O Soldado da Rosa Vermelha escrita por Mari_Masen


Capítulo 29
No desespero desse abraço mudo.


Notas iniciais do capítulo

Oe! Cá estou com mais um capítulo para vocês - e olha que esse nem é o mais aguardado, coisa e tal. Agradeço os comentários e dedico o capítulo a Clarissa_ Cullen.

Boa leitura.



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No desespero desse abraço mudo.

“Enquanto as nossas bocas se esmagavam

E as doces curvas do teu corpo se ajustavam

Às linhas fortes do meu,

Os nossos olhos muito perto, imensos,

No desespero desse abraço mudo
Confessaram-se tudo”.

(José Régio).

O homem não sabia ao certo que horas eram, mas o intenso calor do dia servia de ajuda para uma rápida conclusão. Por que ali, de volta para casa, Edward não possuía o mínimo interesse no tempo; o reencontro com sua amada era sua única meta.

O navio em que estava desembarcou no cais e os marujos – cansados da viajem que durou horas – foram os primeiros a pisar em solo irlandês, sendo seguidos pelos poucos soldados irlandeses, instantes mais tarde.

E, entre todos os soldados, uma cabeleira bronze se destacou. Movendo-se rápida e fugaz por entre os muitos irlandeses que também desembarcavam no cais.

Aquele peculiar cabelo pertencia a Edward, ex-soldado inglês, agora senhor de uma pequena propriedade ao leste do condado de Desmond.

Edward não se desculpou com as pessoas que empurrara no caminho até o estábulo, tão pouco parou para ajudar aqueles que derrubara – tamanha era a pressa que o homem tinha.

Ele parou em frente a um pequeno estábulo, logo puxando um cavalo qualquer pelas rédeas.

_ Terá de pagar pelo cavalo! _ Exclamou um homem alto e velho, parado ao lado de outros animais. O ex-soldado mal se virou para o velho enquanto jogava três moedas para ele; quantidade mais que suficiente.

O homem montara no cavalo e, exigindo tudo do animal, se pôs a galopar.

Minutos mais tarde o cavalo já cansara, mas nem por isso parara de correr – graças aos rígidos comandos de Edward. As patas do animal fraquejaram e um baixo relinchar fora emitido por ele.

Mas mesmo assim Edward continuou exigindo o máximo do animal, mal sabendo que aquele ritmo já havia ultrapassado essa barreira.

Tempos depois, o ex-soldado já estava galopando pela estrada que dava acesso a sua propriedade. Um suave sorriso nasceu nos lábios de Edward ao avistar sua casa.

O cavalo parou sob o comando de Edward que logo desceu de sua cela e se pôs a caminhar pelo resto da estrada; devagar, calmamente, como se aqueles simples passos fossem um deleite para seus pés.

Porque depois de tanto tempo, estava em casa.

 Isabella estava no jardim cuidando – com dedicação – de suas flores. Sua barriga aparentava estar maior a cada dia – assim como o seu amor pela criança que ali crescia – e novos vestidos eram encomendados a cada nova semana. Caminhar tornara-se algo difícil, pois seus pés estavam inchados, porém Bella se recusava a manter-se deitava em uma cama até que o dia do nascimento chegasse.

Pois parar significava esperar.

A mulher cantarolava suavemente enquanto cuidava de suas belas flores que, milagrosamente, as surpreendiam por manterem-se vivas em uma estação castigada pelo sol escaldante e chuvas torrenciais.

Aquela pequena e magnífica planta era capaz de agüentar qualquer tormenta. Com Bella não seria diferente.

_ Senhora, o médico lhe aconselhou a não ficar deste jeito. _ Murmurou Cornélio em tom pesaroso enquanto fitava sua senhora ajoelhada junto ao pequeno jardim em frente à casa.

_ Agradeço a preocupação Cornélio. _ Cantarolou Isabella, ignorando por completo a presença de seu empregado.

Sem argumentos, o criado deixou sua senhora sozinha.

_ Veja que lindas rosas temos aqui, querido. _ Bella sussurrou acariciando sua barriga, como quem fala ao bebê. _ Tão lindas como você, pequenino. _ A barriga se movimentou rapidamente, provocando um amável sorriso em Bella. _ Mas veja estes espinhos... _ Resmungou baixinho, porém, ainda sorrindo. _ Tão fortes e imponentes ao redor da delicada flor, a protegendo... _ A mulher parou com a voz vacilante, os olhos marejando na medida em que as imagens de Edward lhe passavam pela mente. _ Oh, Edward. _ Lamentou.

