Be My Friend escrita por milena_knop


Capítulo 2
Encontros




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CAPÍTULO II

Depois de várias trocas de roupas, encontrei algo que me agradou. Eu estava olhando fixamente para o espelho com os olhos semicerrados tentando descobrir alguma falha, algum descuido, algo que não estivesse combinando, mas estava tudo ok: Vestido, sapato, casaco, cabelo, maquiagem. Tudo ótimo! 
- Eu não posso ficar assim, nem é pra tanto, é só não pensar no pior - eu continuava repetindo aquilo até estar convencida. Saí do quarto e segui pelo corredor até a porta de entrada. Jen me olhava sorrindo. 
- Boa sorte Rachel! – desejou-me. 
- Obrigada, eu vou precisar! - pisquei pra ela e saí. 
Peguei o enorme elevador, adentrei e dei mais uma conferida no espelho. O mesmo chegou até a garagem e eu segui até a vaga do meu carro. Desativei o alarme da Land Rover LRX preta e entrei. O portão da garagem se abriu e eu saí. Liguei o rádio que estava com o iPhone conectado, deixei que o som invadisse meus ouvidos e me trouxesse a paz que só a música me transmitia. A música: minha maior paixão de todas. Nasci entre ela, cresci entre ela e é com música que pretendo seguir minha vida. 
Meu nome é Rachel Morris Lévy. Meu avô é Jean-Bernard Lévy, presidente da Vivendi SA, uma empresa ativa no setor de mídia e comunicação com atividades na música, televisão, cinema, editoração, telecomunicações, video games e internet, e dentre elas estão a Universal Music Group e a GVT. Meu pai é um dos presidentes da Universal Music Group. Seu nome é Doug Morris. Atualmente moro em Hamburgo. Fiz meu ensino médio aqui, adoro essa cidade, esse país tem algo que muito me fascina... Não sei se são os vários parques ou a arquitetura antiga misturada com a moderna... Sou órfã de mãe. Ela morreu quando nasci. Era alemã. Ela amava muito o meu pai, e eu sei que até hoje ele sente a falta dela. Talvez por esse motivo eu tenha escolhido viver aqui: Me lembra ela, me sinto mais perto dela nessa cidade.
Moro sozinha a um ano. Morava até então com meus avós, mas ainda vou visitá-los todo final de tarde .Cresci dentro de uma gravadora, em Santa Mônica, Califórnia, EUA, onde fica a sede da Universal. Aquele mundo sempre me fascinou. Conheci grandes artistas e o principal: Aprendi sobre música. Eu passava os meus dias descobrindo o que cada botão que existia dentro daquela fortaleza fazia, e a partir daquele momento eu descobri a minha vocação: Viver com a música. Meu pai tentou me influenciar para ocupar seu lugar na administração das empresas da família, mas já era tarde. Não era aquele o meu objetivo. Deixaria isso ao meu querido primo Arthur, o qual já estava estudando pra isso. Eu somente queria cuidar das gravadoras, trabalhar nelas, esse era meu sonho.
Enquanto me perdia em meio as minhas recordações e admirava a bela paisagem que havia do lado de fora, meu celular deu sinal de vida.
- Alô? - atendo
- Rachel? - a voz debochada e feliz que eu conhecia bem disse do outro lado.
- Anne! Que bom dar sinal de vida às vezes, né? - respondi tentando parecer séria. Anne era minha melhor amiga, trabalhava e fazia faculdade comigo - Onde você se meteu sua vadia? - ouvi sua risada escandalosa pelo telefone.
- AAAH relaxa, tô viva ainda, e te procurando. Aconteceram várias coisas desagradáveis - sua voz agora era de tristeza.
- Já posso até imaginar o que seja. 
- Hoje não poderemos nos ver, tenho que estudar para as provas, amanhã pode ser? Preciso de você amiga. – ela estava triste, eu sentia.
- Claro, também preciso conversar, meu dia não será nada fácil – respondi, com todas aquelas sensações que haviam sumido voltando.
- O que aconteceu?
- Acredita que finalmente vou conhecer o gêmeo desconhecido? - eu o chamava assim.
- Não brinca? Meeeeeeu Deeus - exclamou rindo. É, eu acho que sou a única que está levando isso a sério.
- É, eu fiquei sabendo essa manhã, estou nervosa e ansiosa, isso é mais difícil do que eu pensava.
- Se acalma, ele vai gostar de você, tenho certeza! E se não gostar... Ah dane-se, você não precisa dele.
- É, talvez, ah já nem sei mais o que pensar - falei enquanto fazia a última curva do meu caminho e entrava em uma estrada coberta por árvores. - Tenho que desligar, cheguei na gravadora, depois ligo pra te contar!
- Tudo bem. Beijos.
- Beijos - respondi e desliguei o telefone, havia chegado na portaria da empresa. O senhor alto e extremamente magro que ficava na portaria me olhou e sorriu, com seu terno sempre impecavelmente alinhado e sem nenhum tipo de dobra. Ele era uma graça.
- Bom dia senhorita Rachel! - me cumprimentou, ainda sorrindo.
- Bom dia Alfred, está um belo dia hoje, não? – perguntei, enquanto ele abria o grande portão preto que escondia os prédios da gravadora.
- Muito bonito senhorita, muito mesmo - o portão se abriu e eu entrei. Me sentia mais em casa aqui no que em meu apartamento. Ali era cheio de prédios altos, jardins floridos, uma enorme cachoeira que ficava na frente do prédio principal e que escondia o logotipo da empresa, vários estacionamentos e, mais adiante, um belo restaurante. Aquele lugar era incrível. 
