Still Loving You escrita por Eileen Vongola


Capítulo 1
Não é tarde demais.


Notas iniciais do capítulo

Tudo o que uma mente insana consegue criar numa tarde fria e chuvosa :}



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E se nós percorremos novamente
Todo o caminho, desde o início
Poderia tentar mudar
As coisas que acabaram com nosso amor
Sim, feri o seu orgulho e sei,
O que você tem sofrido
Você deveria me dar uma chance
Isto não poderia ser o fim
Eu ainda te amo
E preciso do teu amor [...]

Scorpions

Still Loving You

***

Escrevo agora mesmo tendo quase certeza de que você não irá ler. Mas é só para tentar tirar um peso do meu coração que carrego há muito tempo.

Sabe, não quero ir embora sem ter a chance de te dizer tudo.

Queria poder estar frente a frente com você, só que mais uma vez não tive coragem. Não tive coragem de ter que te encarar porque eu sabia, bem no fundo, que eu não conseguiria dizer tudo o que preciso.

Talvez você já saiba o que seja. Na verdade você sempre soube, não é?

Eu não precisava dizer, estava estampado no meu rosto.

Você não sabe o quanto eu me arrependo de não ter dito o que sentia. Mas eu tinha medo. Medo de você mudar comigo, medo da rejeição.

Que idiota eu fui. Vivia pensando em alguém que nem ligava para mim.

Antes de conhecê-lo, eu desdenhava das pessoas, achando-as tolas por continuarem amando alguém que as faziam sofrer. Até o dia em que senti isso na pele e percebi o quanto é doloroso. Me arrependi de ter achado que era imune a isso.

E o pior, você não fazia ideia não é? Quero dizer, você sabia a respeito dos meus sentimentos, mas não tinha ideia de que me fazia sofrer tanto. Ou sabia, mas não achava que devia fazer algo a respeito.

Você se lembra de nossas brigas e discussões, na época em que estudávamos juntos? Já faz tanto tempo, mas lembro-me como se fosse ontem. Era divertido, não era? Era quase impossível dizer quem respondia quem mais maldosamente.

O mais estranho, é que eu me sentia feliz. Mesmo que não fosse a conversa mais formal de todas, de qualquer forma você estava falando comigo. Era engraçado, após tantos insultos e xingamentos, nós não aguentávamos e começávamos a rir.

E por mais veneno que minhas palavras poderiam conter ao serem dirigidas a você, meus olhos diziam outra coisa. Talvez fosse o fato de eles brilharem tanto ao se encontrarem com os seus olhos verdes.

Lembro-me de ficar parada apenas admirando, quando você sentava-se perto da janela e a luz do sol batia em seu rosto. E essa mesma luz refletia em seus olhos, que pareciam ter todas as tonalidades de verde do mundo.

Mas os meus olhos diziam, ou melhor, praticamente gritavam para o mundo inteiro ouvir que eu te amava. Amava tanto que meu coração doía.

Porém os seus olhos diziam outra coisa. Eles só me viam como uma amiga, as vezes exergavam através de mim. E isso era o que machucava mais.

Sabe, estou indo viajar. Andar sem rumo pelo mundo, conhecer lugares novos ao lado de velhos amigos. Eles são a melhor companhia nessas horas. (Esse também era um de seus sonhos, se não me engano).

Preciso de um tempo para refletir, conhecer novos horizontes. Recuperar minha visão há muito tempo perdida e, de certa forma, desfocada. Eu preciso entender de uma vez por todas que há muitas coisas na vida além de você.

Talvez quando eu voltar, eu já não esteja mais te amando.

Talvez eu nem volte. Ou pelo menos, somente quando tiver te esquecido completamente.

E bom, não que isso tenha se passado pela sua cabeça, mas não me espere. Porque levará tempo.

Enquanto isso, você pode seguir com sua vida como sempre fez.

Acho que isso é tudo.

Um abraço.

***

Ele não sabia o que fazer.

Provavelmente o impacto daquelas palavras sobre si tenha sido maior do que esperava. Um nó se formava em sua garganta enquanto percorria lentamente os olhos pela carta, e uma súbita vontade de chorar aumentava insuportavelmente. Uma dor que jamais havia sentido latejava em seu coração, que quase o induzia a arrancá-lo dali e mandá-lo para bem longe.

Agora ele entendia.

Agora ele também sabia como era doloroso.

Porém, a única coisa que não sabia era o que era maior: A dor em seu coração que se alastrava rapidamente ou o remorso que o consumia de forma lenta.

Como fui covarde... Ele sussurrou para si mesmo. E pela primeira vez, uma lágrima solitária escorreu por seu rosto. Limpou-a antes que outras resolvessem segui-la.

Será que esse tempo todo, a única coisa que o impediu de dizer a ela que sentia o mesmo, era apenas medo?

Mas medo de que?

Do que as pessoas iriam pensar?

Medo de se entregar a alguém só porque nunca havia feito isso antes?

A resposta era simples e clara. Ele era apenas um grande idiota.

Dobrou a carta cuidadosamente e colocou-a dentro do bolso da calça. Caminhou até a cama e deitou, virado para o teto. Suspirou.

Fechou os olhos e como em um flash, foi relembrando de tudo o que havia passado ao lado dela, e de como era feliz e não sabia. Lembrou-se das vezes que discutiam e de como gostava de vê-la irritada. Quando voltavam juntos ao sair da escola, e de como ela amava comprar doces e dividir com ele. Lembrou-se das risadas escandalosas e dos sorrisos tímidos. E daquele brilho inexplicável sempre presente nos olhos dela. E quando a viu no banco de um parque, sozinha e tão triste, e da vontade que teve de correr até ela, abraçá-la e dizer "Está tudo bem", mas não o fez.

Lembrou-se dos sonhos compartilhados, presentes, músicas e frases ditas e aquele aperto no coração o enlouquecia. Ele estava morrendo de saudades.

Perguntou-se se ainda havia tempo, mas aquele sentimento ruim, aquela incerteza irritante tornava-se constante a cada segundo que se passava.

Pegou a carta de dentro do bolso e leu mais uma vez. Dessa vez, prestando atenção minuciosamente em cada palavra ali escrita, e o que deveria demorar poucos segundos, parecia durar uma eternidade.

E foi aí que ele sentiu algo diferente. Não era dor e nem remorso. Na verdade, era a última coisa no mundo que ele esperava sentir, pelo menos naquele momento.

Esperança. Ela ainda o amava, apesar de tudo. A prova estava bem diante de seus olhos.

Levantou-se num pulo e saiu correndo porta a fora. Não ficaria ali se lamentando sem fazer nada. Aliás, já havia ficado sem fazer nada por muito tempo.

Ele iria atrás dela, e diria que a amava e que sentia muito. Talvez ela o perdoasse, talvez ela ainda não tivesse partido.

A única coisa de que estava convicto naquele momento, era de que não era tarde demais.

"This can't be the end

Isto não pode ser o fim

I'm still loving you

Eu ainda te amo."


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Notas finais do capítulo

The End XD História curtinha, e até mesmo um pouco boba. Me inspirei na história de uma amiga minha, Kisa, chamada "Lembranças".
No final, até que gostei do resultado. Espero que também tenham gostado. E desculpem qualquer erro D:
Beijos e até mais!