8 de julho de 2026 * quarta-feira

Casa de Rose Weasley – 09:30 da noite

Então, elas viram um vulto escuro. Rose observou melhor e viu que era um lobo cor de chocolate. Marcelo. Pensou ela feliz. Viu o lobo se postar ao lado dela e ficar de costas para Rafaela. Ouviu um click e Scorpius apareceu. Ele ficou surpreso. Tanto com o grifo, lendário até aquele momento, quanto pelo fato de Marcelo e Rose estarem ali e assim. Ouviu o grifo esganiçar. Bateu as asas, fazendo com que o abajur e a estante de livros caíssem. O animal deu alguns passou e levantou as patas dianteiras na tentativa de pegar Rafaela. Marcelo deu um urro e mordeu a pata do grifo numa tentativa de proteger ela. O grifo urrou e abriu o bico querendo morder, ou arrancar a cabeça do lobo, mas que foi salvo pela leoa que arranhou o rosto do animal.

- Aparate com ela. – pediu Scorpius. Isabelle segurou o braço de Rafaela que se esquivou.

- Ficou louca? Eles estão dando a vida por mim e eu fujo feito uma covarde? Não mesmo. – exclamou ela indo atravessar a sala.

Todos estavam quietos. O grifo observava cada passo de Rafaela. Rose e Marcelo estavam parados e atentos para cada movimento do grifo. Rose viu Rafaela ir em direção dos cacos de vidro da janela, pegar um e se cortar. O sangue pingava do seu pulso formando uma poça pequena e vermelha na madeira. Viu que os olhos dela estavam focados nos do animal. Ela se agachou, abriu a sua mochila que trouxera junto, fazendo a mesma ficar machada de sangue e tirou um vidrinho de lá. O vidro era pequeno e estava tampado com uma pequena rolha que firmava bem na borda do pequeno frasco. A luz refletia no vidro que reluzia o vermelho do líquido.

Com um sorriso de quem apronta nos lábios, ela forçou a circulação do sangue no braço ferido, fazendo com que pequenas gotas pintassem o vidro e misturassem no vermelho reluzente do líquido. Viu os olhares de cobiça do grifo em relação ao vidro com o líquido misterioso. Sem pensar duas vezes, jogou o vidro para o grifo, fazendo com que gotículas de sangue caíssem durante o trajeto. O grifo aceitou de bom grado, sem querer saber nas conseqüências do ato. Abriu o bico grande e engoliu de uma vez o vidro com o vermelho do líquido e do sangue.

Minutos se passaram e o grifo começou a tremer. O chão começou a seguir o ritmo descontrolado que o grifo emanava. Então, num estalo de dedos, o grifo caiu no chão. Fazendo os objetos moverem-se e outros caírem sem acharem equilíbrio. Todos olharam para ela estupefatos. Rose não olhou para ela. Olhou para Marcelo. Viu que o amigo se controlava para não fazer algo. O lobo encarou seus olhos e sem pensar duas vezes, pulou para cima de Rafaela.

O lobo mostrava os caninos. Estava com fome e sede. Talvez ela pudesse saciar ele. Abriu a boca para poder provar aquela pele lisa que parecia ser maravilhosa, quando ouviu sua voz.

- Marcelo? – chamou ela. Instintivamente, o lobo levanta a cabeça. Viu o sorriso no rosto dela. – Vamos. Saia de cima de mim. Você não quer me machucar, eu sei. – disse ela. O lobo lutava mentalmente para saber o que seguir. Seus instintos ou ela. Sabendo que o certo era seguir ela, ele aproxima mais ainda o seu focinho da pele dela. Sentiu uma mão fazer carinho nos seus pelos. – Vamos. Saia. – pediu ela gentilmente. O lobo reunindo forças saiu de cima dela e sentou ao seu lado. Ela o abraçou.

- Vocês ficaram loucas por acaso?– perguntou Scorpius. Ele se dirigia tanto para Rafaela quanto para Rose que estava deitada, ainda em forma de leoa. Rose se levantou e foi para o quarto.

- Rafa, você está bem? – perguntou Eros aparatando na casa de Rose.

- Eros? O que faz aqui? – perguntou Rafaela se levantando. Eros correu para abraçar a irmã.

- Você está bem? – perguntou ele novamente.

- Estou sim. – assegurou Rafaela. Era a abraçou novamente.

- O que aconteceu? – perguntou ele olhando para todos da sala e parando no animal morto. – Não acredito. – murmurou ele indo em direção do grifo. – Isso é impossível. Ele é de verdade? – perguntou Eros sem acreditar.

- Não! Nós pintamos um. Claro que é de verdade. – murmurou Rafaela voltando a se sentar. Marcelo se postou ao lado dela.

