This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 204
Capítulo 204




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Capítulo 204 - Mais confusões com sucos

De todas as pessoas que poderiam passar pela nossa barraca tinha que ser justo o grupo daquele cara. Agora sim, estávamos realmente perdidos!

– Então...vocês estão vendendo sucos? - perguntou Jonathan.

– Que fofo - disse Deisy, estourando uma bola de chiclete na mesma hora - Nunca imaginei que fosse ver algo assim por essas bandas.

Montanha apenas ria.

– Como estão os negócios? - perguntou Beto.

– Bom, estamos progredindo - disse Wilson, em seu tom otimista usual - Por acaso...vão querer um copo de suco?

– Para falar a verdade, tô meio com sede sim - disse Montanha.

Além de Wilson ninguém dizia nada. A razão era óbvia: qualquer pessoa com o mínimo de instinto de sobrevivência sabia que não iria sair nada de bom daquela conversa.

– Opa. Então pode escolher. Temos laranja, limão e acerola - respondeu Wilson.

– E estão todos bons? - perguntou Deisy - Ou o que parece limão na verdade é de laranja e tem gosto de acerola?

– Claro que não! Cada suco tem o sabor certo! - retrucou Demi.

– Opa, então vê um de limão aí - disse Montanha, mas Jonathan colocou o braço na frente dele. Sua expressão parecia séria.

– Sei que a intenção de vocês é boa - disse ele, no tom de cinismo que já conhecíamos de longe - Mas...não podemos permitir isso!

– Do que está falado? - perguntou Wilson.

– Não podemos permitir que montem uma barraca em plena rua!

– E qual é o problema? - indagou Demi.

– Ela é tão inocente, né? - comentou Beto - Dá mesmo vontade de apertar as suas bochechas.

– Ei, sai pra lá! - reclamou Demi, protegendo suas bochechas instintivamente.

É, sai pra lá mesmo. Não gosto daquele cara, principalmente quando tenta dar em cima da Demi. Por que ele não vai atrás daquele monte de menina do Ensino Médio interessadas nele?

– O que acontece, Wilson - prosseguiu Jonathan - É que não podemos permitir que uma barraca de bebidas seja instalada aqui sem permissão.

– Mas temos permissão - disse Wilson.

– É? - indagou Jonathan.

– Sim. Minha mãe deixou a gente montar nossa barraca aqui!

Todos os quatro caíram na gargalhada. Jonathan, depois que terminou de rir, volta a falar de modo mais preocupante.

– Essa permissão não vale nada em termos legais.

– Como não? Tem uma autoridade mais válida do que a própria mãe?

– Olhando por esse lado...é uma autoridade e tanto - comentou Deisy.

– Sim. A mamãe é mesmo muito brava quando faço algo sem permissão - disse Montanha.

– Vocês não estão me ajudando! - reclamou Jonathan.

– Onde querem chegar? - perguntei a ele.

– O que estou querendo dizer...é que se a polícia pegar vocês aqui, confiscarão sua barraca em poucos segundos. O negócio de vocês não vai pra frente.

– Mas somos apenas crianças - lembrou Demi.

– E daí? Não podem abrir uma barraca de suco assim sem nenhum licença. Vocês tem autorização da fiscalização sanitária? Como vão arcar com as consequências se um dos seus clientes tiver uma dor de barriga, heim?

– O suco não dá dor de barriga em ninguém. Já provei todos - disse Jorjão.

– Só isso não basta! - Jonathan insistia.

– Só precisamos fingir que vamos embora e voltar depois que a polícia sair - explicou Wilson - É assim que os camelôs agem.

– Camelôs? - agora fui eu que perguntei.

– Sim. Você já deve ter visto. Quando o rapa chega, todos saem correndo e voltam depois. É o grande risco desse trabalho - explicou Wilson.

– A menos que alguém denuncie vocês - disse Jonathan.

– E quem faria isso? - falou Wilson, começando a rir e, logo depois, percebendo a gravidade da situação onde estavam - Ah, não.

– Sim - Jonathan sorria maliciosamente - Nada nos impede de entregar o negócio clandestino de vocês.

– Não. Por favor, não façam isso. Precisamos juntar dinheiro para comprar o uniforme das crianças - disse Demi.

Piedade era uma palavra que não havia no dicionário daqueles caras. Na verdade, só tinha um jeito de nos livrarmos daqueles aproveitadores.

– Tá bom. Quanto vocês querem? - disse Wilson.

– Não nos ofenda. Somos cidadãos de bem. Sempre fazemos o que é certo. E denunciar um negócio clandestino é algo que qualquer cidadão de bem faria - disse Jonathan cinicamente.

– Temos dez reais e podemos dar um copo de suco grátis para cada um - falou Wilson.

– Só isso? Ainda é pouco - falou Jonathan.

Agora Wilson estaca começando a perder a paciência, mas como era fisicamente fraco (e não suportaria uma tortura de cócegas da Deisy) aumentou a oferta.

– Podemos contribuir com 10% dos nossos lucros diários então - falou ele.

