Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 25
Três Pequenas Palavras


Notas iniciais do capítulo

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POV. Edward

Ela me olhava profundamente. Sua expressão era uma mistura de pavor e carinho, se é que era possível misturar esses dois sentimentos. Estávamos um de frente pro outro, Isabella, encostada na prateleira e meus braços a sua volta como se estivesse a prendendo ali. Foram as três palavras mais difíceis de pronunciar em toda a minha vida, mas eu esperava uma reação um pouco mais rápida dela. O tempo passava, e pra mim era como se já estivéssemos ali parados há horas.

De repente, Isabella levou suas mãos ao meu rosto segurando-o e depois me beijou. Foi bom, mas não era bem a resposta que eu esperava.

– Isabella... – comecei, mas ela me interrompeu.

– Olha Edward, eu não quero que você sinta mal, mas o que você disse... Eu... – engasgou.

– Você não sente o mesmo? Não é? – senti um arrepio e uma timidez repentina tomou conta de mim.

– Não é isso, é que... – ela bufou – Você não acha que é cedo demais pra afirmar algo tão sério? Hoje em dia é tão fácil dizer isso... Quer dizer, temos dezessete anos, você nem sabe direito o que comeu no café da manhã... – ela riu um pouco.

– Tenho quase dezoito. Comi ovos mexidos e bebi suco de laranja... – comecei a falar, nervoso.

– Edward, Edward, pare! – ela quase gritou – Você me entendeu.

– Não, eu não entendi, e é isso que está me deixando louco. Eu não te entendo. – disparei, virando de costas pra ela – É a primeira vez que sinto algo assim, e...

– Viu só? – ela me interrompeu – Esse é o ponto Edward, como pode ter certeza de algo que nunca sentiu antes?

– Você não sabe o que eu sinto... – murmurei.

– Tenho certeza que sinto algo por você, isso é óbvio, e é algo forte, mas não quero que palavras tão sérias possam ser ditas em vão... E eu não estou dizendo que você disse aquilo em vão, nem que eu diria, eu só quero dizer que, cada um tem seu momento, o meu ainda não chegou, você goste ou não. – ela disse decidida e saiu da biblioteca, levando “Para Todo O Sempre” com ela.


“Porque eu sou uma confusão e você sabe que eu não posso evitar

Ninguém nunca apareceu em todo este tempo

Matando o tempo um pouco mais rápido

E eu juro que faremos isto.

Mas não posso te dizer o que eu não sei

As coisas simples, elas vão fazer o meu coração...

Mas não posso te dizer o que eu não sei

Você terá que esperar.”

(Mayday Parade – Take This To Heart)

POV. Bella

Bati a porta e respirei o mais profundo que pude. O número de pessoas havia dobrado na sala, a música parecia mais alta e torturante do que antes, ou talvez fosse só a minha cabeça que agora latejava. Tentei me esgueirar pela multidão de jovens suados, mas era como se eu estivesse nadando pela corrente, então decidi desistir e me joguei no sofá, ocupado por um casal que se beijava freneticamente.

– Ei, vão procurar um motel! – gritei o mais alto que pude, mas eles não se mexeram.

– Bella? – Alice se abaixara pra falar ao meu ouvido – Algum problema? Por que está sentada aqui segurando um... livro? – fez uma careta - Vamos dançar... – ela segurou minha mão fazendo-me levantar.

– Alice! Não Alice, eu não quero dançar... – gritei, mas ela continuava a me levar pela multidão que, incrivelmente abria espaço pra ela.

Alice me levou até o canto da sala, perto da porta onde Jasper estava encostado e começou a dançar com ele. Olhei pra porta ao meu lado e senti um alívio, eu estava livre.

– Vou lá pra fora... – apontei pra porta e ela afirmou com a cabeça.

Ao pisar no jardim, respirei fundo e cocei os olhos que ainda estavam confusos por causa do jogo de luzes. Joguei-me no chão, sentindo uma sensação boa pelo contato de minhas costas com a grama e levantei o “Para Todo O Sempre” no alto, esticando os braços.

– Cansou de festejar garota? – a voz de tia Abgail disse bem perto de mim e ao girar a cabeça para o lado direito encontrei seus pés.

– Tia Abgail! – gritei ao me apoiar nos cotovelos.

Ela estava sentada em um dos bancos do jardim e fumava calmamente enquanto me olhava bem humorada.

– É, eu acho que sim... – disse rindo.

– A senhora fuma? – perguntei levantando as sobrancelhas involuntariamente.