- O que aconteceu? – perguntou Scorpius.

- Estávamos assistindo os bonitões deuses gregos tirarem a camisa e a calça quando o bicho entrou. – respondeu Rafaela.

- Como? – perguntou Scorpius sem acreditar. Marcelo levantou a cabeça e olhou para Rafaela como querendo saber se aquilo era verdade.

- Estávamos assistindo os bonitões... – repetiu Rafaela.

- Põe bonitões naquilo. Merlin... Eles são deuses gregos! Que abençoadamente desceram para a Terra, para fazer nós pobres mortais felizes. – acrescentou Rose que tinha voltado a forma humana. Rafaela ria e concordava com Rose.

- E Cristo. Eles estavam tirando a calça quando... – disse Rafaela.

- Por favor! Simplesmente conte o que aconteceu! – pediu Eros vermelho.

- Se você ficar quieto entenderá a história. – ralhou Rafaela. Eros ficou quieto.

- Então, os bonitões estavam nadando e aí eles saíram do lago e tiraram a calça. Obviamente ficou quente aqui. – contou Rafaela abanando seu rosto. – Deus! Ficou muito quente. Parecia que o sol estava aqui. Mas, também. Com aqueles deuses gregos iluminando o mundo...

- Obviamente ficaria quente. Conte o que aconteceu. – pediu Rose.

- Obrigado por poupar os detalhes. – murmurou Scorpius.

- Se não ficaríamos derretidas aqui. – acrescentou Rose. Rafaela e Isabelle riram. Rose se sentou entre Marcelo e Scorpius, deu um beijo em Marcelo e se encostou em Scorpius que segurou na sua mão.

- Então abrimos a janela e eu vi um vulto. Fui ver melhor e chamei Rose para ver o animal quando ele tentou me agarrar. Entramos e segundos depois ele estraçalhou a janela. – contou Rafaela.

- E que ato suicídio foi aquele? – perguntou Scorpius. – Por que não aparatou com a Belle?

- Não ia fugir como covarde. – respondeu Rafaela indignada. – Então, desde o incidente com as nereidas, eu trago ácidos na bolsa. Obviamente protegido e etc. – disse ela com um ar de sabe tudo. – O grifo tomou ácido.

- E por que você se cortou? – perguntou Eros.

- Por que o grifo quando está com os olhos escuros, quer dizer que ele está sedento por sangue. E como ele não parava de olhar para mim, imaginei que ele queria o meu sangue. – disse Rafaela. Marcelo se aconchegou mais nela que encostou sua cabeça no dorso do animal.

- Eros, você pode arrumar a janela para mim? – pediu Rose.

- Claro, mas por não concerta? – perguntou ele curioso fazendo movimentos com a varinha.

- Não conseguimos fazer feitiços com a Rafa por perto. – respondeu Rose. A janela foi arrumada e tudo voltou ao normal. – Faz feitiços de proteção? – pediu Rose. Eros assentiu e fez os feitiços necessários. – Vamos dormir? – perguntou Rose.

- Não queremos ser incômodo. – disse Eros. Rose sorriu.

- Não será. Bem, ainda querem dormir no chão? – perguntou Rose. Isabelle negou com a cabeça. – Tem um quarto de hospedes na terceira porta a esquerda. Pode ficar lá. Enquanto... – Rose ia continuar se não tivesse visto que Rafaela e Marcelo dormiam encostados na parede. – Scorpius, quer indo para o quarto?

- Eu espero. Vou tomar algo. – disse Scorpius indo para a cozinha. Rose se aproximou deles e acordou Rafaela. – Rafa. Rafa, acorde.

- Oi. – resmungou ela acordando levemente.

- Querem dormir no meu quarto? – perguntou Rose.

- Que isso Rose. Eu e Marcelo dormimos aqui mesmo. – respondeu ela se aconchegando mais no dorso do animal.

- Rafa, deite em um colchão pelo menos. – pediu Rose puxando um colchão para perto deles. Rafaela deitou em cima dele e puxou Marcelo para cima dele. Rose pegou um lençol e jogou sobre eles. Rafaela sorriu e se aconchegou em Marcelo, tapando o animal também.

            Rose foi para a cozinha e se aproximou de Scorpius para beber um pouco da cerveja que ele tomava.

- Não faça mais isso. – pediu ele segurando a cintura dela e aproximando eles.

- Fazer o que?

- Bancar a heroína. – respondeu ele. – Fiquei preocupado.

- Não precisa ficar mais. – disse ela beijando brevemente os lábios dele. – Vamos dormir. – disse ela puxando Scorpius para o quarto.