Coroner Stories escrita por themuggleriddle


Capítulo 3
He really is a jerk




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“Você tem duas novas mensagens.”

Hermione suspirou enquanto deixava sua bolsa em cima do aparador e retirava os sapatos, antes de apertar o botão que estava piscando em seu telefone. Enquanto aguardava as mensagens, a mulher sentiu alguma coisa quente e peluda esfregar-se em suas pernas e sorriu ao olhar para baixo e ver um grande gato alaranjado olhando para ela e ronronando.

- Oi, Crookshanks...

- Oi, Hermione, aqui é o Cormac... Queria saber se você por acaso...

- Não – a médica riu enquanto apertava o botão para pular para a próxima mensagem.

- Hermione, querida, aqui é a mamãe! Onde é que você se meteu? Nunca mais consegui pegar você em casa...Eu sempre esqueço o celular dela, Frank!  Como você está? Por que não vem nos visitar um dia desses? Sabe, quando você finalmente decidir sair daquele hospital... Eu sei que ela é uma médica, eu sei! Mas isso não quer dizer... Ora, Frank! – a mulher não pôde deixar de rir ao ouvir os pais discutindo do outro lado da linha – Ignore isso, querida, seu pai está apenas sendo chato... Bom, de qualquer maneira, dê um sinal de vida, por favor.

Hermione sorriu enquanto dava as costas para o telefone e ia até a cozinha, seguida por Crookshanks, para preparar uma xícara de chá. A médica começou a repensar tudo o que precisaria fazer nas próximas semanas, tentando achar um dia no qual pudesse ir visitar os pais... Sua mãe tinha razão, fazia um bom tempo desde a última vez que eles haviam se visto, mas não era sua culpa, afinal, ela tinha trabalho a fazer, não? Desde que começara a estudar Medicina, Hermione praticamente jogara fora a sua vida social... Não que sua vida social fosse grande coisa antes da faculdade, já que ela sempre fora muito preocupada com o colégio e nunca pensava duas vezes antes de desmarcar um encontro com alguma amiga para ficar estudando para alguma prova. Ela ainda se lembrava do que seu professor de Ética Médica havia dito em seu primeiro ano: “Vocês vão ter que abdicar de muitas coisas por causa da Medicina.”... E como ele estava certo.

-  Crookshanks, preciso lhe contar uma coisa – tomara que Ron nunca a visse conversando com o gato, caso contrário o ruivo não a deixaria em paz pelo resto da vida - Lembra-se daqueles livros de Medicina Legal que eu tinha? Aqueles que você adorava dormir em cima... É, talvez você não saiba disso, mas eu usava eles para estudar psiquiatria legal... – o gato a encarou por um tempo, antes de acariciar a sua perna com uma pata – Bom, o diretor me deu o cargo de psiquiatra legal hoje, maneiro, não? É... É bem legal, pena que eu tenho que trabalhar com um idiota – o felino miou quando viu a dona segurar a xícara de chá que havia acabado de fazer enquanto abria um armário para procurar uma tigela – Ron disse que ele é bom no que faz, mas que ele é um idiota eu não tenho dúvida... – a mulher derramou um pouco do chá dentro da tigela e depois a colocou no chão, ao lado do gato – Aí está, seu pidão... Nunca vi gato gostar de chá, só você – ela murmurou, levando a própria xícara aos lábios e sorvendo o líquido quente lentamente – Como eu estava dizendo, o cara é convencido, sabe? O nome dele é Tom Riddle... Tom... que nome mais... de gato. Quero dizer, eu poderia dar o nome de um gato de Tom sem parecer estranho, não? Tipo Tom & Jerry...

Crookshanks finalmente levantou seu rosto achatado para encarar a dona, que riu ao ver os pelos de seu queixos molhados de chá, e miou.

- Droga, agora toda a vez que eu olhar para ele vou pensar no Tom & Jerry... – a mulher riu alto – Talvez isso ajude a ignorar a babaquice dele.

***

Tom virou-se na cama, amaldiçoando as cortinas do quarto que ficaram um pouquinho abertas, deixando que um feixe de luz entrasse pela fresta e o atingisse bem nos olhos... Não havia nada mais irritante do que acordar com luz do sol na cara. Resmungando alguma coisa incompreensível, o homem esticou o braço, sorrindo ao tocar o que estava tentando encontrar.

- Pare com isso – uma mão delicada afastou a sua rapidamente.

- Por que é que você já está indo? – ele murmurou, apoiando o cotovelo no colchão e erguendo-se para olhar a mulher loira que se ocupava em fechar os botões de sua blusa.

- Porque o William chega hoje ao meio dia e eu tenho que passar no apartamento de Peter, antes de ir até o aeroporto – ela se virou para encará-lo por um tempo, antes de começar a pentear os cabelos com os dedos – Você tem uma escova de cabelo?

