Agora todos a minha volta, se preparavam para finalmente começar a cerimônia. Contudo eu ainda estava tentando, inutilmente controlar esse vazio dilacerante dentro de mim. Respirei pausadamente, tentando buscar alguma ponderação, acho que consegui por agora. Olhei pra frente encontrei Alice mais agitada que o normal, colocando todos aos seus postos.

Meu pai alheio a todo aquele burburinho, caminhou até a mim, chamando a minha atenção, seus olhos marejados, me deixaram preocupada, ele parou e me entregou uma caixa delicada, com voz segurando a emoção ele comentou:

-Alice me falou que você teria que ter algo azul e velho, então lembrei dessa jóia de sua avó.

Abri a caixa e vi que havia duas presilhas de cabelo em forma de pente, pesadas e prateadas. Safiras azul escuro estavam incrustadas no complicado padrão floral acima dos dentes.

Minha garganta secou. Algumas lagrimas finalmente conseguiram escapar, mas logo as contive. Elas eram minhas inimigas agora, poderiam desmontar minha mascara de felicidade.

-Pai não precisava. – O gesto dele era lindo, pena que não conseguia ficar realmente feliz, parecia ser uma imitação barata do que um dia já tive. Todavia Charlie tinha me emocionado com o seu carinho.

Ele beijou o topo da minha cabeça, afagando meus braços, algo incomum para ele que não era típico em demonstrar sentimentos, e ali ele estava mostrando seu apoio e amor por mim.

-Minha filha, quero que você seja feliz. Independente da sua escolha. – Seus olhos eram firmes em mim.

Pronto. Como mágica vi O Sorriso Dele aparecer para mim de maneira avassaladora, escapando por completo meu ar. Minhas lágrimas que antes eu lutava para guardá-las para outro momento em que eu estivesse sozinha, para que assim elas pudessem rolar livremente. Nesse exato momento corriam livres pelo meu rosto. Assustando meu pai.

Imediatamente, quase no mesmo momento Alice me puxou, começou tentar salvar seu quadro de possíveis borrões. A velocidade que ela falava era sobre humana, não entendi nada e também nem queria. Eu tinha outra tarefa: preciso me controlar. Voltar recordar o motivo de tudo isso.., meu casamento com Edward.

-Bella o que aconteceu? - Enquanto ela me perguntava um pouco preocupada continuava a passar mais e mais pó no meu rosto.

-Estou emocionada. – Lancei meu olhar para o chão, mordi meu lábio de nervoso com medo de ser pega na minha mentira. – Só isso Alice. – Não precisava olhar para ela para saber que estava desconfiada.

-Antes que eu me esqueça. – Ela balançou animadamente algo nas mãos que eu não consegui identificar. – Esta a coisa emprestada que você precisa.- Agora eu reconheci o que era: uma liga branca, sem ao menos eu dar por mim direito, senti suas mãos na minha coxa, ela colocou com uma destreza impressionante. - A quero de volta.

Com seu sorriso encantador ela piscou para mim, em resposta dei um sorriso somente de lábios, seus olhos dourados me olharam mais uma vez para mim, ela parecia tentar me decifrar, algo difícil até para mim. Pegou na minha mão e levou ate Charlie.

Charlie voltou para próximo de nós com os dois vaporosos
buquês. Nem tinha percebido sua ausência, na verdade não prestava atenção em muita coisa que acontecia.

O cheiro de rosas, flor de laranjeira e freesia me envolveram numa leve névoa. Rosalie — a melhor musicista da família, próxima de Edward — começou a tocar o piano no andar de baixo. Pachelbel's Canon. Comecei a hiperventilar.

- Calma, Bells. - Charlie disse com carinho. Ele virou para Alice, nervoso. –Parece que ela está se sentindo mal. Você acha que ela vai conseguir?

Sua voz soou distante. Eu não conseguia sentir minhas pernas.

- Ela vai melhorar!  – sua voz vitoriosa exclamou.

Também espero que sim, pensei comigo mesma. Alice ficou bem na minha frente, na ponta dos pés, para poder me encarar nos olhos, e apertou meus pulsos em suas mãos.

- Foco, Bella. Edward está te esperando lá embaixo.

Aquilo era uma tentativa de me acalmar, sei das boas intenções de Alice. Porém, meu vazio começou pulsar novamente, e uma frase eu consegui ouvir nitidamente, sendo urrada por ele: “Mas não é ele que está lá. Não é quem deveria ser”.

Eu respirei fundo, me compondo, já havia tomado minha decisão, alem também não podia voltar atrás, afinal Ele tinha sumido. Me abandonado, quebrando a promessa feita para mim que nunca iria me abandonar. Eu não tinha opção, então eu vou seguir em frente. Me despedir desse amor que poderia acontecer.

