This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 213
Capítulo 213




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Capítulo 213 - O Segredo da Megatec

Sabe, nem sempre nós passamos nossos intervalos (ou recreios, como Wilson costuma falar de vez em quando) no "canto dos nerds". Às vezes, em determinadas ocasiões, como naqueles momentos onde Jorjão e eu precisamos encontrar algum livro importante para fazer um trabalho de história que precisa ser entregue no dia seguinte, passamos o intervalo no reduto que tão amavelmente nos acolheu quando tivemos nosso cantinho confiscado pelos Porcos sem Alma (parece que foi ontem). Falo da biblioteca do colégio. Um dos lugares preferidos de Karina que, mesmo sem precisar entregar trabalho nenhum, sempre passa lá para pegar mais um novo livro.

– Acho que esse aqui é bom. Eu tenho em casa, usei para fazer meu trabalho - disse Demi, que já havia começado seu trabalho bem antes como toda boa garota responsável.

– Ah, valeu - agradeci - Cara, vou ter que passar a noite toda escrevendo sobre a economia da cana de açúcar no Brasil colonial. Por que esses professores de história são tão apegados ao passado?

– Não reclama. Quanto antes começar, antes vai terminar - disse Demi, tentando me animar.

– Bem, vou preparar meu pacote de batatas fritas - falou Jorjão, pegando outro livro de história - Se vou passar a noite toda estudando, preciso de um desses.

– Sempre preocupado com o estômago, heim? - comentou Demi - E você, Ka? Também tem algum trabalho?

Devo lembrar que Karina era um ano mais nova do que o resto da turma e ainda estava na sexta série. Mesmo assim, aposto que ela não teria nenhuma dificuldade em fazer as atividades da minha série. Na verdade, até peço a opinião dela em alguns trabalhos.

– Não - respondeu Karina à pergunta de Demi - Mas achei alguns livros interessantes. Vou terminar minhas lições e começar a lê-los.

Tive a curiosidade de olhar a capa de um deles. Ler "Teoria Literária Avançada" na capa de um deles não me impressionou em nada. O outro livro era um volume gigantesco de "Os Miseráveis". Karina era uma frequentadora assídua da biblioteca e ouvi dizer que ela era uma das poucas que preenchia as sugestões de novas compras de livros para o acervo da escola. Imagino que tipo de livro ela pedia. Bem, seja como for, eu tinha meus próprios problemas para me preocupar.

– Wilson, você já fez esse trabalho, não fez? - perguntei a nosso carismático líder de gangue, que parecia entretido com alguma coisa - Pode dar algumas dicas?

– Bem, não lembro muito bem... - respondeu ele, sem olhar para mim e verificando alguns livros - Usei umas anotações que fiz quando li sobre o assunto há alguns meses e fiz meu trabalho pautado nisso.

– Quê? Você já tinha o trabalho pronto? Como?

– Sempre estudo a apostila inteira assim que a recebo - falou ele - Recebemos a apostila do bimestre há uns dois meses mais ou menos, então já fiz um resumo sobre o assunto há muito tempo.

Eficiência? Bem, era o Wilson. Além de Karina, ele era o outro gênio do nosso time.

– Err...o que tanto você olha aí, Wilson? - perguntou Demi curiosa. Por que ela insiste em fazer as perguntas mais perigosas? Sempre vem alguma coisa bizarra depois de perguntas como essa.

– Logo atrás dessa seção dos livros de história...achei essa seção de cadernos antigos - falou ele - São cadernos feitos à mão doados por ex-alunos do colégio.

– Ex-alunos? - estranhou Demi.

– Quem iria querer doar o próprio caderno para a escola? - perguntei - Bem, eu pelo menos não gostaria que as futuras gerações vissem meus garranchos.

– É verdade, tem muitos garranchos aqui...mas é nos cadernos antigos que segredos podem ser encontrados - falou Wilson - E é isso que estou procurando.

– Segredos? - perguntou Jorjão - Normalmente as pessoas fazem isso em diários, não? Ninguém vai contar seus segredos num caderno de escola onde todo mundo pode ver! E ainda mais doar o seu caderno para o colégio!

– Não pense pequeno, Jorjão. Não combina com o seu tamanho - respondeu Wilson, sem tirar os olhos dos cadernos - Eu não conhecia esse sistema até agora e olha que eu frequento essa biblioteca desde o jardim de infância. É a prova de que bibliotecas sempre guardam preciosidades!

– Isso é verdade. Se quer encontrar surpresas boas, nada melhor do que uma biblioteca ou um sebo - comentou Karina.

– Não é? - concordou Wilson - Essa seção sempre ficou bem escondida. Eu não teria achado se não tivesse tirado esses livros de história que ficaram na frente.

Olhei para o lado e vi uma enorme pilha de livros apoiada na parede. Pobres bibliotecários que precisarão arrumar tudo aquilo.

– Mas por que você acha que teria algo de diferente nesses cadernos, Wilson? - indagou Demi.

– Assim que descobri esses cadernos, estive pensando...alguém poderia aproveitar esse sistema para deixar uma mensagem para as futuras gerações, não acham?

Não, não acho. Quem se daria ao trabalho de fazer uma coisa dessas?

