O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 29
Capítulo 29




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P.O.V – Hellena di Fontana

Não, não! Gritei, mas a vadia já havia sumido.

-Alec – choraminguei arrastando ele de volta para sua casa.

Dessa vez não caímos um por cima do outro, hoje eu encontrara forças para ajudá-lo, não havia mais ninguém aqui, apenas eu. Deitei-o no sofá, e puxei uma cadeira para o seu lado.

Coloquei as costas da minha mão em sua testa, ele estava tão quente que chegou a queimar minha pele. Recolhi minha mão.

Fui ate o banheiro e molhei uma toalha, voltei e descansei o tecido úmido em sua testa.

Eu não tinha a mínima idéia do que fazer, tentar fazer a febre baixar? Mas Dacra disse que quando ele começasse a esfriar o corpo ele morreria.

Mesmo sem ter idéia de como ajudar, passei a noite toda ali, ao seu lado, segurando sua mão e colocando água gelada em seu rosto, tentando diminuir seu sofrimento.

Meu telefone tocou, mas estava com tanta raiva que joguei o aparelho contra a parede. Ele se espatifou em mil pedaços e finalmente fez-se silencio.

Alec entreabriu os olhos, fendas minúsculas.

-Hellena. – sua voz estava fraca.

-Sim? Sim meu amor eu estou aqui! – apertei seus dedos.

-Sinto muito – murmurou sem mal mover os lábios.

-Não Alec, não tem o que sentir muito. – reclamei exausta.

-Vou morrer Hellena. – balbuciou.

-Não você não vai! – falei teimosa me contendo para não cair no choro.

-Não tem cura... Lembra quando me perguntou se verbena nos afeta? – fiz que sim. – A nossa verbena é o odol Hell...

Ok. Ele começou a pirar e ter ilusões.

Continuei ao seu lado enquanto ele falava coisas sem sentido.

A noite passou rapidamente por meus olhos, mas escorreu devagar sobre minhas pálpebras. Meus olhos lacrimejavam de sono, mas não preguei-os.

Ele estava tão quente, que chegava a evaporar a água da toalha em sua testa, fazendo sair fumaça, e seu suor não escorria mais por sua face antes de se dissolver.

Aos poucos a febre foi cedendo, e fiquei aterrorizada ao perceber que as vinte quatro horas começavam a acabar, e Alec começava a esfriar devagar.

Chegou a um ponto que ele estava tão fraco que nem conseguia respirar direito, então ele parou, não me dando nenhuma pista se ele ainda estava “vivo” ou não.

Seus dedos estavam flácidos em minhas mãos, e não havia sinais vitais nele, ainda faltavam horas antes de formar um dia inteiro, mas cada segundo que passava me deixava tensa.

-Alec... Alec!

Ele entreabriu os olhos de novo.

Segurei uma faca que havia pegado da cozinha. Coloquei-a contra a pele do meu pulso, e escorreguei a lamina contra minha carne. A dor fincou ali, mas ignorei e estendi o pulso sangrento ate ele.

-Beba! – ordenei colocando na boca dele.

-Não... – balbuciou se engasgando com o sangue que pingava em seus lábios. Prensei contra a sua boca, e ele não fez nada, apenas passou língua no ferimento com extremo controle e fechou a boca. – Não farei isso... Não adianta.

O corte se fechou instantaneamente.

Tentei obrigá-lo mais duas vezes, mas ele fazia a mesma coisa, e o ferimento fechava de novo, e ai eu me cortava, e apesar de estar doendo MUITO, eu continuava.

Olhei nervosa para o relógio de ponteiro da sala, faltava meia hora para completar um dia. Não, por favor, deus, o tempo passou rápido demais.

-Alec, por favor! Beba! – posicionei o ferro contra meu pulso de novo, mas ele me impediu.

-Não vai adiantar... – repetiu de olhos fechados.

Agora sim ele parecia um vampiro crepúsculo, tão pálido e frio quanto uma estatua de mármore na rua em um dia de inverno.

