O Soldado da Rosa Vermelha escrita por Mari_Masen


Capítulo 21
Nos olhos um do outro, nós olharíamos.


Notas iniciais do capítulo

Oe! Mais um capítulo fresquinho para vocês.
Sejam bem vindos leitores novos!
Esse capítulo é dedicado a Camila234 e VickRobsten, que escreveram maravilhosas palavras em suas recomendações.

Boa leitura.



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Nos olhos um do outro, nós olharíamos.

Coisas acontecem quando estou nos teus braços:
Decoro seus traços, sigo seus passos, fico no compasso
desse amor que é porto, corpo, desejo e luz...”.
(Karla Bardanza).

_ Casório? _ Esme elevou o tom de voz, tamanha era a surpresa.

_ Sim, mãe. Bella e eu vamos nos casar o mais rápido possível. Sem festas. _ Apesar do duro aviso, Edward sorria com os olhos e Isabella permanecia calada, desfrutando do terno abraço que recebia dele.

_ Mas não tens a benção de Charlie, pai de Isabella. Não podereis casar sem isso, Edward.

_ Eu vos abençoei, Esme. Creio que minha benção vale por duas. _ Carlisle tomou a frente, respondendo pelo filho. _ O sacerdote não se irá opor-se.

_ É tão cedo para um casamento... _ A voz lamuriosa de Esme não surtiu efeito algum sob Edward.

_ Mãe, nós vamos nos casar independentemente da idade ou situação financeira. Acredito que o que nutrimos um pelo outro seja mais que suficiente para sustentar esse casamento. _ O soldado proferiu duras palavras contra a mãe, porém de maneira calma, transformando-as em algo menos rude.

_ Gostaríamos de ser abençoados pela Senhora. _ Proferiu Isabella com a voz doce e calma, diferente de Edward.

Era verdade que Esme Cullen esperava uma pretendente melhor para o filho, porém ela sabia que nenhuma delas roubaria o frio coração de Edward como Isabella havia roubado. Sendo assim, a felicidade veio em primeiro lugar.

_ Tens a minha benção. _ Disse intercalando olhares entre Carlisle, notando o quão certo essa atitude aparentou ser. Edward sorriu para a mãe da maneira que ela gostava: com os olhos.

E então o casal de noivos saiu do aposento de Esme, deixando a sós com seu marido.

_ Tenho medo, Carlisle. _ Confessou Esme, depois de breves segundos.

_ Temes muito a vida, mulher. _ O Barão desmanchou sua postura autoritária e sentou ao lado da mulher, segurando a mão feminina entre as suas.

_ Temo a guerra que Edward terá de enfrentar mais cedo ou mais tarde. Se não for contra Charlie será como soldado em um campo de batalha. _ O Barão assentiu, compartilhando o mesmo temor.

_ Daremos um jeito nisso, querida. Nosso filho não será morto como um soldado; isso eu lhe garanto. _ No momento da promessa Esme fechou os olhos, obrigando-se a acreditar que isso realmente aconteceria.

**** **** ****

Agora todos os Cullen’s já sabiam do casório – e também que qualquer coisa extravagante não seria aceita –, todos se ofereciam para ajudar com qualquer coisa, devido ao fato de Edward informar-lhes que casaria o mais rápido que pudesse.

Dúvidas e desconfianças surgiram, mas foram eclipsadas pelo simples fato de que era Edward – o frio e calculista – que entregar-se-ia ao amor... Algo que ele repudiou por anos.

E é claro que algumas “brincadeiras” masculinas não poderiam ficar de fora.

_ Não estás temeroso, irmão? _ Jasper fora o primeiro a provocar. Edward limitou-se a negar com a cabeça enquanto guiava o cavalo habilmente.

_ Edward deve temer a si próprio, já que está noivo e pretende se casar o mais rápido possível. _ Fora a vez de Emmett. _ Acredito que nem mesmo Isabella o reconhece.

_ Falam como se estivesse louco. _ Edward sorriu levemente, arqueando a sobrancelha num olhar malicioso. _ Minha mulher jamais esteve tão lúcida.

_ Imagine só! _ Gargalhou Emmett com a resposta de Edward. _ Ele está sim lúcida, mas garanto que você perderá o juízo no momento que o sacerdote os ungir. Jasper e Emmett riram, mas Edward limitou-se com um pequeno sorriso; ambos sabiam que as brincadeiras de nada adiantariam.

