POV Luke

Todos nós entramos de volta em Hogwarts e McGonagall nos deixou utilizar uma sala espaçosa para conversarmos com nossos pais. Isabelle estava estranhamente quieta. Alvo segurava sua mão e ela se apoiava firmemente em seu braço como se não quisesse ser tirada de perto dele. Estava com medo, do meu pai. Ou do pai dela que ela nunca conheceu.

Quando estávamos todos na sala, ficou um silêncio constrangedor, ninguém sabia o que falar eu acho. Mas ao mesmo tempo, nós ficamos quietos porque queríamos que eles falassem primeiro, afinal, não precisavam saber que descobrimos a verdade. Não precisavam, ainda.

- Vocês disseram que queriam conversar... – Rose começou baixinho, ela estava sentada em uma mesa, Scorpius ao seu lado brincando com os dedos de suas mãos entrelaçadas

- Então vocês voltaram? – Rony perguntou do nada, Scorpius levantou os olhos para o sogro e Rose sorriu timidamente – Vocês dois são mais confusos que Hermione e eu!

Eu soltei um risinho irônico. Pelo que sabemos das histórias antigas, Hermione e Rony eram um casal perfeito que nunca daria certo, mas que estavam ali, juntos.

- Acho que não foi sobre isso que vieram conversar com a gente! – eu mordi o lábio, mas não aguentava mais ficar quieto

- Luke! – meu pai deu um passo à frente

Isabelle se encolheu mais contra Alvo.

- Fique onde está! – eu o alertei – Não acredito que não me contou isso!

- Como descobriram? – meu pai franziu o cenho

Nós ficamos em silêncio novamente. Foi Scorpius quem respondeu por mim.

- Nós vimos um jornal na biblioteca, havia uma nota pequena sobre a separação de vocês! Bem sensacionalista por sinal, dizia que vocês dividiram tudo inclusive os filhos! – o loiro abaixou a cabeça e suspirou – Vocês sabiam disso pai? Mãe?

Os Malfoy concordaram com a cabeça. Scorpius fez uma careta, mas não ficou bravo com os pais e nem deveria, se não fosse por eles, Isabelle e eu nunca teríamos nos aproximado.

- Por quê? – eu perguntei novamente

- Podemos conversar a sós? – meu pai perguntou – Nós dois, Isabelle e Candice?

Isabelle abraçou Alvo de novo. Ela não queria ficar sozinha ali, por algum motivo tinha medo do que iria ouvir ou de conhecer um pai que jamais imaginou ser o seu. Eu suspirei. Scorpius e Rose concordaram com a cabeça e saíram com os pais, Harry parou na porta esperando por Alvo, Lylian já havia saído com Gina.

- Sabe, ninguém vai machucar você! – o moreno sussurrou no ouvido dela

- Não quero ouvir o que tem a dizer, acho que não quero saber a verdade! – ela deu de ombros

- Mas precisa! – ele sorriu lhe beijando a testa – Luke vai cuidar de você!

- Tudo bem! – ela se desvencilhou dele e sentou sobre uma mesa, eu me apoiei na mesma mesa ao lado dela e esperamos em silêncio

- Nós não queríamos separar vocês! – meu pai começou e se aproximou um pouco, Candice só sabia chorar eu acho – Mas foi necessário! O que está acontecendo agora com vocês, já acontecia com minha família, nós só queríamos proteger vocês!

- E não era mais fácil nos manter juntos? – eu ergui as sobrancelhas

- Isabelle não podia ser minha filha, se é que me entende, assim jamais seria machucada e quanto a você, eu me encarregaria de protegê-lo com minha própria vida! – agora ele estava bem próximo já – Acha que pode entender isso?

- Acho que quero saber tudo o que já aconteceu na sua família! – eu cruzei os braços – Já houve sonhos onde Isabelle e Lylian eram sacrificadas!

- E os outros? Não tiveram sonhos? – ele perguntou de forma séria

- Tiveram, a maioria com mortes ou algo do gênero!  Lylian já sonhou que eu morri, mas os sacrifícios só foram com a Belle e a Lyli! – eu respirei fundo

- Vamos contar tudo, da mesma forma que eu já contei há quinze anos atrás para sua mãe! – ele indicou Candice com a cabeça

- Por isso nunca me deixou chamá-la de mãe! Penélope entende? – eu suspirei – Quando eu era pequeno, sempre me disse para chamá-la pelo nome e nunca por mãe!