- Bella? - Alice perguntou, arrancando dos meus devaneios. Ainda olhando pra mim esperando alguma resposta.

- Sim. - eu gemi. - Edward. Okay.  

Eu a deixei me empurrar para fora do banheiro, com Charlie preso ao meu cotovelo. Alice foi flutuando na minha frente. Ela parecia uma fada encantada, daquela que toda criança sonha em conhecer para realizar seus desejos. Eu teria um pedido para ela, mas com certeza ela não realizaria e ainda me mataria por tal ousadia. Suspirei com essa esperança infantil.

Uma súbita fanfarra começou na música. Eu reconheci essa é minha deixa para começar andar para meu destino eterno.

- Não me deixe cair, pai. – suspirei suplicante para Charlie, que passou minha mão pelo
seu braço e então o apertou firme.

Um passo de cada vez, eu disse a mim mesma quando começamos a descer no lento tempo da marcha. Eu não levantei meus olhos até meus pés estarem seguros no chão plano, apesar de poder ouvir os murmúrios e barulhos da audiência quando eu apareci.

Olhei para todos os rostos que ali estavam procurando o "Dele", os olhos, aquele sorriso. Minhas pernas novamente falharam, "Bella, ele não esta aqui." minha mente gritou apavorada.

Fui andando em direção ao altar, as lembranças Dele agora vinham rápidas demais em minha mente, me deixando tonta. Fechei os olhos, parei minha caminhada por um segundo, tentando me concentrar em continuar andando. Algumas pessoas ficavam tocadas com aminha emoção, mas elas não sabiam da dor que existia dentro de mim.

Ao retornar a abrir os olhos vi, "Ele", o meu sol, na minha frente, de Smonkig, com cabelo espetado, me dando seu melhor sorriso e estendo a mão para mim, me convidando para se juntar a ele. Aquilo me hipnotizou, queria sentir o seu calor, aquele que anseia por tantos meses na minha cama e nos meus braços. Definitivamente eu estava ficando louca. Balancei a cabeça. E minha ilusão se desmanchou no ar, me trazendo a realidade: era Edward a minha frente.

Assim única coisa que eu realmente vi foi o rosto de Edward; encheu minha visão e encantou minha mente a sua beleza única. Seus olhos estavam um dourado quente e acolhedor; seu rosto perfeito estava quase severo com a profundidade das suas emoções. E então, quando seus olhos
encontraram os meus, ele quebrou em um sorriso de exultação de tirar o fôlego. Aquilo me deu um tipo de força para continuar andando.

Apesar dessa minha visão segura de futuro ao lado de Edward não fez meu vazio pulsante diminuir, somente acalmou por alguns segundos. A cada passo que eu me aproximava daquele altar, mas a dor parecia tentar ser contida pelo amor seguro que Edward poderia me oferecer, porém esse sentimento lutava dentro de mim, para não ser represado.

Tudo vai ficar bem, meu amor por Edward repetia para mim como um mantra, tentado me trazer alguma paz, eu estava próxima do meu objetivo, da minha escolha.

Eu queria me convencer e achar a mesma certeza que tive a meses atrás em deixar Ele, estirado naquela cama e aceitar a eternidade ao lado de Edward. Era homem da minha vida, sabia que quando nossas mãos se encontrassem tudo ficaria perfeito, esse vazio sumiria. Tenho certeza disso, nos amamos muito, o que sinto por ele é muito forte. E toda essa angustia is passar, sendo somente uma lembrança. Todos os meus momentos com meu sol seriam boas recordações do passado.

Quando vi a mão de Edward na minha direção, me veio o ímpeto de pega-la logo, para sair de toda aquela confusão de emoções que eu estava sentindo durante meses e que tinha piorado no dia de hoje. Seria o meu porto-seguro, iria me salvar de mim mesma.

Ao encostar-se aos seus dedos frios, que me tocaram com sua costumeira gentileza: Nada aconteceu, não houve paz, pelo contrario o vazio cresceu como um monstro. Não me deixou respirar, me sufocou com a ausência Dele, do seu calor. Um desespero se apoderou de mim.

Quem eu queria enganar, Edward nunca exerceu esse papel na minha vida, de salvador das minhas próprias loucuras, na verdade sempre foi "Ele" meu porto seguro. Entretanto Ele não está aqui para me ajudar. Não tenho mais volta na minha escolha, já estava sofrendo as conseqüências dela: a eternidade sem Ele. Edward percebeu a minha ausência, me abraçou e disse no meu ouvido:

-Bella esta tudo bem? – Seu timbre era preocupado.