Minutos depois o silêncio voltou a reinar. Os três irmãos mantiveram-se serenos e calmos ao decorrer da cavalgada, mas internamente dois destes se remoíam de curiosidade tentando adivinhar os temores que assolavam Edward.

Ao retornarem do passeio os Cullen’s se depararam com uma frota de sessenta soldados cujos quais trajavam a farda com brasão da família, indicando que eram soldados de Carlisle. Edward avistou o pai dando ordens a um soldado e – sem desmontar de seu cavalo – foi até ele, os outros irmãos se dirigiram para o estábulo.

_ Qual é o motivo dessa frota, pai? _ Carlisle olhou ligeiramente para cima, na direção de Edward.

_ Iniciarei uma busca atrás de James. Esses soldados que vê serão enviados para Desmond, para capturá-lo. _ O Barão disse tal coisa como se fizesse um breve comentário sobre o tempo; isso enervou Edward.

_ Creio eu, pai, que devias me avisar. Sabes que é de minha vontade capturá-lo. _ Carlisle pôs as mãos nas têmporas e começou a massagear o locar em um claro sinal de cansaço.

_ Quantos anos tem, Edward? _ Suspirou o pai. _ Estás noivo e casar-se-á daqui a poucos dias, tem um dever para com Isabella e não vais abandoná-la para ir atrás de James. _ A voz rouca e calma de Carlisle havia soado como uma ordem. 

_ Ora essa! Isabella há de esperar o meu retorno...

_ Já perguntastes a ela? _ Edward negou. _ Estás vendo? Ages como se fosse o proprietário daquela mulher. Colocará meu sobrenome naquela mulher, não um grilhão._ Edward franziu o cenho, de certa forma compreendendo o que o Barão disse._ Meus soldados possuem a ordem de não matar James, o que dá a você total poder de fazer com ele o que bem querer.

_ Irá trazê-lo para o Palácio?

_ Sim, porém James ficará afastado da casa principal. Não quero que mulher nenhuma ouça ou veja o que acontecerá.

_ E Charlie?

_ Ficará sabendo no momento certo. _ O Barão sorriu – pela primeira vez – maliciosamente, assemelhando-se a Edward que, frequentemente, abria o mesmo sorriso. _ Mas isso não impede pequenas... brincadeiras.

Os olhos de Edward – de certa forma – escureceram com o brilho perverso que neles surgiu, respondendo ao sorriso do pai... com a mesma perversidade.

**** **** ****

Aquele era o maior e mais rápido navio de toda a França. Havia dezenas de homens ali, criados, soldados, lacaios, mas só um era necessário. Charlie Swan mantinha-se o mais calmo possível, porém algo em seu interior ameaçava explodir com tamanha ansiedade.

Ele reencontraria sua filha, depois de longos anos acreditando em uma falsa morte.

Ondas gigantescas ricocheteavam o grosso casco de madeira, não surtindo efeito sobre a poderosa embarcação, homens altos e corpulentos gritavam uns com os outros – com um francês digno de pena – e marujos se desdobravam para dar continuidade ao movimento da embarcação. Nada ali chamava a atenção de Charlie, pois sua mente e coração estavam à milhas dali, em um condado distante.

Ele ainda tinha esperança de fitar os olhos castanhos mais uma vez, dizendo num silêncio gritante o quão importante eles eram.

**** **** ****

O casamento trouxera ânimo na família, todos os Cullen’s se desdobravam e corriam contra o tempo para tornar a pequena celebração inesquecível, mas ninguém ali estava mais ocupado e atrapalhado do que Isabella.

Alfaiates famosos entravam e saíam do Palácio carregando consigo provas e mais provas de vestidos magníficos para Bella. Medidas eram tiradas, sapatos calçados e instruções eram faladas a ela na intenção de fazer da pequena cerimônia algo memorável.

E Bella permanecia em seu silêncio, observando tudo e todos, sendo um manequim da própria felicidade. A opulência era algo estranho para ela, mas sabia que teria de se acostumar com isso.

Tudo piorou quando um “passarinho” lhe contou que seu pai, Charlie, estava prestes a chegar.

Isabella ficara com raiva de Edward por saber que ele não lhe contaria sobre isso e, ignorando a tudo e a todos, saiu de seu aposento – abarrotado de vestidos e alfaiates – decidida a conversar seriamente com o homem. Logo o encontrou montado a cavalo, conversando com seu pai; as tropas já não estavam mais ali.

_ Senhor Cullen, _ Fez uma pequena reverência para Carlisle, mas olhando para Edward. _ Se me permite, gostaria de conversar com seu filho a sós.

