Eu entrei na porta principal do colégio mais rápido que uma flecha! Eu estava perigosamente atrasada. Era a quarta vez que eu me atrasava para a aula de biologia, toda segunda-feira era isso.

Adentrei correndo na sala 15, onde era minha habitual aula com o Sr. Tanner, e recebi vários olhares assustados. Os piores eram de Alice e Rose que pareciam entrar em pânico pelo meu repentino atraso. Ambas estavam cm olheiras gigantes e cara de ressaca...Claro! Por que seria? Revirei os olhos internamente.

Nós três havíamos ido a Port Angeles noite passada.

Não avistei o professor Tanner na sala, inclusive havia um aluno novo desconhecido de pé, porém todos pareciam estar preocupados em fazerem seus exercícios rapidamente. Estranhei aquele comportamento vindo da nossa sala, éramos bem desordeiros...

“Você poderia nos fazer o favor de sentar, senhorita?” perguntou o aluno de pé.

Ele era novo... Tinha cabelos bronze, olhos verdes e porte atlético. Ele era realmente bem bonito, mas que diabos ele pensa que é pra me mandar sentar? Eu, uma líder de torcida nata, pertencente a mais alta ordem das líderes de torcida, capitã que levou as líderes de torcida dos Espartanos a vitória três vezes seguidas.

Arqueei uma sobrancelha, desafiadora pra ele. “E o que te faz pensar que eu vou obedecer você?”

Olhei de esgueira pra Alice e Rose que estava horrorizadas. Alice parecia que ia chorar a qualquer momento e Rose estava com as duas mãos na cabeça. Voltei a encarar o garoto a minha frente.

“Qual é o seu nome?” ele perguntou.

Eu ri, irônica. “Realmente você é novo por aqui...Eu sou Isabella Swan, capitã das líderes de torcida Espartanas!” disse animada, abandonando todo o meu lindo sarcasmo e lhe estendendo a mão sorridente.

“Pois bem, Isabella Swan, capitã das líderes de torcida Espartanas,” disse, extremamente irônico, recusando minha mão. “Eu sou seu novo professor de Biologia, estagiário do senhor Tanner, sente-se agora e eu não acrescento mais trinta minutos a sua detenção de quarenta.”

Acredito ter perdido três segundos pra digerir o bolo de palavras que ele havia largado sobre mim. Minha cabeça girava. Que belo jeito de começar uma segunda-feira!

Me sentei na primeira carteira ao lado de um garoto que parecia dormir na aula, mandando um olhar assassino as minhas ‘amigas’ sentadas do outro lado da sala.

Podiam ter me avisado! Xinguei apenas mexendo os lábios.

Ele mandou todos calarem a boca e retirou Mike apenas por ter bocejado!  Respondeu Rose.

Apontei com a cabeça pra o garoto dormindo.  Elas apenas deram de ombros.

“Turma, peço que prestem atenção agora.” Ele disse, cutucando brutamente o garoto do meu lado e lhe mandando um olhar assassino. “Quem terminou o exercício?”

Todos levantaram a mão, exceto eu.

“Cadê seu exercício, srt. Swan?”

“Bem...Eu não sabia o que era pra fazer...” expliquei.

“Você tem cinco pontos a menos!” ele disse.

“Mas o semestre mal começou!” me indignei. “Eu nem tenho ponto nenhum!”

“Pois quando tiver, eu tiro.” Ele deu de ombros.

Escancarei minha boca incrédula. “Diabos! Quando o Sr. Tanner volta?”

“Menos dois por falar sem permissão.” Rebateu.

“Mas você...” comecei.

“Menos três...” ameaçou.

Maldição!

*

“O novo professor é um monstro!” reclamei no vestiário, pondo meu uniforme de líder de torcida.

“Ah, eu achei ele bonitinho...” riu Alice.

“Fala sério!” riu Rose. “Ele é um gato, mas é uma praga!”

“Bonitinho? Gato? Ele me rodou e eu nem fiz prova alguma!” esbravejei.

Elas estavam loucas! Terminei de por o uniforme, fechando o zíper lateral e prendendo meu cabelo em uma colinha alta.

As garotas e eu, sempre treinávamos as segunda, quartas e sextas. Era costume. Éramos no total cinco, Ângela e Jéssica já estavam nos esperando na quadra, ambas sentadas nas arquibancadas soltando risinhos histéricos pros garotos do time.

Decadente.

Elas olhavam pro Emmett. Revirei os olhos...Deus queira que Rose não veja!

“Bella, Bella! Você já conheceu Edward Cullen, o professor de biologia?” inquiriu Jéssica.

Isabella bufou alto. Alice e Rose prenderam o riso. “Não ouse falar daquele demônio na minha frente.”

“Ai, Bella, você é tão estranha.” Riu Ângela. “Ele é tão bonito...”

Revirei os olhos, chateada e me sentei na arquibancada, colocando meus pompons ao meu lado e escorando o rosto nas mãos. Minha cabeça parecia explodir, aquele homem era um inferno! Eu sabia disso, eu tinha consciência disso...Eu só espero que não seja a primeira impressão a que fica, porque se for assim eu vou o odiar o resto do ano e vai ser recíproco!

*

“Genética é o estudo das característica genéticas transmitidas de geração em geração.” Reli, contrariada minha prova. “Verdadeiro ou falso. Falso.” A turma soltou risinhos baixos.

“Falso?” perguntou Edward, parando em frente a minha classe. “Não me admira que tenha rodado nessa prova...”

Eu revirei os olhos e olhei mortalmente pra o professor que sorria sarcástico. Eu havia tirado um F lindo na minha prova! E eu nem havia tido pontos suficientes pra ele me descontar, então, óbvio, que eu zerei a maldita prova.

