Conseguia ouvir a voz de Charlotte mesmo com meus olhos fechados, minha cabeça doía como o resto do meu corpo também. Não consegui abrir nem um pouco que seja dos meus olhos, o que me deixou bastante frustrada, dava para escutar os berros agora de outra voz conhecida. Era a minha avó mais o que estava fazendo aqui?

Recordei-me do que tinha visto mais tarde, sombras lutando e como um se ajoelhou quando “me viu’. As imagens na minha cabeça eram claras mais ainda não conseguia me lembrar de todos os momentos. Depois de talvez uns cinco minutos começo a abrir meus olhos e vejo que minha avó estava chorando muito pude vê as lagrimas escorrendo em seus olhos. Ela virou e me olhou  e veio diretamente me abraçar, agora ela parecia mais calma mais ainda não falava nada. Atrás dela conseguia ver Charlotte soluçando depois de possivelmente te passado muito tempo chorando.

-Juliett você me deixou tão preocupada. Nunca mais faça isso com a sua avó, me fez sair daquele internato correndo...

-Mais o que aconteceu? Não me lembro de muita coisa...

-O Doutor Thommas falou que você não se lembraria de muita coisa por enquanto, mais mesmo assim o que você consegue se lembrar?

-Me lembro que tinha ido fazer o trabalho, depois que terminamos resolvemos dar um pequeno passeio e vi um lugar e... Não lembro mais nada. O que você soube?

Seus olhos rondaram o quarto, ela parecia esconder algo de mim. Percebi que Charlotte tinha saído e fechado a porta sem muita força para não percebe, quando os olhos de minha avó voltaram para os meus percebi que sua expressão era doce, mais tinha um ar de mistério como sempre.

-Não sei muito, quando as garotas perceberam que você tinha sumido procuraram por todos os lugares e encontraram você do lado de uma ponte e correram até lá, depois viram que não estava bem, ligaram para Charlotte e ela me avisou já que seus pais não se preocupam com a própria filha...

-Pare com isso, eles se preocupam comigo e com Peggy. Querem o melhor para nós duas, e não comece com aquela historia de que eles não se preocupam com ninguém a não ser eles.

- Nem me fale daquela garotinha que sua mãe teve. Ela nunca será minha neta, não me importa que seja filha da sua mãe, apenas você é minha neta. Que ainda tenho orgulho de dizer que é uma verdadeira Chevalier e não um Rowan – Ela quase não conseguiu pronunciar o sobrenome que carregava de meu padrasto.

-Não quero que repita isso, por favor, pare de falar essas coisas. O que você de verdade veio fazer aqui? Você não se preocuparia comigo para sair às pressas do Internato, o que você quer.

-Ma chère, me preocupo com você. Agora são 3 horas da manha e eles nem se preocuparam de legar para saber se você melhorou. Eles não retornaram minha ligação apenas mandaram uma mensagem falando que você logo melhoraria não se preocupou com o que te aconteceu. Venha morar comigo no Internato, sabe que não precisará usar toda a hora o uniforme, não precisará seguir todas as regras, sempre foi assim quando você ficava nas férias comigo.

-Mais agora é diferente, tenho uma irmã e tenho que cuidar dela.

-Ela não é sua irmã Jullie, e sabe disso...

-Ela é minha meia irmã e tenho que cuidar dela. Não posso abandonar quem me criou todos esses anos mesmo que não seja uma verdadeira Rowan

-Jullie você sabe que pode sair daqui, eles nem mesmo se importa com você, seria tão bom você morar comigo. Aprender a tradição Francesa que você tem em sua veia, não a italiana...

-PARA DE FALAR ISSO. Quero que você saia, vou descansar. -Disse com meus olhos cheios de lagrimas e tentando esconder que estava magoada com ela.

-Tudo bem, já estou indo. Mas não se esqueça que eu te amo.

Ela beijou o topo da minha testa e saiu. Quando não estava mais perto, uma lembrança veio em minha mente, o dia em que ela me falou que não era filha do mesmo pai de Peggy, Nicholas.

