This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 74
Capítulo 74




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Capítulo 74 - Tazi

 Aulas são chatas. Principalmente se a matéria for gramática. Regras e mais regras da língua que nunca vamos nos lembrar. Fala sério: quando eu vou lembrar de uma oração subordinada de sei-lá-o-quê quando estiver escrevendo alguma coisa? Bem, as regras de ortografia e acentuação até que são úteis (e muitos caras que vejo postando em fóruns da internet deveriam estudar um pouquinho sobre isso também), mas a sintaxe é uma porcaria. E, claro, é essa a matéria que estávamos estudando naquela ocasião. Nossa professora, a dona Margarida, exalava todo o seu ânimo para nos ensinar as fantásticas riquezas de nosso idioma.

- Espero que vocês tenham entendido, não estou nem um pouco a fim de repetir - disse ela, após explicar pacientemente a matéria - Alguma dúvida?

- Professora! Professora! - Wilson levantava a mão (como sempre).

- Mais alguém?

- Professora!

- Tudo bem, Wilson! - suspirou ela - Diga, o que é?

- Talvez a gente entenda melhor se a senhora passar alguma atividade...tipo, um trabalho em grupo

- Sério?

 Claro que a reação da sala não foi das melhores ao ouvir essa sugestão (e uma das borrachas que atiraram nas carteiras da frente acabou acertando até em mim), mas a professora, ao contrário de todo mundo, até que acho a ideia boa.

- É...pode ser. Vou passar alguns exercícios na lousa. Vocês, reunam-se em grupos de até quatro pessoas.

- Pelo menos é em grupo - falou alguém lá do fundo.

- Esse cara não tem jeito! - reclamou outro.

 Normalmente as atividades em grupo acabam se resumindo apenas a mim e Wilson (já que nenhum de nossos três companheiros de gangue estudavam na mesma sala que a gente), mas dessa vez, por alguma razão, ele chama outros dois caras também meio apagados da sala (mas que não eram tão odiados quanto a gente). Um tinha cabelo liso e usava óculos (Samuel) e o outro tinha cabelo crespo e não usava óculos (Fernando). Mas, sendo personagens terciários  nessa história (ou seja, menos do que secundários), provavelmente você irá esquecer bem rápido deles. Então...sei lá porque os descrevi.

- Samuel! Fernando! Estão só vocês? Juntem-se com a gente! - gritou ele.

 Os dois pareciam estar falando alguma coisa em particular e ficaram meio perdidos quando foram chamados. Wilson mantém um sorriso amigável e reforça o convite. Sem muitas razões para recusar (além do fato de detestarem nossa companhia), os dois acabam aceitando.

- Err...então tá... - diz um deles, ainda meio constrangido. Enquanto juntam as carteiras, o outro parece ter escondido alguma coisa.

- Pareciam estar se divertindo com alguma coisa - observou Wilson.

- Não é nada - disse Samuel, deixando transparecer seu nervosismo.

- Seria por acaso...alguma coisa valiosa? Sem querer ser curioso, é claro - disse ele. Sem querer, mas já sendo, não é? Onde ele queria chegar?

- Eu...nem sei do que está falando - Samuel continuava disfarçando.

- Também não sei - disse o outro - E esses Tazi nem são tão valiosos assim.

 Samuel olhou feio para Fernando. Parece que ele deixava as coisas escaparem quando ficava nervoso. Ele não aguentaria muito tempo em uma sala de tortura...

- Ah, esses Tazi de que todo mundo está falando...interessante - falou Wilson, mostrando um olhar malandro. Agora estava começando a entender: toda essa história de trabalho em grupo era apenas para poder tirar alguma coisa daqueles dois que estavam mexendo com os tais Tazi no meio da aula. Para quem não lembra, Tazi são pequenos disquinhos com o tema de um desenho meia-boca de alienígenas que vem nos pacotes de salgadinhos. Parece ser a febre do momento. E, sendo uma febre, talvez pudesse ser usado a favor da NERD, bem, pelo menos na cabeça megalomaníaca do Wilson era isso.

- M-Mas não temos nenhum raro, viu? - Samuel se apressa em dizer.

- É-é verdade. Não vão ganhar nada apostando com a gente - completou o outro.

 Ao que parece, aqueles dois não eram muito confiantes em suas habilidades. Mas eles poderiam ficar tranquilos, afinal, não tinhamos nenhum Tazi. Pelo menos por enquanto.

