- Por que não fala de novo?

- Ma-ma. Mamã!

- Vamos Bells. Me dá a câmera. - a imagem tremulou e focou no sorriso de Bella pegando Damen no colo e beijando a bochecha gorda.

Desliguei a tv antes do novo vídeo começar. Eu só encarava o aparelho sem conseguir pensar direito. Eu queria que fosse possível minhas lágrimas cairem e meu coração bater. Eu queria voltar no tempo e pegar Damen do colo de Bella e pedir pra ele falar papai também. Queria voltar um pouco mais e quando Bella caísse no chão, soluçando e implorando, eu desistisse de tudo e a pegasse no colo, a consolando e dizendo que estava tudo bem. Queria que fosse eu no lugar de Gus, segurando-o colo e dando parabéns a Bella. Queria que...

- Acho que não esse não era o filme que alugamos. - a voz de Damen soou pela sala interrompendo meus pensamentos.

- Acho que não - sussurrei. Ele falou mais alguma coisa, mas não prestei atenção. Sussurrei com a voz fria, levantando e virando pra ele- Decidiu o que quer comer?

Damen arqueou a sobrancelha castanha e ficou me encarando.

- Se remoer não vai mudar o passado. - E ai estava o Damen adulto de novo! - Eu tenho provavelmente, no minimo, mais 70 anos pela frente. Nove não é grande coisa quando se pensa assim.

- Continua sendo importante. Decidiu o que quer comer?

- Pizza.

- Sua mãe não deixa de semana não é? Escolha outra coisa. - minha voz estava controlada, mas sem emoção.

- Frango Xadrez - murmurou ele voltando pro quarto, a porta foi batida com força. Suspirei e andei até a cozinha procurando na geladeira algum recado sobre o frango xadrez. Não havia nada. Peguei o celular e fiz o pedido.

Quando voltei pra sala Damen estava sentado no sofá zapeando os canais na televisão. Sentei do seu lado.

- Se quiser podemos assistir o filme enquanto...

- Não. Valeu.

- Mas, você parecia animado para...

- Perdi a vontade.

Ótimo. Além de arruinar minha noite, arruinei a de Damen. Ele não desviou o olhar da TV nenhuma vez enquanto respondia. A voz fria como a minha alguns minutos atrás. Suspirei.

- Eu sinto muito, sei que deveria me desculpar mais do que por essa noite. Mas, eu não queria sinceramente... Estragar sua noite. Eu só... Fiquei... Me senti culpado pela... Pelo tempo que eu perdi. Desculpe.

Damen parou de apertar o botão do controle e pareceu se concentrar em mim, mesmo continuando a olhar a pra televisão. Eu continuei.

- Eu não sei como agir ainda como pai. Então, na maioria das vezes eu vou ter que pedir pra você ter um pouco de paciência, por que... Por que eu não tenho jeito com isso. E eu sinto muito. Desculpe por ser tão sem emoção com você ainda agora pouco.

Damen pegou o lençol e se levantou do sofá se sentando no meu colo. Ele colocou no filme e apertou play. Eu sorri.

- E o senhor se desculpa demais.

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Eu estava sentado na poltrona do quarto de Damen. O ambiente estava escuro e o cheiro da minha criança pregnava o lugar que estava quente também por causa do aquecedor.

Damen ressonava tranquilo em sua cama, ele tinha o braço estendido para fora da cama e o lençol enrolado nas pernas, sem cubri-las realmente. Mesmo que eu tenha o embrulhado com o corbertor diversas vezes na madrugada, ele acabava se mexendo e o lençol descendo para suas pernas.

Bella havia ligado por volta das dez horas da noite, um pouco depois de Damen ter jantado, ter terminado de assistir o filme de um mamute, um tigre e o que parecia ser uma preguiça e caído no sono. Ela confirmou que só voltaria pela manhã por volta das nove horas.

- Você deve está cansada. Vou buscá-la amanhã, não é bom dirigir sonolenta. - falei sério e pude escutar Bella bufando.

- Não se preocupe com isso. Eu estou acostumada. - o fato dela estar acostumada me desagradou mais ainda e ela percebeu, completando um pouco depois - Se eu me sentir cansada o bastante ou qualquer coisa assim, eu lhe ligo, está bem?

- Você não ligará, Bella. - murmurei. Ela riu do outro lado.

- Eu prometo e além do mais, você não pode deixar Damen sozinho.

- Eu não o deixaria sozinho. - por quê diabos o deixaria? Bella pareceu um pouco confusa.