- No banheiro – Tom resmungou, voltando a se deitar.

O homem observou a mulher se levantar da cama e andar até o banheiro, apressada, enquanto passava a mão pelos cabelos escuros.

- Para onde ele foi mesmo?

- Lyon, França.

- Para?

- Dar uma palestra.

- Que interessante – ele riu, vendo ela emergir do banheiro já com os cabelos bem arrumados – Com sorte ele te trás uma lembrança de lá.

- Ele sempre trás, Tom – ela sorriu maliciosamente, andando até a cama e se debruçando sobre ela, deixando seu rosto pairar a apenas alguns centímetros do dele – Tenho que ir – o homem ergueu a cabeça para poder beijá-la uma última vez, antes que ela se afastasse na direção da porta do quarto – Você paga.

- Como se eu pudesse dizer não – ele gritou de volta, mas duvidava que ela o ouvisse.

Virando-se novamente e enterrando o rosto no travesseiro, o homem tentou pensar sobre o que ele deveria fazer naquele dia... Levantar daquela cama, tomar um banho, ir para o seu apartamento para trocar de roupa seria um bom começo. Sentou-se e esfregou o rosto com uma mão enquanto estendia a outra para apanhar o seu celular que estava em cima da mesa de cabeceira. Quatro chamadas perdidas. Que ótimo... Bom, seja lá quem fossem, eles teriam que esperar até que ele chegasse em casa para respondê-los.

***

- É ele.

- Ele quem?

- Aquele de camisa branca – Ron Weasley apontou para a pessoa sobre a qual estava falando – O de cabelo escuro e olho claro.

- Ah... Tem certeza que é ele? – Harry sussurrou  - Quero dizer, ele não parece, como a Hermione disse? Ah, um babaca... Na verdade, parece que ele é bem... na dele.

- Talvez ele saiba esconder bem o fato de ser um idiota – o ruivo riu baixinho – Mas, mesmo assim, eu esperava que ele fosse um pouco mais velho, sabe? Com toda a reputação que ele tem...

- Ele deve ter a nossa idade.

- É... Engraçado, ouvi dizer que ele fez a mesma universidade que nós, por que é que nós nunca o vimos por lá? Com certeza ele estaria no nosso ano, não? Até a Mione, que é um ano mais velha, estava com a gente...

- É, mas ela é de Setembro.

- Tem razão... De quando será que ele é? – Ron perguntou, torcendo o nariz enquanto olhava o outro médico que parecia alheio ao fato de ser o assunto da conversa dos dois amigos.

- E eu lá vou saber, Ron.

- Vamos falar com ele – o ruivo se levantou, rindo ao ver a expressão de surpresa no rosto do amigo – O que? Eu só quero dar as boas vindas a ele!

- Ron.

-  Certo, eu quero ver se ele é tão ruim quanto a Mione disse que ele é – Weasley deu de ombros, antes de dar as costas ao amigo e começar a andar na direção do outro médico – Pode ficar aí.

Harry resmungou alguma coisa, antes de se levantar e ir atrás do amigo. Realmente, deixar Ron ir conversar com aquele cara não era uma boa idéia... Quer dizer, o Weasley poderia irritar alguém que não estivesse familiarizado com ele e aquele cara parecia ser o tipo de pessoa que se irritaria com o jeito de Ron.

- Hey – o ortopedista sorriu enquanto se sentava a frente do outro homem na mesa do refeitório – Como vai? Eu sou Ron Weasley e este – ele apontou para o outro médico – É Harry Potter.

O legista ergueu os olhos azuis do caderno onde ele estava anotando alguma coisa e encarou os dois por um bom tempo. Harry pôde jurar que o ruivo se arrependera de ir até ali assim que o outro lhe lançou aquele olhar frio que dizia claramente “me deixe em paz”.

- Tom Riddle.

- É, eu sei – Ron sorriu – Já ouvi falar de você... É um prazer conhecê-lo.

Ao perceber que Riddle não iria falar nada e que seu amigo estava ficando totalmente sem graça, o homem de olhos verdes se adiantou para falar.

- Nossa amiga trabalha com você. Hermione Granger.

- Ah, a psiquiatra – o jeito como o outro dissera a especialidade da amiga deixou bem claro o que ele sentia por ela: desprezo – E vocês são o que, se me permitem perguntar?

- Oftalmo – Pottr apontou para si mesmo e depois para o ruivo – Ortopedista.

- Interessante.

- É...

Silêncio. Os olhos frios de Riddle não desgrudaram deles naquele período constrangedor... Era como se o legista estivesse tentando extrair todo tipo de informação possível apenas com o olhar, ou talvez estivesse apenas tentando amedrontá-los.