“Meu pai se chama Jean e era dela que minha avó gostava. Um típico francês bem educado e que tinha seus valores. Aydee, minha mãe, teve um casamento proposto por sua mãe com ele e estiveram casados durante apenas dois anos, durante os dois primeiros meses tiveram sua primeira filha, Juliett. Mais depois desses dois anos, Aydee se apaixonou por um italiano, um turista, e por esse amor ela se divorciou levando sua filha consigo ainda muito pequena para longe do pai, no qual nunca mais soube noticias. Os dois se casaram depois de muito tempo e tiveram uma filha juntos, Peggy Rowan.

Heidee nunca aceitou a traição que sua filha tinha feito. E apenas aceitou Juliett como sua neta e recusou a meia irmã. Até agora ela só liga para sua única neta e jurou nunca mais falar com sua filha e nem a outra filha dela.”

Não consegui mais dormir, Charlotte tinha entrado e perguntou se estava melhor para ir para a escola e falei que iria mesmo assim, não deixaria ninguém preocupada comigo. Levanto-me mais com uma dor em minha cabeça e me dirijo ao computador para ver como estavam às coisas na Itália, seria mais ou menos dez horas da manha lá e sabia que todos já estariam trabalhando, principalmente Pierre.

Quando olhei para tela percebi que havia uma mensagem e falava das mesmas coisas que antes, que deveria mandar as coleções as coleções hoje para conseguir chegar até amanha. Estava confiante que Pierre gostaria dos meus desenhos, eram roupa mais leves com um toque clássico e tinha algumas masculinas também.

Fiquei olhando vários sites de roupas antigas francesas elas eram usadas para festa de mascara. Uma das coisas que mais adorava era esses tipos de baile, já tinha recebido muitos convites desses tipos de bailes na Itália, mais não pude ir em nenhum, sempre tinha que ficar desenhando, para entregar todos os desenhos no prazo certo.

Não percebi que tinha caído em um sono e quando olho para meu relógio marcava 05h49min e teria que ir para o colégio, seria mais um dia entediante. Tomei um banho e sentia cada pingo que tocava minha pele fria, por ser uma quinta era uma tradição do colégio ao usar o uniforme, o que era um alivio já que a roupa da escola era pior que muita coisa que via nos internatos.

Peguei uma saia que vinha até mais ou menos o joelho, era com babado azul o que me fazia adorar mais ainda, desenhei aquela roupa junto com o Pierre e ele sempre amava quando usava, calcei uma bota que Pierre tinha me dado antes que saísse, e uma blusa da mesma cor botas, nela tinha desenhado um morcego parecendo de pelúcia, que combinava com o meu quarto. E peguei uma bolsa com o meu material.

Sai um pouco mais cedo que o normal, não tinha visto Charlotte antes de sair de casa, algo me dizia que hoje era um dia especial. Caminhava mais lento, mas não cheguei atrasada essa vez e quase ninguém estava na sala quando entrei apenas Ellie estava em seu lugar e quando me viu seu sorriso apareceu. Cameron e Chloe também estavam na sala e ele sorriu para mim, mais o sorriso dela era maior do que o dele parecendo que tinha aprontado alguma.

Depois de passar cinco minutos todos já estavam na sala e a professora tinha acabado de entrar, era aula de português e teria que ler o meu poema, mais não tinha feito. Quando abri o meu caderno escrito, era um poema. Com a minha letra, mais não me lembrava de ter escrito algo.

-Juliett pode vir ler o seu poema, aquele que te falei para fazer. Espero que tenha feito ele. -Ela permanecia com um sorriso vitorioso parecendo que sabia que não havia feito, talvez ela soubesse do acidente de ontem e pensou que não teria tempo de fazer.

-É claro que fiz. -Quando acabei de falar seu sorriso sumiu, ainda não tinha lido o poema que estava no caderno apenas o titulo: Intacto...

Levantei-me de meu lugar e me pus à frente da classe, todos olhavam com os olhos cheios de curiosidade. Não podia disfarçar que estava nervosa, olhei para o papel mais uma vez e tomei coragem de ler:

“Ele não é a melhor pessoa que te vê,

mesmo assim eu o via sem tocá-lo.

Ele queria algo que teria que abrir mão,

o que não poderia fazer ou tentar.

Se tudo o que existia, tudo o que vivia e acreditava,

ele estava lá para me fazer chorar e temer.

Era como se eu não pertencesse a esse mundo,

ou o mundo era que não me pertencia.

Mesmo ele sendo livre e parecer gostar disso

eu podia ver que ele tinha uma coisa de diferente

Ele permanecia intacto...