-O que eu faço?! – eu gritava pela casa desesperada.

Então eu lembrei do pássaro. Ele estava morto e eu revivi ele, será que eu consigo fazer isso? Pensei comigo mesma.

Cinco minutos.

Coloquei minhas mãos no peito de Alec. Ok. E agora? O que eu havia pensado quando segurei o bichinho? Vai Hellena, faça algo! Apertei a camisa dele, deixando marcas no tecido.

Dois minutos.

Alec não respirava mais, não se movia mais, estava pálido como um papel, e tão gelado que parecia um cubo gigante de gelo. Vai Hellena! Gritei mentalmente. Vida, isso, vida! Vamos lá! Eu quero que ele viva! Viva, Alec eu preciso de você! Não pode morrer! Viva! Volte de novo!

Cinqüenta segundos.

Volte para mim Alec! Volte!

O ponteiro mais fino se movia em câmera lenta, e cada tique-taque que ele fazia retumbava dentro de mim.

Dez segundos.

Alec eu te amo! Não morra! Não morra.

Três segundos.

Foi como se algo escapasse de dentro de mim, de dentro do meu coração, minha alma, e escorresse por meus dedos. A vida deixava meu corpo e ia para ele.

Ta. Eu não morri, mas... Ele abriu os olhos.

Ele puxou o ar com toda a força, como alguém que prendeu o fôlego por muito dentro de baixo da água.

-Hellena! Hellena! – ele gritou se agarrando a mim.

-Shh... Eu estou aqui Alec, estou aqui. – era a minha vez de reconfortá-lo.

Dessa vez eu não precisei ficar cronometrando o tempo que ficamos ali, juntos e abraçados. Depois de um longo e reconfortante abraço, ele levantou a cabeça.

-Eu te amo... – sussurrou beijando meus cabelos.

Sentia-me fraca, quase que vazia, mas ter-lo vivo e me segurando fez com que tudo não significasse mais nada, apenas nos dois. Juntos.

-O que você fez?

-A mesma coisa que fiz com o passarinho. – disse vaga.

-Temos de contar isso para Aro. Hoje.

-Hoje? Mas hoje é natal... – minha frase morreu ao perceber que não era mais.

-Hellena, a uma súcubo nessa cidade que me ameaçou e que tentou me matar! Ela pode tentar algo contra você também! Temos de ir ate Aro hoje. – ele disse serio e decidido.

-Você tem razão. – suspirei largando os ombros. – Deixe-me apenas ligar para Blake, ela deve estar louca. – peguei o telefone fixo e liguei para ela, depois de dois toques, Quenn atendeu.

-Hellena?

-Oi Quenn, como sabe que sou eu?

-Hã... Chutei, estávamos esperando sua ligação – abaixou a voz. – Sabe, Blake esta louca atrás de você.

-Ok... Olhe, diz para ela que eu estou bem, e que tive de fazer uma viagem de emergência. – falei rápida. – Talvez eu não volte hoje, nem amanha, ou depois, mas não se preocupe vou estar bem.

-Mas Hellena... – não deixei ela terminar, desliguei na sua cara.

Esfreguei minha testa esperando Alec descer.

Surgiu na minha frente com sua rapidez vampiresca, já arrumado.

-Vamos? – estendeu uma mão.

-Vamos. – coloquei a minha sobre a sua.

Senti a sua tremula por baixo da minha, e vendo as olheiras que circundavam seus olhos, percebi o quão fraco ele estava.

-Alec... – murmurei.

-Sim?

Antes que ele fizesse algo, fiz um corte pequeno no meu pulso, deixando o sangue escorrer pelo meu braço.

-Hellena. – disse indignado.

-Faça uma coisa por mim. – pedi.

Relutou em responder.

-Tem uma divida comigo.

-O que quer? – suspirou.

-Beba meu sangue. – falei seria.

-O que?! – gritou cético. – Não, de novo não.