Ele acenou afirmativamente com a cabeça.

- Sinceramente? – Isabelle pulou da mesa – Eu não quero saber de nada, estou vivendo conforme posso e não me importo com o que pode acontecer comigo! Por nada no mundo vocês dois deveriam ter me separado do Luke! Eu cresci sem um pai e sem meu irmão! Luke não tem culpa nenhuma disso, mas vocês têm e eu não estou com a mínima vontade de ficar olhando para vocês agora!

E sem mais ela saiu da sala. Candice chorou ainda mais, meu pai apenas ficou encarando a porta tristemente.

- E você? Está disposto a ouvir a história toda? – meu pai se voltou para mim, os ombros curvados, ele sofria

Eu acenei sorrindo de lado e indicando as mesas. Candice sentou ao meu lado, enquanto meu pai puxava uma cadeira para sentar a minha frente. A conversa seria longa, mas eu precisava ouvi-los.

***

POV Autoras

- Então Potter... – começou Erick parando Alvo no meio do corredor.

- O que você quer? – perguntou Alvo impaciente. – Quer outro soco? Se você quiser, não precisa pedir, é só ficar parado aí. – disse Alvo.

- Ui, que brabeza. – zombou Erick. – Está assim por causa da Belle?

- Estou assim por causa de um verme lento na minha frente que pede pela morte. – disse Alvo tentando não transparecer a curiosidade pela menção de Isabelle. Mas Erick percebeu e adorou isso.

- Ainda está namorando a Isabelle? – perguntou Erick.

- Por que quer saber projeto de gente? – perguntou Alvo.

- Não dizem que confiança é a base de qualquer namoro? – perguntou Erick esperando uma resposta de Alvo, mas recebendo apenas uma sobrancelha erguida. – Sabe que ela foi me procurar? – perguntou Erick descontraído.

- Sabia que sua morte se aproxima? – perguntou Alvo sério. Não queria ficar ali. Confiava em Isabelle e sabia que se ficasse ali e ouvisse asneira de Erick, essa confiança ia começar a balançar.

- Ela foi me procurar, falar da Alicia. – disse Erick. Alvo olhou para ele com a sobrancelha erguida.

- Sua namorada sabe que você fica atazanando os outros? – perguntou Alvo.

- Você fica sabendo que Belle fica me procurando por ciúmes? Sabe Potter... O que tivemos foi muito intenso. Ela ainda sente algo por mim, é óbvio e eu não a culpo. É normal acontecer isso, mas eu queria te pedir para você controlar sua namorada.

- E eu queria te pedir para você controlar sua boca. – murmurou Alvo sentindo sua paciência se esvair aos poucos.

- A boca é minha.

- E a namorada é minha.

- Mas ela está atrapalhando meu namoro. – disse Erick.

- E você está atrapalhando minha vida. – disse Alvo.

- Mas Potter, eu quero te pedir para controlar sua namorada. Fazer ela te amar, assim ela para de me procurar por ciúmes que... – mas Erick não pode terminar. Alvo deu um soco no maxilar de Erick que caiu no chão.

- Você pediu. – murmurou Alvo passando por cima do corpo de Erick e sumindo no corredor.

***

POV Lylian

Eu saí da sala com o coração pesado por deixar o Luke sozinho em uma situação dessas. Mas eu não podia interferir, afinal era a família dele, não que eu não fosse também, mas ele precisava passar por isso sozinho. Despistei minha família dizendo que iria buscar um livro e segui pelos corredores pensando nos últimos acontecimentos. Suspirei e me encostei a uma parede qualquer fechando os olhos para pensar melhor.

Senti um corpo se encostar ao meu, sorri de maneira maliciosa e aspirei o perfume pensando que era Luke, mas quando senti realmente aquele perfume forte e cítrico percebi que estava encrencada, pois agora já estava presa contra a parede e seus lábios me beijavam de forma furiosa. Abri os olhos com raiva e tentei empurrá-lo, mas não consegui.

