– E... Ela é gostosa? - Perguntou Dean, olhando para Bobby que o repreendeu com o cenho franzido.

– Eu só queria saber!

– Antes me deixa ligar avisando que vamos fazer uma visita - fala Bobby discando um numero no celular - Ela odeia surpresas.

– "Aqui é Angela falando. No momento não posso atender, deixe o seu recado que eu retorno assim que possível." - falou a secretária eletrônica logo apos o quarto toque.

– Angela, aqui é o Bobby, estou indo fazer uma visita com alguns amigos caçadores, espero que você esteja em casa, sairemos daqui ao meio dia, chegaremos antes do sol se por. Estou com saudades. - essa ultima frase Bobby falou muito mais baixo que o normal, que nem mesmo Dean nem Sam conseguiram ouvir. Ele desligou o celular e olhou para os irmãos.

– Então é isso... Vamos atrás da amiga misteriosa do Bobby e eu espero que a viagem valha a pena, mas antes, eu vou tomar o café da manhã - Falou Dean deixando a mala marrom em cima da mesa que estava próximo da porta e saindo logo em seguida. - estou morto de fome.

...

O relógio no quarto do hotel marcava dez horas quando Dean entrou novamente pela porta trazendo três copos de café.

– Dean, são dez horas.. Onde você esteve todo esse tempo? - perguntou Sam

– Sabe como é? Café da manhã, garçonete bonitona... - respondeu Dean

– Nem precisa terminar. - completou Sam. Dean sorriu de lado.

– Cadê o Bobby? - falou Dean distribuindo os copos de café, deixando um em cima da mesinha do abajur.

– No banheiro.

– Vamos lá garotos - falou Bobby passando a toalha no rosto - está na hora de irmos, temos muito chão pela frente.

Bobby arremessou a toalha em cima da cadeira e pegou o copo de cima da mesinha, indo logo em seguida para fora do quarto.

– "Está na hora de irmos, temos muito chão pela frente." - falou Dean imitando Bobby, Sam dando uma tapa na nuca dele, seguiu para fora do quarto. - Au! Isso doeu.

...

Sam aproximou-se do impala e jogou a chave para Dean que já se precipitava para dentro do carro. Bobby parou o carro em que estava ao lado do impala e abaixou o vidro do carona.

– A casa dela fica a uns 800 km ao sul, tentem me acompanhar.

– É vamos lá - falou Sam.

Bobby saiu na frente e sendo seguido pelos irmãos. Durante o inicio da viagem Sam e Dean permaneceram calados , somente o som gritava na musica "Enter Sandman" do Metallica que Dean colocara no ultimo volume.

“Sleep with one eye open, gripping your pillow tight, exit light enter night, take my hand, we're off to never land"

Sam esticou o braço e desligou o som.

– Oh.. - reclamou Dean - você desliga na melhor parte

– Dean olhou para o irmão que estava mais serio que o habitual - o que foi Sammy?

– Castiel, me disse uma coisa que me fez pensar.

– Pensar em que? - perguntou Dean agora olhando para Sam pelo canto de olho. - Pensar que talvez, nós nunca conseguiremos impedir o apocalipse.

– Mas é claro que vamos Sammy e quer saber, no final comemoraremos comendo hambúrgueres, tomando cerveja e ao lado de varias mulheres peitudas - Dean tremera como se estivesse com calafrios.

– Dean é serio.

– Mas eu estou falando serio.

– Veja.. Veja estas coisas... Estão mais freqüentes, mais aterrorizantes. Diga-me, quando foi que você viu um bicho desses?

– Me deixa pensar... - Dean fez uma cara de pensativo e concluiu. - Nunca.

– Tavendo? É porque tem um século que não se houve falar de Sgrimmos. Dean presta atenção, nós estamos lutando á toa, sem sucesso... Talvez se você...

– Se eu o que Sammy? Deixasse Miguel usar meu corpo?

– Dean...

– Não Sammy! Sem chances, se for para vencer dessa forma, eu prefiro ter a consciência que vou perder tentando... Não vamos mais falar sobre isso.. - falou Dean com a voz mais alterada que pretendia. - temos outros problemas para nos preocuparmos. - Dean percebendo que havia sido grosso, deu uma tapinha nas costas do irmão, que consentiu com um aceno de cabeça Dean volta a aumentar o volume do som e Sam encosta a cabeça na janela do carro e começa a observar a estrada.

O entardecer chegara e Sam, Bobby e Dean pararam em frente a uma casa com cercas de madeira e flores bem cuidadas no jardim.

– É aqui que mora a super caçadora? - fala Dean em deboche.

– Sim, é aqui. - respondeu Bobby.

– Parece mais a casa da vovozinha da chapeuzinho vermelho. - concluiu Dean cruzando os braços e encostando no carro.

– Não a subestime garoto, você vai ficar surpreso.

Bobby subiu as escadas da frente da casa que dava para a varanda e tocou a campainha. Enquanto Sam e Dean permaneceram encostados no impala 67.