- Hum... Claro que não. Quer saber? Tenho que desligar. Amanhã eu falo com você. - e desligou, isso não ajudou a diminuir a preocupação e eu sabia que as 9 da manhã eu estaria na porta do jornal sem falta.

Por isso, não demorei para ligar para Alice pedindo para ela aparecer cedo aqui. Ela iria conosco buscar o carro de Bella e dirigiria o carro da mesma de volta, nos seguindo, enquanto Damen e Bella iriam no meu carro.

Damen não demorou muito para acordar, caindo da cama, literalmente, consegui o pegar antes que ele tocasse o chão trazendo-o para meu colo. Ele abriu os olhos assustado e suspirou sonolento se encostando em mim.

- Bom dia. - murmurei sorrindo.

- ...Dia - balbuciou ele coçando os olhos e olhando pra mim - Horas?

- São oito da manhã.

Damen gemeu e fechou os olhos.

- Odeio acordar cedo, não vou consegui mais dormir. - Edward arqueou a sobrancelha. Cedo?! O que estava acontecendo com essas crianças?

- Que tal você lavar esse rosto e escovar os dentes enquanto eu faço o café da manhã? - perguntei sentando-o no meu joelho e segurando pra ele não virar pra frente por causa da sonolência. Ele se forçou pra trás deitando novamente e balbuciou uma negativa. - Você mesmo disse que não vai mais consegui dormir.

Ele não respondeu e continuou com os olhos fechados e uma careta como se estivesse se obrigando a dormir de novo. Esperei.

Cinco minutos contados e Damen sentou na minha perna bufando. - Não consigo dormir de novo! - falou ele frustrado. Ele suspirou e olhou pra mim - Que café da manhã?

- O que quer? - perguntei me dando conta que eu não tinha idéia do que Damen gostava ou não.

- Qualquer coisa? - ele perguntou sorrindo. Eu assenti revirando os olhos com sua animação. Ele colocou um dedo no queixo e olhou pra cima, parecendo pensar e sorriu quando pareceu chegar a uma conclusão - Panquecas, bacon, ovos, torrada com geléia de uva e achocolatado.

Arquei a sobrancelha e abri a boca impressionado. Ele continuava a olhar pra mim ansioso e esperançoso pela resposta.

- Você quer tudo isso? Pro café da manhã? - Damen balançou a cabeça e eu tive que colocar a mão na cabeça dele para fazê-lo parar - E você vai comer tudo?

- Vou. Eu juro - e ele me mostrou as mãos para me ver como ele não estava cruzando nenhum dedo.

Coloquei as panquecas em cima da mesa, peguei as torradas quando elas pularam da torradeiras jogando-as em um prato do lado da geléia de uva e virei os ovos na frigideira, largando-a em seguida e colocando os bacon no ponto em uma tigela. Coloquei o leite e o achocolatado em pó em um copo e o mexi com uma mão, enquanto com a outra virava os ovos novamente.

Escutei a porta da frente abrindo e fechando e Alice se sentando na ilha. Eu a olhei enquanto colocava desligava o fogo colocando os ovos junto com o bacon e colocava o achocolatado mexido em cima da mesa.

- Você vai comer também irmãozinho? - eu fiz uma careta pra ela, enquanto lavava as mãos por causa do oleo que pingou nelas. Ignorei a pergunta.

- Damen disse que queria... Isso.- murmurei dando de ombros - Não vi porque não fazer.

Alice gargalhou.

- Talvez para não acabar com a comida que Bella armazenou para um mês em um dia, nem para matar o garoto com uma dor de barriga. - franzi o cenho e olhei para toda aquela comida.

Alice tinha razão, mas antes que eu pudesse tomar alguma providência Damen veio correndo e parou na mesa, voltando um pouco e dando um beijo na Alice e dando bom dia pra ela, mas sem tirar os olhos da mesa.

- Isso está cheirando maravilhosamente bem! - ele fechou os olhos - Não conte pra mamãe, mas eu acho que prefiro sua comida, pai.

Eu sorri orgulhoso pelo elogio e Alice revirou os olhos, pensando "Bobão". Damen encheu um prato com um pouco de tudo e engoliu fechando os olhos e sorrindo.

- Isso está maravilhoso! - ele olhou para Alice e depois pra mim - Por que vocês não comem mesmo?

Eu e Alice fizemos uma careta ao mesmo tempo e Damen deu de ombros se concentrando novamente na comida.

- Coma devagar, querido - murmurou Alice sem desviar os olhos de uma revista que eu não sabia de onde ela tinha tirado. Damen assentiu e diminuiu o ritmo.

