Culpa escrita por HinaKaulitz


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Escutem -> Far Away - Nickelback : Durante todo o capítulo



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No topo de um prédio, o ar é frio e calmo. Eu encarava o chão a metros de altura. Quem dera eu ser mais corajosa. Já estava ali a pelo menos uma hora e ainda não morri. Trinta andares seriam suficientes para uma morte imediata, não? Eu tive muita sorte com a pneumonia, mas com esta queda, não seria o mesmo.

Olhava para a morte. E ela acenava para mim, obscena, enquanto eu tentava encorajar-me a abraçá-la. Era uma decisão difícil de tomar, mas necessária. Eu não suportava mais minha vida desde que meu tio se casara. A mulher dele era insuportável e conseguiu destruir tudo que levei anos a fio para construir. Rompeu laços familiares fortes e agora tinha um perfeito capacho para chamar de marido. E não foi só comigo. Meus avós sentem muito a mudança dele. Toda a família sente.

Respirei fundo e subi na mureta. Bastava um passo para tudo aquilo acabar. O ar agitou-se de súbito, fazendo as borboletas no meu estômago revirarem mais.

Eu precisava mesmo me matar? Ainda era jovem, tinha um longo caminho pela frente, pensei relutante. Não, não vale à pena continuar. A vida é injusta e não quero correr o risco de pagar para ver situações piores.

Olhei mais uma vez para baixo. De imediato fiquei tonta. Apesar de tudo, pude avistar um carro familiar. Será que ele viera me procurar? Mas como saberia?

-MARIA! – um grito cortou o ar. Olhei para trás e pude vê-lo.

-Era aqui não era? – perguntou triste – Daqui que você disse que preferia se tacar a me aturar, não foi?

Não lhe respondi, apenas desviei o olhar, apreensiva. Seria melhor se ele não estivesse aqui. Se eu não morresse na sua frente para depois a mulher dele não me culpar pela dor na consciência que eu iria deixar. Aquela víbora! Devia matá-la antes de a mim mesma! Mas como já sei, sou fraca demais para isso.

-Você nunca me disse como se sentia, nunca quis conversar – interrompeu meus pensamentos.

-Você nunca mais se importou com o que eu sentia, dizia ou fazia – rebati áspera. Eram apenas mais algumas palavras para minha coleção de tormentos.

-Por que você não deixava eu me aproximar – falou com lágrimas nos olhos – Era sempre de cara fechada, trancada no quarto, sem trocar uma palavra se quer.

-Não tinha nada para falar.

-Nada que você queria falar.

-Não tenho motivos para aturar isso. Não sei por que nasci – pensei em voz alta.

O silêncio reinou após minhas palavras. Pude ver as lágrimas irromperem de seus olhos. Estava triste.

-Tenho orgulho de você – falou por fim.

Arregalei os olhos, espantada. Isso era tudo que eu menos esperava escutar.

-Minha filha. – desatou a chorar com um sorriso terno no rosto.

-Eu te amo, pai – me peguei falando entre lágrimas. Desci da mureta para abraçá-lo e fiquei feliz por saber que nada ou ninguém impediria este momento desta vez. Nenhuma víbora acabaria com minha única chance de tornar as coisas como eram antes e como ainda deveriam ser.

“Eu queria... Queria que você ficasse,

Por que eu preciso... Preciso ouvir você dizer que me ama.

Que sempre me amou... E que me perdoa... Por estar tão longe por tanto tempo. ”

(Far Away – Nickelback)

(Fim)

 


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Notas finais do capítulo

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