– Cara, o Bobby só pode estar brincando não é? - falou Dean para Sam sem olhar para ele, Dean observava um mapa da cidade de Ravenna.

– Por quê? Falou Sam.

– Olhe para isso, tudo perfeitinho. Jardim bem cuidado, cerca branca, aparência de uma casa normal. Sam, você realmente acredita que ai vive uma caçadora? - Dean levantara a cabeça e apontava para a paisagem a sua frente.

– Por que não? - falou Sam olhando para Dean e voltando a observar a casa.

– Por quê? Porque isso não é normal. E tem mais Sammy, o Bobby disse que essa caçadora era uma velha amiga, certo?

– Certo!

– E se a caçadora que sair daquela casa for igual a Rose do Titanic? Toda enrugadinha sabe? Segurando uma bengala? - Dean voltou a examinar o mapa com cautela, talvez tentando descobrir algo.

– Dean, meu irmão, acho que você, dessa vez, errou feio. - Dean tirando a atenção do mapa e olhando para Sam, percebeu que ele nem piscava, então virou-se na direção da casa, mais uma vez, para ver o que havia prendido atenção do seu irmão.

– Oh Cara! - Bobby estava abraçando uma linda jovem de cabelos cacheados, pele não muito branca e corpo escultural. Ela trajava um vestido roxo curto que deixava suas pernas de fora. Vendo aquilo Dean ficou em igual estado que o irmão, sem reação alguma.

– Nossa Angela, como você esta ainda mais linda. - falou Bobby se afastando da jovem.

– E você nunca perde a mania de ser um cavalheiro galanteador. - falou Angela tocando no ombro de Bobby.

– Os velhos costumes nunca mudam. - Ele sorriu.

– Nossa olhe para você, é bom te ver de novo na ativa. - falou Angela sorrindo.

– É isso ai, agora eu posso dançar de novo. - falou Bobby agarrando a moça pela cintura e rodopiado com ela pela varanda.

– Oh Bobby, pare!- Falou a moça enquanto rodopiava - Quem são eles? - Os olhos de Angela pararam nos rapazes parados parecendo duas estatuas. - os seus amigos caçadores?

– Oh sim, que falta de modos. - falou Bobby enquanto virava na direção dos irmãos. - Venham cá garotos! - Sam se desencostou do impala e começou a andar. Dean, porém parecia hipnotizado.

– Dean... - Sam fez uma expressão de "vamos logo" enquanto chamava o irmão, o que fez com que Dean despertasse do estado de transe.

– Ã? O que? Ah ta! - falou Dean seguindo logo atrás de Sam.

– Sam, Dean... Eu acredito que vocês devam se lembrar de Angela. - Falou Bobby olhando para os irmãos.

– Sam e Dean Winchester, a quanto tempo.- Angela os olhou com cara de surpresa e felicidade em reencontrá-los. Dean franziu o cenho e Sam fez um gesto com a boca como se dissesse "eu? não lembro não”

– Ah! Qual é garotos? Pensem um pouco. - falou Bobby incrédulo. - Dean... - Dean olhou para Bobby com os olhos arregalados e voltou a olhar a moça.

– Desculpa, mas eu não me lembro. Mesmo você sendo essa coisinha linda.

– Eu não esperava que você se lembrasse de mim Dean, isso faz bem o seu estilo, mas eu tenho certeza que o Sam lembrará. - Dean olhou para Sam e viu que o irmão tentava puxar da memória o nome e o rosto daquela mulher, mesmo que anos tenham passado, o rosto dela era muito familiar para Sam.

– Angela... - falou ele olhando nos olhos verdes da moça. - 1995, sacramento. Caçada ao fantasma do dono do museu.

– Boa Sammy. - falou Angela com um sorriso.

– Oh! Eu não acredito, é você mesma? – falou Dean.

– Também é bom te ver de novo Dean. - falou ela apertando os olhos enquanto falava, como se dissesse "me aguarde"

– Vo... Você esta... - Dean olhou Angela dos pés a cabeça - Linda! Quer dizer, você tirou os óculos e o aparelho e emagreceu. - Sam deu um pisão no pé de Dean.

– Obrigada – respondeu ela já querendo voar no pescoço do Dean, sempre foi assim, desde aquela época. Sam ficou observando a moça por um tempo, era questão de minutos para começar as lembranças do passado. - Vamos gente, entrem.

– Onde esta a Eva? - perguntou Bobby enquanto passava para a sala de estar.

– Eva esta caçando, estou esperando a chegada dela a qualquer minuto.

– Claro... Eva - falou Sam com um sorriso. Dean ficou sério de repente.

– E como ela esta depois de tudo o que aconteceu? - continuou Bobby a perguntar.

–Eva é uma mulher forte ela tem superado bem, acho até que melhor que eu... - falou ela ficando calada - eu não chorei o suficiente.

– Desculpa me intrometer, mas o que aconteceu, ainda é sobre...? - Sam perguntava enquanto sentava no sofá que Angela a pouco os havia apontado para se sentar.

– Não, acho que ela superou. Mas, Vocês se lembram do Joe? - Falou a Jovem.

