Capitulo 26

-Ótima brincadeira. – disse a ele

-Rose, não é brincadeira. – ele me olhou serio. – Você acha que eu ia brincar com uma coisa dessas? – olhei em seus olhos. Não, não era brincadeira. Mas também não queria acreditar que esse pesadelo estivesse acontecendo comigo.

-Você ta falando serio.

-Estou.

-Então por que você tem estado comigo esse tempo todo? Você sabe...

-Roza... Eu não me importo. Você não vê? Isso é tudo o que nós sempre quisemos!

-Sim, mas esse não é o seu filho!

-Já disse. Eu não me importo. – eu não podia suportar isso. Que tipo de homem era Dimitri que podia aceitar tão facilmente o filho de outro homem?

-Então me responda. O que você sentiria quando olhasse pra essa criança? – perguntei-lhe

-Sentiria que ela é o melhor presente que Deus e você poderiam ter me dado. – eu balancei a cabeça. Como minha vida poderia ter ficado essa bagunça? E logo agora, quando eu achava que tudo ia voltar ao normal...

-E se eu dizer que não quero essa criança? – perguntei-lhe. Seu olhar imediatamente se tornou doloroso.

-Eu diria que essa não é a mulher que conheço e amo. – fechei meus olhos. Não era isso o que eu queria. Como uma única noite podia causar um estrago tão grande? – Roza, só me responda uma coisa. Quero que você olhe bem no fundo do seu coração e diga, se o que sente por mim é verdadeiro. Por que se for, nós daremos um jeito.

-Nunca duvide do amor que eu sinto por você. Por que agora, essa é a única certeza que eu tenho na vida.

-Então não tem o que discutir. Nós nos amamos, eu já disse que não me importo. O que mais há pra impedir que nós fiquemos juntos? Que nós possamos ter uma família? – olhando em seus olhos, eu pude ver o que ele queria dizer. Isso foi tudo o que nós sempre sonhamos, mas isso não me impedia de me sentir culpada e com medo. O que seria do meu trabalho agora? Eu não poderia simplesmente abandonar Lissa. Eu comecei a chorar. Chorar como nunca chorara em minha vida, como uma verdadeira criança que precisa dos pais. Dimitri me puxou pros seus braços e eu ali fiquei. Não sei quanto tempo ficamos assim, o tempo passava de formar indistinta pra mim. Sei que quando eu percebi, os primeiros raios de sol nos tocavam vindo do horizonte. Eu já não estava mais chorando, mas meu coração ainda doía e estava pesado com tanta culpa e preocupação. Dimitri olhou em meus olhos e a vergonha fez com que eu desviasse o olhar.

-Eu sei que você pode não acreditar, mas essa criança é meu filho. – ele disse pondo as mãos sobre minha barriga

-Por que você consegue aceitar isso tão facilmente?

-Por que eu te amo e quero que possamos ser felizes a partir de agora. E independente do que digam o resto do mundo, essa criança é nossa. Meu e seu. – ele disse. – Agora acho melhor irmos. Você deve estar cansada, precisa se deitar. – ele disse me pegando nos braços. Olhei pra ele.

-Que foi? – perguntou

-Não sou mais criança, Dimitri.

-Você sempre será a minha menina. A minha garota fugitiva e rebelde. – ele disse brincando. Droga! Eu gostei da brincadeira.

Caminhamos em direção ao carro. O mundo estava mergulhado num silencio profundo. Até mesmo o vento estava calmo. Dentro de mim ao contrario, os sentimentos estavam uma confusão só. Eles eram controversos e confusos.

Eu tinha uma vida crescendo dentro de mim, isso era um fato. E se por um lado, eu estava razoavelmente feliz, por outro, eu estava devastada. Não podia acreditar que Dimitri pudesse ter aceitado tão facilmente o filho de outro homem. Eu não tinha duvidas do quanto ele me amava e, do quanto ele queria ter um filho, mas isso era extremo. Eu estava feliz em vê-lo feliz, mas não estava nem um pouco feliz em ter um filho. Eu me sentia como uma menina de 17 anos, não como uma mulher de 27. Muitas duvidas rodavam minha cabeça. Será que eu estava pronta pra ter um filho? Se eu não quisesse, Dimitri aceitaria isso numa boa? O que eu faria com meu trabalho? E o mais importante, eu deveria contar a Adrian?

-Você vai contar a ele? – perguntou ecoando meus pensamentos.

-Não sei. Mas isso não é algo que eu possa esconder.

-Na verdade – ele parou e se virou pra mim. – Eu gostaria que você contasse a ele.

-Mas... – aquela declaração me chocou mais que tudo.

-Eu não acho justo se esconder isso dele. Ele merece saber e, se ele não quiser... Você tem a mim. Eu te amo, vou sempre te apoiar e estar ao seu lado. – continuou. – mas se fosse comigo, eu gostaria de saber.

-Mas Dimitri, e você? – perguntei

-Eu vou estar sempre com você, e vou amar e cuidar desse bebê como se fosse meu, mas ele tem o direito de saber.

-Eu não queria isso. Nada disso! – exclamei

-Roza. Se acalme. Vai dar tudo certo. Nós vamos ficar juntos e sermos felizes. Eu prometo. – meus olhos encheram de lagrimas ao ouvi-lo falar isso com tanta certeza. A visão que Avery infiltrou na minha mente anos atrás voltou a mim. Eu pude ver eu e Dimitri numa casa só nossa e um menino com cabelos pretos correndo em minha direção. Dimitri me deu um selinho e a visão acabou.

-Eu te amo. – ele me disse

-Seria loucura, depois de tudo isso, eu dizer que também te amo?

-Não. Eu sei que você me ama!

-Sabe é?

-Claro!  Você não estaria aqui se não me amasse.

-Convencido! – exclamei brincando com os botões de sua camisa.

-Que homem não seria convencido se tivesse com você ao lado?

-Assim eu fico até vermelha. – brinquei

-Você é linda. – ele disse com uma voz profunda e rouca

Eu enterrei meu rosto no seu peito e inalei seu perfume. Ele conseguira me deixar um pouco mais calma, mas as duvidas ainda me remoíam, como negras nuvens de tempestade me rodeando.