O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 25
Capítulo 25




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P.O.V – Hellena di Fontana

Terminei de me arrumar, e fui ate a porta da frente, remexi na minha bolsa quando Blake me ligava de novo.

-Ah inferno... – praguejei deixando cair na caixa.

Girei a maçaneta e fiquei de cara com a cena mais perturbadora e macabra da minha vida. Alec estava parado, com a cabeça totalmente caída para o lado, e Dacra beijava, lambia, sei lá o que ela fazia, mas estava com a boca bem grudada no pescoço dele.

Só depois percebi que ela sugava o pescoço dele, o sangue dele. A expressão no rosto de Dacra era um reflexo da do rosto de Alec, os dois se deleitavam com aquela troca de sangue nojenta. Pior, troca não, roubo.

Estava bem visível que ela tirava o sangue de Alec contra sua vontade! Hã, não estava tão visível assim, ele parecia estar gostando bastante, mas mesmo assim.

-Não! – gritei correndo ate onde eles estavam. – Dacra pare! Pare!

Ela o soltou, e como um boneco de pano, Alec caiu no chão.

Joguei-me ao seu lado, aninhei a cabeça nele nas minhas pernas, e segurei seu rosto, abraçando se pescoço. Duas marcas que me lembravam picadas de mosquito furavam sua pele.

-Meu amor... Shh, vai ficar tudo bem... Eu prometo! Shh... – eu balbuciava como uma demente para ele. Seus olhos eram finas fendas esverdeadas que se fecharam delicadamente.

-O que você fez?! – gritei para ela.

Dacra estava com os olhos arregalados e culpados.

-Eu estava me alimentando. – falou breve.

-Mas não dele! Não de Alec!

Ficou me olhando assustada, como se eu, uma simplória humana, que com um mover de seus dedos poderia morrer, como se fosse uma pira de fogo ambulante e que poderia incendiá-la a qualquer momento, se bem que para uma súcubo do fogo não sabia se morria assim.

-Vá embora! E não volte a tocá-lo! Nunca mais! – ordenei em um grito.

Deu dois passos para trás e sumiu em vapor quente.

-Meu deus... Meu deus me ajude... – eu murmurava como uma crente louca, olhando para todos os lados com os olhos molhados. Ofeguei. Eu precisava tirar ele dali.

Com certa dificuldade, arrastei se corpo para dentro da casa, vindo junto com galhos secos e cascalhos sujos. Quando finalmente consegui trazer-lo para dentro do hall de entrada, cai no chão, com o corpo dele sobre o meu.

Perdi o ar pelo peso de seu peito contra o meu peito. Cambaleei para o lado, fugindo de seu corpo. Um forte vento fechou a porta com um estrondo, e eu fiquei sentada ao seu lado.

Segurei sua mão, apertando ela, e esperando do fundo do meu ser que ele acordasse.

-Acorde, por favor... Acorde... – orei em voz alta.

De súbito, ele saltou e ficou em posição de ataque, agachado e rosnando para alguma possível coisa atrás de mim. Os olhos brilhando vermelhos.

-Alec! Alec, calma! Sou eu, Hellena! – levantei as mãos mostrando que ele estava seguro.

Me olhou, seus olhos perigosos, como os de um caçador faminto, os dentes tão longos quanto facas. Um arrepio percorreu meu corpo. Alec era um predador e eu era a comida, eu havia me esquecido disso, mas... ele não é assim, não é.

Depois de perceber quem eu era, relaxou a expressão e largou os ombros com um suspiro entrecortado.

-Me perdoe. – murmurou.

Levantei-me e lhe abracei. Afaguei seus cabelos.

-Esta tudo bem...

Encostou a cabeça no espaço na minha clavícula, encaixando a cabeça perfeitamente ali, como se fosse feito sobre medida para ele.

-Uma mulher... Ela... – eu não sabia bem como explicar aquilo para ele, ainda mais porque eu estava envolvida, e sabia de tudo. – Não sei bem... ela estava te mordendo e ai você caiu... Parecia que estava hipnotizado, ou sei lá, fazendo sexo com ela.

Ele soltou o ar pela boca, e se afastou.

-Uma súcubo. – não foi uma pergunta. – Essa cidade não é mais segura...

-O que ela te disse? – apertei as minhas mãos.