Lágrimas banharam a delicada face de Isabella enquanto as pequeninas mãos abraçavam a protuberante barriga, uma forma de refúgio.

Minutos depois a mulher removeu as lágrimas de sua face e se recompôs – não deixando qualquer vestígio da dor que sentira ao pensar em seu marido – enquanto se apoiava em uma árvore para se levantar. As costas protestaram fazendo com que um suave gemido de dor escapasse dos lábios de Bella.

Ela se levantou com dificuldade – devido ao peso de sua barriga – e sacudiu os resíduos de terra de seu vestido. Ela entraria em sua casa e descansaria – como era feito todos os dias – se algo não lhe chamasse a atenção.

A face da mulher se virou e os olhos focaram na estrada de que levaria até sua propriedade, fitando o homem que ali estava parado.

Ela estava magnífica, concluiu Edward, enquanto observava Isabella se levantar apoiada. A barriga revelando toda sua forma e protuberância através do vestido, fazendo-o sorrir como há meses não fazia.

Ele observou o modo que seus sedosos cabelos caiam, como cascatas, por seus ombros e como o belo chapéu a tornava ainda mais bela. Ele fitou as formas generosas de seu corpo e sua barriga que carregava um filho seu. Ele sorriu abobalhado e apaixonado quando sua esposa encontrou seu olhar e, espantada, levava as delicadas e pequenas mãos a boca.

Ele correu até ela – cortando a distância insignificante que os separava.

E ela teria corrido também, se seus tornozelos e pernas não estivessem tão bambos e moles.

Quando os corpos se encontraram, suspiros agudos de saudade foram emitidos por aqueles que – sedentos um pelo outro – se abraçavam desesperadamente. Os corpos se encaixaram perfeitamente, balançados pela corrente elétrica que sempre estiva ali, e as bocas ocuparam-se com beijos e sussurros de amor.

_ Oh Céus! _ Exclamou Isabella, abraçando o marido fortemente, enterrando seu rosto na curvatura do pescoço masculino e inspirando o aroma tão familiar. _ Como senti tua falta, meu amor. _ Assumiu.

As mãos de Edward passearam pelo corpo de sua mulher, notando as pequenas e grandes mudanças das quais não participara. O chapéu fora jogado sob o chão dando lugar ao rosto de Edward que, sedento por ela, se deleitava com o cheiro de morangos.

Os lábios sorriram e os olhos se fecharam quando a voz de Bella ecoou em seus ouvidos. Como ele sentira falta daquilo!

_ Está acabado, querida. _ Sussurrou contra os cabelos da mulher.

E então eles se separaram e os olhares se encontraram, numa explosão de amor e dedicação que só pessoas e sentimentos como aqueles seriam capazes de fazer.

As mãos de Edward prenderam a face de Isabella enquanto se aproximava mais e mais, até que as pálpebras fossem fechadas e os lábios se unissem em um beijo que transmitira todo o amor e saudade.

Os lábios se moveram juntos, em sincronia, enquanto as mãos passeavam pelo corpo e cabelo de seus amados. As línguas se tocaram e os corpos faiscaram com tamanha intensidade.

E os corações foram capazes de voltar bater apaixonadamente por aquele que os braços, agora, abraçavam.

Instantes depois eles se separaram ofegantes e sorridentes. Edward fitou os intensos orbes de sua mulher – mergulhando na imensidão do amor que eles proporcionavam – e logo depois percorreu seu corpo com eles, memorizando cada pequeno novo traço daquela mulher. As mãos foram para a protuberante barriga e os joelhos cederam, fazendo com que o soldado ajoelhasse. Os olhos foram de encontro à barriga e Isabella assistiu, maravilhada, o aquele simples contato era capaz de proporcionar a ela e a criança – suas mãos também não pararam, agarrando os cabelos acobreados que tanto sentira falta.

E fora inevitável não se arrepiar quando os lábios de Edward percorreram toda a extensão de sua barriga, carinhosos, amorosos, apaixonados.

Entre uma respiração e um sorriso, o nome da mulher era pronunciado como um suave suspiro perdendo-se ao vento.

_ Olá... _ O ex-soldado murmurou contra a barriga de Isabella. Nos lábios um sorriso provocado pelos movimentos da criança. _ Eu amo você, pequenino. Você e a mulher que o carrega. _ Bella riu.

_ Nós sabemos disso, querido. _ Confessou Bella, fitando os orbes verdes de seu marido.