Todos começaram bater palmas, mais vi que Theo parecia um pouco supresso com o “meu” poema,rapidamente me pus ao meu lugar então não escutei mais nada do que todos falavam, olhei para Ellie e ela estava olhando para frente, fiquei olhando para frente mais sem escutar nada, tinha se passado rapidamente as aulas dela e era agora matemática.

Agora que tinha percebido, Ellie estava com uma blusa vermelha e preta com um desenho de uma cereja e atrás estava estourado e escrito CHERRY BOMB, ela colocou uma calça bem colada e suas botas preferidas, Maycci parecia como sempre, uma blusa larga roxo e um short preto junto com uma sandália baixa mais ela tinha algo de diferente usava uma tiara de pêra, Ballen estava bonita, uma blusa escura curta com uma saia um pouco menor que a minha e um salta não muito alto, Keroly estava com uma blusa rosa bem colada ao seu corpo junto com um colete que combinava com seu short e uma sapatilha.

Elas perguntaram o que tinha acontecido comigo o que me tinha dado para ir para lá mais não respondi apenas olhei para elas e sorri como sempre fazia quando não queria falar, mais elas não me deixaram em paz, então tive que fugir delas e entrei na classe, mas não estava sozinha, Theo estava me olhando e sorrindo parecendo melhor que era eu e não outra pessoa.

-Olá Juliett, gostei do poema que você leu na aula. -Ele disse saindo do seu lugar e andando a minha direção.

-O... Oi Theo, você me pareceu um pouco surpreso com ele.

-Na verdade eu fiquei um pouco, você não me parecia muito segura.

-Aquilo era apenas um nervosismo que sempre tenho

-Jullie, porque fugiu da gente... Desculpe-me não sabia que estava interrompendo... –Quando virei pude ver as meninas cheias de sorrisinhos e saíram rápido.

Depois disso, todos começaram a entrar quando o sinal tocou me sentei e fiquei escutando minhas músicas baixas, as aulas foram passando e não percebi quando tinha acabado. As meninas tinham combinado de ir ao shopping para comemorar o aniversario da Ballen, mais algo me deixaria com vergonha teríamos de ir apenas de pijamas.

-Não podemos ir ao shopping de pijamas, seria um mico enorme...

-Vai ser divertido Jullie, faz tempo que não pagamos um bom mico juntas...

Apenas ri com o comentário e combinamos de nos encontrar as 19h00min no shopping, daria tempo de colocar meus desenhos no correio, os peguei da bolsa e elas ficaram olhando a minha cara, ainda não tinha contado que desenhava.

-Jullie, quando fui à sua casa, vi vários desenhos de roupas em um mural e certamente nesse envelope deve ter mais desenhos, para que tanto desenho de roupas?-Sabia que um dia alguém perguntaria mais não queria que elas soubessem disso agora.

-É coisa minha Ellie, não é nada de mais e também pode nem ser um desenho de roupa, pode ser outra coisa para uma pessoa da Itália... Nos vemos às 19 horas na porta de meu prédio.

Andei rápido até o correio deixando elas novamente para trás, estava começando a me acostumar com isso, quando cheguei lá tinha um gordo atendendo, ele não parecia muito feliz em trabalhar e não estava feliz em esta aqui no correio. Fui o mais rápida possível para não ficar mais do que o devido naquele lugar.

Chegando em casa, Charlotte colocou meu almoço em silencio, não tive a oportunidade de falar com ela depois da saída da minha avó e ela deveria ter falado algo não muito bom que fez a Charlotte parar com as musicas cantada com uma versão especial ou falar sobre o garoto misterioso.

A cena tinha se repetido, estava sozinha na grande sala de jantar comendo sozinha, mais não tinha aparecido mais àquelas sombras ou não os via mesmo eles estando lá me observando. Comi em silencio e não fiquei olhando muito para os lados, para não ter a certeza que teria alguém a me observar.

Andei até a cozinha e pude ver Charlotte sentada olhando muito para uma foto, era uma criança muito pequena parecia com a criança que tinha visto no internato, entrei em silencio na cozinha me colocando atrás dela, ela ainda não tinha sentido a minha presença.

-Quem é ela Charlotte?- Ela se assustou e pegou as fotos de cima da mesa e as retirou colando em uma caixa.

