Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 3
Pesquisas




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Depois de passar na loja de roupas que Nathale tanto queria – aquilo foi um tédio, eu odeio ir a lojas de roupas, não sou muito de estar na moda – simplesmente atravessamos a rua e subimos as grandes escadas que davam as portas da biblioteca, que era inteira construída em detalhes da antiga arquitetura grega. Ela era o único edifício realmente grande em toda a vila, e por dentro parecia tão grande quando o lado de fora. Enormes estantes ficavam agrupadas em fileiras, com milhares e milhares de livros por todos os lados. Eram tão grandes que se quisesse pegar algum livro das últimas prateleiras, precisava de uma escada. E ainda tinha mais um andar, então era realmente gigante.

Em todo o caminho até aqui, eu fiquei pensando no meu sonho. Aquilo foi tão real, mas mesmo achando que é impossível coisas como contatos por sonhos serem reais, eu precisava pesquisar sobre o que a figura encapuzada me dissera.

Pedi para Nathale me ajudar a procurar sobre livros da Guerra das Duas Nações, mais especificamente sobre as profecias sobre ela, o que tivemos de matéria de história um pouco antes de acabarem as aulas, então ela não fez muitas perguntas, somente resmungou algo sobre ”estamos de férias, não quero ficar aqui estudando” e logo foi procurar. Havia quase uma estante inteira sobre o assunto, então pegamos uma das mesas disponibilizadas para estudo e começamos o trabalho.

Ela olhava os livros de baixo enquanto eu ficava na escada olhando os livros da parte de cima. Havia muitos, seria um trabalho duro.

Olhando distraidamente os livros da última fileira, percebi que tinha um livro velho posto de qualquer jeito sobre a estante, quase como que não quisesse que ninguém o visse. Fui até onde estava o livro, e peguei-o. Ele era bem velho e a poeira impossibilitava a leitura do título. Desci com ele e fui até a mesa, assim que sentei dei uma bela assoprada – o que foi suicídio, já que tenho alergia a poeira e devo ficar o resto do dia espirrando – e pude ler o título: “Profecias Sagradas”. Comecei a ler imediatamente.

O livro era escrito com uma linguagem complicada, como um livro de ciências. Passei pela introdução sem problemas e li, estava quase na metade quando um trecho me chamou a atenção:

“...várias profecias existem no mundo atual, mas nem todas podem se tornar realidade, tanto quanto outras já são praticamente existentes, como a grande profecia do ser que, sendo a metade de cada um dos povos, poderá acabar com a guerra que continua no mundo por mais de duas décadas, e restaurar a paz do mundo como era naturalmente...”

Certo, isso foi estranho, mas pareceu encaixar totalmente com o que o vampiro encapuzado disse no meu sonho. Continuei lendo, e encontrei mais um trecho interessante:

“Um ser que seria meio humano e meio monstro pode pertencer a qualquer raça das criaturas conhecidas e existentes, já que a relação entre a maioria das raças é ótima, mas se para acabar com a guerra é necessário ser a metade das duas nações, sendo assim, teria que ser meio humano e meio vampiro.”

Senti um arrepio, provavelmente não relacionado com a palavra vampiro, mas sim com a frase toda. É possível um ser que seja metade humano e metade vampiro? É até estranho de se imaginar, as duas raças se odeiam, como poderiam ter um filho juntos? Inimaginável. Ninguém é idiota o bastante para se relacionar com um vampiro.

Ou seria?

Evitei a todo custo que Nathale visse o que eu encontrei. Ela acharia estranho que eu estava tão interessada, principalmente na parte do ser meio-sangue, ela me faria mil perguntas e eu não teria como responder. Guardei o livro – mais necessariamente coloquei onde ele estava, em cima da estante – e me voltei para outro tema, vampiros.

Os livros sobre vampiros eram poucos, não ocupavam nem metade de uma fileira da estante, já que era difícil achar uma pessoa que encontrou um vampiro e sobreviveu para contar a história. Peguei o primeiro que vi, que se chamava “Vampiros, criaturas imortais” e me sentei na mesa novamente, ao lado de Nathale. Nem me preocupei com ela, já que estava ocupada demais lendo reportagens sobre os famosos nas revistas de fofocas.

Comecei a ler. Parecia bem interessante, falava sobre várias coisas tipo como eles viviam, lendas sobre eles e como se alimentavam, mas como não estava com paciência resolvi pular para a parte de como eles agiam. Não gostei muito do que li:

“Os vampiros jovens entram em sua fase adulta a partir dos treze anos, onde eles começam a ter sede de sangue e coisas como sensibilidade a luz do sol vão se tornando mais evidentes. Antes disso, podem ser facilmente confundidos por humanos, tirando o fato de que tem olhos vermelhos e tem grande força e agilidade desde o nascimento. Quando completados os treze anos, a sede de sangue torna-se algo essencial, sendo que nas primeiras vezes, pode perder o controle e entrar em um estado de transe, ficando fora de si.”

Fechei o livro no mesmo instante, sentindo meu corpo inteiro gelar. Como assim vampiros têm grande agilidade e força? Não pode ser, é só uma coincidência, isso é impossível. Não sou tão especial assim para ser a pessoa da grande profecia, e não quero ser. Guardei o livro na estante, olhei rapidamente no celular e vi que já estava de noite. Tinha esquecido totalmente do meu pequeno “encontro” com Johny.



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Notas finais do capítulo

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