_ Não, não sabem. _ Contestou o homem ainda ajoelhado. _ Mesmo que repita todos os dias, vocês ainda não saberiam a dimensão do que estou falando... _ Suspirou. _ Os meses que perdemos me mostraram isso.

_ Eles acabaram. _ Afirmou Bella e Edward sorriu.

_ Agora não serão meses, amor, serão anos e décadas... Temos todo o tempo do mundo agora. _ Beijou a barriga mais uma vez.

_ O fim não chegará. _ Completou a mulher. _ Pois isso dura para sempre. _ E então suas pequenas mãos puxaram o homem para cima, selando os lábios no que seria apenas um entre os beijos que compartilhariam, até o final dos tempos.

**** **** ****



_ O que é isso? _ Indagou Bella quando seus dedos encontraram uma pequena protuberância no couro cabeludo de Edward.

_ Ferimento de guerra. _ O homem deu de ombros como quem não se importa, porém Bella se apoiou nos cotovelos – acima do peito nu de seu marido – e o fitou com o cenho franzido.

_ Deixe que eu veja. Pode infeccionar e sua cabeça irá doer. _ Pediu ela fazendo com que seu marido revirasse os olhos.

_ Não há nada para se preocupar, amor. Já fui tratado pelos paramédicos. Estou bem. _ Contestou com voz suave enquanto os braços puxavam sua mulher de forma que deitasse sob seu peito nu.

Ambos estavam deitados na enorme cama, abraçados, corpo contra corpo, pele sobre pele. As roupas jogadas no chão de qualquer maneira, sem preocupação. As bocas carregadas de um sorriso prazeroso.

_ Tentei escrever cartas a você. _ Começou Edward, murmurando sobre o silêncio agradável de seu quarto. _ Mas não havia mensageiros vivos ou qualquer outra coisa que levasse as correspondências a você.

_ Ah. _ Exclamou Isabella em um som de compreensão. _ Esperei cartas suas. _ Confessou enquanto seus dedos percorriam lentamente o peito rijo do seu marido. _Mas elas não chegaram... _ Suspirou em seguida sorrindo. _ Mas chegastes ao invés delas, é mais do esperava.

Quando ergueu a cabeça, a mulher se deparou com os orbes abrasadores de seu marido sobre si, fitando-a do jeito que só ele poderia fazer. Ela sorriu, eliminando todo o vestígio de dor e saudades que havia em seu peito, e uniu seus lábios ao dele, enquanto seus olhos se fechavam. A mulher sorriu ofegante, entre os lábios do marido, quando sentira as quentes e másculas mãos – que tanto a satisfaziam – percorrerem sua barriga.

_ É um menino. _ Sussurrou ela contra os lábios dele. _ A parteira do condado garantiu-me que é.

_ Como sabes? _ Eles se separaram e os orbes esmeraldas voltaram a fitá-la.

_ A senhora disse-me que é pelo formato de meu ventre.

_ Aquela “senhora” é velha demais para enxergar alguma coisa em seu ventre, amor. Não podes deixar as suposições criarem algo em sua mente.

_ Mas sinto que é um menino. _ Contradisse Isabella fazendo Edward sorrir.

_ Menino ou menina, amarei essa criança. _ Prometera o homem, os olhos voltados para a barriga da esposa. _ E as outras que virão.

_ Desejas mais?

_ Desejos quantos puderes me dar, meu amor. _ O ex-soldado fitou a face de Bella que, aos poucos, se iluminava com um magnífico sorriso. _ Ficas magníficas quando estás com um meu filho em seu ventre. _ As másculas mãos percorram os seios da mulher, ouvindo satisfeito quando ela suspirava.

Os lábios beijaram o sedoso cabelo da esposa, inspirando o doce aroma amava.

_ Quero que esqueças os meses que estive longe de você. _ Pediu Edward. _ Desejo viver o agora o seu lado.

Eles se fitaram, as faces sérias, mas os olhos risonhos.

Beijaram-se novamente, calmamente, ternamente.

Mas por dentro, ambos alimentavam algo tão abrasador capaz de fazer com que sombras do passado não mais existissem.

Os corpos pulsaram juntos, as bocas moveram juntas; expulsando toda a saudade, toda a lágrima.

Pois ali os corações bateriam juntos até o fim já que nenhum obstáculo fora capaz de separá-los.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem, indiquem, recomendem.

E aí? Viu só? Eu disse que eles voltariam a ficar juntos - eu não sou nem maluca de separa-los para sempre.

E o bebe? Menino ou menina?

Beijos e até o próximo.