-Ninguém Juliett, você quase me matou de susto. Não faça isso de novo, não deveria assustar as pessoas assim. -Ela pegou sua caixa e saiu, antes dela atravessar a porta.

-Mi Scusi.

Voltei para o meu quarto e mandei uma mensagem para Pierre falando que já tinha mandado os desenhos, quando olho para a cama vejo uma caixa enorme com uma letra que não sabia de quem era e estava escrito:

Não sabia de quem era e do lado dessa caixa tinha uma bandeira da Itália, talvez fosse uma roupa de experimento, quando os desenhava me davam algumas para testar, uma coisa era boa, as roupas sempre eram muito bonitas e quando abri pude ter a certeza que quem tinha escolhido era o Pierre. Em uma parte escondida embaixo do meu armário, tinha varias roupas experimentais.

Fiquei olhando aquela outra caixa e tentei descobrir de quem era aquela caligrafia, mais não me lembrei, era perfeita demais para ser de Pierre, quando abri pude ver o que era, uma roupa de dormir. Era belíssima, uma blusa com alças vermelha e com bolinhas roxas formando um desenho de um morcego, um dos meus animais favoritos. Uma bermuda que ia até o joelho meio folgado todo vermelho. E tinha um tipo de sobretudo parecendo aqueles de vampiros, o que eu achava incrível dava um tom de mistério na roupa.

Mais quem seria que tinha me mandado aquilo, por algum motivo iria usar hoje, perguntaria para Charlotte quem teria dado mais ela deveria ainda esta triste, então deixei para lá, deveria ser o Pierre que tinha mandado para mim...

Fiquei o resto da tarde olhando o meu guarda roupa e tirando coisas que não queria, já que teria mais roupas da Itália para experimentar. Quando tinha acabado de arrumar já era 18h03min elas estariam passando por aqui daqui a pouco, a campanhinha tinha tocado e atendi, já que não sabia onde Charlotte estava. Quando olho estava Maycci e Ballen me olhando e sorrindo, elas estavam apressadas porque faltava uma hora para Ellie e Keroly chegar.

-Era para vocês chegarem aqui há uma hora depois, o que estão fazendo aqui tão cedo?

As guiei até meu quarto e elas entraram ainda em silencio, a caixa não estava mais na cama, percebi que estava em um canto meio escondido e me lembrei que tinha colocado lá antes de abrir a porta.

-Você tem que nos ajudar...

-Não temos pijamas decentes e como você foi à Itália...

-E deve ter comprado, como sempre.

Elas pareciam gêmeas falando, mais elas tinham razão, tinha desenhado pijamas e havia alguns para experimentar, e o que seria melhor do que minhas amigas para experimentar eles por mim.

-Tiveram sorte, tenho muitos para experimentar, então pode escolher qualquer um desses, abri o lugar meio secreto onde colocava as roupas experimentais e joguei algumas na cama.

Maycci estava olhando para mim com cara de assustada e apenas dei nos ombros, Ballen correu e agarrou um pijama que tinha o TAYLOR LAUTNER ilustrado totalmente sem camisa mostrando o seu tanquinho. Escolhi um para Maycci porque ela não saberia qual pegar ou falaria que nenhum era bonito para ela.

Tinha perdido um pijama, Ballen entrou com um sorriso vitorioso no rosto, a blusa era justa com o tanquinho do T. L. bem amostra e na parte de trás mostrava as costas dele e ela tinha amado como sempre, tudo que envolvia o Taylor ela amava e não largava, não acreditava que tinha desenhado aquilo e junto havia uma calça azul escura. Maycci vestiu um pouco mais básico mais ainda lindo, vários tons de verde, mas tinha mais verde escuro chamando atenção, era um lindo baby doll, de shorts longos na blusa tinha vários desenhos de  hamster que combinava com as pantufas de hamster , Ballen pegou uma pantufa de cachorro e Maycci riu muito, elas estavam prontas e era já 18:48, Ellie e Keroly estariam vindo.

-Jullie, porque todas as roupas têm a marca Adoriabelle?

-Porque eu conheço a estilista. -O que era quase verdade, só mudava que eu era essa pessoa.

-Você ainda tem que se tocar, podemos escolher uma roupa para você...