– Só quando preciso relaxar. – ela observou o cigarro por um momento e voltou a colocá-lo na boca.

– A senhora não está brava por... Isso... – apontei para o interior da casa – Não é mesmo?

– E por que eu ficaria? – perguntou – Só não me chamem se encontrarem alguém desmaiado no banheiro, e eu não vou segurar os cabelos de alguma garota quando ela for vomitar, acredite, sempre espirra nas suas pernas... – eu ri um pouco.

– Não existe ninguém igual à senhora... – falei me deitando outra vez.

– Onde está Edward? – ela perguntou.

– Na biblioteca, eu acho... – murmurei.

– E você estava com ele, não é mesmo? – ela apontou pro livro em minhas mãos.

– É, eu estava. – afirmei enquanto abria e fechava o livro.

Uma buzina soou de repente. Era como se ela já estivesse sendo soada antes, mas foi abafada pelo barulho da música. Olhei pra tia Abgail que deu de ombros e estendi o livro pra que ela segurasse, levantei-me temendo que fosse algum vizinho vindo reclamar do barulho, não que eu me importasse, mas seja quem for poderia contar para Carlisle e Esme, e essa era a última coisa que poderia acontecer.

Abri o portão e coloquei a cabeça pra fora. Não podia enxergar nada então saí olhando para o lado direito da calçada, nada. Esquerdo... Lá estava Riley, sentado em sua moto enorme e sorrindo pra mim enquanto buzinava mais uma vez.

– Riley, o que faz aqui? – perguntei chegando mais perto dele.

– Vim te ver. – ele disse descaradamente.

– Não acho que foi convidado pra festa. – falei mudando o rumo da conversa.

– Não. Mas, idaí? Quem liga pra uma festa idiota? – ele riu – E então, se divertindo?

– Não muito... Mas isso não é problema seu. – falei séria.

Riley parecia ser legal, mas estava na cara que queria algo a mais comigo e era incrível como toda vez que olhava pra ele, a figura de Edward aparecia em minha cabeça.

– Tenho certeza que você vai se divertir, e sabe por quê? – ele piscou, me entregando um capacete – Vou te levar pra um passeio.

– Ah claro... – falei ironicamente – Olha, você ta achando que eu saio por aí montando na garupa de qualquer um?

– Não mesmo, mas eu não sou qualquer um... – ele sorriu – Vamos Bella! Não é você a “rebelde sem causa”?

– Eu? Quem foi que te disse isso? – perguntei realmente interessada na resposta.

– Tanya. – ele respondeu rapidamente – Aliás, fui eu quem deu um convite pra ela... Ela disse que agora vocês são amigas.

– Riley! Isso é jogo sujo... Você fez de propósito. – o empurrei com força.

– Bella! Bella! – a voz de Tanya ultrapassou o som alto de Emmett.

– Oh droga! – murmurei.

– É só escolher, você pode montar aqui e sair pra dar uma volta comigo ou... Falar sobre a nova cor de esmalte dela. – apontou pro lado, Tanya continuava me chamando no jardim.

Eu precisava mesmo de ar e andar de moto com Riley não me parecia algo tão ruim, até porque aquela moto era enorme e me lembrava a que Jacob tinha em Forks, mas essa era bem mais nova. Riley olhou para o relógio de pulso enquanto me oferecia o capacete mais uma vez, depois de xingar baixinho, ao avistar Edward em minha mente, agarrei-o e montei na moto fazendo o possível pra manter alguns dedos de distância de Riley.

– Se você me abraçar, vai se sentir mais segura. – ele disse, o som abafado pelo capacete que acabara de colocar.

– Vai sonhando... – falei e ele riu.


Estou procurando um lugar, estou procurando um rosto

Há alguém aqui que eu conheça?

Porque nada está dando certo, tudo está uma bagunça

E ninguém gosta de ficar sozinho.

Há alguém tentando me encontrar? Alguém virá me levar para casa?”

(Avril Lavigne – I’m With You)

POV. Edward

Eu tentava ligar os pontos e ver a situação da melhor maneira possível há mais ou menos uma meia hora, mas me parecia impossível. Isabella parecia tão indecisa sobre nós e eu me sentia tão seguro. Em um ponto ela estava certa, somos jovens e mudamos nosso pensamento, mas qual o problema de tentar fazer algo dar certo quando está indo tão bem? Qual o problema em dizer “eu te amo”?

O cheiro dos livros pela primeira vez na vida começou a incomodar e assim que abri a porta da biblioteca o som ensurdecedor invadiu minha mente me fazendo pensar em outras coisas. O monte de pessoas que poderiam estar fazendo coisas inapropriadas na minha própria casa, e eu não estava fazendo nada pra impedir.