Ele só sorriu de forma maliciosa e me beijou de novo. Louis. Seu babaca. Correspondi, mas apenas para ele afrouxar o aperto em meus pulsos e eu poder afastá-lo o suficiente para acertar uma joelhada entre suas pernas. Ele gemeu e caiu no chão. A dor explicita em seu rosto.

- Isso é para aprender que não irei nunca mais ficar com você por livre e espontânea vontade!

- Isso é o que veremos! – ele vociferou enquanto eu saía a passos largos

Luke me mataria. Ou não. Se eu contasse a verdade.

***

POV Alvo

Isabelle estava nervosa quando a encontrei, sentava na beira da floresta proibida e girava a varinha nas mãos. Eu sentei ao seu lado e cruzei as pernas.

- Você realmente não quis ouvi-los? – perguntei puxando-a pela cintura para mais perto, ela negou com a cabeça – Quer falar sobre isso? – ela negou de novo – E sobre Erick e você?

Ela me encarou rapidamente agora. Seus olhos perscrutaram meu rosto em busca de algum sinal, mas eu simplesmente dei de ombros.

- Ele veio falar comigo! – eu olhei a grama a minha frente – Mas não se preocupe, acho que o que ele falou não é verdade, pelo menos não inteiramente!

- O que ele disse a você? – ela perguntou ficando ainda mais nervosa

- Que você o procurou com ciúmes porque ele estava com Alícia! – eu voltei a encará-la

- E você...

- Acho que é mentira! – eu sorri, os olhos dela brilharam de alegria – Confio em você! E sinceramente, também acho esse namoro estranho! Afinal ele é seu ex e ela se fez passar por minha namorada quando eu estava com amnésia!

Ela concordou e se aconchegou mais em mim. Então suspirou pesadamente.

- Só não queria que ela sofresse como eu...ela é nova também e...

- Eu sei! – acariciei seus cabelos

- Ele me contou porque não se importava comigo, no início fiquei pensando que podia ser a mesma coisa para você, mas...

- Eu te amo! – eu sorri

- É, você me ama! – ela sorriu, mas logo me encarou com os olhos marejados – Eu fiquei com tanto medo dele!

E naquele momento eu percebi que ela mudara de assunto, não porque escondia algo, mas porque estava precisando desabafar.

- Por quê? – perguntei compreensivo

- Ele nunca quis saber de mim? Nunca me amou? Será que me quer, Al? Eu não sei o que pensar, são tantas perguntas e...eu sempre quis um pai, mas ele pode não me amar e eu só vou sofrer me aproximando dele!

Eu não podia responder todas aquelas perguntas com certeza absoluta, só sabia que as coisas se resolveriam com o tempo. Então a abracei apertado e fiquei ali com ela, até que as lágrimas cessassem e ela se sentisse pronta para encarar os outros. Eu jamais a abandonaria.

***

POV Lylian

Encontrei Luke somente no Salão Principal quando chegávamos para o jantar. Ele me encontrou na porta e sorriu de forma estranha. Mas eu não me importei, não naquela hora.

- Eu preciso falar com você! – eu segurei suas mãos de forma meio brusca, ele me encarou preocupado – Aconteceu uma coisa enquanto você falava com seu pai!

- O que foi Ly? – ele perguntou mexendo em meus cabelos

- Prometa não fazer nada, pelo menos agora e que me deixará falar tudo! – eu pedi baixinho, ele só acenou – Louis me beijou!

- O quê? – seus olhos se arregalaram, a sombra daquela traição antiga passou por seus olhos

- Foi à força, eu juro! Só correspondi porque queria dar um chute no meio de suas pernas! Estou torcendo para que ele não possa ter descendentes! – eu busquei seus olhos, queria ver se confiava em mim

Eu sei que já o traí com o Louis e sei que essa história pareceria estranha agora, mas...

- E aí Luke! – Ághata, aquela garota que o convidou para sair na minha frente, apareceu e se pendurou em seu ombro – Já contou a ela?

- Me contou o quê? – afastei-me rapidamente

- Me largue! – Luke a afastou de si – Ly...

- Não acredito que não contou da nossa ficada caliente! – ela suspirou pesadamente e se fingiu de brava, eu encarei Luke sem compreender, mas seus olhos confessaram

- E eu aqui contando o que aconteceu, que bom que temos o mesmo tipo de confiança! – eu simplesmente voltei às costas e saí

E ele nem ao menos veio atrás de mim. Que fique lá com ela. Com sua garota caliente. Talvez seja isso que ele realmente precise!

