14 de abril de 2026 * Terça-feira

Londres Trouxa – 04:00 da tarde

                        Chovia. Chovia cada vez mais. Embora estivesse numa rua movimentada, não ouvia nada, apenas o ruído de algo. Seus pensamentos, talvez, se transportando para outra hora. Não parava de chover. Isso era uma prova de que o mundo desabara sobre ela. Os olhos violetas ficaram vermelhos de tanto chorar e o cabelo loiro grudou-se no rosto que marca uma tristeza profunda.

            Por que tinha que ser assim? Tudo estava dando errado desde que ela se formou na escola. Perdeu o pai num acidente de carro, obviamente a culpa foi do motorista do caminhão. Quatro dias depois, ela se formou na escola e o namorado terminou com ela para se casar com Verônica. Agora, sua mãe foi internada por causa de um tiro no coração. Estado grave na UTI. Fazia três dias que ela estava na UTI, e do nada o médico liga, dizendo que era para ela ir lá.

            “Sentimos muito.”. O médico começou a falar e o coração dela começou a acelerar como se tivesse corrido quilômetros sem parar uma única vez. “O que aconteceu com a minha mãe?”. “Sua mãe faleceu.”.

            Três palavras faladas em segundos, mas que viveriam na sua vida para sempre, colocando-a de cabeça para baixo. A cada poça pisada com a auto estima lá em baixo, esperança crescia em seus olhos violetas.

            Esperança de que ela vai voltar para casa e seu pai vai estar lá, sentado no sofá marrom velho fumando um charuto, observando a vista. Esperança de voltar para a escola e ver o seu ex-namorado, encostado no pilar do relógio da escola esperando-a. Esperança de chegar em casa e encontrar sua mãe, saindo da cozinha com um bolo nas mãos. Esperança que morreram com aquelas três palavras. Sua mãe faleceu.

            Não tinha ninguém. A chuva caindo sobre ela era prova disso. Não tinha ninguém, apenas suas amigas. Ela estava afundando num mar de sofrimento e sem fim. Sozinha. Ninguém iria ajudar-la. Ninguém! Ninguém podia socorrer-la.

Será?