Sobre Papéis e Pedidos de Casamento escrita por ghostrider


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Essa fic se passa durante um show do MCR e é basicamente os pensamentos de Frank (bem revoltados por sinal). Divirta-se!



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Sobre papéis e pedidos de casamento

Há uma criatura na primeira fila que está me tirando do sério. Balança um cartaz e pede - em letras garrafais - para que Gerard case com ela.

Meu Deus, eu vou matá-la.

Vou jogar a guitarra na cabeça dela se não abaixar esse pedaço de papel neon do inferno em cinco segundos.

Céus, ela vai morrer. Já se passaram cinco segundos e ela continua sacudindo aquela porcaria como se fosse um bilhete de loteria premiado ou o cupom dourado do Willy Wonka.

Gerard não deveria continuar rebolando, nem deveria estar lançando esses olhares pseudo-pervertidos para ela. Parece divertido brincar com o coração das pessoas que estão implorando por sua presença em suas vidas, mas... Saco, não é divertido. Não digo isso porque acho que é muito vulgar da parte dele. Digo isso apenas porque acho que é triste dar falsas esperanças àqueles que estão lá embaixo.

Okay, eu admito. Não é bem assim. Talvez eu apenas ache que é exagero. Não, tudo bem, não é. Ele faz coisa pior, às vezes. Eu faço coisa pior, às vezes. Apenas acho que não é justo com... Não aponte para ela, seu maldito!

Eu vou atirar nele.

Eu vou atirar nele.

Meu Deus, me perdoe, mas eu vou atirar nele.

Bom momento para lançar-lhe um olhar assassino. Sei que me sente fuzilar a sua nuca e é mais do que óbvio que está sentindo prazer com isso. Sádico. Sádico saído diretamente das profundezas do submundo.

Dois podem jogar esse jogo. Ah, se podem.

E minhas pernas me conduzem para a beirada do palco. E meus quadris se mexem conforme a música. Eu vejo o olhar de Mikey sobre mim e o grande ponto de interrogação que dança sobre a sua cabeça. E eu vejo Ray perguntando - movendo os lábios - se eu estou drogado.

Não me importo.

Gerard agora me encara com as sobrancelhas erguidas, quase embolando-se nas palavras que canta. Eu não deveria atrapalhar a sua performance - ele, perfeccionista como é, odeia que algo saía de seu controle durante as apresentações -, mas não é como se pudesse evitar. Estou tomado por um desejo intenso de fazê-lo provar do próprio veneno.

Tudo bem, ele não fez nada tão ruim assim. Está apenas correspondendo às expectativas da platéia. É pleno carisma.

Droga, já falei para parar de apontar para ela!

Ele está pedindo para ter uma hemorragia.

Não, não se descontrole. Permaneça no topo. Ignore o olhar travesso que ele está te mandando. Força, força, força. Você tem o poder. Shangri-la, shangri-la!

Não, não está dando certo. Ele está se aproximando. Deu as costas para a garota - agora tingida de vermelho fluorescente, constrangida porque sua brincadeira foi reconhecida - e está vindo. Ele vai apanhar se disser alguma gracinha.

Ah, desgraça! Tão próximo. Não, não se desconcentre. Olhe para o público e continue perdido nos próprios passos. Ignore a cara de total confusão de Mikey e os urros histéricos que vêm por todos os lados.

Gerard está achando engraçado. Sinto sua respiração contra o meu pescoço, enquanto continua a cantar. Sei que está segurando a vontade de rir. Meus joelhos batem quando sinto-o plantar um beijo em meu ombro coberto. E logo roça a face em meu cabelo.

Não vou olhar. Não vou olhar. Embora eu provavelmente esteja tocando a música errada nesse momento e errando todos os acordes possíveis e imaginários, eu não lhe darei o gosto da vitória.

-Quer ser o padrinho? - Ele pergunta próximo ao meu ouvido, afastando o microfone para que ninguém possa ouvir a canalhice que escapa dos seus lábios entreabertos.