“Seu grande filho-da-mãe...” rosnei, baixo.

“Falou algo?” ele perguntou.

Choquei! Ele tem ouvido biônico. Sorri irônica e o ignorei.

O resto da aula foi tão chata quanto o início...Ele falou a aula inteira sobre meiose, mitose. Pra que eu vou querer saber o desenvolvimento celular? Quem disse que eu me importo co isso? Ai, é tão irritante!

“E então? Alguma dúvida?” perguntou o demônio com cabelos acobreados.

“Nenhuma dúvida” gritou Tanya, satisfeita.

É...Nenhuma dúvida que eu nunca mais vou querer ver isso na vida.

“Ótimo! Vamos adiante!” exclamou, já pondo coisas sobre fecundação no quadro.

O sinal bateu na mesma hora. Suspirei aliviada.

“Graças a Deus...” murmurei.

“Não agradeçam, eu vou substituir o professor!” ele explicou. Rose e Alice estavam ambas apoiadas nas mãos, o admirando.

Eu agora estava irritada.

Ele então, começou a falar sobre fecundação. Como acontecia, o que acontecia com o embrião, feto e por adiante... Então, eu tive uma idéia malvada, quando ele fez uma pergunta decisiva na nossa vida.

“Alguma pergunta sobre esse assunto?”  Não pensei duas vezes antes de levantar a mão. “Pode falar, srt Swan.”

“Como ocorre a fecundação?” perguntei.

“Quando os gametas se unem e...” o cortei.

“Não! Antes disso.” A turma soltou risinhos.

“Acredito que você saiba.” Ele disse debochado, me fazendo corar.

“E o que o faz pensar que eu sei?” perguntei, levemente chateada.

“Não me faça responder essa pergunta...” ele disse, sorrindo irônico. A turma começou a gargalhar de mim e eu levantei, pegando minhas coisas e saindo.

Ele insinuou mesmo que eu era uma qualquer?

E eu pensava que não podia odiar mais aquele homem do que eu já fazia...

Muito irritada pra pensar em alguma coisa, me sentei em uma mesa mais afastada da cantina. Apoiei minhas mãos na mesa e escorei meu rosto nelas. Esse demônio era um...Um... Demônio Ele me chamou mesmo de vadia? Ele disse... Nossa! Ele não sabe nada sobre mim! Eu até virgem sou, eu dei um beijo na boca em toda minha vida! Quando eu tinha sete anos! Eu nem lembro mais a cara do garoto...

Suspirei, resignada.

Peguei minha bolsa de cima da cadeira do lado, catando lá dentro uma folha e um papel.  Eu nunca havia feito antes, mas minha mãe sempre disse que a solução pra um problema, sempre é escrever uma carta. Escrever na carta tudo o que se sente, endereçada a pessoa que te faz causar e nunca enviar. Não enviar porque é burrice.

Comecei a pensar no que eu sentia e estranhamente as palavras saiam facilmente, como se sempre estivessem lá...Afinal, em um mês acontece muitas coisas, se tem muitas aulas...

“Caro Educador,

Peço encarecidamente que vá a merda! Que de preferência, Vossa Senhoria se afogue por lá e que nunca mais volte. Caso não seja possível, apenas vá se catar e está tudo certo.

Devo dizer que seus exercícios tomam a maior parte do meu tempo e que toda vez que durmo em suas aulas, não é propositalmente, é o sono acumulado em pesadelos com sua digníssima cabeça acobreada!

Estou mandando junto com a minha humilde correspondência, a conta do meu professor particular e do meu psicólogo. Ambos foram necessários no último semestre. Meu professor particular agradece pela viagem a Europa e meu psicólogo mandou você se tratar!

Também está em anexo o número do processo eu abri contra digníssima pessoa, meus olhos foram seriamente comprometidos quando vossa enorme cabeçona entrou por aquela maldita porta! 

E, mesmo com meu tratamento psicológico e o meu enorme trauma, gentilmente pensei em uma solução pro seu problema.  Cheguei a conclusão que seu problema é falta de sexo, então,  enfie uma banana no olho do seu orifício anal e pare de descontar suas frustrações nos alunos!”

Muito atenciosamente, Seu Grande filho-da-puta,

Isabella Swan.”

Terminei a carta e sorri pro papel. Sentindo uma enorme vontade de rir da cara do professor quando ele visse a carta. Óbvio que eu não enviaria, era suicídio, mas que ia ser muito divertido ver sua cara. Ah, ia.

“Bella!” gritou Rose se aproximando.

“Como você está?” Alice quis saber, me abraçando.

“Eu estou bem...” sorri de canto, colocando a carta dentro de um envelope feito de folha de ofício e endereçando a Edward.

“Que você andou tomando?” perguntou Rose, semicerrando os olhos.

“Nada, Rose.” Eu ri. “Ele só é um idiota, arrogante, com mania de superioridade que me acha uma vadia...E me tira muitos pontos, só isso.” Dei de ombros.

“Só?” riu Alice.

Nós começamos a criticá-lo depois disso, óbvio que elas diziam que ele era muito gato, mas ele rodou todas nós, inclusive Alice que era super preocupada com esse tipo de coisas.

Ficamos ali o resto do almoço, indo depois pra aula de Ed. Física, a carta e a Alice acabaram sendo esquecidas quando o sinal bateu. Eu só a vi com um sorriso feliz no rosto vindo em direção a nós no vestiário.

“Bella, me agradeça” ela sorriu.

“Por que eu deveria?” questionei, rindo da cara dela.

“Eu entreguei a carta que você fez pro Edward.” Ela sorriu, enorme.

E eu? Eu empalideci.