This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 100
Capítulo 100




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Capítulo 100 - Cruel Abstinência


Cmhegar na escola no dia seguinte e ver Jorjão chegar com olheiras enormes não era uma das coisas mais legais de se ver. Ele parecia mal, ou devo dizer, faminto. Bem, imagino o que ele estava passando. Dessa vez, a maluquice de Wilson o atingiu diretamente. Se bem que, indiretamente, também me atingiu, porque se aquele moço não perdesse 5 kg em uma semana, tanto ele, quanto eu, quanto o doido do Wilson teríamos que ficar de recuperação de Educação Física (e ficar de recuperação em uma matéria idiota dessas é a última coisa que quero para minha vida).


– Você tá bem, Jorjão? - perguntou Demi, transparecendo toda sua doçura e gentileza.


– De certo já está com crises de abstinência, acertei? - falou Karina, transparecendo toda sua frieza e objetividade.


– Nem me fale - respondeu Jorjão - Está sendo a pior semana da minha vida...


– Mas a semana começou ontem - falou Wilson - Você ainda tem seis dias para aguentar...ou melhor, você ainda tem seis dias para perder 5 kg.


– Seis dias? Eu vou morrer! - disse Jorjão, sentado no banco com as mãos na cabeça, completamente desolado.


– Aliás - continuou Wilson - Vamos ver o quanto você está pesando agora?


– E você tem balança? - perguntei.


– Não, mas desenvolvi um aplicativo que permite deduzir a massa de Jorjão com apenas uma foto.


– Quando você bola essas coisas? - questionei.


– Ah, fiz muita coisa durante as férias - respondeu ele - Claro que talvez precise de ajustes, mas...é só entrar com a altura da pessoa, tirar uma foto de corpo inteiro e o programa calcula a massa com um algoritmo simples que opera com as dimensões da pessoa da foto.


– Simples pra você, não é? - critiquei.


– Mas vamos lá. Sorria, Jorjão!


Mas nosso amigo não tinha muitos motivos para sorrir. Wilson tirou a foto, mexeu em alguns números e saiu com o seguinte resultado:


– 130 kg! Jorjão, você engordou 15 kg!


Senti um arrepio ao ouvir isso, mas o próprio Jorjão negou tudo.


– Impossível. Minha mãe só me obrigou a comer coisas estranhas de ontem para hoje. E mesmo que estivesse comendo normalmente, não engordaria 15 kg em uma noite!


– Claro que não! - ralhei - Sua droga de programa é que não funciona!


– Será que eu entrei com a altura errada? Ou será que ele operou com as dimensões do fundo também?


– Melhor usarmos uma balança logo - disse Demi.


– Sim. O ideal é medirmos o peso dele todos os dias - falou Karina - Daí recolhemos os dados para uma análise mais rigorosa do programa de emagrecimento.


– Verdade. Se der certo, o que vai ter de gente nos consultando para emagrecer vai ser demais. Hehe.


Será que ele precisa ser megalomaníaco o tempo todo? Eu, por outro lado, estava mais preocupado com o controle de Jorjão, que parecia estar louco para filar alguma guloseima logo de manhã.


– Aquele garoto...comendo um croisant logo de manhã...e pensar que eu estaria no lugar dele ontem - lamentou o pobre gordinho.


– Calma, aguente uma semana - Demi tentou animá-lo.


– Como vou conseguir aguentar tanto tempo?! - exclamou ele - Hoje eu nem consegui dormir!


– Sério? - Demi também parecia mais preocupada com ele.


– É - respondeu Jorjão, voltando a se desolar com as mãos na cabeça - Passei a noite em claro, pensando em tudo que minha mãe deixou guardado no cofre...eu...eu tentei atacar à geladeira durante à noite, juro que resisti, mas era mais forte do que eu...acordei e fui, sorrateiramente como um guerreiro das sombras...mas minha mãe era mais esperta. Eu não reparei que minha mãe havia colocado uma corda na porta da geladeira. Quando abri a porta, a corda foi puxada, um alarme foi acionado e eu fui pego em flagrante. Minha mãe previu todos os meus movimentos!


– Hmm.. Fiz bem em dar a ideia do alarme - falou Wilson - Bom saber que sua mãe está do nosso lado.


– E ela gostou mesmo da ideia! - reclamou Jorjão - Disse que já era hora de eu começar a pensar em emagrecer. Mas por que preciso passar fome por causa disso?


– Não precisa passar fome. É só pensar em alimentos saudáveis - disse Demi.


– Mas todo alimento saudável é ruim!- reclamou Jorjão - Como posso viver só de salada? Meu pai até tentou me ajudar...tentou contrabandear um bolinho de chocolate, um simples bolinho de chocolate, mas minha mãe o pegou em flagrante e ameaçou mandá-lo dormir no sofá se fizesse isso de novo.


– A coisa tá tensa mesmo, heim? - falei, sentindo uma certa pena do pobre guloso. Afinal de contar, comer era o maior prazer da vida dele. Tirar isso de Jorjão era quase como matá-lo.


– E o pior de tudo é que hoje é só o primeiro dia - falou ele - Como vou aguentar até a semana que vem?


– Aguente, Jorjão! Vamos mostrar para todo mundo que você é forte!


– Não é melhor aceitarmos a recuperação? Isso é mais forte do que eu!


– Hehe. Vejam só, se não são meus queridos alunos - disse professor Jubal que, coincidentemente ou não, passava pelo nosso canto do pátio - E aí? Algum resultado na silhueta do Jorge?


– Estamos trabalhando duro nisso - disse Wilson.


– A expressão dele não está nada boa - falou Jubal - Parece até que não comeu nada desde ontem.