***

POV Autoras

Ela se esgueirava nas árvores. Onde estaria? Na escola, não? Estava escuro. As árvores projetavam a sombra de acordo com a luz que a Lua fornecia. As luzes do castelo já estavam todas apagadas, todos dormiam. Menos duas pessoas. Um casal estava diante do lago. Esperando a pessoa que comandava tudo.

- Finalmente. – murmurou ela quando viu a mulher se erguer da água.

- O tempo se aproxima. – murmurou a mulher com metade do tronco na água.

- Sabemos. – disse ele. A mulher na água ergueu os olhos e fitou o casal.

- Estão cumprindo seus deveres. O mestre não sabe se fica orgulhoso ou bravo com vocês.

- No final, o ritual será completado e ele ficará orgulhoso de nós que fizemos o seu serviço. – disse a mulher. A mulher na água semicerrou os olhos.

- Ora sua insolente, está simplesmente aí, eu estou a par de tudo.

- Nós cuidamos do principal. Nós que vamos capturar o sacrificado. – disse ela erguendo a sobrancelha. Adorava irritar a mulher dentro do lago.

- Ninguém suspeita? – perguntou a mulher na água.

Isabelle se esgueirava nas árvores para ouvir melhor a conversa. Não podia acreditar que eles eram os espiões, tão óbvio... Estava na cara deles o tempo todo e precisaram de uma visão para verem. Ela olhou para todo o cenário e quase deixou escapar um grito. Ela estava vendo alguém do outro lado do lago. Era... Luke?! Ela olhou melhor e viu ele colocar o dedo na boca, em sinal de silêncio, e apontar para eles.

- Melhor voltar. – aconselhou a mulher no lago.

- Límni. – disse a mulher. A mulher no lago ergueu a cabeça. – Está pronta?

- Pronta para quê? – perguntou Límni engolindo em seco.

- Para a guerra. A fúria dos Deuses sobre nós. – disse a mulher erguendo a sobrancelha.

- Desde a geração passada estamos preparados. – disse Límni. – Mas pergunto-me... E vocês? Estão preparados?

- Muito. – afirmou o homem.

- Mesmo? Você estava indeciso na ultima vez que nos vimos. – disse Límni.

- Vi que eles são mortais que devem ser mortos o mais rápido possível. Como vermes insignificantes.

- Cuidado com as palavras... – disse a mulher repreendo-o. Ele revirou os olhos.

- Não se esqueça. O tempo se aproxima. As coisas estão sendo preparadas. – disse Límni vendo o tempo. – A lua dará o sinal. – disse ela. O homem e a mulher engoliu em seco. - Descobriram o que eu pedi?

- Nós... – começou a mulher hesitante.

- Vejo que se quero que façam uma coisa certa, terei que fazer eu mesma. – murmurou Límni olhando para o castelo e pensando.

- Não pensa demais que vai explodir. – alfinetou a mulher.

- O que estão fazendo aqui? – perguntou Límni. – Andem... Voltem para o castelo antes que notem a falta de vocês. – disse ela olhando para o castelo uma ultima olhada, antes de voltar para o fundo do lago.

Eles se entreolharam e voltaram para o castelo. Isabelle ficou observando eles partirem quando sentiu duas mãos rodaram sua cintura.

- Belle!

- Luke, o que está fazendo aqui?

- Tendo a mesma visão. – disse ele analisando ela. – Vamos... Precisamos acordar.

- Mas...

- Acorde! – disse ele beliscando ela.

- Ai! – exclamou Isabelle sentando. Olhou para os lados, estava no dormitório. Sem pensar duas vezes, trocou de roupa e foi falar com Luke. Precisava ver melhor a visão.

***

POV Luke

Com um pouco de dificuldade eu consegui reunir o pessoal. Minha cabeça girava e eu realmente não sei como conseguia ficar de pé. A briga minha e da Lylian... Me sentia mal, ela me contou e eu não. Idiota.

- Ei, cara! – chamou Alvo estalando os dedos na minha frente. Sacudi a cabeça tentando tirar aqueles pensamentos, impossível. – O que fazemos aqui? – perguntou ele. Olhei para todos. Todos ali... Comecei a passar na frente da sala precisa.