– Ah, um dízimo, aí sim podemos conversar - Jonathan parecia satisfeito - Mas por hoje ficamos com os dez reais e os copos grátis.

Obedecemos contra a nossa vontade.

– É um prazer fazer negócios com você, Wilson. Até mais - disse Jonathan, saindo com toda a felicidade juntamente com seus três seguidores. Palavras nunca serão o suficiente para expressar o quanto eu não gosto daqueles caras. Acho que o futuro do Jonathan será abrir alguma organização religiosa que cobre entradas para o céu. Certamente ele não teria vergonha nenhuma de fazer algo do tipo.

– O problema...é que nem lucro nós temos - lembrou Demi.

– E o que tivermos vai de propina para aqueles caras - reforcei - Acho melhor pensarmos em outro negócio.

– Ou pensar em um modo de melhorarmos nossa barraca - disse Wilson - Karina! Você deve ter algum conhecimento de marketing ou administração, não tem?

– Posso arranjar livros sobre o assunto - disse ela.

– Precisamos investir mais. Talvez pedir um empréstimo no banco. Quem sabe? - Wilson especulava. Alguém pode dizer a ele que isso só aumentará nossas dívidas? Precisamos de algo mais concreto!

Nisso, um carro relativamente grande para na frente da nossa barraca. Não era a Patrícia dessa vez.

A figura que saiu de dentro do veículo era bem mais extravagante. Usava uma boina verde, óculos escuros e um cachecol vermelho que não combinava em nada com a camisa roxa e calça azul piscina dele.

– Uau! Incrível! - disse ele.

– Podemos ajudá-lo, moço? - perguntou Demi.

– Essa barraca é de vocês? - perguntou ele.

– É sim - respondeu Wilson.

– Fantástico! É maravilhosa! Exatamente o que estava procurando!

Não estávamos entendendo muito bem a situação.

– Err..é só uma barraquinha feita com madeira velha - comentei.

– Exato. Meu nome é Pierre Henrique Escapândio. Sou curador de uma exposição de arte contemporânea. E a barraca de vocês é o tipo de arte que eu estava procurando.

Pelo entusiasmo dele ao falar de arte poderia dizer que era parente da professora Vitória.

– O que a barraca tem de tão especial? - perguntou Demi.

– Ela retrata a simplicidade da infância e coloca um certo grau de anos 90. Vocês sabem, filmes de Sessão da Tarde, crianças vendendo refrescos na calçada...essa sensação de nostalgia é demais! Quanto vocês querem por ela?

– Está falando sério mesmo? - indagou Wilson.

– Claro.

– Mas nossa barraca não é uma obra de arte. Somos negociantes e..

– 600 reais - interrompi Wilson - Por 600 reais pode levar a barraca!

– Daniel!

– Que tal resolvermos nosso problema primeiro? - falei, tentando, em um raro momento, colocar algum juízo naquela cabecinha - Depois montamos nosso negócio de suco sem preocupações.

– Concordo com o Daniel - falou Demi - É o mais certo a se fazer. Pagamos nossa dívida primeiro e ficamos sossegados com o resto.

– Jorjão? Karina? - perguntei.

– Vender a barraca é o mais racional. Não teremos outra oportunidade tão cedo - disse ela.

– Queira mais suco, mas...a mãe do Wilson sempre pode fazer mais - falou Jorjão.

– 4 a 1 então - falei - E como você mesmo diz, a NERD é um grupo. A maioria vota em vender a barraca.

– Só 600? Fechado! - falou o curador. Acho que poderíamos ter cobrado mais, só que meu desespero em me livrar da dívida e da barraca era tão grande que conseguindo o mínimo eu já ficava feliz.

– Bom, se é assim...

– Merci (*), vocês não sabem como me ajudaram. Por favor, visitem a exposição - disse ele, nos entregando seu cartão com a data da exposição que estava montando. Não tenho interesse em arte, mas a Demi até que ficou meio interessada. No outro dia já tínhamos como pagar os uniformes das crianças.

– Oh, então vocês conseguiram mesmo o dinheiro? - disse a professora Adriana, responsável pelas crianças.

– Sim - dissemos em uníssono.

– Parabéns pela responsabilidade - disse ela - Vocês são realmente um grupo bem legal. Sucesso para vocês, viu?

– Podemos dar aula para a sua classe um outro dia - comentou Wilson.

– Só por cima do meu cadáver! - retrucou ela, fechando a porta da sala na nossa cara. Bem, pelo menos a dívida está paga.

– Bom, agora que estamos quites, podemos repensar nosso negócio - falou Wilson - Talvez...possamos mudar do negócio de suco para hot dog. Que tal? Dogão da NERD? Soa bem, não?

Na verdade Wilson esqueceu sobre isso assim que soube de um novo vídeo de um jogo que estava para ser lançado. Agradeci aos céus por isso, mas tenho certeza de que logo, logo outra ideia maluca apareceria. Pois é, essa é a nossa rotina...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, começamos uma nova saga. Aguarde ;)

Até!



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