-Você gostou da outra vez! – continuou a negar - Faça isso por mim. Pelo que sente por mim. Por nos. Você esta fraco, precisa. Quero estar unida a você para sempre.

Vi a indecisão em seus olhos.

-Com uma condição.

Suspirei.

-Dês de que não envolva algo perigoso para um vampiro...

-Se quer realmente estar unida a mim, beba o meu sangue. – abri minha boca em surpresa. – Troca de sangue significa muito em nossa espécie, depois do que aconteceu... Acho que você também precisa.

Não pude negar, não depois de ele quase ter morrido. Fiz um mero sim com a cabeça.

Puxou a manga de sua camisa, dobrando-a ate o cotovelo.

Fincou os dentes no pulso com agressividade, e o liquido jorrou de sua artéria. Olhei assustada quando ele me estendeu a pele que começava a ficar vermelha de sangue.

-Beba... – disse.

-Beba também. – insisti.

Alec inspirou fundo. Percebendo a aceitação dele, estiquei o meu pulso até ele, enquanto puxava a poça de sangue que estava sua mão. Antes mesmo de ele me morder, coloquei os lábios na ferida.

O sangue dele era estranho, era doce como calda de açúcar, fresco, límpido e leve. Delicioso. Fechei os olhos me entorpecendo por seu gosto. Suguei devagar, apreciando-o.

Foi ai que senti uma fisgada no meu braço, e nossa! Aquela sim era a melhor sensação eu já senti, era melhor que o sangue dele, melhor que sexo e tudo que já senti. Era como um cobertor de puro prazer caindo sobre mim, com promessas de que tudo ficara bem.

Pareciam fogos de artifício sendo jogados no alto, e anjos se debruçando sobre mim sussurrando palavras de alegria em meus ouvidos. Não importava quantas vezes se faz isso, a sensação continua a mesma.

Abri os olhos o suficiente para ver Alec entorpecido no meu sangue, ele parecia mais deleitado do que eu.

Bebemos um do outro como se tivéssemos uma sede insaciável. Por um momento achei que ele não pararia. Afastei minha boca de sua pele, e a ferida fechou rápida. Parece ser nojento,  mas só provando para sentir o que eu senti.

Alec abriu os olhos, me encarando, os orbes verdes refletindo o mesmo prazer que eu estava sentindo. Suspirou resfolegando. Afastou a boca e lambeu o corte. Ele se fechou rápido.

Lambeu os lábios, tirando os resquícios do plasma em sua boca.

-Uau Hellena. – ele fechou os olhos ainda em deleite. – Como você é gostosa. – disse sem malicia, pelo menos não muita.

-Você também. – passei a ponta do meu polegar nos cantos da minha boca.

-Gostou? – parecia surpreso.

-Qual o problema? – dei de ombros.

-A maioria dos humanos demora a se acostumar com o sangue vampiro, acham ele muito forte, pulsante.

-Já deu sangue a outros humanos? – levantei as duas sobrancelhas.

-Algumas vezes. – desviou o assunto. – Temos de ir.

Segurou-me em seus braços, e me colocou em suas costas.

Alec foi tão rápido, que tive de me segurar rente suas costas para não sair voando. Estávamos tão rápidos, que não devíamos passar de um borrão para quem nos olhasse.

-Hell. – me chamou depois de um tempo.

-O que?

-Não poderá dizer nada sobre estarmos juntos ainda.

-Eu já esperava por isso... Mas você não esta cheirando a mim por causa do sangue? E eu a você?

-O sangue sai do corpo depois de um dia.

-Chegaremos em Volterra em um dia?

-Talvez menos, mas o sangue já terá deixado seu sistema. Agora durma um pouco, soube que passou a noite toda em claro.

-Sim... – bocejei.

Descansei minha cabeça em seu manto de lã, só agora percebi que ele estava usando o manto Volturi, nossa, eu amava quando ele usava-o. Seu cheiro se misturava com o cheiro da lã grossa.

Me aconcheguei ali, e antes mesmo de fechar os olhos, eu já havia adormecido.


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