Dream Land - o Jardim escrita por PerkyeFreak


Capítulo 15
Capítulo 14 - Pare! pare pare pare pare PARE!




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[Nar. Elliot]

Bem, por mim eu sairia pela cidade gritando: ANNE, CADE VOCÊ? Mas as gêmeas decidiram para procurá-la sem chamar o mínimo de atenção. E que já bastava o que aconteceu mais cedo.

Trevor discretamente ficou com suas orelhas empinadas á todo o tempo, e se concentrou em seu olfato. Confesso que tive um tempo para zoar o Trevor dizendo que ele era o nosso cão de caça.

-É como se eu sentisse o cheiro da Anne por aqui, mas eu não...vejo ela. – Disse o Trevor frustrado.

-Anne, cadê você? – Ignorei totalmente o pedido das gêmeas para ‘’não chamar atenção’’, e gritei assim mesmo.

-Anne? – Disse uma mulher que aparentava ter uns 20 anos. – Minha patroa recebeu uma menina lá em casa, ela se chama Anne Hanson não é? Ela foi atacada por um vampiro psíquico, mas não se preocupe ela está bem.

-O que? Você conhece a Anne? – Perguntou a Amy.

-Ah, então é de você que vem o cheiro dela. – Disse o Trevor.

-Humpf, e você querendo ser discreta, as coisas do meu jeito são mais fáceis. – Eu disse.

-Eu vim até a feira de rua para buscar umas verduras para fazer sopa. Meu nome é Heidi, vamos até a casa da minha patroa.

-Espera...ela foi atacada por um vampiro psíquico? – Disse a Lily.

-Vampiros psíquicos? – Perguntei.

-Sim, são vampiros que sugam a energia vital. Com isso pode até sugar as lembranças...Anne não deve nos reconhecer no momento.

-Ah, ela já recuperou parte da memória, vamos. – Ela disse se virando.

Percebi que o Trevor ficou olhando para as coxas dela.

                -Para com isso seu pervertido. – Disse a Lily severa em voz baixa.

Subimos em um cavalo de duas cabeças.

                -Ah, não se preocupem, o caminho nem é tão longo.

                                                               * * * * * * *

Chegamos á uma mansão feita de pedra.

‘’ Pelo menos Anne estava em um bom lugar. ’’ – Pensei.

                Heidi abriu o portão da casa com uma chave prateada, e já foi anunciando:

                -Alice, estes são Elliot, Trevor, e as gêmeas Lily e Amy. São amigos da convidada.

Como ela sabia os nossos nomes?

 Ah, talvez Anne deve ter contado para a Alice, e Heidi escutou. – Pensei.

                -Ah, oi. – Disse uma menina, que pelo visto era a Alice.

                -Er...oi. – Eu cumprimentei, as gêmeas e o Trevor fizeram o mesmo.

Acho que eu não era o único a pensar que pensávamos que fosse uma mulher de uns 30 anos de idade, e nos deparamos com uma menininha que não deve passar dos 10.

                -A Anne está dormindo, querem chá?

                -Hum...não obrigado, acho que vamos ficar aqui e esperar. – Disse o Trevor por nós.

Alice saiu da sala, e percebi o quão as gêmeas estavam pálidas e rígidas.

                -Qual o problema? – Perguntei.

                - Essa menina é a mesma que conhecemos. – Disse a Amy para a sua irmã.

                -Como assim? – Eu perguntei.

                -Não sei se da tempo para explicar, mas isso não te lembra alguma coisa? Olha o cabelo da menina, é branco. Ela está usando um vestido branco, o sonho da Anne...’’uma menina jovem de branco...’’. – Disse a Lily.

                -Acho que temos o tempo suficiente para que vocês expliquem. – Disse o Trevor.

                -Nós...acho que nós conhecemos a reencarnação da Anne. – Disse a Amy. – O nome dela era Emily, e isso foi...á uns 102 anos atrás. Ela era amiga dessa menina, Alice.

                -Como assim ‘’era’’?

                -Aconteceu alguma coisa, alguma coisa...eu...eu não me lembro. – Disse a Lily.

                                                                              * * * * * * *

[Nar.Anne]

Acordei em uma cama de casal toda enfeitada em um quarto grande. O quarto parecia ser de princesa, exceto pelo fato de que...

Onde está a porta?

