O Soldado da Rosa Vermelha escrita por Mari_Masen


Capítulo 4
Feridas.


Notas iniciais do capítulo

Ola! Obrigada a todos que comentaram no capitulo anterior, continuem acompanhando.
Esse capitulo está meio... er... tenso.

Boa Leitura.



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Feridas.

 

 

 

“Cada lágrima sua que escorre por meu coração seco abre ainda mais minhas feridas impossíveis de cicatrizarem”.

                                                Mariana Lara.

 

 

 

Edward bufou impaciente, enquanto perfurava a pequena senhora com

olhar. Como alguém poderia ser tão incompetente com algo tão simples?

 

_ Tens certeza de que queres esta casa? _ Perguntou a irlandesa enquanto procurava a chave. _ Está há muito tempo desabitada e praticamente caindo aos pedaços. Minha filha cuidava do local, mas seu casamento fora negociado e ela parou com seus deveres.
_ Abriu um potinho de madeira e sorriu orgulhosa quando achou a chave ali. _ A casa está velha, mas tem todos os moveis necessários. Perdoe-me pela demora, aqui está sua chave. _ A irlandesa estendeu o braço e Edward pegou a chave de suas mãos. Levantou-se do sofá e foi acompanhado até a porta pela senhora.

 

_ O aluguel será pago no final do mês.  _ Virou-lhe as costas sem se despedir ou agradecer, mas ainda sim ouviu a mulher.

 

_ Tenha um bom dia. _ “tentarei” pensou Edward, enquanto se distanciava mais e mais do centro do pequeno condado.

 

Logo estava fora do condado e seus pulmões inspiravam o ar gélido e puro do campo, seus passos foram diminuindo na medida em que chegava a uma velha casa.

 

Casa: http://bela001.files.wordpress.com/2009/05/casanamontanha.jpg

 

A porta se abriu rangendo bruscamente, o cheiro de poeira ali era forte. A porta aberta fez com que os poucos raios solares iluminassem parcialmente o local, revelando a Edward uma casa velha com pequenos moveis cobertos por lençóis que um dia foram brancos. Era pequena, mas ideal. Edward abriu todas as janelas – deixando a casa iluminada – e fechou a porta. Jogou suas malas no chão sem o menor cuidado e logo se pos a procurar pelo quarto, suspirou aliviado ao encontrar a cama.

 

Não muito longe dali, uma jovem de olhos incrivelmente castanhos, caminhava despreocupadamente pela horta da Grande Casa, em um de seus braços uma cesta com vários legumes estava apoiada. As mãos estavam sujas de terra e o vestido também, indicando que a mesma estava plantando e colhendo no local.

 

_ Menina! _ Gritou Marlene do outro lado da horta. _ Lave suas mãos e troque seu vestido o almoço está pronto e o Conde necessita de sua presença para servi-lo. _ Bella ergueu a mão sinalizando que já ia, enquanto se levantava com o cesto e andava calmamente em direção a Grande Casa.

 

As horas se passaram mais rápidas do que a batida das asas de um beija flor e quando Bella apercebeu-se já estava escuro e a mesma deveria descansar.

_ Melhor nos retirarmos, Menina. _ Avisou Marlene enquanto guardava as panelas e caldeirões. _ O Conde saiu e algo me diz que voltará bêbado. Não quero que mais um corte seja feito em teu braço. _ Disse com brandura na voz. Bella se estremeceu ao lembrar-se das inúmeras cicatrizes em seu braço e de como elas foram feitas. Sentiu um braço a envolver carinhosamente. _ Isso não vai mais acontecer, Menina. Eu lhe garanto. _ Prometeu Marlene, Bella sorriu carinhosamente e beijou-lhe a bochecha. Se a voz fosse presente, ela lhe diria como a amava e, talvez, a chamasse de mãe.

 

Já era noite e Bella se revirava inquieta na cama. Sempre fora muito boa para dormir, mas hoje uma ansiedade estranha dominava sua mente – juntamente com olhos incrivelmente verdes – e espantava o sono, Marlene, porém, roncava alto do outro lado do quarto, em sua pequena e precária cama.