Beleza. Beleza mesmo. Depois que morre, reclama.

-Quer fazer o favor de enfiar... - Começo, sentindo o sangue subir para a cabeça. Ele se descontrola e, com aquele riso cristalino - porcaria - de sempre, destrói minhas defesas.

-Shh, não fale palavrão, pequeno. - Corta-me antes que possa terminar o meu momento grosseiro. Penso em retrucar, mas não é uma boa idéia. Discutir relação na frente de algumas centenas de loucos não soa bom.

-Então, pare de fazer bobagem! - Digo, minha voz saindo sufocada por entre meus dentes trincados. Ele ri novamente, beijando meu ombro mais uma vez. E tão logo transfere o beijo para a bochecha.

Gritos enlouquecidos. Ele gosta de se sentir no centro das atenções, fato. Narcisista.

Escorrega para longe de mim, deixando-me órfão de sua presença. Oh, raios. Meus sentimentos por ele oscilam de forma sublime. Deveria me sentir envergonhado por ser tão volúvel, mas... Não me diga que ele vai voltar a se engraçar com a garota do cartaz.

Não me diga.

Eu mandei não me dizer.

Filho da mãe.

Parece mais confiante. A menina está imóvel, seu queixo roçando nos joelhos. Não está conseguindo entender o porquê de Gerard estar lhe dando tanta atenção, já que sua brincadeira era simplória. Oh, eu explico: Provocação.

Não, ele não está querendo provocá-la. Seu alvo é outro. E o alvo em questão está começando a ceder. E isso realmente não é bom, já que esperava poder se vingar dele.

Gerard... Gerard está rebolando. Está falando algo sobre roupas de baixo, mas suas palavras entram pelo meu ouvido esquerdo e saem pelo outro. Depois de darem um nó e chutarem meu cérebro até sangrar, claro.

Mãos. Mãos que querem tocar nele. Ele deixa. Ele deixa, o exibicionista. E ele pega o cartaz das mãos da menina, que continua a achar aquilo totalmente inacreditável.

E ele levanta o cartaz e o sacode, como um nacionalista fanático num desfile cívico. E eu queria ser um atirador de elite no momento.

As brincadeiras são saudáveis quando têm limites. E ele, certamente, já ultrapassou todos. Ouvirá algumas verdades mais tarde, fato. Não o deixarei dormir até que termine a minha lista de reclamações.

Aperta o cartaz contra o peito e continua a cantar. Ray está desesperado, porque chegamos a um ponto em que eu desisti de tentar acompanhá-lo. Sei que ele vai querer me pendurar pela cueca na janela do ônibus mais tarde, mas não consigo me preocupar com a minha saúde física e mental e com o dinheiro que vou gastar com os anos de terapia que se seguirão.

Ele volta. E vem na minha direção outra vez. Esta é a hora em que prometo que vou ignorá-lo solenemente, embora saiba que não conseguiria fazê-lo nem que chegasse para mim com um sorriso, dizendo que matou meu peixe de estimação.

E sua mão circula a minha cintura. E todos os pensamentos lógicos somem quando ela desliza pela roupa pesada que usava. E eu tento voltar a ficar aborrecido quando desliza o rosto pelos fios do meu cabelo, embriagando-se com a minha colônia.

Mikey berra alguma coisa. E eu sei que ele quer arrancar nossos olhos e usar para jogar sinuca. Estamos interrompendo a execução de músicas importantes por mero capricho. Não que a platéia esteja aborrecida com isso - ouso dizer que estão gostando -, claro.

-Eu gosto de pessoas com atitude. Ela tem. - Diz, a voz banhada em sarcasmo. Os pêlos da minha nuca se arrepiam, enquanto eu deslizo os dedos pelas cordas, tentando acompanhar vagamente o som que Ray produz. Estranho como me vejo tentado a ignorar todos os ruídos ao redor, exceto aqueles que escapam dos lábios de Gerard.

Aliás, eu ainda quero matá-lo. Com um espeto de churrasco, agora.