Precisava de um lugar calmo... Com poltronas... Aconchegante... Com livros para nos ajudar a solucionar a profecia.

- Luke! – exclamou Isabelle. Olhei para ela. – Você passará uma sexta vez na frente da sala. – disse ela rindo de mim. Sorri de lado e entramos na sala. Exatamente como eu pensei.

- Conte-nos, o que fazemos aqui? – perguntou Rose ansiosa. Engoli em seco e peguei o livro.

- Achei uma profecia. – disse para eles abrindo os livros.

- E daí? – perguntou Rose. – Vivo lendo profecias nos livros que eu pego.

- Você não entende. – disse pegando o papel. – Colocaram aqui.

- Como assim? – perguntou Scorpius.

- Vejam... O papel do livro é amarelo. Este é branco. Foi escrito nos últimos tempos. E... – comecei olhando para o papel nas mãos. – Acho que é para nós.

- O que está escrito? – perguntou Alvo.

- “E quando o lince olhar para o céu e ver o céu retribuir o olhar com um sorriso, ele saberá que o grande dia se aproxima. O sumiço da Lua indica que o dia chegou. Os planetas girarão a favor da sorte para aqueles que souberem usá-la corretamente. Mas escolhas certas e erradas podem colocar vidas em risco. A escolha entre a virgem e a inteligente deverá ser feita. Uma vida será sacrificada. E só o amor verdadeiro sobreviverá ao tempo. Mas deverão ter cuidado com os impostores, hoje e amanhã.”. – terminei. Olhei para o pessoal. Silêncio. Engoli em seco. – Então?

- Vamos analisar essa profecia. – disse Rose puxando o papel das minhas mãos. – “E quando o lince olhar para o céu e ver o céu retribuir o olhar com um sorriso...”

- Como o céu vai retribuir o olhar com um sorriso? – perguntou Lylian, falando pela primeira vez naquela noite. Meu coração saltou, ah ruiva...

- Tem um evento astrológico que chamam de O Sorriso da Lua. – começou Isabelle. Todos nos focamos nela. – É um evento que acontece de tempos em tempos. Os planetas Júpiter e Vênus brilham mais e ficam ao lado da Lua. – disse ela desenhando num pergaminho para nós. – Se a Lua estiver na fase crescente... – disse ela desenhando um semicírculo e formando um sorriso. – Ela está feliz e trará coisa boa para nós. Agora, se ela estiver na fase decrescente... – disse ela fazendo os dois pontos que seriam os planetas e um semicírculo para baixo. – Ela está triste e coisas ruins virão. Mas isso é irrelevante. – disse ela se encostando à poltrona. – Às vezes ela está em fase decrescente e faz um sorriso. – disse ela olhando para uma mesa e de repente apareceu chocolate ao seu lado. Ela olhou para eles e pegou um. Rolei os olhos, tinha que ser ela.

- Então... Quando formar um sorriso... – voltou Rose a ler. – “ele saberá que o grande dia se aproxima.” O grande dia?

- O dia final. – disse Alvo. – O dia da guerra. Dia D. Dia que acabará essa maluquice toda.

- Está bem... – disse Rose olhando desconfiada para Alvo. – E quando é o próximo “Sorriso da Lua”? – perguntou Rose.

- Hoje. – disse Isabelle. Todos nós olhamos assustados para ela. – O quê? Eu venho acompanhando isso. – disse ela dando os ombros. – O que diz o resto?

- Amm... – disse Rose olhando para a profecia. – "O sumiço da Lua indica que o dia chegou.”. Sumiço da Lua... – começou Rose pensando.

- Lua nova! – exclamei assustando todos, uma cena um tanto engraçada. – Que será daqui a duas semanas.

- Quer dizer que daqui a duas semanas é o grande dia? – perguntou Isabelle.

- Exatamente. – disse.

- Merlin... – murmurou ela se aconchegando no braço de Al. Suspirei, queria poder fazer isso com a minha ruiva... Teria que pensar em algo depois.

- “Os planetas girarão a favor da sorte...”.

- Será um sorriso. – disse Isabelle. - Um sorriso feliz. – disse ela. – Se terá sorte...