_ Claro. Fique a vontade, se precisares, estarei em meu aposento. _ E a figura imponente do Barão retirou-se.

Edward desceu do grande Corsel e aproximou-se de Isabella, disposto a beijá-la, mas nada conseguiu.

_ Aconteceu algo? _ O homem indagou confuso, enquanto fitava Isabella.

_ Não tens nada a dizer para mim? _ Edward nunca havia visto o olhar frio da mulher, e surpreendeu-se quando o avistou no momento em que ela lhe dirigiu as palavras.

_ Não...

_ Nenhuma notícia ou algo realmente importante? _ Bella não era uma mulher nervosa, porém não admitia que nada fosse escondido dela.

_ Não há nada, Bella. _ A confusão estampou a face de Edward.

_ Então por que não me contates que meu pai está a caminho de Longford? _ A voz ácida de Bella a deixava irreconhecível.

_ Quem lhe contou isso?

_ Por que não me contou isso? _ Rebateu ela. Edward hesitou em revelar, porém sabia que algo assim só pioraria as coisas.

_ Não lhe contei, pois temo que prefiras ir embora com seu pai. _ Respirou fundo. _ Temo não lhe ver mais ou que seu pai arranje um casamento para você. Não a quero longe de mim.

_ Mas deverias saber que Charlie não era ninguém para mim há dois dias. Deverias saber que, recentemente, lembrei-me de tudo. Deverias se importar com o que eu temo! _ Isabella pôs a mão no rosto, enquanto andava de um lado a outro, nervosa. _ Ages como se fosse propriedade sua, Edward.

_ Não digas isso. _ A voz alta e masculina fez Isabella parar e fitar o homem diante de si. Os olhos deles vacilavam com um possível medo. _ Importo-me contigo mais do que com mim mesmo. Não lhe contei nada, pois temia que rejeitasses meu pedido.

_ Quando contaria?

_ Quando tornasses minha esposa, pois ameaça nenhuma me separaria de ti, desde então. _ O olhar do homem estava carregado de amor, e fora fitando os orbes que tanto amava que ela, finalmente, entendeu,

Edward sabia que Charlie a levaria consigo logo depois de chegar. A felicidade por saber de sua volta não fora bastante para impedir que o medo da separação a dominasse. Ela desejava ver seu pai, mas não estaria preparada para uma possível separação.
Isabella estava totalmente ligada a Edward.

_ Oh céus! Perdoe-me. _ Pediu ela, diminuindo a distante entre o homem e o abraçando.

_ Não peças perdão, minha Bella. Pois fora eu que errei. _ Edward suspirou aliviado ao notar que não havia vestígio nenhum de raiva em Bella. _ Não irei mais esconder nada de ti. _ Prometeu ele, com a voz sendo abafada pelos cabelos da mulher.

Isabella de afastou minimamente, erguendo a face do homem e fitando-o com uma promessa muda de que nada os separaria.

_ Estou contigo e nada mudará isso.

A tarde chegava ao fim e logo a noite surgiria; mais um dia se acabara e nele uma pequena promessa fora selada, onde o amor fora testemunha de tamanho poder e convicção.

**** **** ****

Condado de Desmond, Irlanda.

Uma fina geada cobria as folhas e flores da plantação. Fazia frio ali. Mas isso não impedira Marlene de trabalhar.

Não havia palavras suficientemente fortes para descrever com precisão a saudade da mulher para com Bella. Semanas havia se passado e Marlene já perdia as esperanças de, um dia, poder vê-la novamente. Mas a promessa do misterioso homem ainda ecoava em sua mente fazendo daquilo a sua única salvação.

Logo após a briga o Conde fora levado à cidade, onde lá havia ficado alguns dias de repouso. A surra que o misterioso homem dera foi mais que suficiente para colocar James em uma cama por vários dias. Disso Marlene era grata.

Mas ele se recuperou e logo pôs dúzias e dúzias de capangas atrás de Isabella, porém rastro nenhum havia sido encontrado e as esperanças de capturá-la eram nulas graças à falta de informação.

Marlene não entendia como uma criada poderia ser tão valiosa para ele.

O Conde estava falido – isso era notório graças à falta de suprimento – e a cada dia que passava, encontrava-se mais irritadiço, assim, tornando-se um perigo para Marlene.

Ainda era cedo e James provavelmente se levantaria na hora do almoço, dando tempo à mulher para ir a feira encontrar Miguel, a única pessoa que lhe dera conforto logo após a fuga de Bella.

