One In a Million escrita por Neline


Capítulo 13
This is going back to bite me in the ass


Notas iniciais do capítulo

Enjoy!



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Eu repassava a mensagem na minha cabeça, sem ter certeza do que pensar. Chuck era do tipo impulsivo e arrogante, mas não achava que ele seria capaz de voar para o Brasil e vasculhar São Paulo, sem ideia do meu endereço, na esperança de talvez me fazer ouvir o que ele tinha a dizer. Era estúpido demais, até para ele.

Decidi para de bancar a idiota. Obviamente, arrumar as malas foi uma péssima ideia. Quem sabe eu deixasse minha mãe fazer isso, no fim das contas. O importante agora era colocar um sorriso vitorioso no rosto, sair de casa, e contar para minhas amigas como a viagem foi maravilhosa.

Afinal, ninguém precisa saber a verdade.

– Harvard é incrível, e o Direito de lá é fascinante. O estudo dos casos é tão mais profundo, porque eles precisam encontrar a essência de cada principio usado na sentença, afinal, aquela é a lei deles. - Tagarelei, tomando meu cappuccino demoradamente, enquanto minha amigas de aglomeravam na mesa.

– Ah, por favor. Vai dizer que viajou até os Estados Unidos e tudo que tem para me dizer é que a universidade era legal? - Penélope era curiosa demais, fofoqueira demais, e uma amiga não-boa-o-suficiente. Entretanto, ela me venerava. Era o suficiente para mim.

– Bem, não. Conheci todos os pontos turísticos imagináveis, o que foi legal. Você iam amar as lojas de roupas. Trouxe algumas lembrancinhas, falando nisso. - Lembrei que teria que mexer nas malas para encontrá-las. - Mas uma das minhas malas foi colocada no voo errado e estão despachando para cá. Deve chegar até o próximo mês.

– E os homens? Conseguiu achar alguém gostoso e inglês?

– Jenny, eu estava nos Estados Unidos, não na Inglaterra.

– Bem, tanto faz.

– Não "tanto faz". É um continente de diferença.

– Você entendeu o que eu quis dizer!Quer dizer, você terminou com o Jonas, então esse inglês tem que ser muito gato.

– Americano.

– Eu sabia que tinha alguém! - Eu poderia mentir. Dizer que não havia um americano, e sim vários. Que eu tive muita experiência em línguas estrangeiras. Que saí com pais com nenhum apego emocional, muita bagagem acadêmica e uma lista de belos homens que me ligaria me convidando para um brunch.

Mas isso faria de mim uma versão feminina de Chuck, e me rebaixaria à exatamente quem ele sugeriu que eu fosse: uma brasileira fácil louca por um gringo.

Por outro lado, eu não queria falar a verdade.

– Teve alguém, mas passou. E não foi por isso que terminei com Jonas. Terminei com ele porque ele é um saco. - Isso era verdade.

– Foi por isso que você voltou antes do previsto? - Bem, isso seria mentira.

– É claro que não. Voltei porque me convidaram para ser assistente do juiz da 1ª Vara Criminal do Estado de São Paulo e eu simplesmente não poderia recusar. Mas eles precisavam que eu começasse imediatamente.

Nesse ponto da conversa, eu já não sabia mais onde terminava a verdade de começava a mentira.

Eu, de fato, havia sido chamada para esse trabalho, enquanto estava nos Estados Unidos, mais especificamente 5 dias antes de voltar para o Brasil. Porém, a atual funcionária sairia apenas daqui um mês e meio, não havendo motivo para que eu apressasse minha volta. Claro, seria bom trabalhar um pouco antes de assumir, conhecer as funções que assumirei, mas não era necessário.

Elas não precisam saber.

– Fala sério, você não vai contar mais nada mesmo? - Nelly pediu, a empolgação quase palpável em sua voz.

– Claro que vou, o que vocês querem saber?

– Qual o nome dele?

– Tudo, menos isso.

– Mas por que?

– Porque não existe "ele". Passou. E eu não falo de coisas passadas, vocês sabem disso. Agora, por que não me atualizam sobre o que aconteceu por aqui? Não que eu acredite que algo relevante de fato aconteceu sem mim.

Então, elas falaram.

Contaram como Jonas falou coisas horríveis de mim, depois saiu com metade das vagabundas de São Paulo e acabou pegando herpes genital. Sobre como todos os professores contavam a honra que era ter uma aluna fazendo parte da graduação em Harvard, ainda mais com bolsa de estudo. Sobre como todos ficaram com inveja por causa disso. Contaram como uma colega-inimiga-vaca minha usou uma bolsa Gucci da coleção passada e como elas a humilharam por causa disso.

E pela primeira vez desde a primeira que o vi, eu não pensei em Chuck.

A onda de normalidade me invadia a cada palavra, cada risada. Eu ainda não me sentia feliz, mas com certeza, me sentia melhor. Estava de volta, e eu sou a vadia louca por aqui. É reconfortante estar em casa.