Não havia porta naquele quarto. Olhei para um enorme espelho que havia na frente da cama, ele não parecia ser um espelho comum...

Por instinto, sai da cama e fui ao espelho, coloquei as duas mãos nele, e...eu conseguia ver, conseguia ver um corredor longo, o que um corredor estava fazendo dentro do espelho?

Demorei uns instantes para descobrir (e perceber) que eu que estava dentro do espelho. E de longe...eu conseguia ouvir a voz da Lily, parecia ser meio assustada.

                -LILY, ESTOU AQUI! – Eu tentei gritar.

                                                                              * * * * * * *

[Nar.Elliot]

                Senti algo, parece que o Trevor também sentiu, ele se enrijeceu na hora.

Levantei da poltrona, e Alice entrou na sala com uma bandeja e quatro xícaras de chá.

                -O que aconteceu? – Perguntou Alice.

                -Nós vamos ver a Anne. – Eu disse com a voz firme.

                -Ela está dormindo. – Disse Alice. – Sentem-se e tomem chá comigo.

                -Ela não está dormindo, nós vamos ver a Anne

                -Você contou para eles? – Perguntou Alice para as gêmeas.

Elas fizeram que sim com a cabeça.

                -Acho que não somos mais amigas, não é Amy? Lily? As gêmeas que foram deixadas debaixo da árvore divina. – Alice deu um risinho de leve, a bandeja e as xícaras de chá, derrepente viraram um brilho prateado e sumiram com ele. – Vocês nunca tiveram curiosidade de saber o que aconteceu com os seus pais? Isso também serve para você, Elliot. – Me enrijeci ao ouvir meu nome.

Trevor estava praticamente espumando de raiva.

Mandei um olhar para ele de ‘’agora não.’’

                -O que foi? Vai dizer que nunca tiveram a curiosidade de saber por que seus olhos são de duas cores diferentes? – Disse Alice para as gêmeas, ela se sentou em um sofá.

                -Onde está a Anne?

                -Não quer dizer Emily? – Ela disse. – Sentem-se, e esperem o ritual se concluir. Ela já deve ter acordado.

                -Ritual? Que ritual?

                - Foi um grande erro, você terem vindo para Nightmare Land. Pois no exato momento em que pisaram nesse chão dessas terras, eu senti a chegada da Anne. Não poderia levá-la comigo, por causa do selamento que a maldita Emily fez em mim.

                 -Por que pegou a chave? – Ouvi o Trevor dizer.

                 -Uma chave tão poderosa como essa...Tem o poder de selar um mundo inteiro. Lily, Amy, por que não mostram para eles, o passado de que vocês se envergonham?

Ela fez um gesto como se estivesse pegando algo, em direção ás gêmeas. Reparei então que os olhos que costumavam ser castanhos, viraram amarelos como os da Alice.

                  -Humpf. Agora eu entendo. – Disse a Amy com uma voz sem emoção. – Por que trouxe de volta, essa Amy fria de que eu tanto me envergonho?

                   -Elliot, Trevor. – A Lily disse nossos nomes, igualmente sem emoção na voz. Como sua irmã. – Não queria que vocês estivessem presentes ao me ver...nesse estado.

Elas se viraram para nós, vi então as duas empregadas entrarem na sala.

Ambas empregadas se transformaram literalmente em duas estacas de metal de 1 metro, que voaram e pararam diretamente nas mãos da Amy e da Lily.

-Amy...Lily... – Disse o Trevor.

Estava atordoado demais para compreender o que estava acontecendo.

            -Devemos matá-los? – Disse a Lily se referindo á Alice.

            -O...o que estão dizendo? Lily? Amy? – Disse o Trevor praticamente gritando.

Elas permaneceram caladas. Como a sua expressão fria, que não dizia nada. Amor, raiva, tristeza...apenas um rosto que um dia já pertenceu ás minhas amigas.

               -Isso vai ser interessante. – Disse Alice.

                                                                  * * * * * * *

[Nar. Anne]

Consegui – finalmente – escutar a voz de alguém. Percebi que era do Elliot.

                Coloquei novamente as duas mãos no espelho:

                -ELLIOT! ESTOU AQUI! – Eu gritava. Por favor, que me escute.

                                                                              * * * * * * *

Percebi aquela sensação de novo. O que me distraiu por uns dois segundos, mas o suficiente para a Lily vir na minha direção e tentar me acertar com a sua estaca.