Mas nada disso aconteceu, pois uma frota de sessenta soldados invadiu o casão de James.

O cesto com as verduras fora jogado ao chão enquanto a mulher punha-se a correr para lá.

Quando adentrou na Grande Casa a única coisa que pode ver foi à destruição.

Móveis estavam jogados e mesas e cadeiras quebradas. Os homens riam ruidosamente e, por um instante, Marlene chegou a temê-los.

Homens e mais homens subiam as escadas; apressados, invadiam cada cômodo gritando o nome do Conde.

Instantes depois apareceram com ele – trajado com roupas impróprias.

_ Conde James? _ Perguntou o que parecia ser o tenente. James recusou-se a falar, sendo esmurrado. _ Fiz-lhe uma pergunta, verme. Diga-me o seu nome e, talvez, sairá livre daqui. _ Outro murro fora dado e nenhuma palavra foi ouvida. _ És o Conde James?

Nada.

Mais murros e pontapés eram dados no homem que, imobilizado, urrava de dor. Mas todos estes cessaram quando o tenente pôs os olhos em Marlene.

_ Aproxime-se mulher. _ Ordenou ele. Marlene vacilou. _ Não lhe farei mal. _ Prometeu o soldado, encorajando-a a se aproximar. _ Diga-me: quem é esse homem?

Não houve hesitação.

_ Conde James, senhor.

_ Levem-no! _ Gritou o soldado. James saíra arrastado por correntes. _ Diga-me o seu nome, mulher.

_ Marlene, senhor. _ Para o espanto dela, o soldado sorriu.

_ Tenho ordens de levá-la também, não como prisioneira, mas sim convidada do Barão Cullen. _ Olhando a confusão da mulher, o homem prosseguiu. _Venho lhe buscar em nome de Isabella.

Aquilo bastou para Marlene – prontamente – segui-lo, com um suave sorriso nos lábios.

**** **** ****

Terra fora avistada por um dos marujos de Charlie, e pequenos barcos foram postos ao mar, em um deles o Duque Swan embarcou.

Homens remaram com precisão e rapidez, sob a ordem de Charlie. A ansiedade ali era mal controlada. Logo ele estaria perto o suficiente para abraçar Isabella, sua filha.

**** **** ****

Condado de Longford, Irlanda.

Isabella não mais guardou receio de Edward, perdoando-o por suas tolices e beijando-o por ser capaz de fazê-la amar.

Um dia havia se passado desde a pequena discussão.

_ Edward! _ Sussurrou Isabella, repreendendo-o. _ Notarão nossa ausência! O que estas fazendo? _ Era muito cedo para um almoço, mas à hora ideal para um café da manhã. Edward carregava Isabella para longe do Palácio, com um pequeno sorriso travesso em seus lábios. Fazia frio naquela manhã, mas o peso do casaco feminino de nada o atrapalhou.

_ Se notarem nada poderão fazer. _ Respondeu ele. _ Estou aproveitando o tempo com minha futura esposa. Há algo de errado nisso? _ Perguntou ele, arqueando levemente uma sobrancelha.

_ Onde estamos indo?

_ Para o lago. Talvez possamos ter um pouco de paz, lá. _ Beijou-a na testa, encerrando a conversa.

Foi impossível deixar de notar o quão belo aquele lugar estava, quando chegaram.

Uma fina camada de gelo havia congelado a água, superficialmente. Os enormes pinheiros, tão verdes e altos, agora estavam brancos. O chão tornara-se um colchão fofinho onde o branco misturava-se com a grama verde.

Edward pôs Bella no chão, envolvendo-a pela cintura e encostando as costas femininas em seu peito rijo.

_ Se quiseres, podemos voltar. _ Sussurrou no ouvido de Bella, causando um arrepio prazeroso.

_ Não ouse fazer isso. _ Isabella ficou de frente para Edward, colocando os braços em sua nuca. Um grosso casaco de pele os separava, mas isso não impossibilitou que ambos deixassem de sentir o calor que emanava de cada um.

Eles se fitaram, terna e docemente. Cada um carregando um amor impossível de ser compreendido, porém puro o bastante para ser carregado no coração.

Não havia palavras.

Apenas o leve som de dois corações pulsando juntos pelo mesmo objetivo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! COMENTEM e RECOMENDEM muito, pois no próximo capítulo talvez teremos a LUA DE MEL...
Obrigado a todos vocês que comentaram.
Postarei na segunda ou terça.

Beijos, até o próximo.