- Fiquem tranquilos, nós não temos nenhum Tazi - explicou Wilson.

- Não? - estranhou Samuel.

- Na verdade, estamos apenas interessados em saber o que são exatamente esses Tazi.

- Isso é sério mesmo? - pergunta Fernando.

- Por que o espanto? - perguntei.

- Como podem não ter nenhum Tazi? A partir de agora, os colégios estão girando em torno deles.

- Como assim? - Wilson parecia cada vez mais interessado.

- Tazi são objetos feitos de um plástico resistente e não são tão fáceis de perder quanto figurinhas. Existe um total de 200 Tazi divididos em 100 de bronze, 50 de prata e 50 de ouro. O objetivo máximo de qualquer estudante atual é conseguir todos os 200 Tazi! - explicou Fernando.

- Objetivo máximo? Não acham que estão exagerando um pouquinho não? - comentei, realmente achando que passar de ano teria uma posição um pouquinho mais alta nessa lista de prioridades.

- O que se ganha conseguindo todos os 200? - perguntou Wilson.

- O título de Tazi Master - continuou Samuel - Um título de Tazi Master dá direito a prêmios variados na indústria de salgadinhos...variando de video-games de última geração até bicicletas.

- Hmm..está começando a fazer sentido toda essa piração por esses disquinhos - falei.

- É verdade. Mas a pessoa precisaria comer muitos salgadinhos até conseguir todos os 200.

- Claro que é impossível comer tantos salgadinhos - falou Fernando - Por isso mesmo existem as batalhas de Tazi

- Não seria apenas...bafo? - falei, achando que disquinhos de plástico não mereciam tanto glamour assim.

- Batalha de Tazi soa mais épico - falou Wilson - Não é aquele negócio de formar uma pilha com os Tazi que você quer, lançar um outro Tazi contra ela e ficar com todos que você virar?

- Isso mesmo - respondeu Samuel - Parece depender apenas da sorte, mas a habilidade do jogador também conta.

- Algumas pessoas são ótimas nisso, outras nem tanto. Mas se alguém quer ser um Tazi Master sem precisar gastar milhões em salgadinhos, vai ter que entrar no submundo das batalhas de Tazi.

- Tazi Master, heim? - Wilson parecia estar pensativo e eu conhecia aquela cara. Não precisa nem dizer que ele pretendia se tornar um Tazi Master e iria sobrar para nós! Claro, uma gangue com um Tazi Master seria o máximo da popularidade escolar. O problema é que isso não seria tão fácil quanto parecia.

- No momento, nós dois estamos trabalhando de sócios com nossos Tazi. O Samuel é bom em lançar os Tazi, mas eu não. Então eu compro alguns salgadinhos, peço para ele jogar com os meus Tazi e dividimos tudo que ganhamos.

- E se ele perder? - perguntei.

- Nesse caso ele precisa me pagar os Tazi que perdeu.

 Parece que a economia dos Tazi era uma coisa mais complexa do que imaginei. Wilson parecia empolgado com a ideia e eu não precisava nem perguntar que um monte de planos mirabolantes estavam passando pela cabeça dele.

- Interessante...acho que vamos iniciar nesse mercado de Tazi - falou Wilson, sorrindo satisfatoriamente.

- Err...nossa sociedade ainda não suporta tanta gente - falou Fernando.

- Relaxem. Criaremos um outro clã...e garantimos que vamos ter um Tazi Master nesse colégio logo. Hauhahaha!

 Os dois ficam meio sem-graça, ainda mais com a dona Margarida olhando para a gente com uma cara não muito amigável.

- Wilson...foi você que teve a ideia de trabalho em grupo. Quer fazer mais silêncio?

- Oh, desculpe, professora. Mas está tudo bem..acabamos o trabalho - disse ele, apresentando uma folha com todos os exercícios feitos.

- Muito bem - viu a professora - Mesmo assim, respeite quem ainda não acabou.

- Como? - perguntei, assim que a professora saiu - Quando você...

 - Fui respondendo as questões enquanto conversávamos. Moleza - respondeu ele. Por que eu ainda pergunto? Mas o problema maior ainda está por vir. Nossa entrada no mundo dos Tazi estava só começando...


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Notas finais do capítulo

A questão é: será que alguém da NERD é bom em jogar Tazi? Bem, essa saga está só no começo. Aguarde os próximos caps.

Até! ^^



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