                 -Não perca a concentração. – Ela disse.

Era quase impossível recuar de seus movimentos. Eram rápidos demais. Eu agachava, corria, mas quando percebi, ela havia me acertado no calcanhar, um arranhão que sangrava pouco, mas a dor era tanta...

            -Ai... – Gemi de dor. O que tinha naquela estaca?

Seja o que for, precisava me defender.

Peguei o meu arco, e minha flecha.

            Olhei para os lados, Trevor parecia estar na mesma situação que eu, conseguia distinguir um corte na nuca e outro no cotovelo.

            E onde estava Alice?

            -Vá procurar pela Anne. – Disse o Trevor.

Em seguia, se transformou em uma raposa negra enorme.

Fiquei meio pasmo, por alguns segundos, e corri em direção á escadaria.

Aos pés da escada, escutei a voz:

            -Em cima. – Disse.

Olhei para cima rapidamente, e era a Lily. Não pensei duas vezes, e como poderia? Foi tudo rápido demais! Peguei meu arco e segurei-o um pouco á cima da cabeça, por causa do susto, fechei os olhos com força.

            Quando abri...

            -Li...Lily. – Eu disse vendo a imagem da minha amiga no chão, ensanguentada com a flecha atravessada na barriga.

            Senti uma ou duas lágrimas pesadas rolarem sobre minha face. Seus olhos estavam semi-abertos, e percebi que ela também estava chorando, e me olhava com aqueles olhos dourados e tristes.

            Engoli o medo e a tristeza e subi as escadarias.

                Continuei a procurar pela Anne, e a encontrei.

‘’Anne...?’’ Pensei olhando a menina de costas.

Corri até ela, feliz.

                -Anne! Que bom que eu te encontrei... – Ela se virou.

Ah, a ‘’Anne’’ não era a Anne, era a Alice.

Ela pegou a minha mão e a torceu, acho que nem tem como dizer ou definir a tamanha dor que eu senti, a única coisa que eu poderia fazer era gemer de dor.

                Dei um chute e saquei meu arco e flecha, mirando na cabeça dela. Alice então voltou a ser a ‘’Anne’’.

                -Eu só sou uma menina. – Ela disse imitando a voz da Anne.

Cheias de surpresa, não é Alice. – Pensei.

Mas não hesitei, sabia que era Alice. E atirei a flecha.

A flecha, não acertou Alice. Ao contrário, acertou um espelho que se quebrou em vários pedaços.

                -Uma ilusão...? – Falei comigo mesmo.

                -Elliot, Elliot aqui! – Escutava uma voz do fundo do corredor. Corri até a voz, mas não encontrava ninguém, a voz vinha de um outro espelho. Acho que nunca agradeci tanto na minha vida por ter orelhas de elfo, acho que um humano normal ou até mesmo o Trevor nunca conseguiria escutar.

Ah, que ódio.

              -Alice, pare de criar ilusões. – Eu disse para o espelho. Acho que eu estava tão doido a ponto de falar com um espelho.

Olhei para ele...

De alguma forma, eu sentia a Anne ali, como se fosse o calor da sua pele no espelho.

                Coloquei as minhas mãos nele para senti-lo. Quando eu o fiz, eu vi...de alguma forma, eu vi a Anne ali. Como se o espelho fosse vidro transparente.

                -Calma Anne, eu vou tirar você daí. – Eu disse, dando logo em seguida um murro no vidro.

Fracasso. O vidro é inquebrável ou o que?

                -Não Elliot, não o quebre. – Conseguia ouvi-la.

Sentei-me no chão á centímetros debaixo do espelho. Derrotado. Provável que eu tenha matado a Lily, o Trevor tenha perdido, a Anne presa em um espelho...

Coloquei minhas mãos no espelho de modo que ficassem juntas com as mãos da Anne.

-Prometi coisas que não deveria, pois eu não ás cumpri. – Eu disse. – Prometi que nada iria lhe acontecer. E que tudo ficaria bem.

E cada vez mais eu conseguia sentir as mãos dela, como se não houvesse vidro no meio de nós.E aconteceu uma coisa que eu não esperava: a Anne entrelaçou os dedos nas minhas mãos, pelo menos os dedos não estavam lá dentro. E eu a puxei para fora.


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