 

Bella bufou alto e se levantou, tentou em vão desfazer os amassados de seu único vestido de noite. Por fim perdeu a paciência, acendeu uma vela, saiu do quarto e caminhou – na penumbra da noite – até a casa grande com a intenção de lhe fazer um chá.

 

x

 

Não muito longe dali, Edward andava inquieto pela pequena sala de sua casa. Às vezes xingava em um língua estranha, chutava algo e depois retornava a andar pela sala como um animal estressado. Olhos incrivelmente castanhos não saiam de sua cabeça.

 

x

 

O chá estava quase pronto, Bella já começava a sentir o cansaço de um dia árduo e percebeu que aquilo era sono. Deu um meio sorriso enquanto colocava o chá em uma xícara trincada. Se não tivesse tão distraída certamente teria notado a presença masculina atrás de si, ou então o forte hálito alcoólico que o homem possuía.

 

Virou-se e assustou quando vira – através da pouca luminosidade – o rosto do Conde, muito perto do seu. Quando notou o forte cheiro de bebida, sentiu náuseas. O Conde sorriu perversamente a Bella, fazendo-a se arrepiar não de frio, mas de medo do que poderia lhe acontecer.

 

 _ Boa noite, criada. _ Pronunciou o Conde com a voz arrastada. Bella tentou parecer normal e acenou brevemente com a cabeça. _ O que foi...? O gato comeu sua língua? _ Riu ruidosamente com seu comentário, as mãos de Bella tremiam e ela deu as costas ao Conde caminhando rumo à porta, porém o corpo do Conde impediu sua passagem.

 

_ Não ordenei que saísse. _ A voz arrastada assumiu um tom mais sério, o tremor de Bella aumentou. _ Minha cama está desarrumada criada, por que não a arruma?

 

Ela sabia como isso iria acabar, e a vontade de gritar nunca lhe pareceu tão tentadora como agora. Se ao menos fosse possível...

 

O Conde tocou seu rosto – com as mãos grandes e sujas – fortemente e a puxou para um beijo, mas Bella se afastou a balançou a cabeça em negativa fazendo o Conde gargalhar como se fosse algo engraçado. James a puxou pela cintura colando ambos os corpos, Bella prendeu a respiração quando sentiu o cheiro pútrido de provinha de James. Ela tentou se desvencilhar, mas o aperto do Conde era firme e forte, apesar de estar bêbado.

 

_ Vamos lá... Mudinha. Ensine-me a arrumar a cama. _ E gargalhou novamente.

 

Os esforços de Bella eram em vão, o Conde era muito mais forte, e se ela continuasse a lutar perderia as forças rápido e ficaria a mercê dos planos de James. Os olhos de Bella se encheram de lágrimas e ela suspirou de dor quando o Conde a jogou violentamente contra a madeira da mesa, fazendo Bella bater as costas.

 

James a deitou sob a mesa e imobilizou suas pequenas e delicadas mãos com a sua, enquanto a outra desabotoava os botões e sua calça... O vestido de Bella já estava levantado até a cintura.

E ela, que já se encontrava cansada das tentativas de fuga, chorava baixinho e implorava a Deus que a tirasse dali. Mas quando viu o Conde abaixar as calças, Bella reuniu o ultimo vestígio de força que estava em seu corpo e chutou o homem – com bastante força – em seu ponto mais sensível, fazendo-o sair de cima e se encurvar, gemendo de dor. Bella aproveitou a deixa, correu como nunca em direção a porta, mas uma mão a deteve.

 

_ Vai me pagar, criadinha imunda! Vais pagar por rejeitar-me! _ Berrou o Conde furioso. Bella clamou para que alguém ouvisse os gritos dele, mesmo sabendo que a casa dos criados ficava a certa distância da Casa Grande. Ela tentou se desvencilhar novamente, mas uma pancada forte em sua cabeça a fez perder os sentidos e mergulhar na escuridão.

 

Em meio a escuridão, sentiu dores agudas em ambos os braços, mas não teve força para abrir os olhos, em seguida ouviu a voz de Marlene... Parecia apavorada. Sorriu ao ouvir sua voz, era reconfortante, a cabeça pesou e as dores não cessaram. Isabella mergulhou na escuridão novamente.

