estava mesmo irritada.

– Sim, e peço desculpas. Depois quando soube o nome da minha mãe, e ao descobrir a causa de meu acidente, também vi a luz, mas, eu me senti tão bem e completo ao seu lado, que renunciei mais uma vez a paz.

– Por quê?

– Por saber que você é a minha verdadeira paz. - eu o fitei, engolindo em seco.

– E a terceira?

– Ontem à noite. - nessa hora não pude mais impedir que as lágrimas escorressem por meu rosto. - Por favor, Vic, não deixe que eu vá.

– Eu não quero Sebastian, mas é preciso. Você tem que ir, isso dói demais. Isso pra mim é como uma faca no peito, mas, se você não for...

– Você quer mesmo que eu vá?

– Quero - como dói saber que é mentira.

– Você devia parar de mentir para si mesma Vic.

– Se continuarmos com isso Sebastian, eu não sei onde vai dar. Eu não posso continuar algo que sei que não vai longe, eu vou envelhecer, e você não. Eu vou ficar enrugada e você não, eu vou morrer...

– Eu já estou morto. – cortou-me ele.

– Eu vou ser uma velha. Eu não aguento isso, eu não posso conviver com isso. Você indo embora, eu vou poder construir uma família e tentar ser feliz, mas com você aqui, eu não vou conseguir, então me deixe viver. - eu o olhava seria, as lagrimas haviam parado de sair, todo meu temor, todo meu medo... Eu estava expondo-os para ele, talvez assim ele entenda minha renuncia, meu adeus final. Vi que ele olhava constantemente para sua esquerda, acima de sua cabeça. Suspirei, ao perceber que ele já via a luz, ela só o aguardava, como nas três vezes que ele viu.

– Você tem que ir.

– Victoria, eu amo você, não pode me pedir para ir. – ele se aproximou, mas dei um passo para trás, afastando-me dele.

– Eu te amo Sebastian. Te amo, para deixá-lo ir. Faço por você, então faça por mim também.

– Eu tenho medo Vic. - ele baixou os olhos, passando as mãos pelo cabelo.

– De que?

– Do que eu posso encontrar e do que eu não vou ter lá. – ele parecia desesperado. Ele estava desesperado.

– Você vai ver sua mãe, seus familiares.

– Mas não vou te ter.

– Um dia vai. - ele suspirou e olhou novamente para a esquerda.

– E se eu ficar?

– Eu não posso mais ajudá-lo. – murmurei.

– Vai me esquecer?

– Nunca. - ele veio ate mim com passos largos, e me puxando pela cintura, passou os dedos por meu rosto, e por fim, em meus lábios, antes de tocá-los de leve com os seus. Sentindo seu perfume, pela última vez, Sebastian me soltou. As lagrimas escorriam, embaçando minha visão, pisquei deixando-as cair, o olhei e ele sorria. Um sorriso triste, mas sincero. Num último beijo, Sebastian virou e entrou enfim, na luz, sumindo.


Minhas lembranças são únicas, minhas e jamais as apagarei. Eu amei, eu me descobri, eu senti. Eu fui tocada, eu fiz amor. Eu viajei aos lugares mais inusitados que jamais pensei que visitaria. Mesmo que fosse a imaginação. E tudo isso, eu fiz com Sebastian. Ele era minha vida, ele era meu anjo. Meu anjo da guarda. E eu, estava novamente em casa.



“Eu estou indo para casa de volta para o meu lugar


E onde seu amor sempre foi o suficiente para mim

Eu não estou fugindo

Não, eu acho que você me entendeu mal

Eu não me arrependo dessa vida que escolhi para mim.”



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Notas finais do capítulo

algum comentario?

ah, ouçam:
http://letras.terra.com.br/we-the-kings/1594039/traducao.html