A campainha tocou e Alice sorriu tendo uma visão rápida que ela não me deixou ver. Eu olhei para Damen curioso e ele revirou os olhos e levantou da cadeira com um sorriso e correu até a porta a abrindo.

- Menino Swan. - falou um homem com a voz nervosa - Onde está Bella?

- Está dormindo ainda - mentiu Damen em alto e bom som - Pode me dar o jornal.

- Um adulto tem que assinar, menino - resmungou ele. "Eu tenho que repetir isso toda vez pra esse moleque!"

- Como quiser... - sussurrou Damen, gritando logo em seguida - PAI!

Alice riu de novo e eu dei de ombros indo para a porta, Damen a segurava e olhava com um sorriso maldoso para um homem que tremeu quando eu apareci na porta. "Puta merda! A gostosa da Swan já tá pegando alguém! E a peste do filho dela gosta do mané!" Eu estretei os olhos para o cara de uns quarenta anos, pegando a prancheta e assinando rápido jogando-a de volta pra ele e tirando o jornal de suas mãos.

- É só isso senhor... - ele olhou na prancheta - Edward Cullen. Tenha um bom... - e Damen fechou a porta na cara do homem.

- Ops - murmurou ele voltando pra mesa do café.

- O que foi aquilo? - perguntei jogando o jornal em cima da bancada da cozinha.

- Ele dá em cima da mamãe - murmurou Damen com a boca cheia, eu olhei para ele repreendendo-o - Desculpe. - ele engoliu e continuou.

Eu abri o jornal e dei uma olhada. - Bella trabalha no jornal não é? - Damen assentiu.

- Página 15 a 18. - murmurou ele simplesmente.

Havia ali boas críticas sobre shows, livros e filmes. Resposta a cartas enviada por leitores e no final de cada um escrito "Bella Swan". Eu li tudo, orgulhoso dela. Tudo tinha uma pitada de bom humor, elogios e advertências sinceras.

- É a única parte do jornal que o povo ler. - comentou Damen com um sorriso no rosto - Não acontece quase nada nesse fim de mundo, mesmo. É uma merda que aquele gordo não reconheça isso.

- O chefe dela? - perguntou Alice. Damen assentiu e olhou pra mim com uma careta.

- Eu tenho que comer tudo mesmo? - eu olhei para mesa, vendo que ele só tinha beliscado um pouco de cada. Eu revirei os olhos.

- Vá pegar um casaco, vamos buscar sua mãe. - Damen assentiu e correu para o quarto.

- Eu disse que ele não ia comer tudo. - implicou Alice. Eu revirei os olhos. - Eu estava pensando que poderíamos fazer uma festa de natal, já que temos Damen e Bella conosco esse ano - começou Alice enquanto eu guardava as coisas na geladeira - Mas, eu não consigo ver nada concreto por causa de Damen. Então, seria de um grande favor você convidar os dois.

Eu assenti. Seria ótimo ter todos que eu amo reunidos pra comemorar o natal. Eu com certeza iria levantar o assunto com Bella.

- Tem que comprar presentes também não é? - continuou Alice. - E uma grande árvore de natal, poderíamos enfeitá-la com aquelas milhares de luzes que você trouxe pra casa outro dia.

- Pensei que vocês não comemorassem o natal. - falou Damen sentando o lado de Alice.

- Queriamos passar o natal com vocês, mas eu vou falar com sua mãe sobre isso ainda - olhei no relógio - Por falar nisso é melhor irmos.

Antes de eu parar o carro, Damen já tinha descido e corrido para abraçar Bella. Ela sorriu um pouco surpresa. "O sorriso dele é igual ao seu" , pensou Alice saindo do carro para cumprimentar Bella.

- Eu disse que ligaria se fosse preciso - reclamou Bella pra mim quando entrou no carro.

- E eu disse que você não ligaria - rebati. Bella estava forçando os olhos a ficarem abertos.

- Papai disse que é perigoso a senhora dirigir com sono - falou Damen - E eu acordei cedo hoje. Nós assistimos filme ontem e eu jantei frango xadrez. O papai fez um café da manhã gigante pra mim e nós pegamos o jornal.

Bella sorriu um pouco com a animação dele e desistiu, fechando os olhos, enquanto Damen jogava videogame atrás.

Bella estava desmaiada quando eu estacionei o carro. Ela respirava profundamente e nem os barulhos de tiro do jogo de Damen a acordou.

