Dream Land - o Jardim escrita por PerkyeFreak


Capítulo 20
Capítulo 19 - Conversar sobre o que?


Notas iniciais do capítulo

estou tendo um problema e não posso postar imagens para os capitulos desde o capitulo ''18'', desculpe



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/99159/chapter/20

[Nar. Anne]

Senti o sorriso de Claire sobre mim.

‘’Meu pai acordou...’’ Isso significa...que eu posso voltar.

Sorri para o Elliot. Ele não parecia muito feliz com isso, estava apenas forçando o sorriso.

                -O que foi?

                -Nada. Estou feliz pelo seu pai.

                -Anne, acho melhor você ir até o hospital, dos poucos segundos que ele estará em Dream Land ele irá pensar que é um sonho.

Fiz que sim.

                -Adeus Anne. Dream Land agradece eternamente por você. Lembraremos de você sempre com um sorriso. – Anunciou o menino de olhos brancos levantando uma taça de vinho com um sorriso. Todos fizeram o mesmo.

* * * * * * *

Me encontrei com os outros no hospital. O que para mim foi uma surpresa, já que eu pretendia ir sozinha.

Elliot tirou do bolso a mesma chave dourada com que abriu o portal.

Ele guardou ela esse tempo todo? – Pensei.

Ele abriu o portal como fez da primeira vez.

                -Lembra do que eu disse? – Ele falou.

                -O que?

                -Que a chave pode ser usada duas vezes. Uma vez para ir, e outra para voltar. Essa é a segunda vez. – Ele fez uma pausa. – Ainda me envergonho pelo o que eu fiz. Espero que um dia você possa me perdoar. – Ele sussurrou.

                -Peça para eu não querer de perdoar, é mais fácil do que perdoá-lo por algo que você não teve culpa, ou intenção de fazer.

Me virei e abracei a Lily.

                -Vai dar tudo certo, Lily. – Eu disse em seu ouvido.

Ela sorriu tristemente. Juro que pude ver uma lágrima escorrendo pelo rosto.

                Me virei para o Trevor.

Ele sorriu para mim, e me abraçou com força:

                -Sentirei saudades.

                -Eu ainda poderei te visitar nos sonhos. Não sinta saudades.

                -...Não. – Ele disse em um tom triste.

O som do ‘’não’’ ecoou em minha mente. Não? Como não?

                -Anne...eu queria poder conversar com você sobre isso antes. – Disse o Elliot.

                -Conversar sobre o que?

                -Que você não irá mais poder nos visitar. Acho que você já chegou ao seu limite. – Disse a Lily.

Suspirei. Estava sem palavras. E eu forçava para não acreditar no que escutava...

                -Não...não não não não... – Eu sussurrei.

                -Vai ficar tudo bem, eu prometo. – Disse o Elliot.

Tudo escureceu.

* * * * * * *

Acordei na minha cama, ainda com muito sono.

Olhei para o meu despertador, que ficava em cima do criado-mudo ao lado da minha cama. Era quarta feira. Eu deveria ter passado uns cinco dias naquele mundo, e aqui, no meu mundo, isso não passava de dois?

Corri para o quarto do meu pai. Ele também estava se levantando com cara de quem acabou de acordar.

-Pelo visto o seu despertador não também tocou não é? – Ele disse. – Eu dormi por quanto tempo?

-Uuh...eu não sei. Acho que o tempo que você costuma dormir.

-Parece que foi mais. Eu não...me lembro de ter acordado ontem. Mas eu sei que acordei.

Sorri e fui abraçá-lo.

                -Está carente hoje?

                -Acho que sim. – Eu disse feliz.

E logo veio a tristeza.

Me lembrei das palavras de cada um, eu não iria voltar á ver a Lily, o Elliot ou o Trevor?

                Fui ao meu quarto.

E em cima da escrivaninha, eu vi uma carta.

’Para a Anne Hanson.’’ Eu li.

Abri o envelope, e ao invés de encontrar uma carta ou um bilhete, saiu uma borboleta de asas azuis, do tamanho da palma da minha mão.

Observei-a enquanto ela voava á uns 30 centímetros do meu rosto e pousou em minha mão.