-Disse... – ele franziu o cenho. – Disse para eu me afastar de você. – voltou-se em minha direção. – Sabe algo sobre isso?

-Claro que não. – neguei. – Deveria?

-Apenas achei isso muito estranho.

-Não irá embora, não é? – perguntei com receio.

-Não. Aro me mandou cuidar de você, e farei isso ate o fim.

Meu telefone tocou de novo.

-Acho melhor irmos. – comentou cansado.

Concordei.

-Acho melhor atender antes que Blake chame a SWAT. – eu já estava cansada de dizer isso.

-Hell? – era ela.

-Oi.

-Nos inscrevi na aula de dança hindu! – disse animada.

-Ah, e mesmo? – falei franzindo as sobrancelhas.

-E dança do ventre também! – pareceu que bateu palmas.

-Blake, mal temos tempo para treinar na faculdade, quanto mais outros cursos. – suspirei.

-Vai ajudar no nosso currículo. Vamos lá, você vai gostar! Te espero em casa. – desligou na minha cara.

-Ta... – falei para o nada.

-Dança do ventre? – Alec sorriu. Ignorei-o.

Alec disse que era melhor ele fazer uma ronda pela rua, mas eu duvidava que ele pudesse fazer algo contra Dacra.

-Por quê? – perguntei quando estávamos a alguns minutos de distancia da minha casa.

-Porque o que? – olhou para mim rindo.

-Porque quando ela te mordeu, você parecia sentir prazer? – disse tímida.

-Assim como o meu veneno causa boas sensações nos humanos, o veneno das súcubo é mil vezes mais forte. Elas... Elas se alimentam de energia vital como já te disse, e na hora da mordida, elas tiram não só sangue.

Balancei a cabeça em concordância.

Paramos na frente da minha casa. Pisquei olhando a fachada iluminada.

-Ficara bem? – segurei suas mãos.

-Sim. – disse serio. – Não se preocupe esta bem?

-Hum... – fiz um muxoxo.

-Te visitarei essa noite. – piscou para mim. – Te amo.

Me deu um beijo rápido nos lábios e foi embora.

Suspirei tirando a chave da minha bolsa e abrindo a porta.

-Hell! Chegou bem na hora! – Blake saltou sobre mim. Jogou uma muda de roupas. – Vai! Troca.

Peguei as peças, uma saia ate os joelhos com pregas, e um blusão de gola v, junto com elas meias-calças.

-Pra que isso?

-Precisamos de saia para dançar!

-Porque não chama Quenn? – gemi.

-Ela esta ocupada demais com a dança do natal. É daqui a uma semana!

Acabou me convencendo, e me puxou para o curso.

Ele era no próprio prédio da faculdade, quando chegamos todos já estavam se aquecendo. A professora era uma mulher jovem de corpo flexível e olhos escuros. Sorriu para nos.

-As aluna novas? – concordamos. – Que maravilha, já dançaram dança do ventre? – discordamos. – Muito bem, essa turma é de novatos também.

Começamos a dançar devagar, treinando passos fáceis, e testando o quanto conseguíamos mover nossos corpos. Não havia um homem sequer dançando, apenas mulheres.

-Nossa, meninas, vocês dançam muito bem. – nos elogiou no fim da aula.

-Estou quebrada Blake. – chiei enquanto saímos do prédio já tarde da noite. – Vou estar péssima amanha de manha. – apertei minhas costas. – Não podemos passar todos os dias ficando doloridas e ate tarde.

-Nosso turno da faculdade começa mais tarde agora. Viemos para cá as nove da manha, almoçamos, e ficamos ate as quatro. Viemos para a aula das seis as nove. – parecia totalmente divertida. - Ah, você não tinha alguém para me apresentar?

-Droga. Esqueci. Talvez na próxima. – fiquei realmente irritada.

Grunhi.

Chegamos em casa e eu submergi em uma banheira de água bem quente.

-Ai! Ai! Ai! – comecei a reclamar enquanto colocava meu pé na água, depois meu joelho, depois a coxa, e assim ia, ate eu estar totalmente dentro da água, só com a cabeça para fora.

Fiquei submersa durante um longo tempo. Sai da banheira e me sequei, colocando uma roupa nova. Sentei no chão com esparadrapos na mão, tocando a ponta dos meus dedos em meus dedos dos pés sangrando.