Tentei localizar alguém que eu conhecesse e Alice logo apareceu em meu campo de visão, perto da porta da sala. Ela dançava com Jasper e tive medo que estivesse bêbada, até porque eu não tinha idéia dos tipos de bebida que Emmett havia comprado pra festa, mas refrigerantes e o som alto com certeza não seriam suficientes pra fazer com que esse monte de jovens permanecerem aqui até agora.

Esbarrei em algumas pessoas até chegar aos dois e assim que me viram pararam de dançar. Era incrível o modo como Alice me olhou, pensei ser Carlisle naquele momento, indignado com tudo, preocupado com o tipo de bebidas, bravo pelo modo que a filha estava dançando...

– Onde esteve Ed? – ela perguntou, sua voz parecia um pouco diferente.

– Você não bebeu nada não é mesmo Alice? – perguntei cruzando os braços.

– Eu... Oh Ed, não haja como a mamãe! – ela disse – Apenas experimentei uma bebida, e mais nada.

– Mais que coisa! Eu sabia que Emmett não tinha juízo, mas dar bebida pra própria irmã menor de idade é demais! – gritei.

– Edward, a maioria das pessoas dessa festa é menor de idade. – disse Jasper como se fosse óbvio – Relaxe. Alice sabe o que faz e pelo que eu me lembre você não está envolvido na festa, foi Emmett quem fez tudo...

– E eu permiti. Se arrependimento matasse! – bufei.

– Não seja bobo Ed. – Alice sorriu e me abraçou de lado – Daqui a pouco, tudo isso acaba. Vamos mudar de assunto. Você viu Bella por aí? Ela está sumida, acho que está se escondendo de Tanya.

– Tanya? – perguntei tentando não pensar em Isabella – O que ela faz aqui? Emmett disse que não a convidara...

– É, eu não sei como ela entrou. – Alice suspirou – Aliás, ela está usando uma blusa rosa tão brega, pior do que dizer “eu amo você” em começo de namoro! – Alice riu.

– O que? – engasguei – Qual o problema com isso?

– É um rosa meio desbotado, que não valorizou a...

– Não, não, não Alice! – gritei, Emmett parecia ter aumentado o volume – Sobre dizer “eu amo você” no começo de um namoro? O que tem de tão ruim nisso?

– Bom, isso foi só uma maneira de dizer, mas se você quer mesmo saber, eu acho que dizer isso faz com que a pessoa pensa que as palavras foram ditas da boca pra fora. – ela disse no meu ouvido – Por que Edward?

– Só curiosidade. – falei alto.

Isso fora parecido com o que Isabella havia dito não quero que palavras tão sérias possam ser ditas em vão...” É, talvez eu tivesse exagerando, afinal, qual era o problema em esperar que ela estivesse segura do que estava dizendo? Isabella parecia impulsiva, mas dessa vez quem estava sendo impulsivo era eu.

– Vou procurar Isabella... – gritei pra Alice e ela acenou com a cabeça.

– Ela foi lá pra fora da última vez que a vi. – disse antes de se virar pra Jasper outra vez.

“Isabella, eu exagerei, me perdoe, eu posso esperar o seu momento de dizer...” Eu tentava ensaiar meu “discurso” quando avistei tia Abgail sentada no banco do jardim, ela tinha um cigarro na boca, um livro no colo e uma expressão relaxada. Eu não sabia que tia Abgail fumava, mas o que me chamou a atenção foi que o livro em sua mão era o “Para Todo O Sempre”.

– Tia? – a chamei antes de me aproximar – Olha, eu não sei o que a senhora está pensando, mas quero que saiba que eu não tive nada a ver com essa balburdia, fui quase persuadido a aceitar isso tudo, mas não organizei nada, eu não... – ela balançou as mãos me interrompendo.

– Garoto, qual é o seu problema? Por que não está lá dentro se divertindo com a sua namorada ao invés de ficar se justificando pelas coisas que seu irmão faz? Parece um velho... – ela me olhava, seus olhos vermelhos por causa da fumaça do cigarro.

Era a segunda vez que alguém me comparava a alguém mais velho do que eu era, além de mim mesmo.

– É que a senhora é a responsável no local, e...

– Eu a responsável? – ela riu – Nem cuido da minha própria vida direito Edward.

– Não sei onde Isabella está... – falei olhando para o livro em suas mãos – A senhora a viu?

