Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 21
Conversa




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– Pera pera, deixa eu ver se entendi – Mary deu uma mordida bem grande no seu sanduíche, ainda com uma cara pensativa – Você é meio humana e meio vampira, e veio até aqui para tentar controlar esse seu lado que não estava acostumada, só que a Nathale ficou preocupada e deu um jeito de te seguir até aqui. É isso? – deu outra mordida no sanduíche e tomou um grande gole de uma latinha de sangue.

– Schhhh, fala mais baixo! – a repreendi, colocando o indicador na frente dos lábios fazendo sinal de silêncio – e sim, foi mais ou menos isso.

– E então ainda temos o Caleb, que também é meio humano e meio vampiro, só que já nasceu aqui e não sabia de seu lado humano – ela continuou, jogando o papel do sanduíche na lata de lixo próxima a nós com grande destreza – caramba, vocês são complicados.

– É, fazer o quê – Caleb estava encostado em uma árvore, com os braços cruzados. Parecia bem relaxado falando do assunto atual – mas foi pura sorte por essa aqui não ter pulado direto no seu pescoço, eu consegui me controlar, mas ela tava meio difícil – ele fez um sinal entre Mary e Nathale

– Não sei se você sabe, mas não é todo dia que eu vejo uma humana – Mary retrucou, na defensiva – e, bem, é meio difícil me controlar.

– Vocês tão me dando medo falando desse jeito. Parece até que eu sou parte da sobremesa – Nathale falou, tomando uma garrafa de água logo em seguida.

– Quase isso – Caleb provocou

– Caleb! – repreendi o garoto, jogando uma pedrinha nele – não fala assim da Nathale.

– Calma calma, tava só brincando – ele disse sorrindo, passando a mão nos cabelos, mas logo voltando a sua postura de antes – então, já que ta todo mundo se explicando e tal, que tal vocês duas me dizerem o que ta rolando com a Alice?

– Quem é Alice? – Nathale indagou, parecendo meio perdida no meio da conversa

– Gente, é melhor mesmo vocês falarem mais baixo. Tem um pessoal mal encarado olhando a gente – Mary avisou, apontando levemente para outro grupo que estava a uns 4 metros de nós, sentados em bancos no meio do pátio. Esse pessoal não alivia nem mesmo no intervalo depois das aulas.

– Os deixem quietos lá, não estou a fim de arranjar briga aqui, ainda mais faltando tão pouco tempo para o fim das aulas – estávamos no dia 14 de Novembro, então só teríamos mais algumas provas e estávamos livres de lá. Melhor para mim, que tinha muitos problemas pra resolver.

– Helo-ou, me ignoraram completamente aqui – Caleb acenou para nós três, que estávamos dispersas e olhando disfarçadamente para o grupo que nos encarava – quero saber o que ta rolando com a Alice, e é agora. Tá muito estranha essa história de ela ter sumido do nada.

– Se a gente soubesse o que aconteceu com ela, tava bom – Mary olhou para os galhos de árvore acima dela e deu um grande suspiro – Faz bastante tempo que não a vemos. Quanto? Dois meses?

– Mais ou menos isso – me voltei para Nathale, que não estava entendendo nada – Alice era minha antiga companheira de quarto, sumiu bem antes de você chegar.

– Ah, entendo – ela colocou a mão no queixo e continuou me encarando – mas vocês não tem idéia de onde ela foi?

– Nem idéia – Mary respondeu – Tudo começou um dia quando fomos na casa dela, só fazendo uma visita. Estávamos procurando o pai dela pela casa, e então ouvimos a campainha tocar. Quando fomos ver, não era ninguém, mas quem quer que fosse tinha deixado uma pequena caixa com uma jóia de ametista em formato de rosa, com um bilhete junto.

– Acho que ele está aqui, espere – peguei minha mochila á procura do pequeno papel que colocara em algum lugar, e por sorte senti a textura fina e velha do papel enquanto o puxava para fora – este aqui, olhe Caleb e entreguei o papel nas mãos do garoto.

– Hm, bem estranho – ele leu o papel com vigor, e depois me devolveu, que por minha vez o dei para que Nathale lesse e logo depois guardei de volta onde estava – mas você prestaram atenção na jóia de ametista? Ela era meio sinistra ou algo do tipo?

– Era meio esquisito mesmo, mas não senti nada de anormal – tomou outro gole da latinha de sangue – e você Kat?

Pensei um pouco antes de responder. Eu tinha sentido algo estranho com aquela rosa, mas não sabia explicar no momento em que a vi. Lembrei bem do dia em que Alice sumira, desde quando chegamos, pegamos a caixinha com a rosa, até os momentos em que eu olhava distraidamente para a janela e...