– Não é verdade. Ele comeu bastante salada - falou Wilson - Uma alimentação saudável é o primeiro passo para o emagrecimento.


– Mesmo? Pois mesmo eu, professor de Educação Física, adoro comer um chocolate de vez em quando - disse ele, tirando uma barra de chocolate do bolso e abrindo-a bem na nossa frente.


– Isso é...chocolate? - disse Jorjão, mal podendo disfarçar sua baba escorrendo. Demi saiu de perto e Jubal parecia comer o chocolate como se fosse a última barra da face da Terra.


– Sim. Daquele ao leite, que derrete na boca...por mim não tirava esse gosto da boca nunca mais.


– P-Parece muito bom mesmo - disse Jorjão.


– Não olhe! Ele está nos provocando! - disse Wilson, tapando os olhos do pobre Jorjão, que segurava seus impulsos para não atacar o chocolate do professor.


– Professor! Isso é muita crueldade com o Jorjão! - reclamou Demi.


– Por quê? Só estou comendo meu chocolate...tenho direito de comer chocolate quando quiser, não tenho?


– C-Chocolate - Jorjão repetia - Só..um pedacinho...


– Você quer? - perguntou o professor.


– O senhor vai me dar? Mesmo? - disse Jorjão, tirando a mão de Wilson do seu rosto à força e não escondendo a vontade de pegar um pedacinho mínimo da guloseima.


– Vai querer? - perguntou o professor.


– Como vou dizer que quero se não sei se o senhor vai me dar? - perguntou Jorjão.


– E como eu vou te dar se não se você vai querer? - rebateu Jubal.


– Quero! Eu quero muito! - Jorjão já estava com os olhos esbugalhados de verdade.


– Quer? Quer mesmo? - disse o professor, mostrando o último pedaço.


– Não, Jorjão! Vão ser mais calorias! - Wilson tentou impedir.


– Quero. Quero sim. Por favor.


– Então compra! Hauhauhaha! - riu o professor, pegando o último pedaço e saindo de cena após completar uma das piadas mais clássicas da cultura pop latino americana.


– Nããooo! - gritou Jorjão - Desse jeito eu vou morrer antes mesmo dele nos deixar em recuperação.


– Acalme-se, rapaz - disse Wilson - Não vai cair nas provocações de um professor que só quer ferrar a gente, não é?


– Mas eu preciso comer alguma coisa açucarada ou gordurosa! Qualquer coisa! - disse Jorjão, em total desespero.


– Err...acho que tenho uma barra de cereal - disse Demi, revirando a bolsa - Isso é saudável, não é?


– Não! - impediu Wilson - Essa é daquelas metade chocolate. Não vamos abusar.


– Mas ele está tão desesperado - disse Demi.


– Nada de comer entre as refeições - falou Wilson - Na hora do recreio, vamos vigiá-lo de perto, ouviu?


Peraí, ele falou recreio de novo? Tá, que seja, deixando isso de lado, a hora do intervalo foi mesmo um momento tenso para Jorjão. Tivemos que vendar seus olhos e tapar seu nariz com um pregador para que o cheiro de salgadinhos da lanchonete não o atiçassem, provocando uma recaída. E olha que estávamos relativamente longe de lá.


– E aí? Tem buita gente com coisas gostosas no hanche? - perguntou ele, com olhos e nariz tapado (por isso o jeito fanhoso de falar).


– Não vale a pena comentar - falei - Só vai te deixar mais faminto.


– Isso mesmo - falou Demi - E é em solidariedade à sua dieta que nenhum de nós vai comer no intervalo.


– Sim. E não vamos deixar ninguém chegar perto de você com nada considerado perigoso - falou Wilson.


– Esse barulho - falou ele - Alguém tá mordendo aqueles salgadinhos de bacon...dá para saber só pelo barulho.


– Demi! Fones de ouvido! - gritou Jorjão.


– É para já! - disse Demi, colocando fones em Jorjão e ligando em qualquer música.


– Desse jeito vamos ter que privá-lo de todos os sentidos na hora do recreio - falei - Não acha que é exagero?


– Estamos falando do Jorjão. Não é exagero - argumentou Karina.


– Essa rádio... - falou Jorjão.


– Sim, Jorjão, o que tem? - perguntou Demi.


– Está entrevistando um chef de cozinha internacionalmente famoso! - gritou ele.


– Muda de estação, Demi! Muda de estação! - gritou Wilson.


– Agora essa rádio é patrocinada por um restaurante...vou lembrar disso toda vez que escutá-la - falou ele.


– Tira o fone, Demi! Tira o fone! - exclamou Wilson - Pelo menos o barulho da mordida a gente consegue abafar.


E esse foi o primeiro dia de abstinência de Jorjão. Na hora da saída, passamos na farmácia mais próxima e conferimos o peso dele.


– Não mudou nada - disse Jorjão - Mesmo depois de todo o sacrifício que fiz...não mudou nada!


– Calma - falou Karina - Só mudar a alimentação não faz ninguém emagrecer do dia para a noite.


– Verdade - concordou Demi - Vamos precisar de outras medidas para conseguir resultados!


– Sim - disse Karina - Se quer mesmo emagrecer vai precisar de medidas drásticas.


– M-medidas drásticas? - gaguejou Jorjão - Que tipo de medidas?


– Jorjão! Você vai ter que praticar atividades físicas! - disse ela, com toda a frieza.


– O QUÊ?! - gritou ele. Agora sim, vem a pior parte do programa de emagrecimento.



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Notas finais do capítulo

Centésimo capítulo, heim?
Fala sério. Que fic você vê por aí que dura tanto assim?
Dê um review nem que seja para comemorar os 100 caps!
Até! ^^/