Caminhando nas Sombras escrita por Carol Campos


Capítulo 1
Desentendimentos




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Era um dia como qualquer outro em Lightmane, haviam se passado treze anos desde que o grande conflito – mais chamado de Guerra das Duas Nações – começara, e desde então as duas nações tentaram diversas vezes entrar em consenso e criar um tratado de paz. A guerra estava mais calma ultimamente, mas ainda haviam pequenos duelos entre revoltados dos dois lugares aqui e ali.

Fora da área que já fora conhecida como “zona de guerra”, a pequena vila de Genemise seguia sua pacata vida de sempre, vendedores abriam suas lojas, pais saiam com seus filhos normalmente. A maioria das crianças brincava nas ruas largas da estrada principal, já que meios de transporte só eram usados nas grandes cidades. Eu poderia esta brincando com as crianças da minha idade, mas não gostava muito.

- Saiam da frente se não quiserem ser atropelados! – eu gritava em plenos pulmões, alertando todos que passeavam por ali para não ocorrer nenhum acidente. Por meu azar, esbarrei em alguma criança correndo e caí de cara no chão, bem onde minha mãe fazia compras.

- Eu avisei para não ficar andando muito rápido com esse skyte pela cidade Katlyn, passe ele para cá – ela disse severa, pegando meu skyte. Ah, um skyte é igual a um skate normal, a única diferença é que ele não tem rodas, então você literalmente surfa no ar.

- Ah mãe, pare de me tratar como se fosse criança – disse emburrada, levantando e limpando a sujeira de minha roupa – não tenho mais nada para fazer.

- Como não? – ela colocou o skyte em baixo do braço – você pode muito bem ir brincar com os seus colegas da escola.

- É, eles são meus colegas, não quer dizer que eu goste deles.

- Pare de reclamar, vá logo fazer outra coisa – ela disse rapidamente e entrou em uma loja para fazer compras.

Bem, eu sou Katlyn Haumbris. Tenho 13 anos e moro nessa vila chata que se chama Genemise. Gostaria muito de me mudar para uma das grandes cidades que existem por todo o planeta, mas minha mãe sempre ri de mim e fala que só sonho muito alto. Odeio esse lugar, as únicas pessoas com quem tentei fazer amizade me acham esquisita, só porque eu sou mais rápida e forte que elas. São todos idiotas.

- Viu esse tombo? Hilário! – disse uma voz atrás de mim, dando alguns risos no final da frase

- Poderia dar replay só pra ficar rindo – disse outra voz, também rindo

- Ah, mas que droga – eu reclamei, me virando – saiam daqui e vão importunar outra pessoa.

E lá estavam Stefani e Helena, as garotas mais idiotas em que eu poderia ter conhecido na minha vida inteira. Elas parecem que tem o hobbie de me importunar.

- E se não sairmos, você vai fazer o quê, esquisitona? – Stefani provocou

- Sté, não é muito bom irritarmos ela... – Helena sussurrou para ela – sabe que ela pode bater na gente...

- Há, não me faça rir! Eu não tenho medo dela.

- Deveria ter... – eu disse, dando um passo á frente. Helena recuou, mas Stefani continuou parada no lugar.

- Tente algo se puder esquisitona – ela me provocou.

Estávamos prestes a brigar quando alguém surgiu entre nós. Antes que percebesse, empurrou Stefani tão forte que ela caiu no chão.

- O que tá rolando aqui? – disse.

- Era só o que faltava... – Stefani resmungou, levantando-se – Nathale.

Nathale Stroller é a minha única e melhor amiga, e foi a única que até hoje não me chamou de esquisitona ou outros apelidos pelos quais me chamam. Ela sabe que eu poderia muito bem bater em Stefani na hora que quisesse, então sempre aparece para me impedir.

- Ora ora, se não é a dupla dinâmica – Nathale provocou as duas – não deveriam estar no seu ponto? A esquina está vazia.

- Sua maldita, não deveria falar isso – Stefani disse, quase gritando – não fale como se fosse superior a mim!

- Mas não somos? – eu disse, seguindo o fluxo da conversa

- Fique quieta, aberração! – desta vez ela gritou, eu poderia estar acostumada com estes apelidos maldosos, mas mesmo assim é ruim ouvir, então abaixei a cabeça.

- Cale a boca patricinha de quinta – Nathale retrucou, feroz – vou acabar com você se disser mais alguma coisa

- Ah é? – provocou – A-be-rra-çã...

Antes que pudesse terminar a frase, senti um cheiro conhecido no ar. Normalmente eu consigo sentir cheiros que mais ninguém sente, como se o meu olfato fosse mais apurado, então posso sentir cheiros de pessoas se aproximando, e até distingui-los se conhecer bem. O desta vez era uma mistura de lavanda com hortelã, então só poderia ser...

- Garotas, olá. Estão conversando sobre o quê?

- Johny... – disse baixinho, quase sussurrando

Johny Princíphia – sim, quase príncipe mesmo – era um de meus vários colegas, só que não me tratava como uma aberração, e sim com vários “Bom dia” e alguns carinhosos “Kat” que me deixavam sem fala.

- Ah, oi Johny – disse Stefani, se arrumando discretamente – o que está fazendo aqui?

- Nada, só estava passando e vi vocês – ele disse, se virando para mim

- Hum... – disse, ainda olhando diretamente para ele. Devia estar ficando vermelha, já que Nathale me deu uma cotovelada para sair do transe.

- Ah, então já que está aqui, vamos sair – Stefani disse. Ela provavelmente sabia que eu gostava dele, e gostava de esfregar na minha cara que eles estavam em um suposto “namoro” – deixa as esquisitonas ai

- Ah, tudo bem. Vá indo na frente, eu já te alcanço – ele disse, e Stefani saiu com Helena a seguindo, passando por mim – ei Katlyn, me encontre no parque do centro da cidade de noite ok? – deu uma leve piscada e saiu atrás delas

- A-a-ah o-ok – disse, gaguejando totalmente. Nathale deu uma risadinha, já que deve ter percebido como fiquei totalmente sem graça com o pedido de encontro. Mal esperava a hora de chegar a noite.



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Notas finais do capítulo

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