-Na verdade já tinha separado um que ganhei hoje e vou me trocar agora. Se elas chegarem abre a porta, porque não sei onde Charlotte esta.

Peguei a caixa e levei para o grande banheiro bem a direita do meu quarto e tomei um banho quente e vesti meu pijama,quando me olhei no espelho parecia que estava em um filme de terror, mais adorei isso, a roupa não tinha etiqueta, mais atrás da roupa bem em um canto estava escrito “MINHA QUERIDA” era o que a sombra do meu sonho sempre falava. Passei base e mais nada, escutei gritos vindos do quarto e sabia que elas tinham chegado e viram meu quarto ou algo pior.

Peguei minhas pantufas, tinha escolhido de coruja e era legal porque os morcegos eram inimigos deles, caminhei até o meu quarto e vi-as dentro do closet quando entrei elas pararam e me olharam.

-Nossa, que incrível...

-Já sei o porquê não estava aqui...

-Ainda não é dias das bruxas, acho que trocou de datas...

-Eu ainda não tinha visto esse em nenhum lugar...

-Eu ganhei hoje, mais não tinha a etiqueta com o nome, então não sei quem mandou também, estava na minha cama em uma caixa.

Keroly estava com um pijama curto rosa, cheio de babados, com desenhos de coelhinhos, mas sua pantufa era de urso polar mais quando ela voltasse não seria mais um urso tão branco, Ellie estava no estilo rock, à blusa era preta com a imagem do Paramore o que deixava a blusa de alças finas ainda mais bonitas, ela também estava com um short até os joelhos, preta com imagens dos álbuns que o Paramore tinha, sua pantufa era de borboleta que combinava com o novo álbum deles.

-Então todas estão prontas, que filmes vamos ver?

-OS VAMPIROS QUE SE MORDAM, eu e Keroly já compramos os ingressos e é para 19h30min então vamos logo.

Tinha chamado o motorista e ele riu das nossas roupas como sempre, era o que ele sempre fazia, criticava alguma coisa minha, essa era a maior diversão dele a maioria do tempo. Quando chegamos lá era 19:10 tínhamos vinte minutos e todos pensariam que seria um tédio andar no shopping, mais quando você esta de pijama nada vai ser mais um tédio.

Quando saímos do carro e começamos a andar todos não parava de olhar para nós, a minha sorte é que eu tinha um Sobretudo meio aberto que não deixava mostrar muito o meu corpo, muitas pessoas paravam o que estava fazendo para olhar a gente.

Chegamos ao segundo andar à mesma coisa, todos olhavam e falavam da gente, alguns falavam “Porque fazem isso?”, outros “Hoje é dia de andar de pijamas?”, e sempre tinham engraçadinhos que ficavam assobiando para a gente, mais os olhava e eles sorriam mais ainda.

O terceiro andar era a praça de alimentação e era um mico passar lá quando esta usando um pijama, pessoas deixavam os seus talheres caírem ou parava de mastigar, alguns ficavam falando baixo e outros altos, crianças ficavam falando para mãe porque não podiam vir assim também, adolescentes pararam a gente para tirar foto, o que foi engraçado.

Quando deu 19h25min a gente correu, literalmente, para a parte do cinema quando chegamos todos pararam de fazer o que estavam fazendo antes, e comecei a rir baixo com Ellie, sombras pretas apareceram de repente e com isso eu parei de rir imediatamente.

Essas sombras dessa vez tinham caras, mais não eram reais, elas atravessavam tudo o que tinha direito, não importando o que era. Percebi que estava ficando um pouco assustada, mais não deixei aparecer muito isso. Entramos e não estava muito lotado, nos sentamos na parte de cima para apoiar os pés demorou um pouquinho para o filme começar, e ficou tocando aquelas musiquinhas de elevadores o que me irritou, quando começou a luz diminuir percebi que estava quase lotado

Quando olho para meu lado, no apoiador de copos, vejo que esta alguém sentado, na verdade bem todos estavam, eram sombras alguns tinham rostos e outros não tinham, mas eram apenas sombras. Todas tinham a mesma cor, todas pretas, quase não apareciam, mais dava para notar, olhei para Ellie e ela parecia normal, todas ela pareciam não notar o que estava vendo, estava enlouquecendo outra vez.