Percebi que as asas mudavam de cor, de azul para vermelho, de vermelho para dourado... E começou a me mostrar imagens. Imagens da Amy e a Lily, do Elliot e do Trevor...

Eu ficaria arrepiada ao ver essa borboleta, se não fosse só uma.

Me segurei para não acabar chorando de emoção.

A borboleta se tornou completamente dourada, voou sobre o meu quarto e desapareceu em uma luz de ouro.

                -Coisas bonitas assim só podem ser de outro mundo. – Murmurei.

                -Anne, a Raimunda veio ontem? – Perguntou meu pai entrando no quarto.

Olhei para a minha escrivaninha, o envelope havia desaparecido.

                -Não, por quê?

                -É que...eu não estou me lembrando.

                -Hum... – Eu disse indo para a cozinha.

* * * * * * *

Era de noite. Tive de dormir cedo pois eu tinha aula, e também estava ansiosa para ver o Elliot. Sem pensar antes sobre o que ele havia dito. Eu não acreditava nele, acho que porque eu não queria acreditar.

                Me recolhi em minha cama, com medo da resposta, e fechei os olhos.

Tempo depois, eu me vi em uma clareira no meio de uma floresta escura, cheia de borboletas iguais ás que eu vi no envelope, voando sobre as árvores.

‘’Não parece ser o jardim...aonde eu estou?’’

                ‘’Elliot?’’ Eu disse. Minha boca não se mexia, mas eu conseguia escutar o som da minha voz.

As borboletas então se aglomeraram, e ficaram douradas. Então eu vi a ‘’aparição’’ do Elliot na minha frente, no lugar das borboletas. Ele estava sorrindo e estendendo a mão para mim.

                Eu sabia que não era ele, pois ele estava meio transparente, e pelo canto do olho eu não o via.

                ‘’Elliot?’’ Eu disse em tom de pergunta.

Peguei sua mão, e ele desapareceu.

                A floresta então se iluminou com pequenas flores que emanavam uma luz azulada, eu sorria para elas. Era tudo tão bonito. As flores flutuavam em direção ao céu escuro, formando estrelas.

‘’Coisas bonitas assim só podem ser de outro mundo...’’ Lembrei-me das minhas palavras.

                Acordei.

                Olhei para as janelas, estava de manhã. E meu despertador anunciava 06h10min, ele nem havia despertado.

                -O que foi aquilo? – Murmurei para mim mesma.

Eu não estava no jardim, e não estava acordada...

                Acho que pela primeira vez na vida, eu tive um sonho de verdade, depois de quatro anos eu finalmente sonhei.

E isso é ruim...se eu sonhei, significa que eu não visitei o jardim.

                -Eu...sonhei?

Espero que o Elliot esteja mentindo.

                Me arrumei para o colégio. Calça Jeans, uniforme, e all star vermelho. Peguei meu iPod, como não estou atrasada eu iria á escola á pé.

                -Tchau pai. – Eu disse me despedindo na porta da cozinha.

                -Tchau filha. – Ele disse sorrindo, vestindo o seu paletó e com um pão com requeijão em uma das mãos.

Peguei a minha mochila preta e branca e sai de casa. No caminho me encontrei com a Helena.

                -Oi. – Ela disse ofegante. Deveria estar correndo para me acompanhar.

                -Oi.

                -Por que faltou?

                -Eu estava doente.

                -Bah. E ai, sabe que mês estamos?

                -Novembro.

                -Sim eu sei, e sabe o que isso significa?

                -Que falta um mês para chegar dezembro...?

                -Não, que falta um mês para a festa de final de ano da escola. Que eu particularmente gosto de chamar de baile.

                -Vai com o Henry, né?

                -Claro. Estou muito ansiosa...você vai sozinha de novo?

O Elliot veio ao meu pensamento.

                -Acho que talvez eu nem vá.

Chegamos à escola.

Entrei na sala de aula,que meio vazia por eu ter chegado cedo.

[Nar. Elliot]

Bem...acho que é isso. É a primeira vez em oito anos que a Anne não visita o meu mundo. E deve ser a primeira de muitas.

