Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 18
Escuridão




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A escuridão estava totalmente á minha volta, não conseguia ver, sentir, cheirar, nada. Não sabia se estava somente de olhos fechados, esperando por meu fim que provavelmente não estava tão longe, ou se esse já havia chegado, e eu estava indo para algum lugar onde os vampiros morrem. Perguntamos-nos por quê o destino é tão cruel com algumas pessoas, mas não há explicação para isso, não mesmo. Queria poder entender, entender o que aquele ser envolto por sombras disse á mim pouco antes disso acontecer, o que diabos meus antepassados fizeram?

Por um instante, pensei ter sentido o sol lançando seus raios em cima de mim, mas não era possível. Estava de olhos fechados? Tentei abri-los, mas estava pesado demais para as pálpebras se levantarem, então fui tentando aos poucos: mexi um dedo, dois, uma mão, os braços, e assim fui continuando, até poder controlar meu corpo novamente. Senti o sol brilhando com mais intensidade agora, então, consegui finalmente abrir os olhos.

Estava em um campo vasto, com algumas árvores aqui e ali, pássaros cantavam ao alto e por um momento me lembrei da época em que eu era normal, bem, ao menos a meu ver eu era.

Ao centro do campo, uma árvore se destacava dentre as outras. Ela possuía um brilho alaranjado saindo de cada folha, parecendo que elas eram espelhos e o sol refletia seu brilho nelas. Em seu tronco, pude ver uma sombra, mas não muito nítida, então me aproximei mais. Ao chegar mais perto – a uns dez ou vinte passos da árvore – pude ver que aquela sombra era de uma pessoa, alguém que já tinha visto antes, não sabia quem era até ele virar. Aquele olhar vermelho sangue não era difícil de se confundir.


– Olá, Katlyn – disse a pessoa, se virando para mim, mas ainda se escondendo nas sombras – bom ver que você está bem. Aquele ser escravo das trevas pareceu ter te deixado bem machucada.

– Mas o que... Mais um sonho? Caramba, quem é você? Como você sabe disso? Quem é ele? Por que ele quer me matar? – perguntas invadiam minha cabeça, e soltava-as ao ar sem parar.

– Calma, muitas perguntas, muitas respostas. Bem, não posso lhe contar quem sou e como vi aquela cena, mas posso falar algumas coisas sobre Miguel...

– Miguel? Esse é o nome dele? – eu perguntei

– Sim, ele é um anjo caído. Perdeu sua divindade quando se envolveu com uma vampira desse mundo. Ela o enganou, somente se aproximando dele para beber de seu sangue. Ele se entregou totalmente á ela, ignorando as regras. Agora, depois de ter caído do mundo dos céus, vaga por esse mundo para caçar vampiros, parentes ou não de sua amada.

– Para quê ela faria isso? Não seria mais fácil beber desses sangues de latinha como qualquer outro?

– Não, não. O sangue de anjo é uma especiaria, poucos vampiros têm o prazer de bebê-lo. Além de ser maravilhoso, o vampiro ganha uma certa amplificação em suas habilidades naturais, como super olfato e visão, agilidade, força, entre outros.

– Entendo... Mas, por que ele me caça? Sou parente da vampira que era sua amante?

– Isso não sei responder – ele olhou para o horizonte, em um movimento rápido – ah, que pena, nosso tempo está acabando.

– Não, espere! Tenho muitas perguntas ainda.

– Tudo tem o seu tempo, jovem meio-sangue. Somente ouça minhas últimas palavras: Aquele que caminha nas sombras, não é precipitado, muito menos demora a agir, ele espera o momento certo para este. O caminho do destino irá se revelando conforme a história for seguindo seu rumo...

Então, acordei, ao menos eu acho. Sentia meus olhos pesados e fechados, mas não me arriscaria á abri-los ainda, enquanto não descobrisse onde estava, quem estava ali, e qual a situação em que estava.

Dei uma grande fungada e agucei meus ouvidos. Não havia ninguém na sala, mas alguém conhecido esteve aqui há pouco, em outra sala, havia uma pessoa, mas esta estava sentada lendo alguma revista ou livro, mas de alguma forma sabia que estava em um lugar seguro.

Fui tentando me movimentar aos poucos, como fiz no sonho. Quando comecei, já senti que meu estado estava melhor que antes, mas não totalmente bom. Abri os olhos, de início a claridade da sala me ofuscou, depois de alguns segundos já havia me acostumado, então olhei para mim mesma. Pude ver que estava quase inteiramente enfaixada, os cortes doíam por baixo destas, mas estavam melhores, pude sentir isso.

– Olhe, finalmente acordou – veio a mulher que estava em outra sala, que parecia ser a enfermeira – antes que pergunte, você está na enfermaria da escola. Seus amigos lhe trouxeram aqui, disseram que você havia tropeçado e caído em um canteiro de rosas grande na residência de Alice.

– Sim, foi praticamente isso – menti, não sabia por que eles tinham dito isso, mas deve ser importante – preciso ter mais cuidado.

– Não se preocupe, as pessoas se machucam com coisas bobas todos os dias – ela pegou uns papéis - Bem, você já deve estar curada o bastante, sua companheira de quarto trouxe roupas novas para você, já que as que você estava ficaram totalmente rasgadas. Coloque-as, chamarei seus amigos que estão na sala de espera.

– Er, só uma pergunta – disse, me levantando e pegando minhas roupas na mesa ao lado da cama, só agora percebi que estava somente de roupas íntimas – quanto tempo eu dormi?

– Dois dias. Seria preocupante na sua situação, mas quando chegou aqui, estava melhor do que o esperado.

– Obrigada – coloquei minhas roupas rapidamente, tomando cuidado para não tirar as faixas do lugar, e indo bem devagar para fora da sala, já que as feridas ainda doíam um pouco.

A enfermeira saiu do quarto enquanto eu me trocava, ouvi algumas palavras, então passos. Quando já estava trocada, colocando meus tênis, abriram a porta. Eram Nathale e Mary.

– Aimeudeus Kat, não nos assuste desse jeito! – Nathale disse, então correu ao meu encontro, e me abraçou.

– Você dormiu muito tempo, pensamos que estava muito ferida, estávamos realmente preocupadas – Mary disse, colocando a mão em meu ombro.

– Estou bem, não se preocupem, só dói um pouco. Tenho que agradecer a Victor, se ele não tivesse acertado a flecha naquele bicho...

– Não vamos pensar nisso, depois vamos resolver sobre aquele bicho nojento que te atacou. Vamos para o dormitório, você perdeu 2 dias de aulas, tem que repor as matérias, não quero que vá mal nas provas, como sempre – Nathale disse, rindo baixinho.

– Pelo que me lembro você sempre tirava notas piores que eu – revidei, mesmo não sendo totalmente verdade, por haviam matérias em que eu me dava bem, e outras eu ia muito mal.

– Não vale! Você é boa em matemática, eu sou horrívelmente horrível em matemática, e você sabe disso! – ela disse, rindo ainda mais, assim como eu, e fomos á caminho do dormitório. Teria que pensar sobre aquele cara envolto de trevas depois.



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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam dos reviews. REVIEEEEEWS! :k qqq



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