– Ela deve estar ali fora conversando com alguém, estavam buzinando, mas não voltou ainda. – ela disse me entregando o livro.

– Tudo bem eu vou procurá-la. – segui para o portão com o livro nas mãos.

Será que alguém viera reclamar da bagunça e Isabella estava arrumando uma briga? Era bem a cara dela.


POV. Bella

Riley havia dado algumas voltas por perto da casa dos Cullen e eu estava impressionada, ele estava tentando ser gentil, me fizera rir e mais nada de graçinhas. Talvez eu tivesse o subestimado. Estávamos chegando a casa, eu podia ouvir o barulho da música alta. Assim que Riley parou a moto, desci rapidamente, lhe entregando o capacete.

– E então, o que achou? – ele perguntou sorrindo, após tirar o capacete também.

– Você vai muito devagar, conhece uma coisa chamada “adrenalina”? Acho que não... – sorri pra ele.

– Oh então o carro do Ed panaca corre mais rápido do que a minha amiguinha aqui? – perguntou dando umas palmadas na moto, e me fazendo lembrar Edward.

– Ele não gosta muito de velocidade. – falei sem emoção.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa Riley me puxou pela cintura com força e depositou seus lábios macios nos meus. Senti repulsão por ele, mesmo sendo bonito era um completo idiota. O modo como me segurava fazia com que eu não conseguisse me soltar, não por falta de tentativa, eu estava fazendo o possível dando socos em seu peito.

Ele me soltou de uma vez e sorriu pra mim, no mesmo momento o som de algo caindo me distraiu. Virei pra trás, mas não havia ninguém. Riley ainda sorria e depois de colocar toda a força que eu tinha no punho direito, dei um soco em sua bochecha. Ele levou a mão ao rosto, o sorriso continuava brincando em seus lábios e de repente a música alta parou.

– Saia daqui se idiota! – gritei indo em direção ao portão.

Ele não respondeu, mas eu ouvi o barulho da moto roncando atrás de mim. Eu sentia vontade de cuspir, precisava de água, o cheiro dele impregnava minha blusa. Edward. Lá estava o rosto dele na minha cabeça, me fazendo sentir culpada, não era pra menos, eu não deveria ter saído de moto com Riley, mas só agora a droga do meu cérebro resolvera funcionar.

Respirei fundo antes de entrar pelo portão, mas tropecei em algo caído no chão. Merda, hoje literalmente não era o meu dia. Abaixei-me pra pegar o “Para Todo O Sempre” jogado, algumas folhas se mexiam com o vento, mas o que aquele livro estava fazendo ali?


POV. Edward

"Eu estive esperando a minha vida toda

Por alguém como você para vir mexer com minha mente.

Alguém louco, Alguém que vai me amar da forma como eu te amei.

Três pequenas palavras, isso é tudo que eu tenho.

Três pequenas palavras, você goste ou não.

Me diga que você percebeu, me diga que você ouviu

Por você eu teria corrido para onde a Terra termina

Eu não pude te manter, mas vou manter minha palavra

É a dor mais bonita do mundo, e eu amo como dói."

(Scouting For Girls - Love How It Hurts)


– Vocês não me ouviram? – gritei e as pessoas na sala pararam de dançar – A droga da festa acabou! – eu havia desligado o som.

Depois do que eu acabara de ver não consegui pensar em mais nada, só precisava falar com Emmett. Meu coração pulava e eu tinha vontade de chorar, mas me segurei, não era hora pra aquilo e eu não queria parecer menos homem do que já pensavam que eu era.

– Emmett, vem comigo. – gritei pra ele que se assustou.

– O que há de errado com você Edward...? – ele me seguia pela escada – Você estragou tudo, e as bebidas...

– Quieto, só me siga. – falei o interrompendo.

Assim que entramos em meu quarto, tranquei a porta atrás de Emmett, meu coração acelerava e eu estava respirando com dificuldade.

– Edward, diga logo, você ta me assustando cara...

– Me mude. – falei afobado, agora eu andava de um lado pro outro.

– Você bebeu? – ele perguntou segurando em meus ombros, me fazendo parar.

– Não, e esse é o problema. Eu sou um idiota. Preocupando-me com os outros, o que importa? – gritei pra ele – Se lembra daquelas aulas que você queria me dar antes? – ele balançou a cabeça – Vamos retomá-las, e dessa vez, eu não vou desistir até ficar completamente diferente. E então, vai me ajudar ou não?


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Notas finais do capítulo

'Collide': http://www.fanfiction.com.br/historia/160513/Collide