 

~ ~ X ~ ~

 

Escutou um barulho estranho perto de si e novamente outro e mais outro, por fim reconheceu serem soluços. Forçou seus olhos a abrir e sentiu sua cabeça latejar.

 

Notou estar em seu quarto, em sua cama, tentou se levantar, mas o corpo todo doía e mexer os braços fora uma missão impossível.

 

_ Por favor... não se mexa. _ Só então Bella notou que a pessoa que soluçava era Marlene – que estava sentada ao seu lado na cama. _ Criança... O que o Conde fez com você? _ Lamentou e soluçou novamente, Bella olhou confusa para a face da quase-mãe e examinou seu corpo. Surpreendeu-se ao notar ataduras improvisadas envolverem seu braço esquerdo enquanto o direito possuía hematomas enormes.

 

O pânico se apossou de Bella numa velocidade fora do comum, ela ofegou de surpresa ao ver os machucados e desejou, com todas as forças, que a voz aparecesse para que assim ela gritasse por respostas.

 

_ Deve estar pensando no que aconteceu, não foi? _ Marlene voltou a chorar novamente e num ato impensado abraçou Bella, molhando o vestido o vestido da garota com as lágrimas que teimavam em cair lhe pela face. _ Oh minha menina... _ Ela se afastou minimamente, apenas para afagar o rosto confuso de Bella. _ Você desmaiou com o soco que aquele cretino lhe deu... _ Chorou novamente. _ Eu acordei com os gritos dele, mas quando eu cheguei... quando eu cheguei foi tarde demais. _ Lagrimas já passeavam pela face de Bella. _ Minha filha, minha menininha, por que isso está acontecendo conosco? _ A voz rouca de Marlene era mais uma lamuria em meio a tantas outras que vieram a seguir, Isabella chorava, mas não pelo o que havia acontecido consigo, ela chorava de culpa por deixar a quase-mãe tão preocupada.

 

“Eu sou forte o suficiente para aguentar sozinha”, pensara ela, mas ela não era tão forte assim ao ponto de ver Marlene chorar em seus braços e não conseguir fazer nada, não pronunciar nada, nenhuma palavra de conforto. Os braços atados a impediram de abraçar Marlene, piorando ainda mais a situação.

 

_ Escute querida... – Começou Marlene, um pouco mais controlada. _ Vamos embora daqui, o Conde viajará para Inglaterra no próximo verão, isso nos dará tempo o suficiente para estarmos bem longe quando ele voltar. _ Suspirou pausadamente, como quem se controla, e fitou Bella – com seu amor de mãe – esperando por uma resposta.

 

Bella por fim sabia que tudo aquilo era loucura.

Durantes anos e anos a exploração no trabalho era o único problema que o Conde causava. Fugir do mesmo era loucura, pois James era um homem importante e poderosíssimo, possuía homens espalhados por toda a Europa e – se fugissem – seriam facilmente achadas por ele.

Ela ansiava o dia em que fosse livre da escravidão.

Mas temia as conseqüências que isso traria.

 

Mas ali, com os braços atados, olhando nos olhos da mulher que esteve presente em quase todos os momentos de sua vida, percebendo todo o sofrimento que o Conde causava nela e em Marlene, ela tomou sua decisão.

 

Sofreu por muito tempo, mas era chegada à hora em que tudo isso teria um fim.

Ela ansiava a felicidade, mas para tê-la era preciso sacrifícios e tentativas.

Bella estava disposta a tentar, se arriscar. Queria por um fim nisso, porém, isso só aconteceria se a atitude necessária fosse tomada.

 

Isabella fitou profundamente os olhos amorosos, porém sofridos de sua quase-mãe, e acenou firmemente com a cabeça, arrancando um meio sorriso de Marlene. Sua quase-mãe a abraçou feliz.

 

Estava na hora de por um fim a tanta angustia e tristeza.

Bella enfrentaria o mundo para proporcionar a felicidade a sua quase-mãe.

Só que ela não sabia que não faria isso... sozinha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem!
Proximo capitulo com muuito Ed e Bella pra vocês!
Beijos.

Até o proximo... que será postado, se possível, na quinta.