– Claro, seu irmão e de Eva. - falou Dean.

– Ele mesmo, Joe soube que havia um metamorfo causando o caos em St. Louis, Missouri e foi em uma caçada. Pedimos que ele não fosse sozinho, mas ele não quis nos escutar, disse que se fossemos os três o risco seria maior e nos proibiu de ir... Soubemos uma semana depois que encontraram o corpo dele em uma vala próximo a um bueiro de esgoto. Eu e Eva juramos vingança, juramos que mataríamos sem piedade aquele filho da mãe. Quando estávamos já próximos de matá-lo, descobrimos que dois irmãos caçadores já haviam despachado o desgraçado. Os filhos de Jonh Winchester. Vocês cumpriram a nossa vingança e devemos uma a vocês.

– Que é isso, não precisa agradecer não, foi um enorme prazer matá-lo, pode ter certeza - falou Dean colocando os pés em cima da mesinha de centro.

– Como Eva era gêmea de Joe, a ligação que eles tinham era bem maior, algo sobre-humano. Ela sentiu a morte dele e desde então ela nunca mais foi a mesma, ficou pior do que já era. Ela caiu de cabeça na caçada e é muito difícil vê-la em casa agora, sempre em busca de coisas sobrenaturais.

– Sinto muito. - falou Sam sem graça. - o luto muda as pessoas.

– Mas você a deixou ir sozinha em uma caçada? - perguntou Bobby descrente.

– Ela não aprecia mais a minha companhia e além do mais eu estava resolvendo alguns problemas por aqui mesmo.

– Para que cidade ela foi? - perguntou Bobby.

– Louissville, Kentucky. Foi caçar um poltergeist. - Angela parou de falar e esticou o pescoço olhando para fora pela janela e sorriu, um sorriso de alegria e alivio. - falando nela.

Sam, Dean e Bobby olharam pela janela e viram uma camionete preta estacionar na frente da casa. Uma silhueta feminina saiu do carro e pegou uma mochila na traseira e veio caminhando até a porta. Assim que Eva pisou na sala, foi logo agarrada pela irmã

– Oh, meu Deus, o que fizeram com você? - falou Angela examinando a jovem que permanecera de costas o tempo todo enquanto Bobby, Sam e Dean a observava da sala de estar. Dean corou.

– O filho da mãe me pegou de jeito. Uma costela quebrada e alguns cortes, nada com que devamos nos preocupar. Já passei no hospital antes de vir para cá.

– Você esta realmente bem?

– Sim, fique tranqüila.

– Então eu quero que você reveja algumas pessoas. - A outra moça mais velha que Angela dois anos, parecia muito cansada, porém sua beleza não havia sido afetada em nada. Ela estava com dois curativos, um na testa e um no pescoço. Ela era igual a irmã em aparência, a única diferença era que no lugar dos olhos verdes esmeraldas, estavam dois pares de olhos azuis,quase da cor o mar.

– Bobby - gritou a jovem correndo em direção ao mais velho do grupo. - Você sumiu.

– Desculpa menina, mas sabe, eu estava meio que impossibilitado - falou ele tocando nas pernas.

– Eu não deveria desculpar, mas você sabe que eu não consigo ficar com raiva de você.

– Eva você se lembra de... - falou Angela apontando para os jovens na sala.

– Oi Sammy! - falou ela sorrindo. ela pigarreou.- Olá Dean! - A voz dela estava embargada.

– Oi Eva. - respondeuDean abaixando a cabeça. A alegria que estava no rosto de Eva desapareceu. - O que eles fazem aqui?

– Vieram fazer uma visita...

– Uma visita? Assim do nada? - Ela se vira para Sam. - por favor Sam, não me leve a mal, mas eu não esperava vocês aqui. A culpa não é sua. - Sam confirmou com a cabeça.

– Eva dê uma chance.

– Olha Angela, eu estou cansada, não durmo a três dias, estou fedendo e quero paz. Agora eu vou subir, tomar uma ducha e dormir, por no mínimo duas semanas. Se eles quiserem ficar, ótimo, mas infelizmente eu não vou poder fazer sala para ninguém - Eva pegou a mochila verde que há pouco ela havia deixado na entrada e subiu as escadas - Foi bom te ver de novo Bobby - gritou ela desaparecendo no corredor.

– Desculpem minha irmã, geralmente a estressada e cabeça quente aqui sou eu. Como eu disse, ela esta diferente, quer dizer, ela já estava diferente depois daquilo que aconteceu, agora com a morte do Joe, ela piorou.

– Não se preocupe, eu já estou acostumado com um cabeça quente. - Falou Sam, Dean olhou para ele com cara de serio.

– Deixem-na, ela vai melhorar. - Angela fez silêncio por um minuto e prosseguiu - Então, eu sei que essa visita não foi só um reencontro, o que vocês desejam?

– Queremos sua ajuda e de Eva também. Estamos caçando uma criatura terrível e necessitamos de todo apoio possível.

– Podem contar conosco. - terminou Angela de falar e sorriu.