-Dolorida? – me sobressaltei ao perceber que Alec estava escorado em uma das paredes de braços cruzados. Sorria de lado com os lábios cerrados.

-Pare de me assustar desse jeito. – apertei meus olhos.

-Desculpe. – murmurou se sentando na beira da banheira.

-Ah não Alec. Não chega aqui, por favor. – gemi escondendo meu pé.

-Deixe de bobagem Hellena. – grunhiu.

-Você nunca viu o pé de uma bailarina. – ergui meus olhos do chão.

-Jane era bailarina.

-Mas ela tem um pé indestrutível. – revirei os olhos. – Estou sangrando.

-Não importa. – sentou ao meu lado segurando meu pé, começou a massageá-lo, e a dor cedeu bastante, me aliviando entrementes. – Vários vampiros estão vindo para a Itália. – comentou.

-Serio? Tipo quem?

-Uns nômades e os Cullen. – levantou as pestanas para mim.

Passou a mão por meus cabelos.

-Verona não é mais segura Hellena. – disse em voz baixa.

-Como assim?

-Tenho medo de que ela te machuque. – eu já imaginava que ele estivesse falando de Dacra.

-Tenho medo que ela te machuque.

-Estamos em um impasse.

Toquei as olheiras que se desenhavam embaixo de seus olhos perfeitos. Ele estava tão pálido e parecia tão cansado. Quase havia me esquecido que o sangue dele foi roubado.

-Faz uma coisa por mim? – falei olhando-o de baixo.

-Qualquer coisa. – colocou uma mecha solta atrás da minha orelha.

Tomei ar e coragem.

-Me morde? – minha voz saiu falha e menos sexy do que eu pretendia.

Alec não disse nada, apenas sorriu abertamente mostrando as presas.

-Não é porque estamos tendo uma relação que vou te morder.

-Você não quer? – me aproximei mais.

-Esta mais ousada do que quando te conheci.

-Me sinto diferente dês da vez que nos conhecemos.

Suspirou. Eu quase podia sentir o desejo dele de fazer isso, e não havia nenhuma recusa do tipo “o certo a fazer”. Alec não tinha nada a ver com Edward.

-Morde-la é o que mais eu quero Hell...

-Qual o meu cheiro?

-Tem cheiro de rosas, framboesas silvestres, e... – fechou os olhos respirando. – Praline.

-O que é isso?

-Um doce feito de nozes e calda de açúcar.

-Não quer provar? – ofereci de novo.

Dessa vez ele relutou.

-Droga. Será que sou tão egoísta e mesquinho ao ponto de aceitar?

-Não me importa que seja.

-Seu eu não conseguir parar?

-Eu confio em você.

Alec se aproximou, afastou meus cabelos enquanto eu esticava meu pescoço em sua direção e arqueava meu corpo. Ele encostou seus lábios devagar em minha pele, e depositou um beijo ali.

Eu quase consegui sentir minha veia pulsar debaixo de sua boca. Entreabriu-a, e com cuidado extremo, senti seus dentes furarem minha pele.

Foi à melhor sensação de toda minha vida, era ate melhor do que dormir com ele. As enzimas de seu veneno estimulavam todo o meu corpo, fazendo com que tudo se concentrasse naquele ponto.

Ofeguei enquanto um manto de puro prazer me cobria.

Ficamos conectados dessa forma por um longo tempo, e a sensação era tão boa, que eu poderia morrer assim que não me importaria.

Alec tremeu e afastou a boca de mim com relutância.

Senti meu corpo cair no chão de fraqueza. Me levantei com certa dificuldade. Enrolei-me em um roupão.

-Nunca mais me peça para fazer isso. – limpou o sangue de sua boca com as costas das mãos. Franzi minha sobrancelha.

-Não gos... – parei no meio da frase, quando o vi lambendo o sangue que recém limpara com a mão.

Alec me olhou com fome.

-Acho melhor eu ir caçar. – falou encurvado. Saltou pela janela e sumiu na noite.

Fui ate o espelho, afastei meus cabelos de meu pescoço e analisei as novas marcas. Era como as que ele ganhara quando fora mordido.

-Eu te amo. – sussurrei para o espelho. – Confio tudo que tenho em você. Tudo.


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