Não consegui dizer nenhuma palavra, só balancei que sim com a cabeça. Vi ele lançar um olhar para Alice, que provavelmente lhe respondeu mentalmente que eu estava nervosa.

Não há outra saída para mim, que não fosse continuar com aquilo que eu já havia escolhido. Ele deveria ser esquecido, era uma obrigação minha agora, não havia mais essa opção: meu sol. Assim olhei para o homem magnífico a minha frente, lancei meu sorriso tímido e fiz um gesto para que continuássemos. Ele retribuiu com carinho minha movimentação e nos levou ao altar ali montado na sala dos Cullen.

A cerimônia correu tranquilamente. Na verdade somente meu corpo estava lá, afinal minha mente estava lutando para conter o vazio, que clamava para que eu corresse dali e fosse atrás Dele. Mas eu não podia fazer isso com Edward e nem comigo. Enfim eu tinha feito a minha escolha. E ele tinha optado por ir embora, me deixando. Eu não percebi que estava chorando até a hora de dizer as palavras de união.

- Aceito. - conseguir dizer num suspiro inteligível, piscando meus olhos para que pudesse ver o rosto do Edward. Porque algumas as vezes durante a cerimônia eu vi o rosto do meu sol.

Quando foi a vez de Edward falar, suas palavras soaram seguras e vitoriosas:

- Aceito. - ele jurou.

Vários vivas invadiram a sala. Então sai dos meus devaneios e meu vazio se calou, como se uma mordaça tivesse sido colocado nele a força. Eu estava casada... com Edward. Eu viveria com ele a eternidade, eu havia escolhido isso. "vou ser Feliz na minha escolha", pensei derrotada comigo mesma. Vou me empenhar o máximo para conseguir e vai ser a partir de agora pensei determinada. E começaria por agora.

Vi que Edward inclinou a cabeça na direção da minha, fiquei na ponta dos pés, jogando meus braços — buquê e tudo — ao redor de seu pescoço. Ele me beijou com doçura, com adoração; eu me esqueci da multidão, do lugar, da hora, da razão... apenas me lembrei de que
ele me amava, me queria, e que eu era dele. E de mais ninguém. Eu precisava repetir isso para eu mesma acreditar, agora essa era minha vida e não tinha mais outra opção para mim.

Ele começou o beijo, e ele teve que terminá-lo; eu me grudei a ele, ignorando os risos e “ahãns” da audiência. Finalmente, suas mãos soltaram meu rosto e ele deu um passo pra trás — cedo demais —  para olhar pra mim. Na superfície, seu sorriso era surpreso, quase de
escárnio. Mas por dentro seu deleite momentâneo com minha exibição pública era uma profunda alegria que eu tentava demonstrar. Mesmo estando em profunda confusão mental de sentimentos. Eu tentaria amá-lo como antes, quando só havia seu amor em mim, eu tinha que conseguir isso.

Fomos cumprimentar amigos e parentes. Muitos parabéns e felicidades nós ouvimos, mas para mim pareciam não terem sentido. Novamente teimosamente comecei a procurar por "Ele". E nada, nenhum olho com aquele brilho encantador quando olha para mim. O vazio voltou a pulsar, contudo contido ainda, acredito que ele renovou a esperança depois da minha tentativa frustrada de me salvar e calá-lo me casando com Edward.

Pelo jeito teria que conviver com ele para eternidade. Mas isso não me importava, na verdade eu até estava gostando. Afinal era uma maneira de ter "ele" comigo para sempre.

Quando meu olhos viram Seth eu fiquei mais feliz que o normal, afinal aquele menino era uma dos poucos que entendia minha dor pela ausência "dele". Seus traços agora estavam mais marcados a sua vida adulta forçada a se desenvolver pelo lado lupino. Seu abraço me fez suspirar, não era nem de longe parecido com "dele", mas tinha alguma longe semelhança.

-Parabéns bella. – Sua animação era encantadora.

-Obrigada Seth. Muito bom ver você aqui. - Disse com a voz embargada.

-Também fico feliz. - Vi que em seus olhos a mesma tristeza dos meus. Abracei novamente. Era uma forma de ter um pedaço "dele" nos meus braços.

Então ouvi um pigarro vindo atrás de mim. Quando me virei Vi Billy, minha respiração falhou. Meu vazio se remexeu mais ainda, mostrando que iria se libertar sem delongas, principalmente com aquelas lembranças Dele, da sua vida. Sabia como era difícil para aquele Black estar aqui, muito mais devido as circunstancias que minha escolha tinha afetado a vida dele, a principal o afastamento do filho.

-Bella você está linda. – ele me olhou com doçura não merecida para mim.

Com gosto amargo de culpa misturado com vergonha: abaixei e dei um abraço nele. E agracedi o elogio.