O filme tinha começado e tinha gente olhando para nós e dava para perceber que eram da nossa idade, pois ficavam acenando e fazendo gestos como que tinha gostado das roupas, apenas ignorei e tentei prestar atenção no filme. Mais as sombras pareciam que estavam falando, não entendia nada do que elas falavam, todos riam e permanecia seria, não ouvia nenhuma fala do filme, apenas assobios sombrios que vinham de longe.

Ellie falava se eu estava prestando atenção no filme e apenas balançava a cabeça meio que afirmando mesmo sendo uma mentira. No assento do meu lado direito tinha uma moça alta, parecendo da corte, ela tinha uma ótima postura, era ria na hora certa mais fazia um chiado baixo que me incomodava, e no meu outro lado tinha um garoto, eu não via o rosto dele, mais ele ria alto, mais o chiado enlouquecia os meus ouvidos. Eram cada vez mais e mais chiados, queria poder sair daquele lugar. Se fizesse isso elas ficariam preocupadas comigo. Hoje estávamos comemorando o aniversario de Ballen e ela estava adorando o lugar e como estávamos.

Então fiquei quieta por uma hora e meia, não escutava nenhuma palavra me sentia estranha. Todos riam e estavam com as expressões de felicidade, mais tinha uma pessoa de longe que também não estava rindo e nem parecia muito feliz com aquela felicidade alheira. Ele me olhava e quando uma luz bate nele vejo quem era. O  mesmo garoto que eu tinha visto no meu primeiro dia de aula antes de desmaiar, ele me olhava com cara de vitorioso, e volto a olhar para a tela já estava no final, mais parecia que já sabia o filme inteiro mesmo sem escutar uma palavra.

Quando as luzes se acenderam e caminhamos até a praça de alimentação vimos que tinha um homem caído cheio de sangue e estava uma multidão em volta dele, a gente tentou chegar perto dele para ver se a gente reconhecida, mas não dava para saber, sua roupa era social mais estava encharcado de sangue, seu rosto tinha marcas de que alguém tinha aranhado ele inteiro, tinha uma marca no pescoço peguei um bloco que tinha em um bolso do sobre tudo e desenhei a marca, novamente vi sombras pretas, mais dessa vez tinha um casal de garotinhos eles levaram uma vela até o homem e deixou flutuando em cima dele, dava para ver em seus rostos que eles estavam quase chorando, muitas das sombras também tinham parado.

-Jullie é melhor irmos, não é bom ficar olhando muito isso...

Não consegui me mover, não entendia como aquelas sombras poderiam querer chorar por um homem morto, não agüentei mais, senti minhas lagrimas caindo e Ellie passou a mão.

-Jullie essa imagem vai ficar na sua cabeça. É melhor a gente ir, eu fico com você na sua casa...

-Tem certeza Ellie? –Ela sorriu e afirmou.

Consegui dizer isso, aquela imagem ficou na minha cabeça, não apenas do homem mais também o das sombras. Ellie ligou para o motorista para pegar a gente.  Quando chegou, todas conversavam tentando me distrair sobre o filme. Mais não queria saber, me despedi delas e apenas Ellie ficou comigo, meu pais nem se importariam eles não estariam em casa quando chego tem um bilhete na geladeira.

Desculpe-me Juliett, mais eu e seu pai

Tivemos que sair para uma mega reunião

Não passaremos em casa,

Charlotte também não esta

Teve um problema e saiu às pressas

Peggy esta dormindo e voltaremos apenas daqui a três dias

Sentiremos sua falta...

Aydee e Nicholas 

Já sabia que eles não ficariam comigo, amassei o papel e joguei pela janela, andamos silenciosamente até o meu quarto, como já estávamos de pijamas apenas deitamos, já que minha cama era enorme e antes de dormir ela falou.

-Juliett estou preocupada com você, esta tão sem emoção, esta sofrendo acidentes ou desmaia, fica assustada, hoje no filme você ficou apenas olhando para os lados e nem riu uma vez para o filme, o que você tem?

-Não é nada, eu... Queria poder falar, mais não posso. Amanha não vou a aula mesmo, acho que essa imagem não vai sair tão facilmente como pensei.

-Tudo bem, mais eu sempre vou estar aqui e vou ouvir tudo o que tive para falar, não esqueça...

Não escutei o resto, adormeci e sabia que mais tarde teria o meu tão aguardado sonho