- Para aqueles que souberem usá-la. – disse Scorpius.

- Depois? – perguntei.

- “Mas escolhas certas e erradas podem colocar vidas em risco.” - disse Rose.

- Tá, isso é um pouco óbvio. – disse Lílian.

- “A escolha entre a virgem e a inteligente deverá ser feita.”. – disse Rose parando de ler e olhando para nós. – A virgem... – disse Rose olhando para Isabelle que negou com a cabeça. E então ela olhou para Lylian que engoliu em seco, mas segurou o olhar. – E a inteligente. – disse ela olhando para nós. Mas, sem percebermos, todos nós olhamos para ela. Como dizendo que ela era a mais inteligente. – A escolha entre mim e a Lylian deverá ser feita? – perguntou Rose abismada.

- É o que diz a profecia, não? – perguntou Isabelle calmamente.

- Como vamos escolher uma de nós? – perguntou Rose nervosa.

- No palitinho não vai ser. – disse Lylian sarcástica.

- Vamos pular esta parte. – pediu Scorpius depois que viu meu olhar desesperado. Rose olhou temerosa para ela e voltou a olhar para o papel.

- “Uma vida será sacrificada.” A vida da virgem... – disse ela apontando para Lylian que arregalou os olhos. – Ou a vida da inteligente. – disse ela apontando para si mesma.

- Rose... – pediu Scorpius novamente.

- “Um coração será quebrado. E só o amor verdadeiro sobreviverá ao tempo.” – disse ela. Engoli em seco, por tudo quanto é mais sagrado... Não seja o meu. – “Mas deverão ter cuidado com os impostores, hoje e amanhã.”. – terminou ela me entregando o papel.

- Impostores? – perguntou Alvo. Olhei para Isabelle... Ela se levantou e sentou-se do meu lado. – Belle...

- Eu e Luke temos algo para contar. – disse Belle. Alvo arregalou os olhos.

- Por Merlin! Vão nos contar que não são irmãos e namoram em segredo. – disse Alvo começando a ficar desesperado. Comecei a rir dele.

- Pelas barbas de Merlin... Que criatividade Al. – eu disse.

- Claro que não é isso. – repreendeu Belle. – Eu e Luke tivemos uma visão. A mesma visão. Juntos. – disse ela séria.

- Como era a visão? – perguntou Rose.

- Era assim. Eu e o Luke estávamos... – e Isabelle e eu contamos toda a nossa visão.

E então terminamos. Olhei nervoso para todos. Bocas abertas, gotas caindo e moscas paradas nos olhos. Ok, exagerei um pouco. Eles estavam boquiabertos.

- Aquele filho da... – começou Alvo nervoso.

- Ei. – repreendeu Belle. Al terminou a frase pela metade mesmo.

- O que faremos agora? – perguntou Al.

- Sabemos quem são os impostores. – disse Rose olhando para a profecia nas minhas mãos. – Uma coisa eu não entendi.

- O que Rose? – perguntei. – Que parte? – perguntei entregando a profecia para ela.

- A parte do lince. – disse ela. Vi que Scorpius me olhou. – “E quando o lince olhar...”. Como assim lince? Que lince?

- Eu. – eu falei. Ela parou de falar e todos olharam para mim. Scorpius me olhou e assentiu levemente com a cabeça. – Eu sou o lince. Eu sou um animago. – eu disse. Todos ainda me encaravam. – E o meu animal é um lince. Então, ele se refere à mim.

- Bom... Daqui a duas semanas terá a batalha e alguém será sacrificado. – disse ela. Nós respiramos fundo. - Está tudo explicado agora. – disse Rose satisfeita.

Eu me levantei e suspirei. O mundo estava muito louco, girava muito rápido. Andei pela sala. Não sabia o que pensar. Vi uma janela e finalmente pude ver o Sorriso da Lua. Vênus e Júpiter brilhavam fortes e a Lua sorria para mim. Sorri para ela. Teríamos sorte nessa batalha.

- A profecia está se realizando. – comentou Isabelle se postando ao meu lado e vendo o céu sorrir para nós. – O lince sabe que o dia se aproxima não é? – perguntou ela rindo. Ri e abracei ela.

Infelizmente eu sabia. Sabia que em duas semanas, nossas vidas mudariam. E muito.