Olhava através do sol intenso da paisagem de Dream Land, sentindo falta de eu estar na companhia dela.

                Mas...isso significa que acabou, não é? Minha missão... mas Ainda não tive coragem de conversar sobre coisas que queria tanto conversar...Mas acho que nunca um sonhado perdeu o titulo de ‘’sonhado’’.

                -Ainda triste, Elliot? – Ouvi a voz de Claire.

Dei um sorriso sem graça para ela.

                -Saudades. – Eu disse. – Você não?

Ela sorriu.

                -Quando chegar a hora chegar...

[Nar.Anne]

O sinal tocou, avisando o término da aula. Helena veio falar comigo.

                -Conheço esse rosto, ansiosa de novo, Anne Hanson? Você me parece bem ansiosa nesses dias.

Eu sorri para ela enquanto eu arrumava minha mochila.

                -Então diga, estão namorando?

                -Não seja ridícula. – Eu disse rindo.

                -Cara, eu te conheço há...8 anos? Eu sei que é alguém.

Suspirei.

                -É um garoto chamado Elliot.

                -Ele é da escola?

                -Não, ele não é daqui, ele é de Sampa.

                -São só amigos ou...?

Lembrei-me do beijo com o Elliot.

                -É, só amigos.

Ela riu.

                -Por que ele está te deixando ansiosa?

                -Por que ele é legal oras.

                -Como ele é?

                -Hum...ele tem cabelos cumpridos e ruivos, e os olhos são azuis.

                -Ele é alto?

                -É, acho que uns...15 centímetros mais alto.

                -Nossa. – Ela disse surpresa. – Elliot é um nome estranho. – Ela disse rindo.

                -Acho diferente. – Eu disse colocando a mochila nas costas e andando em direção á porta.

                -Hoje eu vou ao boteco do bacalhau com o Henry.

                -Boteco do bacalhau? Você nem gosta de bacalhau.

                -Mas ele gosta. Um dia desses eu apresento ele á você.

                -Ah, ele não é da escola né?

                -Sim, vou indo. Tchau Anne. – Ela disse indo embora.

Fui para casa, ainda na esperança de que não acabou.

* * * * * * *

Encontrei a Raimunda fazendo o almoço. Eu a cumprimentei, deixei as minhas coisas sobre a escrivaninha e desabei na cama.

Vamos...durma...

                -Anne, quer comer agora? – Ouvi a voz da Raimunda da cozinha.

                -Não valeu. – Eu gritei.

Pousei meu olhar sobre a escrivaninha, sobre a minha mochila...acho que primeiro preciso me concentrar no dever de matemática.

            Parei depois de ver aquela quantidade de números e frases numéricas que a professora mandou resolvermos.

Cai na cama e tentei dormir, uma tentativa fútil de chegar ao jardim.

Sem sucesso.

Passou-se uma semana, a minha rotina já estava ficando monótona. Tinha vezes que eu ficava na janela chorando com saudades do mundo que não existe. Não mais, para mim.

-Esta tudo bem filha? – Perguntou o meu pai na porta do meu quarto. – O que aconteceu?

-Nada demais.

-Quando quiser me contar, pode contar. – Ele disse indo para o seu quarto.

É disso que eu gosto no meu pai, ele sabe que cada coisa tem o seu tempo. Até mesmo para desabafar.

* * * * * * *

Um mês se passou.

 A Helena ficava me enchendo o saco com a tal festa de fim de ano.

                -Vamos comprar os vestidos?

                -Eu já disse que não vou.

                -Vai comigo, por favooor.

                -Acho que eu não tenho dinheiro.

                -Dinheiro é coisa que não falta para você, eu sei por que eu já fui na sua casa.

Eu sorri sem graça.

                -Ta, eu vou com você. Mas não vou comprar nada.

Fui para casa.

                                                                       * * * * * * *

Meu pai chegou cedo, como previsto, e eu disse que iria a uma loja de roupas com a Helena. Geralmente ele não diz ‘’não’’, pois sabe que não saio muito.

                Mandei uma mensagem para a Helena para confirmar.