Contudo Billy pareceu estranhamente à vontade considerando a companhia e o evento — seus olhos pretos brilhavam como se ele tivesse acabado de receber ótimas notícias. Eu estava impressionada pela sua compostura.

Vi Seth cumprimentando Edward bem animado. Desde batalha com os recém criados, eles criaram um vinculo forte de amizade, ele sempre repetia para mim que o jovem lobo tinha uma alma pura, que quase nunca é vista entre as pessoas.

A festa correu de maneira bastante tranqüila, tudo estava impecável, graças a genialidade para festa de Alice. Tudo estava na mais perfeita a ordem, a única coisa desorganizada era o meu interior. Mas isso não importava "Ele" não esta aqui.

Edward me apresentou a todos os clãs de vampiros convidados. Eles eram muito simpáticos, e pareciam animados com festa, mesmo não podendo usufruir do jantar que estava divino. Só posso falar isso, porque Edward insistiu muito para que eu comesse, pois não havia nenhuma fome, com muito esforço eu consegui.

Todas as tradições foram mantidas. Fui cegada por flashes enquanto segurávamos a faca acima de um bolo espetacular — muito majestoso, pensei, para nosso grupo relativamente íntimo de amigos e família. Nós nos alternamos jogando bolo uns na cara dos outros; Edward bravamente engoliu sua porção enquanto eu assistia em descrença. Ele radiava felicidade, queria muito acompanhar aquele seu sentimento, mas simplesmente eu não conseguia.

Joguei meu buquê com uma habilidade atípica, direto nas mãos surpresas de Angela. Emmett e Jasper uivaram de rir do meu rubor enquanto Edward removeu minha liga emprestada — que eu
abaixei quase até meu tornozelo — muito cuidadosamente com seus dentes. Com uma piscadela para mim, ele a jogou diretamente na cara de Mike Newton. (N/A: única coisa boa dessa festa.. Mike levando na cara)

E então, quando a música começou, Edward me puxou pros seus braços para a costumeira primeira dança; eu fui de bom grado, apesar do meu medo de dançar e meu estado deplorável interno. Mas especialmente dançar na frente de uma platéia, me fez tremer mais ainda . Ele fez todo o trabalho, e eu girei sem esforço algum sob o dossel de luzes e flashes brilhantes das câmeras.

- Aproveitando a festa, Sra. Cullen? - ele sussurrou em meu ouvido.

Eu ri, não sabia o que responder. Acho que a verdade não poderia ser dita, afinal queria a felicidade do meu marido, quando pensei nessa ultima palavra, senti um nó formando na minha garganta.

-Hum hum.- Foi o único som que pude emitir. Enquanto ele me girava no meio da pista.

-Você está linda. – ele realmente estava muito feliz, aquilo estava me consumindo por dentro.

-Acho que não - Minha voz não passava de um sussurro.

-Você não percebe o quão completamente linda e de tirar o fôlego você está essa noite. Não estou surpreso que Mike está tendo dificuldades com pensamentos impróprios sobre uma mulher casada. Eu estou desapontado que Alice não tenha feito questão de forçá-la a se olhar no espelho.

- Você é suspeito para falar. - tinha dificuldade de falar, mas eu deveria tentar pelo o Edward.

Ele suspirou e então parou e me virou em direção à casa. A parede de vidro refletia a festa como um grande espelho. Edward apontou para o casal no espelho diretamente na nossa frente.

- Suspeito, eu?

Eu vi de relance o reflexo de Edward — uma perfeita duplicata de seu rosto perfeito — com uma beldade de cabelos escuros do seu lado. Sua pele era como creme e rosas, seus olhos estavam enormes de excitação e emoldurados com cílios grossos.

A forma estreita do brilhante vestido branco se abria sutilmente na borda quase como um copo-de-leite invertida, cortada tão habilmente que seu corpo parecia elegante e gracioso — enquanto estava parada, pelo menos. Então ouvi meu vazio dizer num sussurro, soltando sua ultima amarra e ficando livre dentro do meu ser: "Eu gostaria que "ele" me visse assim." uma lágrima traiçoeiramente correu pelo meu rosto, rapidamente a contive, antes que Edward percebesse.

Antes que eu pudesse piscar e fazer a beleza voltar para mim, Edward repentinamente enrijeceu e virou automaticamente para a outra direção, como se alguém tivesse chamado seu nome.

- Oh! - ele disse. Sua fronte enrugou por um instante e então se suavizou na mesma rapidez.
Repentinamente, ele sorria brilhantemente.

- O que é? - eu perguntei alheia, tentando conter novamente o meu vazio.
- Um presente de casamento surpresa.
- Ahn?

Continua...