-Gerard, você está brincando com fogo. - Eu pronuncio, sentindo-o respirar contra mim, esperando por um acesso de raiva, uma voadora ou um ataque espiritual flamejante azul royal digno de personagem de videogame.

-Mas não acho que vou sair queimado. - Ele diz, achando-se vencedor, enquanto estampa um último beijo perto do meu queixo.

Suas mãos deslizam pela minha cintura rapidamente e ele se afasta. Não. Sua última frase fora demais. Havia feito uma bolinha com o meu ego e jogado-a no chão. Deveria pagar por isso.

Tiro a guitarra e coloco-a no chão. A platéia alerta a mudança e Gerard gira nos calcanhares, tentando entender o que diabos eu estava prestes a fazer.

Puxo-o pelo colarinho, esmagando nossos lábios, vendo-o de olhos arregalados. O microfone escorrega para o chão.

Juntamente com o cartaz.

Ahá! Eu ganhei, eu ganhei!

Gerard põe as mãos em meus ombros e eu tenho vontade de rir. Por ser maior do que eu, estava inclinado e apoiando-se em mim para não desequilibrar. Subo minhas mãos para as laterais do seu rosto, ouvindo Bob pronunciar alguma coisa que não entendi. Não fiz questão, tampouco.

Ray e Mikey deveriam estar nos xingando, mas não fazia diferença para mim. Sabia que não iria escapar de ser pendurado pelas roupas íntimas, mesmo. Como já estava no inferno, abraçar o demônio era mero detalhe.

Afasto-o, vendo-o de olhos fechados e lábios partidos, ainda um tanto perdido. Ofereço-o um sorriso de vitória quando finalmente olha para mim, parecendo retornar de outra dimensão. Pisca por longos instantes, absorvendo a informação.

-Eu ganhei. - Digo, ainda próximo, enquanto os outros continuam a conduzir a música - sem guitarra solo e vocal, mas tudo bem. As pessoas estão cantando por nós. E gostando disso.

-Fato. - Comenta, balançando a cabeça positivamente. Ergo as sobrancelhas, um tanto descrente.

-Vai admitir que perdeu assim, tão rápido? - Pergunto, quase decepcionado pela sua falta de argumentação. Por menos que quisesse admitir, era engraçado vê-lo rebater e retrucar com empolgação quase religiosa.

-Você me deu um bom motivo. - Diz, quase meigo - E alguns momentos de entretenimento extra para o povo.

-Eu devia estar com raiva de você. - Falo, bufando, sentindo-o apertar meus ombros em movimentos circulares.

-Devia. - Concorda, quase cantando, voltando a exibir um sorriso de plena satisfação.

-Mas não estou. - Um grunhido escapa pela minha boca, enquanto ele ri.

Okay, ele ganhou.

Okay, ele ganhou.

-Eu sei. - Admite com ar superior, fazendo com que meu ego volte a doer. Novamente cogito matá-lo com um garfo de salada ou cortar seu pé com uma espada samurai cega.

Filho da mãe.

-Só não mate o peixinho dourado. - Peço, enfim derrotado.

-O quê? - Ergue as sobrancelhas e me encara, como se tivesse me transfigurado em uma besta medieval.

-Deixa pra lá.

Gerard coça a cabeça, questionando silenciosamente se tomei algo ilícito. Eu o encaro antes de balançar a cabeça e me afastar, ouvindo a multidão em polvorosa a cantar a música que nossa banda desfalcada tocava. Gerard recupera o microfone, limpa-o na roupa e agradece, visivelmente sem graça.

Oh, digamos que a guerra não teve vencedor. Embora tenha conseguido seu intuito, eu o constrangi. E isso quer dizer que também ganhei meus pontos.

Agora, vai ficar tudo bem. Tudo bem e... Maldito filho de uma rapariga, vê se pára de rebolar!

FIM...


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Notas finais do capítulo

Espero q tenham gostado..me deixem um comentário!!! Thank you