- Sabe de uma coisa – Weasley estalou os lábios, olhando em volta - Eu acho que é melhor eu ir dar uma olhada na Emergência.

- E eu acho que vou lá na recepção dar uma checada no que eu tenho hoje – Harry sorriu sem graça – Foi um prazer conhecer você, Riddle.

Tom não falou nada ao ver os dois médicos se afastando dele, apenas ergueu uma sobrancelha e riu levemente, divertindo-se com o desconforto que ele causara naqueles dois... Se ele conseguisse fazer a Dra. Granger ficar tão desconfortável quanto seus amigos ficaram, ele estaria satisfeito consigo mesmo.

Uma voz conhecida tirou-o de seus pensamentos e fez com que ele olhasse para ter certeza de quem estava falando. Riddle viu, parado na entrada do refeitório, Slughorn conversando com um grupo de residentes. O legista resmungou alguma coisa, antes de terminar de tomar o chá que havia comprado e se levantar, decidindo que estaria mais seguro contra a tagarelice do seu antigo professor de Bioquímica em seu necrotério.

Sorriu para si mesmo quando conseguiu passar despercebido ao lado do bioquímico, que parecia estar bem entretido na conversa com aqueles garotos. Enquanto andava pelo hospital para chegar ao necrotério, Tom percebera que a quantidade de olhares que ele recebia havia diminuído significativamente em comparação com o dia anterior... Bom, seria melhor daquele jeito mesmo.

Assim que chegou ao lugar desejado, Riddle foi até a sala anexa onde ele deixava as suas coisas, deixou o caderno que tinha em mãos em cima da mesa e pendurou seu jaleco em sua cadeira para depois ir pegar a sua roupa cirúrgica. Torcendo o nariz enquanto olhava para o tecido verde escuro em suas mãos, o homem colocou a roupa. Depois, ocupou-se em colocar as luvas, a máscara, a touca e os óculos, antes de finalmente se aproximar da maca mais próxima, onde descansava um corpo coberto por um lençol branco.

- Emily Hudson, 40 anos – o homem leu no prontuário que tinha em mãos enquanto levantava o lençol e encarava o rosto pálido e impassível na mulher deitada na maca – O que é que você teve, Sra. Hudson?

***

Hermione fechou o seu armário e ajeitou o seu jaleco, antes de prender o cabelo com uma presilha e ir à direção da ala psiquiátrica.

- Mione!

- Ron, eu tenho que ver alguns pacientes – a médica murmurou, ignorando o amigo que a seguia apressadamente pelos corredores.

- Eu sei, eu também estou indo ver um paciente...

- Viu? Você deveria ir correndo ao encontro dele, não o deixar esperando – a mulher riu baixinho, vendo o ruivo revirar os olhos.

- Eu estou no meu caminho para o quarto do paciente, Hermione... De qualquer maneira, só queria dizer que você tinha razão, sabe, sobre o Riddle.

- O que você quer dizer, Ron?

- Sabe, o fato de ele ser meio babaca – Ron riu – Eu e o Harry fomos dar um “olá” para ele hoje e ele ficou lá, sentado, olhando para nós com aquela cara de “eu sou superior”.

- Por que você e o Harry foram falar com ele?

- Porque nós queríamos ser simpáticos, oras! – Weasley revirou os olhos, fingindo indignação, mas foi só ele ver o olhar que a amiga lançou em sua direção para que perdesse a pose de indignado e começasse a rir – Certo, queríamos ver se você estava exagerando na descrição dele ou não.

- Eu sabia – ela riu.

- Olha, eu sei que nossa conversa está interessante, mas minha parada é aqui –  ele apontou para a porta de um quarto – Boa sorte com o Riddle.

- Pode deixar.


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Notas finais do capítulo

N/A: Escrito quase inteiramente no carro, voltando de Florianópolis, depois de ter prova de citologia e aula de Ética sobre Biossegurança... é.

1- Sr. Granger: O nome do Sr. Granger foi pego emprestado do Sr. Granger da fic Lagarta Azul da Moownk :D Fic mui fofa (: THr

2- “Vocês vão ter que abdicar de muitas coisas por causa da Medicina" ... meu professor de ética falou isso ._.'

3- Então, Tom se preparando para fazer uma autópsia... Realmente, a quantidade de coisas que os legistas têm que usar é enorme D: Roupa cirurgica, dois pares de luvas, touca, máscara e óculos. Lindo. Isso porque eu ainda não falei dos instrumentos deles ;D

4- Tom intimidando Harry e Ron :D Amei (:

Acho que é isso...
Espero que tenham gostado :D


Beijos ;*
Ari.