- Abra a porta - eu murmurei pra ele enquanto pegava Bella e a bolsa dela no colo. Damen correu abrindo a porta da casa e do quarto dela. Eu a coloquei na cama e tirei seus sapatos.

Damen ligou o aquecedor e fechou as cortinas, deixando o quarto escuro e quente. Eu o peguei no colo e o levei pra sala.

Alice estava sentada no sofá e olhou pra mim quando eu me joguei do seu lado.

- Vai precisar de mais alguma coisa?

- Não - eu beijei os cabelos pretos dela - Obrigado.

Ela sorriu pra mim e beijou minha bochecha e a de Damen. - Qualquer coisa pode me ligar.

E ela saiu saltitando. Damen riu.

- Eu gosto dela. Que tal uma partida de video game?

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O quarto estava quente. Bem quente. Eu podia sentir o suor escorrendo pela minha testa, pescoço e costas. Eu abri os olhos e encontrei a escuridão. Suspirei rolando na cama e olhei o relógio na cabeceira. 18:17.

Peguei minha toalha, me despi e entrei na ducha. A casa parecia bem silenciosa. Eu não conseguia escutar o barulho da tv ligada. Me perguntei se Edward tinha saído com Damen, eu não gostava dessa idéia. Não que eu não confiasse em Edward, mas eu não gostaria se ele começasse a sair com Damen para todo canto sem minha permissão.

Passei a toalha pelo corpo me sentindo culpada, Edward nunca faria isso. Ele cuidou de Damen a noite e o dia todo. Seria egoísmo da minha parte não querer que ele se divertisse com o filho. Balancei minha cabeça. Ainda estava cansada e não estava raciocinando muito bem.

Me vesti e fui pra sala. Eu podia escutar os sussurros agora, eles estavam na cozinha. Damen gargalhou e Edward riu baixinho. O último estava cozinhando alguma coisa e nosso filho estava sentado na bancada da cozinha observando-o. Eles olharam pra mim quando eu entrei e me sentei ao lado de Damen e o trouxe para o meu colo enchendo-o de beijo. Ele resmungou alguma coisa e Edward sorriu.

- O que está fazendo?

- O jantar. Sobrou muita coisa do café da manhã - falou Edward olhando pra Damen que se encolheu. - então eu só estou esquentando tudo.

- Onde está Alice? - balancei minha cabeça procurando-a.

- Já foi. - respondeu Edward.

- Eu nem tive chance de agradecer - murmurei - Você não precisava incomodá-la.

Edward deu de ombros e eu olhei para baixo vendo que Damen estava me encarando concentrado.

- O quê?

- Vai trabalhar amanhã de novo? - perguntou baixinho. Edward olhou pra mim esperando resposta.

- Não. Só dia 26 agora. - Damen sorriu mostrando todos seus dentes e ficou de pé na bancada.

- Sério?! De verdade?! - eu ri da sua empolgação e o puxei pra sentar de novo.

- O natal é nesse fim de semana, querido. - Damen ficou sério e contou nos dedos os dias.

- Eu pensei que era só na próxima semana. - murmurou ele.

- Seu sanduíche e seu achocolatado - disse Edward colocando um copo cheio cheio e um prato com dois sanduiches. Damen pegou os dois e correu pra sala. Eu peguei seu braço.

- Como é que se diz?

- Obrigado pai, - ele tirou minha mão do seu braço e correu pra sala com o jantar.

Eu olhei para Edward.

- Obrigada também, de verdade. Eu não sei como faria isso sem você, eu nunca trabalhei tanto na minha vida.

Edward continuou a me encarar, depois ele pegou a louça suja e colocou na pia.

- Você cuidou de Damen por nove anos, sozinha. Eu que deveria agradecer por poder ficar com ele dois dias. Não agradeça.

A voz dele era baixa e urgente. Eu conhecia aquilo. Ele estava se culpando novamente. Eu levantei e peguei sua mão, ele parou de mexer na pia e se virou pra mim. Eu encostei minha cabeça em seu peito e fechei os olhos.

- Não faça isso. Não se culpe, é a única coisa que eu peço...

- E é a única coisa que eu não posso fazer. Tudo isso é culpa minha. Se eu tivesse continuado do seu lado você não precisaria trabalhar tanto, nem aguentar chefes gordos e idiotas, nem passar dias sem dormir.

- Damen fala muito - murmurei - Eu gosto disso.

Ele bufou e eu pude perceber que ele estava impaciente.

- Me escute, por favor. Essa é a minha vida. Eu gosto de trabalhar até tarde, de conseguir o meu dinheiro, de ajeitar minha vida e a de Damen com ele. Eu gosto do jornal e de escrever críticas e histórias. Você não me deixou sozinha, você me deu Damen.