Fiquei procurando minha vaga, estacionei, peguei minha bolsa, minha pasta com meu notebook e saí. Eu sempre fazia isso todos os dias, mas entrar ali hoje era diferente, e eu sabia o porquê. 
Entrei no prédio 6 onde ficavam os estúdios de gravação e segui para a área de criação. O piso de mármore escuro reproduzia o som dos meus sapatos. Aquela era uma área muito silenciosa devido as salas que ali existiam onde nenhum ruído desnecessário poderia atrapalhar as gravações. Um enorme lustre se fazia presente na sala de espera onde, mais adiante, existia uma parede com fotos de todos os artistas que ali produziam suas obras de arte, a maioria deles pessoas famosas. À medida que fui avançando, avistei o quadro deles: Uma bela foto onde todos estavam sorrindo. Ao vê-lo de perto, sorri também. Apesar de toda a ansiedade, eu estava feliz. 
Quando entrei no estúdio K, estavam todos trabalhando. A sala com vários tapetes e sofás espalhados estava com quatro pessoas dentro. Era um local pequeno cheio de aparelhos de mídia e som, toda forrada com espumas e inibidores de som, todos ali. Avistei James, meu querido amigo James. O mesmo estava concentrado na mesa de som, com os enormes fones no ouvido. Segui até meu escritório e deixei minhas coisas lá. Era uma sala que ficava ao fundo do estúdio. Tinha uma mesa de madeira, um sofá em couro branco e uma bela vista para o resto do estúdio, já que a parede era de vidro; e havia também uma enorme bagunça: Papéis espalhados pela mesa, CDs e partituras... Eu não costumava ser muito organizada. Logo, Katherine entrou para verificar se eu precisava de algo, como sempre. Prestativa, Katherine, uma moça com seus 24 anos, loira, alta, magra e com olhos escuros. Beleza não era muito seu forte, nem suas roupas. Eu queria muito fazer uma doação de algumas peças minhas, mas eu não tenho coragem de perguntar se ela aceita. Ela sempre se vestia tão formalmente: Terno feminino de tons escuros e sapatos de salto pretos, o cabelo sempre preso em um coque e aqueles brincos de uma única pérola. Eu já tinha lhe comunicado que não era um local onde eram necessários aqueles trajes, mas a coitadinha se sente bem assim, fazer o que! Apesar de tudo isso, ela era muito competente e profissional. 
- Não Katherine, eu já comi, só quero um café bem forte, por favor - sorri para ela, que me retribuiu. Saí da sala e sentei-me ao lado de James, e este notou minha presença.
- Olá Rachel, pensei que não viesse hoje! - me cumprimentou gentilmente. 
- Está me chamando de preguiçosa? – retruquei, olhando-o com a sobrancelha arqueada.
- Não, eu estava brincando - ele sorriu. 
James era muito bonito: Olhos claros, cabelos loiros e um enorme sorriso, um dos mais bonitos que já vi. Corpo atlético, e esse sim vestia-se muito bem. Ele realmente tinha estilo: Sempre com alguma camisa diferente e com um smoke preto aberto na frente, calças jeans e sapatos de couro. Eu adorava aquilo.
- Então... - prossegui - Vamos começar logo, vou receber visitas e quero estar logo pronta. 
- Sim senhora – assentiu, e foi preparar as coisas. Logo Katherine voltou com o meu café. Bebi tudo em 3 goles. Sim eu estava muito nervosa ainda. 
Fiquei o resto da manhã resolvendo algumas coisas por ali. Terminei algumas músicas e mostrei as novas ao James, que sempre me ouvia com atenção. Ele era um ótimo amigo, eu o considerava muito. Ele seria um ótimo namorado, se não fosse pelo fato de ser comprometido. Aliás, todos os homens são. Pelo menos os que valem a pena. Almoçamos no restaurante da gravadora mesmo, e voltamos para terminar tudo. Eram 15:00 quando entrei no estúdio, coloquei os fones de ouvido, ajeitei o microfone, e então James fez sinal de positivo com a mão para que eu começasse. A lenta melodia se fez presente no ambiente e eu comecei a cantar. Aquilo que eu sabia fazer de melhor. 
Foi então que a porta principal da sala se abriu e entraram duas figuras: Uma que eu conhecia muito bem e a outra que eu deveria conhecer. Meu estômago remexeu, minhas pernas ficaram bambas, a respiração em falso. Eu gaguejei, e ao perceber que eles me olhavam, tive vontade de largar tudo e ir vê-los de perto, mas continuei ali. Não consegui me mexer. Decidi tomar fôlego e prosseguir com a música. 
Quando terminei, a porta do estúdio foi arrombada. Ele entrou e pude me afundar em seu abraço gostoso. Deus, como senti falta daquele perfume! 
Ficamos ali alguns minutos até que James mandou-nos sair. Eu olhei no fundo daqueles olhos amendoados e pedi por socorro silenciosamente. Ele pareceu entender, segurou firme minha mão e sussurou em meu ouvido:
- Calma, está tudo bem! 
Saímos de lá e o outro nos esperava lá fora. Analisei a figura a minha frente e ele pareceu fazer o mesmo. Eu congelei. Apertei mais a mão que estava entrelaçada a minha, e então, tomei coragem para encarar aqueles olhos.


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Notas finais do capítulo

Pronto mais um postado :D



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