Nos encontramos na loja, ela já foi experimentando um vestido amarelo.

                -O que achou? – Ela me perguntou.

                -Acho que fica legal. – Eu disse sentada em uma cadeira da loja.

                -O ‘’legal’’ vindo de você é o mesmo que tanto faz.

Eu ri de leve.

                -Experimenta aquele prateado. – Eu disse apontando para um vestido.

No fim das contas, ela levou um vestido rosa.

                -Estou tãão ansiosa. – Ela disse.

                -Ainda faltam dois dias para a festa, relaxa.

Fui para casa, e me desabei na cama do meu quarto.

Quando percebi que havia um pacote branco em cima da cama.

                Me sentei e abri o pacote. Curiosa para saber quem havia mandado, ou o que ele está fazendo aqui.

            Hum...meu pai deve ter me dado algum presente ou algo do gênero.

Era o vestido mais bonito que eu já tinha visto.

Curto e branco, com detalhes azuis turquesa.

Eu já vi esse vestido antes...

                Eu li o que estava escrito no pacote:

Não tinha nada escrito no pacote.

Só pode ser da...Lily.

            Joguei o pacote no chão com o vestido dentro, e o chutei para longe.

Idiotas. Se podem me mandar presentes, por que não vem me visitar? – Pensei.

            Deixei lágrimas escaparem

Odeio isso. Quando estou com raiva eu choro.

Meu pai entrou no quarto.

           -Anne o que aconteceu? Eu ouvi um barulho de algo caindo e... – Disse ele reparando que eu estava chorando. – Ah filha...por que está chorando?

Não respondi.

Seus olhos pousaram no pacote branco jogado no chão.

            -O que é isto? – Ele disse pegando o pacote.

            -Um presente. – Respondi entre soluços.

            -Não sabia que você chorava quando ganhava presentes. – Ele disse fazendo piada para me alegrar. – Sei que não quer desabafar, mas diga para mim, o que te incomoda tanto?

            -Um amigo. Ele me deixou.

            -Que amigo?

            -Acho que você não teve a chance de conhecê-lo. O nome dele é Elliot.

Ele suspirou. Deve estar pensando ‘’você resolveu isso com o seu psicólogo quando tinha 10 anos de idade’’, acho que não deveria ter citado o nome ‘’Elliot’’.

            -Pensei que já conversamos sobre isso.

            -E conversamos.

            -Era isso que te incomodava?

            -Sim. Ele era...muito especial.

Ele novamente olhou para o pacote.

            -Que vestido lindo...quem te deu?

            -Não sei. Simplesmente deixaram em cima da mesa de onde eu sento na escola. – Menti.

            -Hum...então alguém tem um admirador secreto, é?

Eu ri de leve.

            -Acho que não.

Ele saiu do quarto com um largo sorriso. Só espero que não tenhamos uma conversa sobre ‘’não acha melhor ir ao psicólogo de novo?’’ depois disso.

            Hesitei na hora, mas experimentei o vestido.

                -Perfeito... – Eu murmurei enquanto olhava para o espelho, e enxugando as lágrimas que ainda forçavam sair.

Fui á sala, mostrar o vestido ao meu pai, com um sorriso largo na boca.

                -Você está linda. – Ele disse sorrindo. E o sorriso lentamente virou tristeza. – Maravilhosa.

‘’Eu devo lembrar muito a minha mãe...’’ Pensei.

                -Quer jantar? – Ele disse. – Yakisoba.

* * * * * * *

Depois de jantarmos, fui até meu quarto desenhar. Me surpreendi com o meu pai na porta com um pacote mínimo na mão, que parecia ser meio antigo por sinal.

                -O que é isso? – Perguntei.

                -Quero que você experimente.

Abri o pacote. Era uma pedra que parecia ser diamante por sinal, incrustado em ouro branco e enrolado em uma fita azul turquesa.

Era a gargantilha mais maravilhosa que eu já vi.

-Pai, onde você achou isso?

-Era da sua mãe. Achei que iria gostar.

-É...lindo.

Experimentei a gargantilha.

                -Você é bem parecida com ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dream Land - o Jardim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.