– Pelo menos é o que estou pensando em fazer. Antes de me formar deixarei algum caderno com mensagens secretas para que os alunos do futuro tenham uma ligação conosco.

– Imagino que poucas pessoas teriam paciência de tentar descobrir mensagens secretas em cadernos assim - comentei.

– Exato - concordou Wilson - Apenas poucos escolhidos teriam a honra de conhecer nossos segredos.

Somos as pessoas que mais pagam mico naquele colégio. Nós temos algum segredo?

– Ah, mas olha para o Wilson agora - falou Demi - Ele está sendo uma das raras pessoas tentando descobrir mensagens secretas nos cadernos de ex-alunos.

Considerando que alguém tenha sido louco o bastante para ter deixado mensagens secretas em um caderno antigo.

– AHAH! - exclamou Wilson, apenas para ter sua atenção chamada pela bibliotecária, uma tia de óculos não muito simpática (e provavelmente solteira até hoje..não que eu possa falar muito).

– Shhhh! Silêncio, garotos. Vocês estão fazendo muito barulho! - reclamou ela (muito embora fossemos os únicos que passavam o intervalo na biblioteca).

– Desculpe - dissemos em uníssono. Mas Wilson, de fato, parecia empolgado.

– O que você achou, Wilson? - Demi perguntou curiosa.

– Olhem só isso.

Ele nos mostrou um tipo de mapa. Mas, claro, não parecia um mapa comum.

– Eu diria que é só um desenho aleatório feito em alguma aula chata - comentei.

– Será? Pelo jeito que ele fez esse esquema...parece muito com o mapa do colégio.

– O mapa do colégio? - estranhou Demi - Nunca parei para pensar no mapa da escola.

Devo lembrar que Wilson tinha uma memória e tanto, sendo assim, ter o mapa do colégio decorado na cabeça não era nenhum problema.

– E o que tem demais nesse mapa? - perguntei.

– Eu não sei. Talvez esse caderno tenha mais informações do que possamos imaginar - disse ele.

– De quem é esse caderno? - perguntou Demi.

Wilson folheou as páginas e descobriu o nome.

– É de um cara chamado Valter Arlindo Soares - respondeu ele.

– Um nome, heim? Com tantas redes sociais deve ser fácil descobrir como ele está agora - comentou Demi - Tem o ano que esse caderno foi usado?

– 1992 - disse Wilson - E é um caderno de quando ele estava no terceiro ano do ensino médio.

– Então ele inventou esse negócio quando já estava para se formar - comentou Jorjão.

Estudar para o vestibular pra quê, não é mesmo? Vamos criar mensagens secretas para os futuros alunos. Será que não era um antepassado do Wilson?

– Mas o fato de ter um mapa desenhado no caderno não significa que tenha algo de especial - comentei - Ele pode ter feito isso apenas por distração mesmo...ou estava tendo alguma conversa sobre a escola.

– Ou guardou algum segredo nesse colégio - disse Wilson - Vejam...tem um X bem aqui. Normalmente isso indica algum tesouro escondido.

– E onde fica esse X no colégio hoje? - perguntou Demi.

– No jardim - disse ele - Sim. No jardim perto do nosso canto do pátio, aliás. Deve ter alguma coisa lá.

– Mas a escola sempre teve um jardineiro - lembrei - Alguém já iria saber de alguma coisa se houvesse mesmo algum segredo lá.

– Ou talvez seja apenas uma pista para a localização do verdadeiro tesouro. Aí, sim. Agora temos uma caça ao tesouro de verdade e não aquela droga que nos obrigaram a jogar no dia da excursão!

Gostaria de lembrar a Wilson que ele estava muito empolgado no dia da excursão, mas ele é volúvel mesmo. Droga, agora até eu fiquei curioso.

– Será mesmo um tesouro? - perguntei, mais pensando alto do que perguntando para eles.

– Não sei, Daniel. Mas vou alugar esse caderno agora mesmo - disse Wilson - Irei estudá-lo e tirar mais algumas conclusões. Amanhã nos encontramos no nosso velho e querido banco para dizer o que descobri.

E assim foi feito. Naquela noite, em casa, depois do jantar, fiquei algumas boas três horas escrevendo um trabalho de história. Não poderia ser digitado? Não, meu professor é das antigas e exigia um trabalho feito a mão. Assim que terminei meu árduo texto de duas páginas, deitei na cama e o celular tocou. Quem poderia ser?

– Daniel!

– Wilson? É você? Tem ideia de que horas são?

– Meia noite. Por que? Está sem relógio?

– Esquece. O que aconteceu?

– Nada. Apenas fiquei empolgado. Amanhã nós conversamos sobre aquele negócio do caderno. Prefiro deixar no suspense.

– Então descobriu alguma coisa?

– Acredito que sim.

– Tá. Amanhã você me conta.

– Não está curioso?

– Um pouco.

– Vê se não vai ficar sem dormir por causa da ansiedade.

– Relaxe. Vou dormir perfeitamente bem.

– Liguei apenas para deixar o suspense.

– Boa noite, Wilson.

E desliguei o telefone. Estava curioso, mas não a ponto de perder meu sono. Estava cansado e havia passado boas horas trabalhando naquele texto. Queria dormir. Ah, sim, você pode ter ficado curioso, não é? Relaxe...veremos isso no próximo capítulo.


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