...via a floresta com a aura estranha.

Pensando melhor, a aura estranha que a floresta emitia era bem parecida com a da rosa, e até com o cara das cobras que me atacou outro dia.

– Meninas, vocês lembram-se da aura do cara das cobras que me atacou um dia desses? – elas acenaram com a cabeça, mas Caleb estava meio perdido nessa parte – Eu me lembro bem. As auras dele e da rosa eram exatamente iguais, só que em intensidades diferentes! Até a floresta perto da casa de Alice tinha essa mesma aura.

– Então foi aquele desgraçado né? Ele vai ver quando nos encontrarmos de novo... – Mary estava totalmente com raiva, então bebeu o último gole da latinha, a amassou com força e jogou dentro da lata de lixo, acertando em cheio novamente.

– Não vai ver não – a repreendi – ele é forte. Se ele não tivesse abaixado a guarda para Victor o acertar com a flecha, eu poderia não estar aqui para contar história.

– Não sei do que ou de quem estão falando, mas sei aonde quer chegar, Katlyn – Caleb disse, arrumando sua postura desleixada – para ganhar desse cara ai, vocês vão precisar treinar. Aprimorar suas habilidades e suas armas, e Nathale precisa aprender um pouco de defesa pessoal.

– Ei, eu não preciso disso! Fiz algumas aulas de Jiu Jitsu na escola – ela fez uma posição de ninja, com uma cara engraçada – aquele passarinho que não se meta comigo, iá! – socou em minha direção bem depressa. Se ainda fosse humana, teria levado um belo soco, mas graças ás minhas habilidades vampirescas eu segurei o soco bem rapidamente, deixando Nathale boquiaberta

– Nathale, você precisa aprender sim senhora – soltei seu punho – só não sei onde e nem como começar.

– Nesse ponto, acho que posso ajudar – o garoto se levantou, pegando a mochila com uma das mãos e jogando sobre os ombros – meu avô foi das forças armadas dos vampiros, ele sabe bastante coisa, e conhece bastante gente que pode ajudar.

– Beleza! – Mary se levantou com entusiasmo, colocando a mochila nas costas – vamos até o seu avô. Bem melhor do que começar do zero.

– Viu?! Eu disse que ter contatos era legal! – Nathale falou, risonha como sempre – Eles podem ser muito úteis!

– Hahaha, fica quieta ai, ainda temos que conversar sobre esses seus contatos estranhos que você acha pela internet – peguei-a pela cabeça e baguncei seu cabelo de leve, como nos velhos tempos

– Não se eu puder evitar, hahaha! – e ela pegou a mochila e saiu correndo na nossa frente. Claro que eu a segui, não posso deixar essa minha amiga maluca correr pela cidade.


Longe dali, em um grande castelo em ruínas, três pessoas olhavam por uma grande esfera de vidro atentamente, o grupo de garotos que seguiam em direção ao treinamento.

– Olhem, os projetos de herói estão indo treinar, que fofo – era uma voz feminina, mas não se podia ver seu rosto, somente a silhueta sentada em uma grande poltrona de pedra – Eles não estariam indo treinar se você fosse tão inútil, Miguel! Você diz que quer eliminar os vampiros, mas foi derrotado por um insignificante.

– Eu estava em desvantagem, tsc – ele saiu das sombras, com algumas ataduras em volta do furo de flecha que atravessava seu peito. Suas cobras ainda dançavam entre as trevas que o rodeavam – se quiser algo bem feito, você que vá fazê-lo, bitch – ele disse presunçosamente, e encostou-se à parede do outro lado da sala.

– Ah, seu maldito! Eu deveria exterminá-lo nesse instante, mas você é uma peça importante do meu plano – a mulher disse, se ajeitando mais ainda na cadeira – ainda bem que eu tenho uma carta na manga.

– Aquela garota? Mas ela ainda não está pronta, não recebeu a quantidade necessária de treinamento nas trevas – o anjo disse, um pouco desconfortável em sua posição.

– Você que pensa, meu caro. Você que pensa. Aquela garota já está pronta para entrar em meus planos, e o show está prestes á começar...

Fora do castelo, a garota estava sentada em um dos cantos do telhado, olhando para o horizonte, com seus olhos escarlates em mais uma mistura de preto e roxo, a cor das trevas. Uma grande foice intrincada se apoiava em suas costas, enquanto refletia o tom dourado do nascer do sol.

– Humanos e vampiros... Insignificantes... – ela dizia, levando uma das mãos a seu rosto, que formava um sorrido diabólico entre os dedos – Devem ser... Eliminados...



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Notas finais do capítulo

Agora a história tá ficando boa. hohohoho
Já sabem, reviews, recomends e etc estão abertos. q



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