Edward ficou calado por um tempo e por esse tempo eu pensei que tinha conseguido atingir algum ponto e convencê-lo, mas ele era tão teimoso quanto o filho.

- Eu não vou discutir isso com você, não vai dar em nada, eu sou culpado e eu sei disso.

- Foi pensando assim que você foi embora da primeira vez. Enquanto você continuar se sentindo culpado e tudo mais não vai dar certo. - Edward ficou tenso.

- Eu não vou embora de novo. - eu me separei dele bufando.

- Mas vai estragar tudo de novo! Vai se machucar, machucar a mim e a Damen! - eu percebi que estava gritando, mas era tarde demais - Eu não preciso de você martirizado. E Damen não quer um pai que se sinta culpado pro resto da vida dele, ele não quer um pai que fique lembrando-o como ele perdeu nove anos da vida do filho. Porque você não perdeu! Olhe pra Damen. Os nove anos dele estão lá, o tornou esse menino de hoje - ele olhava pra mim como sério, e não tinha nada pra falar, pela primeira vez - Se você não parar com essa besteira de ficar se culpando você vai perder mais do que nove anos da vida do seu filho.

Edward olhava pra mim levemente chocado, levemente culpado. Ele fechou os olhos e virou o rosto.

- Eu estou fazendo de novo. Tudo de novo. Estou lhe machucando e machucando Damen.

Eu bufei e pela primeira vez eu me surpreendi por ter vontade de socar Edward forte o suficiente para fazer ele calar a boca.

- Não percebe que toda vez que você se sente culpado você acaba fazendo merda! Você quer se culpar por todo tipo de porra! Tudo não gira ao redor de você, era assim que era pra acontecer e aconteceu! Foi tudo muito difícil, eu me arrependo de algumas coisas também, mas se culpar é inútil!

Eu o encarei sem ar. Edward devolveu o olhar com compreensão como se estivesse disposto a mudar. Ele ia falar alguma coisa, mas um sussurro nos tirou a atenção.

- Não briguem. - Damen estava com estava apenas com a cabeça na porta da cozinha e o resto do corpo atrás da parede.

Eu suspirei fundo e olhei para Edward, ele conseguiu ver a pergunta implícita no meu olhar e assentiu passando o braço por minha cintura.

- Estavamos só conversando - murmurou ele - Estamos bem.

Damen baixou a cabeça e olhou para os próprios pés, enquanto os mexia em circulos.

- Vocês estavam gritando e a mamãe falou palavrão. Isso não é conversa. - o sussurro foi tão baixo que eu pensei não ter ouvido.

Eu suspirei novamente e Edward o pegou no colo trazendo para perto de mim.

- Sua mãe está cansada e eu também. - explicou Edward com um sorriso - Não se preocupe, tá? - Damen assentiu e Edward lhe beijou a bochecha - Por que não liga o video game enquanto eu termino de arrumar as coisas na cozinha?

Damen olhou mais uma vez pra mim e para Edward e assentiu pulando para o chão e indo pra sala. Edward deslizou o braço da minha cintura, puxando-o de volta e colocou as mãos no meu rosto, puxando-o de encontro ao seu.

Seus lábios encontraram os meus, mas não houve língua ou sensualidade. Eu fechei os olhos e enquanto ele beijava meu pescoço, ele sugou o lóbulo da minha orelha e sussurrou.

- Eu não estou fazendo de novo. Desta vez é diferente. Eu não vou errar novamente, querida. Eu cuidarei de você e de Damen, eu estarei com vocês todo o tempo, até mesmo depois de você enjoar de mim. Eu limparei a casa, colocarei Damen pra dormir, velarei o sono de ambos, trabalharei e conseguirei meu próprio dinheiro e com ele vou dar tudo o que você e nosso filho merecem. Eu prometo com minha vida.

E então, ele me beijou novamente, apertou minha cintura e foi para a sala jogar videogame com Damen, me deixando com a boca aberta e os olhos arregalados. Eu gargalhei com a felicidade que sua promessa me trouxe e o segui me sentando ao seu lado, eu o abracei e encostei meu lábios nos seus, meus olhos se estreitaram involuntariamente.

- Espero que tudo isso não tenha sido apenas para fugir da pilha de louça suja na pia.

Edward gargalhou e me puxou para seu colo, seus braços rodearam minha cintura e ele segurou o controle do videogame na frente da minha barriga, apertando os botões com uma agilidade incrível.