Capitulo 32

Dimitri estava sentado na cama lendo uns de seus romances de faroeste. Juro, eu perdi todo o tesão.

-Você me chamou? – perguntei desanimada

-Sim. Lissa pediu que você vestisse isso. – eu olhei em suas mãos. Ele segurava um biquíni vermelho com bolinhas brancas, pequeno demais pro meu gosto. Junto uma saída de praia branca.

-Eu não vou vestir isso.

-Ah vai. – ele disse determinado

-Não vou não!

-Se você não vestir eu te arrasto até ela. Aposto que Lissa faz você vestir isso.

-O que vocês estão aprontando comigo? – perguntei suspeitando deles

-Nada que você não goste, ou não fizesse com alguém. – eu bufei (sim, bufei, igual a um touro bravo) e arranquei o biquíni de suas mãos. Vesti-o e pela primeira vez percebi que uma barriguinha começava a aparecer. Amanhã mesmo eu iria até uma perfumaria e compraria uns vinte litros de óleo corporal. Vi pelo espelho que Dimitri me observava olhando pra minha barriga.

-Já esta começando a crescer. – ele disse pondo as mãos sobre meu ventre. Seus olhos brilhavam, mas seu suspiro parecia cansado. – Logo todos ficarão sabendo.

-Eu sei. Por um lado, eu não me importo, mas por outro... Não quero ninguém olhando com cara de “sua mãe é uma puta” pro meu filho.

-Ninguém vai. Pretendo consertar tudo isso hoje.

-Consertar? O que você quer dizer com isso?

-Nada. É um presente de aniversário. – presente de aniversário? O que Dimitri queria dizer com isso? Ele ficou de joelhos e deu um beijo na minha barriga. - Vamos? – chamou se levantando.

Andamos em silencio por um tempo, curtindo a noite e a quieta persistência que permanecia entre nós. Algumas vezes eu me pegava pensando no futuro. Pra mim agora, ele parecia confuso e estranho, como que pintado por tons escuros de cinza, mas ao mesmo tempo, eu sabia que com Dimitri ao meu lado tudo ficaria bem e tudo faria sentido. Afinal, essa seria a vida que eu teria escolhido pra mim se eu fosse uma pessoa normal. Casamento, filhos... Talvez até cuidar de casa. Entretanto, eu não tinha o que reclamar da minha vida. Eu cuidaria de Lissa como sempre fiz, teria um filho com Dimitri, e me esforçaria pra ser o mais feliz possível. Sem cair na monotonia, claro! Apesar que lutar contra as forças do mal nunca traria rotina. Eu ri silenciosamente, Dimitri me olhou curioso.

-Que foi? – perguntei

-Você estava rindo sozinha por que?

-Eu estava pensando no futuro. – respondi-lhe

-E ele parece particularmente engraçado?

-Mais ou menos. Eu estava pensando na vida que eu teria escolhido se fosse uma pessoa normal, mas cheguei a conclusão de que a minha vida é perfeita assim. Ou perfeita pra mim. Então pensei que tudo o que eu quero é não cair na rotina, mas como uma guardiã cai na rotina? – ele entendeu o meu ponto e começou a rir junto comigo.

-Sua vida nunca será rotineira. E você será a mulher mais feliz do mundo. Eu mesmo vou cuidar disso. – ele parou na sombra de uma arvore e me abraçou. – Todas as manhãs eu te levarei o café da manhã na cama, se você estiver triste, eu te abraçarei e te reconfortarei até que tudo passe. Se você estiver com raiva, eu serei calmo e compreensivo até que você se acalme. Se você se machucar, eu estarei lá pra cuidar das feridas, se você tiver medo, eu segurarei suas mãos até que o medo vá embora. Se você estiver em perigo eu te protegerei. Eu cantarei pra você sempre que tiver pesadelos. E todas as noites eu farei amor contigo. Até que você se sinta cansada e durma em meus braços. – eu olhei pra ele com uma lágrima no canto do olho.

-Eu não preciso de mais nada na minha vida. Eu tenho você, e pra mim isso é suficiente. Você é meu mundo e meu céu. Você é meu ar, meu alimento. Ao seu lado eu serei a mais feliz do mundo. – eu o abracei ainda mais forte. – Eu te amo.

-Eu te amo. – ele me disse com a voz rouca.

Continuamos a andar, agora falando de assuntos mais leves. Trabalhos de guardião e planos pra nossa casa e pro bebê. Quando falei de minhas idéias pro nome ele se surpreendeu.

-O que foi? – perguntei-lhe mais uma vez

-Você pode repetir os nomes?

-Se for um menino será Ivan, assim como seu amigo. E se for menina será Sacha, assim como sua bisavó. – ele sempre me falava sobre ela. Sacha fora uma das poucas mulheres que no inicio do século XX abrira mão da família pra ser guardiã. Ela fora uma grande guardiã e fizera grandes feitos. Seu nome ainda era respeitado em todo o mundo Moroi. Ela serviu aos Ivashkov durante toda a vida, e fora com seu Lord que ela tivera Yeva. A avó de Dimitri não gostara muito da opção da mãe, assim como eu, mas ao contrario de mim, ela abrira mão do dever pra cuidar da família. Eu sempre admirara Sacha Belikov e sempre disse a mim mesma que, se algum dia eu tivesse uma filha, esse seria seu nome. Nunca imaginei que Dimitri fosse ficar surpreso com isso.

-Por que?

-Bem, Ivan foi seu melhor amigo. Eu acho que seria uma bonita homenagem. E sua bisavó foi uma mulher que eu sempre admirei, assim como você. E... Eu queria que minha filha você tão corajosa quanto ela. – quando terminei Dimitri estava com lágrimas nos olhos.

-Eu já disse que você é a mulher da minha vida?

-Hm... – eu fingi pensar. – Não, acho que hoje você não disse isso não.

-Bem, você é a mulher da minha vida. – ele disse rindo e eu rindo com ele. De repente uma voz nos interrompeu.

-Eu não queria atrapalhar os pombinhos, mas todos estão esperando a aniversariante. – disse Lissa. – Vem. – ela me chamou. Segui-a andando com Dimitri. Quando passamos a ultima árvore encontramos uma festa na piscina a todo vapor.