O caminho para casa não foi tranquilo, afinal, estava em São Paulo. As pessoas desviavam-se umas das outras como formigas, ágil e naturalmente, e eu me misturei com facilidade na multidão. A cidade não era a minha natal, mas sentia como se tivesse morado ali a vida toda. Ajeitei a bolsa no ombro, pois assaltos também eram uma parte da rotina ali, e peguei um táxi para casa.
Quando cheguei, ele estava sentado nas escadas.

Minhas pernas congelaram por um minuto, e eu sentia meu coração bater na minha garganta. Meus ouvidos zumbiam, como se todo o sangue do corpo tivesse subido para minha cabeça. Minhas mãos ficaram geladas instantaneamente, tornando-se pedras de gelo e me impossibilitado de mexer os dedos.

Entretanto, ele parecia bem.

Estava calor, e eu o vi sem seus casuais trech coats e ternos. Chuck usava uma camisa pólo branca com detalhes em azul marinho, uma bermuda caqui até o joelho e um tênis preto, bem polido. Seus olhos brilhavam por culpa do sol, suas bochechas estavam coradas como se o calor fizesse bem para sua pele. Ele parecia saudável e lindo.

Doía olhar para ele.

Meu primeiro impulso foi me aproximar, mas o contive. Talvez ele ainda não tivesse me visto.

Virei as costas e comecei a andar lentamente para longe da minha casa. Depois, corri.

Liguei para Nelly, que morava relativamente perto da minha casa, e pedi se poderia dormir lá. Passei na loja da minha mãe, peguei um vestido e me escondi até o dia seguinte.

Passei a noite toda com o coração pesado, mal dormi. Ele não tinha como saber onde eu morava. A agência de intercâmbio não manda ficha completa para as famílias que a hospedam. Ele não conhecia nenhum dos meu amigos daqui. Poderia ter encontrado o endereço da loja da minha mãe na internet, mas todos os funcionários são instruídos para jamais, em nenhuma hipótese, fornecer o endereço pessoal para quem quer que seja. Logo, não cheguei a nenhuma conclusão.

– Você vai na frente, e me avisa que ver algum homem parado na frente. - Falei para Nelly, que arrumou seu óculos no nariz, visivelmente desconfortável.

– Por que você não me conta quem ele é e por que está te perseguindo? - Revirei os olhos.

– Porque não é da sua conta. Agora vá.

– Espera, como ele é? Pode ter alguém esperando para entrar no prédio. - Ela finalmente falou algo que fazia sentido.

– Ele tem vinte e poucos anos e é muito bonito. Ridiculamente bonito. Como se pudesse estrelar um filme sobre cafajestes bonitos.

– Só isso?

– Acredite em mim, se ele estiver lá, isso vai ser o suficiente. - Empurrei-a em direção ao prédio, e esperei, duas quadras mais longe.

Ela demorou 7 minutos e 38 segundos para voltar.

– Não tem ninguém lá.

– Você tem certeza? - Ela pareceu achar minha pergunta engraçada.

– A menos que esse segredo todo seja porque ele é um super espião, especialista em camuflagem, sim, tenho certeza. - Pensei por um momento, e, apesar de Chuck ser extremamente habilidoso, não era um super espião mesmo. Dei de ombros.

– Tudo bem então, a gente se vê mais tarde. - Voltei a caminhar em direção a minha casa, a bainha do vestido que usava raspando na metade das minhas coxas e a sapatilha confortável bem ajustada ao pé. Ao chega, olhei para os lados, ainda desconfiada, e constatei que Nelly podia até ser burra, mas definitivamente não era cega: a rua estava deserta, o que era estranho se considerarmos que estou em São Paulo.

Abri o portão principal, caminhando até o hall e dando um oi bem animado para o nosso porteiro, e subi o elevador até o décimo segundo andar, pronta para estudar o conteúdo da universidade que meus colegas me mandaram, referente ao tempo que passei fora.

Mas, assim que a porta se abriu, lá estava Chuck, parado na frente do elevador com um sorriso torto no rosto.

– Olá, Blair.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal!

Então, sei que demorei pra caramba pra postar, e honestamente, queria muito falar pra você que vai melhorar e que vou postar toda a semana e que só estou um pouco ocupada, mas a verdade é um pouco diferente. Eu sou muito ocupada, e acho que as coisas vão continuar assim KKKKKK. Só posso garantir que amo escrever e que vou terminar todas as minhas histórias, quem sabe até postar outras, mas vou fazer isso no meu tempo, e não vou ficar dando desculpas esfarrapadas para vocês, porque acho que merecem saber a verdade.
O que posso garantir é que esse próximo capítulo sai em no máximo um mês!
Enfim, gostaram? Espero que sim! Será que ele vai conseguir se justificar?
Descubra no próximo capítulo! (dã)

XOXO



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